Nada é mais frustrante do que ter manuscritos rejeitados depois de tanto trabalho, não é?

Até por que no ambiente científico, a notoriedade de um pesquisador está relacionada à sua produção científica.

Ele é avaliado pelos artigos publicados, projetos desenvolvidos, trabalhos apresentados em congressos, pelas participações em grupos de pesquisa e demais atividades que tornem sua investigação conhecida.

E quando um manuscrito é submetido a um processo de análise por um periódico, são três os possíveis resultados desta avaliação: aceito, aceito com modificações ou rejeitado.

O tópico mais discutido neste processo refere-se ao papel dos árbitros, que podem representar um risco, se houver censura de ideias novas ou outra forma de preconceito.

Dentre os argumentos utilizados para a recusa de um manuscrito, destacam-se:

Aspectos metodológicos

Conclui-se que a preocupação central dos árbitros, ao avaliar manuscritos, é com o conteúdo e principalmente com os aspectos metodológicos.

O autor deve estar preparado para a demonstração de seus argumentos, de forma consistente, com resultados e conclusões lógicos e encadeados relacionados aos objetivos a que se propôs, o que frequentemente não ocorreu nos textos rejeitados.

Aprofundamento teórico

Em segundo lugar, a falta de aprofundamento teórico é a falha mais apontada pelos árbitros.

Os autores desconhecem parte da bibliografia do tema sobre o qual pretendem escrever, ou não a contextualizam, utilizando as ideias dos diversos autores e posicionando-se, defendendo ou emitindo uma opinião com coerência.

Redação e normalização

Em terceiro e quarto lugares, são apontadas as falhas de redação e normalização do manuscrito.

Desde problemas básicos como: digitação, pontuação, ortográficos, até o não uso de normas editoriais da revista.

Incorreções de linguagem como o de deficiência linguística e de encadeamento lógico são apontados.

Apesar de estar em terceiro lugar, este é um dos aspectos que mais incomodam ao se ler um texto cientifico.

O não cumprimento das normas pode, em muitos periódicos, ser item principal de rejeição pelo editor, até antes da avaliação por mérito.

Originalidade

Em quinto lugar de rejeição está o problema de originalidade do manuscrito, que também pode ser considerado uma falha no atendimento às instruções para os autores ou às normas dos periódicos científicos, que já esclarece ser este um quesito obrigatório.

Instrumentos de estudo

Em sexto lugar, está o problema dos instrumentos de estudo.

Situação daqueles manuscritos que apresentaram estudo de caso, as entrevistas com apenas uma pessoa ou um grupo pequeno sem condições de realizar as análises.

Os autores devem procurar uma orientação com especialistas e amparo na bibliografia sobre instrumentos da análise, metodologias de pesquisa, para não incorrer nesse erro.

Aspectos éticos

Em último lugar, fica a preocupação com os aspectos éticos.

Foram apontadas situações de erros que os autores cometem em textos científicos: assumir posição de caráter ideológico, opinativo agressivo e preconceituoso e a falta de informação acerca do termo de consentimento.

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*Trechos do artigo escrito por Ivone Job, Alexandre Trindade e Ana Maria Mattos e publicado na revista Movimento, v. 15, n. 03, p. 35-55, 2009. Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.