Escolha da revista

Antes mesmo de começar a escrever o seu artigo científico, é necessário decidir em qual revista ele será publicado. Em física, existe um conjunto de revistas da American Physical Society (APS), chamadas de Physical Review. Essas revistas são bastante prestigiosas e cada uma delas (A, B, C, D, E) aborda uma área da física diferente.

Ainda há uma edição especial, chamada de Physical Review Letters (PRL), cujo público alvo é a comunidade de físicos de maneira geral, ou seja, uma revista com um fator de impacto muito grande.

O critério de escolha reside na maneira como o trabalho será escrito. As revistas PRA, PRB, PRC, PRD e PRE exigem um conteúdo com mais detalhes sobre a metodologia utilizada e visa um público mais especializado.

Por outro lado, a PRL visa um público mais amplo e uma compactação maior do conteúdo e claro, deve trazer algo de impacto relevante para outras áreas da física.

O guia que vou mostrar para vocês é baseado na série “Como escrever e publicar um artigo científico” do meu blog Nerds Estupidos. O material foi elaborado tendo em mente a PRL, mas serve como guia para qualquer publicação de alto impacto.

O Guia

A regra geral ao escrever é: você deve dizer para o leitor o que você irá dizer para ele, dizer e finalmente contar para ele o que você acabou lhe dizer. Numa PRL, que pode ter no máximo 4 páginas, isso significa que nos três primeiros parágrafos, você de apresentar da maneira mais especificamente possível os resultados básicos do seu trabalho.

Isso é diferente do abstract, onde você apresenta uma descrição autocontida do paper. A conclusão, ao final do artigo é a chance de colocar seu trabalho no contexto geral.

A ideia básica é que a publicação precisa estar completamente em termos das figuras, tabelas e legendas. O estilo editorial das legendas é como segue: a primeira parte da legenda é a label, ou seja não contém verbos. As sentenças seguintes precisam ser sentenças, i.e. contém sujeito, verbo e objeto (SVO).

É muito importante reforçar que a Figura com sua legenda deve ser auto descritiva; nada de dizer que mais detalhes podem ser encontrados no texto.

Abstract: O abstract não pode contar mais do que 600 caracteres, incluindo espaços e precisa ser autocontido (sem notas de rodapé).
– Use o past tense sempre que possível;
– A voz ativa é preferível;
– Utilize sentenças concisas e completas;

– A estrutura do abstract deve conter (implicitamente) os seguintes itens:
1. Contextualização;
2. Objetivo;
3. Metologia;
4. Resultados;
5. Conclusão;

Introdução: a introdução coloca o seu trabalho em um contexto tal que leitores que não são de sua área específica possam ser capazes de dizer se estão ou não interessados no seu paper.
– Evite a voz passiva;
– Use parágrafos curtos e que contenham somente uma ideia;

A estrutura da introdução deve conter os seguintes itens:
1. Contextualização;
2. Resultados de trabalhos anteriores;
3. Questões em aberto, Restrições e limitações;
4. Estado da arte;
5. Importância do seu trabalho;

Conclusão: Esse é o momento de enfatizar seus resultados, reinterpretá-los e descrever as implicações para o sua área de pesquisa.
– Forma presente é preferível;

A estrutura da conclusão deve conter (implicitamente) os seguintes itens:
1. Principais resultados;
2. Interpretação dos resultados principais;
3. Contribuição para sua área de pesquisa;
4. Perspectivas futuras (cuidado para não sugerir que o trabalho está incompleto).

A dica final é imprimir esse guia e colar no cantinho do monitor na hora de escrever seu primeiro artigo. Ah! Depois nos conta como foi a experiência!

Texto escrito por Felipe L. Antunes, PhD student in Physics at UFRGS, Brazil.