Na última terça-feira (14), aconteceu em Brasília a primeira reunião da comissão para tentar dar uma solução definitiva à confusão gerada pelas próprias agências (Capes e CNPq) em relação aos casos de acúmulo de bolsas com vínculo empregatício.
Composta pela Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Fórum de Pró-Reitores de Pós-Graduação e Pesquisa (Foprop), Capes, CNPq e a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), a comissão tem caráter consultivo e, analisando os casos polêmicos que chegaram às entidades, apresentarão considerações sobre eles.
A comissão foi instituída com o objetivo de “analisar as situações detectadas pelos programas e/ou pró-reitorias de pós-graduação ou equivalentes, que representam tipos de vínculos empregatícios, e que poderiam estar em desacordo com as regras para a concessão de bolsas estabelecidas pela Portaria Conjunta CAPES/CNPq nº 01/2010, bem como propor ajustes à legislação, caso necessário”, conforme publicado no DOU com a data de 14 de dezembro de 2011.
Segundo a presidente da ANPG, Elisangela Lizardo, “tudo está em discussão novamente: se haverá ou não o acúmulo, como será nas instituições públicas, como será nas particulares, se será permitido o acúmulo antes ou depois do ingresso no programa, antes ou depois do pós-graduando ter a bolsa, enfim, todos aqueles pontos que tanto discutimos quando aquela catástrofe do corte de bolsas aconteceu”.
Nesta primeira reunião, a comissão recomendou à Capes e ao CNPq que nenhuma medida seja retroativa, ou seja, que nenhum pós-graduando seja penalizado pelas decisões polêmicas tomadas pela falta de clareza das próprias agências.
Ainda de acordo com as resoluções da reunião, não haverá cortes de bolsas e as novas regras (caso haja edição de uma nova portaria) valerão apenas para as novas bolsas.
As entidades tem até o dia 2 de março, data da nova reunião, para consultar seus pares.
Por fim, Elisangela deixou bem claro que os problemas ocasionados estão diretamente relacionados com a falta de uma política nacional de valorização das bolsas, há exatos 1356 dias sem reajuste.
Fonte: ANPG
Gostaríamos de abrir aqui um espaço para discussão sobre este tema polêmico.
Em sua opinião, quais deveriam ser os critérios para permitir/impedir o acúmulo de bolsas de estudo na Pós-Graduação e vínculo empregatício?
Não acho errado ser bolsista e ter vínculo empregatício. Para quem não mora com os pais, é complicado bancar todas as despesas somente com uma bolsa de pós graduação. Isso acaba fazendo com que a pós seja elitizada, sendo que alunos de baixa renda não possuam condições de ingressar.
Ao invés de ficar buscando opções em alinhar bolsa de pós-graduação com outro trabalho, é preciso aumentar o valor da bolsa, dessa forma o aluno não buscaria outras fontes de renda e acumularia jornadas. Um programa que dá certo é o Erasmus na Europa, o estudante ganha uma bolsa boa que faz com que sua pesquisa vire sua fonte de renda, afinal a pós-graduação é um trabalho como qualquer outro, com exigências e tudo mais
Quer eliminar o vínculo? Basta aumentar o valor das bolsas de modo que os pós-graduandos consigam se manter.
Na minha opinião, não haveria problema em acumular bolsa e vínculo empregatício. Principalmente com o valor das bolsas atuais. Para quem faz pós graduação em cidades grandes como São Paulo é inviável sobreviver com o valor delas. Talvez em outras cidades até seja possível.
A simples de existir discussao sobre o assunto ja e um avanco. Penso que se o trabalho nao interferir de forma negativa no desenvolvimeto da pesquisa (tempo de dedicacao, conflitos de interesses, etc), nao vejo motivos para o impedir que o estudante trabalhe e estude. Esta e a realidade do pais. Muita gente capaz deixa de dar continuidade em suas pesquisas porque precisa decidir se estuda ou sobrevive.
Concordo com Glauber e ainda cito meu caso. Sou de Pernambuco e estudo em Porto Alegre. Não tenho bolsa mas sou funcionário público afastado das minhas atividades e recebo salário. Mesmo assim, a cidade é muito cara e fico muito apertado todos os meses. Sei q a bolsa o objetivo da bolsa não é o de completar salário, mas já me ajudaria com livros, aluguel, etc.
Questionei isso várias vezes, mas nunca obtive resposta satisfatória.
Enfim, já é um avanço!
O problema é que uma bolsa de pós n dá p o aluno sem manter. Não conheço um bolsista que more sozinho, todo mundo divide apartamento ou mora com os pais. E mesmo os que dividem apartamento, não tem condições de viajar para congressos e fazer cursos. O problema não é o acúmulo de bolsas, é o valor delas. Aumentem os valores que esse problema se resolve!
