Quantas mulheres cientistas você conhece?

Ser cientista no Brasil é um desafio de tantas formas que é até difícil descrever sem parecer pessimista.

Mas apesar da falta de financiamento e de reconhecimento, a ciência brasileira é destaque em várias áreas.

E embora haja um número crescente de mulheres cientistas, comandando pesquisas importantíssimas, a visibilidade e reconhecimento ainda é desproporcional em relação aos homens.

Felizmente, iniciativas de educação científica, de diferentes áreas, estão tentando das visibilidade aos nossos feitos científicos.

Nossa estima e profunda admiração por todas as mulheres que abriram e as que continuam desbravando o caminho a ser percorrido pela próxima geração de cientistas brasileiras.

E orgulhosamente reconhecemos conquistas e obras de mulheres que se mostraram excepcionais para o Brasil e, também, para o mundo.

1) As cientistas brasileiras que lideraram o sequenciamento do novo coronavírus

Começando pelos acontecimentos mais recentes, Ester Cerdeira Sabino (IMT/USP) e Jaqueline Goes de Jesus (FMUSP) lideraram uma equipe composta por 10 mulheres e um homem.

Essa equipe realizou o sequenciamento do DNA do novo coronavírus, em parceira com o Instituto Adolfo Lutz, responsável pelas contraprovas das infecções no estado de São Paulo, em apenas 48h.

O feito das pesquisadoras permite compreender a dispersão do coronavírus e detectar mutações que possam alterar a evolução da doença.

E também ajuda no desenvolvimento de tratamentos e vacinas.

A Ester além de professora e pesquisadora é também consultora do Programa Nacional de DST/AIDS e da Coordenação de Sangue e Hemoderivados.

Desenvolve também várias pesquisas importantes sobre segurança transfusional, doença de Chagas, diversidade genética do HIV e anemia falciforme.

Já a Jaqueline desenvolve pesquisas na área das arboviroses emergentes, como por exemplo a dengue tipo 2 e o Zika vírus.

É integrante do ZIBRA Consortium e participa do ZIBRA project  (Zika in Brazil Real Time Analisys), projeto itinerante de mapeamento genômico do vírus Zika no Brasil.

2) A cientista que provou elo entre o Zika vírus e a microcefalia

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Considerada como uma das 10 cientistas mais importantes de 2016 pela revista científica Nature e uma das 100 mais influentes do mundo pela revista norte-americana Time, Celina Turchi (Fiocruz-PE) coordenou o grupo de pesquisa que descobriu a associação entre o vírus Zika e a microcefalia.

Foi a partir dos resultados das pesquisas de Celina que foram criadas medidas de combate ao mosquito transmissor do vírus Zika por parte do poder público, como por exemplo a distribuição de repelentes para grávidas moradoras de áreas de risco para a doença.

Assim como o acompanhamento de crianças portadoras de microcefalia.

Auxiliou também na análise clínica das infecções.

3) As cientistas que estão no ranking de pesquisadores mais influentes do mundo em 2019

No ranking de pesquisadores mais influentes, o Brasil conta com 15 nomes, sendo 4 deles de mulheres.

São elas: Renata Bertazzi Levy (USP), Miriam D. Hubinger (Unicamp), Renata Valeriano Tonon e  Henriette M. C. de Azeredo, ambas da Embrapa.

cientistasRenata Bertazzi Levy (USP), é referência em epidemiologia nutricional.

Principalmente em pesquisas sobre consumo de alimentos, inquéritos dietéticos, ambiente alimentar e sustentabilidade.

Já Miriam D. Hubinger (Unicamp) é considerada pelo segundo ano consecutivo, uma das cientistas mais influentes do mundo.

Estuda as degradações sofridas pelos alimentos durante o processamento e como evitá-las.

E é referência em  filmes e coberturas comestíveis e em encapsulação de óleo de linhaça preservando os ômegas 3 e 6.

Atualmente, a principal frente de atuação de Miriam é nos processos de microencapsulação relacionados a lipídios estruturados.

O seu artigo mais citado refere-se a um trabalho publicado em 2008, no qual ela, junto à pesquisadora Catherine Brabet e à então orientanda Renata Tonon, estudaram como processar o açaí em pó.

Renata Valeriano Tonon (Embrapa RJ)

cientistasA ex-orientanda de Miriam, hoje é referência na extração, concentração e microencapsulação de compostos bioativos, spray drying, tecnologia de membranas, aproveitamento de resíduos agroindustriais e propriedades físico-químicas dos alimentos.

Henriette M. C. de Azeredo  (Embrapa CE)

cientsitasAssim como as colegas citadas também coordena projetos de pesquisa focados no desenvolvimento de filmes e revestimentos biodegradáveis e comestíveis.

Além disso é referência em nanotecnologia aplicada a embalagens de alimentos, uso de subprodutos da indústria de alimentos como fontes de compostos para elaboração de materiais, usos de celulose bacteriana em alimentos e embalagens.

4) A cientista que vai ter o nome em um asteroide e foi selecionada para participar da cerimônia do Prêmio Nobel

Recém-formada no ensino médio pelo IFRS, Juliana Estradioto  criou um plástico biodegradável feito a partir da casca do maracujá.

Ela é a única brasileira a ter um asteroide com seu nome, fruto de um prêmio internacional que recebeu por suas descobertas.

Além da casca de maracujá também desenvolveu uma solução para o descarte de cascas de macadâmias: uma membrana parecida com plástico.

Essa membrana poderá ser usada tanto na confecção de tecidos e roupas como também na medicina, como pele e veias artificiais.

Também tem o projeto “Meninas Cientistas” que divulga jovens meninas que fazem ciência.

Projetos de divulgação de cientistas

Além do Meninas Cientistas, tem o Open Box da Ciência, uma iniciativa da Gênero e Número [organização de mídia no Brasil orientada por dados para qualificar o debate sobre equidade de gênero].

O projeto mapeou 250 pesquisadoras mais influentes das áreas de Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Exatas e da Terra, Engenharias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde.

E também o Mulher faz ciências coluna dentro do portal da Minas faz ciências/FAPEMIG que divulga as premiações e pesquisas das nossas cientistas.

No dia Internacional da Mulher seguimos lutando para valorizar o fundamental papel da mulher na ciência.

Que o empoderamento e a ruptura de imposições sociais continuem motivando e inspirando a determinação das mulheres para revolucionar.