Passar pela pós-graduação nem sempre é fácil.

Quando iniciamos na vida acadêmica, e mesmo ao longo do processo surgem tantas dúvidas.

A ideia aqui é reunimos lembretes e sugestões sobre coisas práticas (e úteis) durante sua pós-graduação.

Comecemos pelo início!

1) Como escolher o orientador

Procure se informar sobre os professores do programa e sobre seus interesses de pesquisa.

Por exemplo, leia as teses e os últimos trabalhos publicados ou orientados por  aqueles  professores  que  você  tem  interesse.

Faça contato com seu “candidato” a orientador.

Converse sobre suas ideias e possibilidade de orientação.

Em algumas universidades, por mais que digam que não, é realmente muito difícil de entrar sem ter um orientador.

Procure saber também quem são os orientandos ou ex orientandos do seu futuro orientador.

Por que isso importa?

Simples, você consegue sentir como é a relação aluno/orientador.

Isso evita uma série de problemas de relacionamento depois.

Ah mas não conheço ninguém, como vou saber?

Veja se é possível visitar o laboratório do professor em questão por um dia.

Pode ser esclarecedor.

Ah mas preciso investigar como é meu futuro orientador?

Olha, quase todos os orientadores checam seus futuros orientandos.

Como? Perguntando sobre eles para outros professores!

Então nada mais justo que saber onde você está se metendo também.

Aprenda que informações nunca é demais!

2) Como ter uma relação saudável com o orientador

Uma vez escolhido o orientador e aceito por ele, procure manter com ele um contato próximo.

Isso significa estar o tempo todo com o orientador?

Claro que não! Aprenda que encontrá-lo as vezes pode ser muito difícil.

Mas ele precisa estar inteirado do que está acontecendo na sua pesquisa.

Evite esconder coisas do seu orientador, como por exemplo, um bico que você está fazendo para ganhar uma graninha extra, isso sempre termina mal.

Embora não seja seu chefe, ele precisa sim ser informado de trabalhos remunerados, viagens longas, intercâmbios e qualquer coisa que interfira no desenvolvimento da pesquisa.

Mantenha suas atividades em dia e conheça o ritmo do seu orientador.

Isso vai te fazer ter uma relação 100% boa?

Não, mas te possibilita impor limites nas cobranças.

Aliás, nem sempre você vai ser cobrado ou levar bronca por algo justo.

Aprenda a separar o que lhe cabe do que você sabe que não é para você.

Sobreviver ao orientador é aprender a ter inteligência emocional.

3) Como se organizar para cumprir os créditos

Um dúvida muito comum é como cumprir os créditos.

Todos de uma vez? Os obrigatórios primeiro? Dividido ao longo da pós-graduação?

É importante que você conheça o regimento do seu programa de pós-graduação.

Observe quantos créditos são obrigatórios (por exemplo: eu tinha 16 créditos específicos e 16 pedagógicos que eram obrigatórios), quantos são livres e quanto tempo você tem.

Você pode optar por cumprir todos os obrigatórios primeiros.

Mas é importante estar atento a disciplina.

Em algumas áreas não é recomendado cumprir mais de três disciplinas no semestre por motivos de: você vai ficar doido!

É muuuuuita coisa para ler e algumas vezes para produzir.

Lembre-se que você não vai apenas cursas as disciplinas, precisa ainda organizar sua pesquisa.

Além disso tem o dilema de fazer as disciplinas pertinentes ao tema e demorar muito mais por conta da grade do semestre.

Ou fazer disciplinas correlatas mas que se encaixem no seu tempo.

Avalie o que é melhor para você e sua pesquisa considerando o tempo que você disponível.

4) Como iniciar sua produção

Durante o período de realização dos créditos, procure na medida do possível elaborar os trabalhos das disciplinas (especialmente as relacionadas ao seu tema) no formato de paper para congressos.

Aproveite que a avaliação final de muitas disciplinas vai ser a produção de artigos e submeta-os.

Isso ajuda a aprender a escrever artigos e a produzir quando ainda não tem dados para serem divulgados.

Mesmo no início dá para publicar?

Dá! Leve seu “embrião” de pesquisa para congressos. Vão sair de lá muitas contribuições pertinentes.

E de novo, aprenda a filtrar o que é pertinente do que não é para você.

Tem gente em congresso que destrói seu trabalho, por melhor que seja, só por que não gosta do seu orientador.

5) Como fazer networking

Junto com a produção vem a networking.

Aprenda que congressos e apresentações não são apenas para validar/discutir sua pesquisa, é para aparecer.

O que quero dizer com isso?

Quero dizer que é o lugar onde as pessoas te veem, veem seu trabalho e você deve conversar com elas.

Incluindo aquela referência bibliográfica que você sempre quis conhecer!

É um espaço de discussão, mas também é um espaço onde os mais experientes na área percebem os novos talentos.

Futuramente em uma banca de concurso isso pode te favorecer mesmo que não haja nenhum vínculo.

Favorece no sentido de que sabe quem você é, de onde veio e o que produz.

Além disso nesses espaços são ótimas oportunidades para parcerias de estudo.

6) Como organizar a coleta de dados

Independente da sua área – humanas ou exatas – entenda que você não tem controle sobre a agenda dos outros e que imprevistos acontecem.

Se você vai coletar dados a partir de entrevistas por exemplo, estabeleça no cronograma um prazo sensato para contatos e entrevistas, a fim de que possam ser desmarcados e remarcados.

Se você vai realizar um trabalho de campo se organize considerado adversidades climáticas, falhas no método de coleta e outros imprevistos.

Se você vai coletar seus dados a partir de procedimentos de laboratório, se organize considerando que mais gente usa o mesmo equipamento e que talvez você precise refazer os procedimentos.

Exerça sobre o seu trabalho o controle que puder, mas não negligencie os fatores que dependem de outros.

7) A qualificação

Procure assistir às qualificações relacionadas  com  a sua área, e no seu programa de pós-graduação.

Isso te ajuda saber o que esperar.

A qualificação acontece na maioria das vezes quando você tem resultados parciais para discutir.

Para isso você precisa já tem escrito uma “pré” dissertação/tese.

Tenha em mente que você precisa dar o seu melhor, mas que não precisa chegar na qualificação com tudo pronto.

A qualificação é também um processo de amadurecimento da pesquisa.

8) A defesa

Além da questão dos prazos – nunca perca de vista quanto tempo você tem para defender – considere que os membros da banca não vão consultá-lo para fazer as suas agendas.

Dependendo do número de membros e da época em que ocorrerá a defesa, é muito difícil compatibilizar horários.

Uma solução tem sido a utilização de conferências (skype, chamada de vídeo) de membros que não podem estar presentes.

Mas é importante lembrar que a banca é formada por pessoas que  se dispõem a assumir uma carga maior de trabalho e de responsabilidade por uma questão de cortesia acadêmica.

Mesmo quando as instituições pagam alguma coisa a título de honorários, a soma é insignificante e por si só não  vale a pena nem para compensar o tempo despendido na avaliação do trabalho, nem tampouco o deslocamento  em  uma  mesma  cidade.

Então tenha bom senso e envie seu trabalho com tempo suficiente para ser lido.

Não queira que a banca leia em uma semana um trabalho de mil páginas.

Sempre que puder assista defesas com a banca que você deseja na sua.

Isso te ajuda a saber o que esperar do comportamento da banca  durante a defesa.

É também uma boa indicação da seriedade, do rigor, do senso de justiça, do interesse no tema e do respeito  ao trabalho  do  outro.

Quando você for o sabatinado não terá outras surpresas além das necessárias.