O preprint promete revolucionar a forma de disseminar os trabalhos científicos.

Primeiro pela rapidez em se compartilhar pesquisas e seus resultados.

E também pela possibilidade de se receber feedbacks com a liberdade de fazer alterações e complementar o trabalho.

Coisa que dinamiza o processo e permite que pesquisadores se tornem mais conhecidos, formem boas parcerias para futuros trabalhos e até mesmo atraiam financiadores para as suas pesquisas.

Mas afinal o que é o preprint?

Tomemos como referência a definição de preprint da ASAPbio (uma iniciativa dirigida por cientistas em prol do uso de preprints nas ciências da vida).

Um preprint é um manuscrito científico completo que é depositado pelos autores em um servidor público.

A versão preprint pode ser um avanço ou uma versão incompleta.

Porém o mais comum é uma versão final, com dados e metodologias completos.

Não há uma avaliação por pares mas há uma inspeção de controle de qualidade para garantir que o trabalho é de natureza científica.

Após essa inspeção o manuscrito do autor é publicado na Web dentro de aproximadamente um dia sem passar por outras avaliações.

E a partir disso, pode ser visualizado gratuitamente por qualquer pessoa no mundo.

E tem outros diferenciais além do tempo de publicação?

preprint

Diferente da publicação em revistas tradicionais em que não é possível fazer alterações posteriores, no preprint você não só pode alterar como controlar as participações.

Isso significa que com base no feedback e/ou novos dados, novas versões do seu preprint podem ser submetidas.

E as versões anteriores do preprint também são mantidas.

Além disso, os servidores de preprint permitem que os cientistas controlem diretamente a disseminação de seu trabalho.

Isso porque os preprints são armazenados em um ambiente computacional com uma série de serviços associados.

Como, por exemplo, upload de manuscritos, controles de aceitação ou rejeição, criação de novas versões, comentários, submissão a periódicos, classificação e apresentação por assuntos, buscas por diferentes itens, links, etc.

Assim, os preprints (rápidos, mas não validados através de peer review) e a publicação de periódicos (lentos, mas validados por meio de peer-review) funcionam em paralelo como um sistema de comunicação para a pesquisa científica.

Por isso, na maioria dos casos, o mesmo trabalho publicado como preprint também é submetido para avaliação por pares em um periódico posteriormente.

Por que usar preprints

  • Acesso gratuito de pessoas de qualquer lugar com acesso à internet ao que há de mais recente nas discussões.
  • Divulgação pública de trabalhos recentes e ‘invisíveis’.
  • Obter mais comentários sobre seu trabalho por parte de colegas.
  • Data certa de quando sua pesquisa se torna pública, para estabelecer prioridades.
  • Agilizar o processo de produção científica.

Podemos confiar em compartilhar nossa informação antes da avaliação por pares?

Na realidade, fazemos isso o tempo todo, já que participamos de grupos de pesquisa, de eventos científicos, conferências.

E assim como nos eventos científicos, o preprint também registra a data das publicações.

Portanto, em caso de plágio, você tem como recorrer provando que escreveu primeiro.

O futuro das publicações

Os preprints são uma tendência muito positiva para a comunicação científica.

Acessíveis rapidamente e gratuitamente, permitem a interação dos cientistas não só com seus pares, mas com pesquisadores de outras áreas e mesmo com não-acadêmicos.

A abertura para a interação, comentários e participação na construção dos trabalhos é uma possibilidade grandiosa de crescimento para quem escreve e quem lê.

E, finalmente, democratiza o conhecimento.

O que não se deve esquecer é que os repositórios são abertos e de rápida publicação.

Ou seja, é necessário não só um garimpo, mas uma avaliação da qualidade, complexidade e seriedade dos trabalhos.

Isso, no entanto, é algo cada vez mais necessário nas relações do leitor com a informação na internet no geral.

O preprint não vai ─ nem tampouco se propõe a ─ substituir os artigos científicos passados por peer-review.

Mas já demonstrou que é uma das peças na revolução da forma como se faz e se comunica ciência.

E já atravessamos o horizonte de eventos dessa revolução.

Repositórios de Preprints

O SciELO está em processo de adotar um processo para repositório de preprints.

Os servidores de preprints são totalmente compatíveis com periódicos acadêmicos.

Assim como de periódicos (comerciais e de acesso aberto) que têm incorporadas em suas políticas editoriais o uso de servidores de preprintspor parte do autor.

São exemplos:

  • arXiv, pioneiro nesse tipo de publicação.
  •  BioRxiv lançado em 2013 para as ciências da vida;
  •  ChemRxiv para química;
  •  PsyArXiv para psicologia e
  •  SocArXiv para ciências sociais.

E você, já publicou um preprint? O que pensa a respeito?