O presidente da República em exercício, Marco Maia, recebeu nesta segunda-feira (26) manifestantes do grupo Educafro, que se acorrentaram em frente ao Palácio do Planalto após anunciarem uma greve de fome.

O Educafro reivindica a inclusão de afro-brasileiros no programa Ciência sem Fronteira, que oferece bolsas de estudo no exterior. Eles também pedem a inclusão de cotas nos concursos públicos do governo federal e autorização para usar o Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superio) para compra de livros.

O movimento trabalha com políticas afirmativas de inclusão de negros e pobres há 30 anos. Os manifestantes alegam que já estiveram no Palácio do Planalto em uma série de negociações com Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, mas que não obtiveram sucesso.

Audiência no Senado
Em audiência na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado nesta segunda, entidades pediram a criação de cotas para negros no programa Ciência sem Fronteiras, que oferece bolsa de estudos no exterior.

O diretor de Engenharia, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Guilherme Melo, disse que o governo discutir a criação de cotas.

Guilherme Melo estava representando o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, que não pôde comparecer à audiência porque está em viagem oficial com a presidente Dilma na Índia.

Mário Theodoro, secretário executivo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), informou que apenas 20% da população negra do Brasil tem acesso ao ensino superior. “A maioria das vagas está indo para a população branca.
Existe o perigo de projetar um país cada vez mais desigual devido à disponibilização de vagas desigual”, concluiu.

O reitor da faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, afirmou que não passa de 1% o número de negros com bolsas do CNPq.

O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Jorge Almeida Guimarães, afirmou que é preciso planejamento após a exposição do efetivo de população negra nas universidades públicas e privadas. O presidente da CAPES afirmou que a entidade também está aberta para colaborar.

O presidente da Comissão, Paulo Paim (PT-RS), disse que Raupp e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, provavelmente comparecerão à CDH na semana que vem para audiência pública sobre o mesmo assunto.

Fonte: Priscilla Mendes, do G1, em Brasília