A principal vitrine dos pesquisadores são as publicações de artigos científicos em periódicos. A tal produtividade científica.

Isto posto, por muitos é considerado que o indivíduo que produz mais publicações obtém maior visibilidade.

Este critério é de tanta influência que é adotado, como tópico de avaliação, na maioria do processos seletivos, inclusive em concursos públicos. Essas considerações induziram aos profissionais uma busca por um alto número de publicações.

Mas atenção! Essa filosofia pode ser equivocada, injusta ou até perigosa.

A corrida pela alta produtividade, de certa forma, agregou aos artigos uma série de inconvenientes: a má conduta, principalmente o plágio, e a baixa qualidade, tanto na escrita quanto no conteúdo científico. Editores e revisores chamam cada vez mais atenção a essa infeliz realidade, inclusive à consequente e crescente rejeição dos textos submetidos.

Quantidade x Qualidade. Afinal, o que mede a relevância das produções de um pesquisador?

A medida da qualidade de um artigo científico

Textualmente falando, elegância, cronologia, objetividade, clareza e ética são alguns dos elementos chave de uma boa redação.

É necessário que exista uma boa sincronia nas informações fornecidas, desde o título à conclusão. Uma outra importante característica é pessoalidade na escrita.

Atualmente, é muito comum os escritores seguirem o “estereótipo da moda”, que não é exatamente um erro, mas uma armadilha.

Como a maioria dos periódicos tem um modelo de publicação, os escritores devem ter cuidado e sabedoria para construir um texto que atenda ao padrão da revista, mas principalmente forneça um conteúdo rico, real e único ao leitor.

A relevância de um artigo científico é medida geralmente pelo fator de impacto do periódicos, multidisciplinaridade, o aspecto inovador e o número de citações.

Este último associado ao número de publicações, gera o índice H, que é um dos principais utilizados pela comunidade científica para avaliar as produções de um pesquisador.

O Brasil no Ranking Mundial

Durante a década de 90, o Brasil publicava anualmente uma média de 8.000 artigos científicos.

De acordo com os dados da scimago, em 1996 estava posicionado em 21º no ranking mundial.

Diante deste cenário, o governo criou programas associados a altos investimentos, com o objetivo de fornecer suporte para a realização de pesquisas nos diversos ramos da ciência, tecnologia e inovação, afim de incentivar as produções dos pesquisadores, assim como gerar uma séries benefícios socioeconômicos à população.

Et Voilá, deu certo!

O número de publicações anuais cresceu gradativamente. Em 2013, foram publicados pelos pesquisadores brasileiros 59.111 artigos, posicionando nosso país no 13º, subindo assim 8 posições.

Mas, infelizmente no índice H, o Brasil permanece desde 1996 até 2013 em 22º, isso significa dizer que apesar de o número de publicações ter aumentado, a relevância ou qualidade dos artigos não melhorou, mostrando aí uma disparidade na evolução da ciência no país.

Existe uma série de fatores que influenciam esse efeito, sendo o principal é a própria conduta política e cultural, o tal “fazer pra mostrar serviço”.

Ciência não é, nem nunca será, uma receita de bolo, todos do meio devem tomar consciência que: Sim, Publicar é preciso!

Mas é necessário respeitar o tempo necessário para a construção de um bom trabalho e ter bom senso na avaliação dos resultados.

Considerando ainda que o estímulo parcerias significativas podem gerar boas publicações, uma vez que com a existência de autores multidisciplinares, a interpretação dos dados obtidos na pesquisas terão explicações muito mais fundamentadas.