Acho que antes de discutir o acúmulo de bolsa e vínculo empregatício, a CAPES e CNPq deveriam discutir reajustes nas bolsas de pós-graduação porque sobreviver com essas bolsas completamente defasadas é dose…
Certamente se as bolsas fossem maiores não haveriam tantos casos problemáticos. Ninguém está querendo fácil enriquecimento quando pede reajuste de bolsas. Investir na pós-graduação é investir no futuro da nação. Claramente o dinheiro dos impostos precisa ser melhor utilizado. Vejam o caso da verba investida no bolsa família. O investimento não reflete no crescimento do país.
Eu sou contra. Se existissem bolsas pra todos os alunos, aí eu concordava… mas por falhas do sistema (ou corrupção mesmo) dos programas de graduação, alguns bons alunos ficam sem bolsa e sem emprego, enquanto outros acumulam as duas coisas… tudo bem que a bolsa nao é grandes coisas… mas o valor é publico e todo mundo ja sabia disso antes de entrar na pos… entao, nao é desculpa pra complementar a renda. Tem mto aluno comprometido, com dedicacao exclusiva q nao consegue a bolsa por outros alunos que por exemplo, trabalham como professores e inflam os curriculos com oportunidades q os alunos DE nao conseguem somente na pos e acabam passando a frente na selecao pra bolsa. Ou mesmo, como ja aconteceu comigo. Um aluno era dono de uma empresa e tinha 55 anos de idade e o processo de selecao dava 4 pontos para cada ano trabalhado. claro que ele tinha mil anos de trabalho, enquanto nos, recem formados nao tinhamos mais q dois. Assim mesmo sendo dono de uma empresa, ele tirou a bolsa de outros alunos que nao tinham nada.
O valor das bolsas é importante. Mas acredito que estão esquecendo uma coisa muito importante… Essa liberação do acumulo de vinculo e bolsa, permite que terminemos o doutorado, com experiência (especialmente como docente) o que vai acumular pontos em concursos publicos. Não pode voltar atras nisso… faz parte da nossa formação.
Especialmente a docencia, precisa continuar liberada.
Tem um problema anterior, que é o da discussão da profissão de pesquisador nas universidades brasileiras. Mas tendo em vista a estrutura que temos, a discussão passa pelo valor oferecido pelas bolsas, que não permite a sobrevivência digna. Como exigir dedicação exclusiva, pagando mil e poucos reais? Às vezes não dá pra pagar nem o aluguel direito.
Acho que o vínculo teria que ter pelo menos um limite de horas, tipo 20h no máximo. Eu que faço pós em química, acho simplesmente impossível terminar o pós com mais de 20h ocupados por outro emprego. Claro que depende de cada pós, mas essa é a nossa realidade. Aí ter bolsa e depois não conseguir terminar o pós é horrível para a avaliação do pós. Assim alguém deixou de ganhar a vaga e a bolsa porque outro alguém quis fazer as duas coisas ao mesmo tempo e não conseguiu. Seria injusto.
Penso que a discussão sobre o acúmulo de bolsa e trabalho está diretamente relacionada com o reajuste das mesmas. Porque se os valores de nossas bolsas fossem corrigidos a cada ano, nós teríamos um valor de bolsa razoável que permitiria nos dedicarmos exclusivamente à pesquisa, sem necessidade de trabalharmos para complementarmos nossa renda.
concordo que a discussão deveria ser em relação ao aumento do valor das bolsas para os estudantes, entretanto no momento temos poucas bolsas e ainda essas são fornecidas pra quem já tem trabalho remunerado, enquanto o restante dos estudantes ficam aguardando novas bolsas…se é difícil se manter no mestrado pra quem já possui emprego, mais difícil ainda, é para os pós graduandos recém formados, que não têm emprego e ficam na fila esperando a bolsa….
Eu tenho um conhecido que está fazendo doutorado em Stanford e cuja bolsa é de U$10.000,00 Ora se a pessoa está fazendo mestrado ou doutorado, é por que já é formado (graduado), logo, deve receber como um profissional do mercado, isto é, a bolsa tem que ter este valor. Bolsa de estudos de pós NÃO É presente para o estudante, MAS SIM UM INVESTIMENTO DA SOCIEDADE NELE.
Eu creio, sim, que o recebedor da bolsa deve prestar algum tipo de serviço ao Estado após se formar para auxiliar outros a receberem bolsas. Para terminar, se o valor da bolsa for digno, não haverá necessidade do estudante ter outro vínculo/compromisso.
Temos que sair urgentemente da mentalidade da Educação como despesa para Educação como investimento.
O problema é que muitas vezes os alunos transformam a pós-graduação em uma profissão… Acho que está faltando definir quais são os limites entre ser um estudante e trabalhar. São coisas completamente diferentes, na minha opinião.
interessante é que valoriza-se muito o aluno da pós graduação que possui bolsa (e não possui vínculo empregatício)… porém, posteriormente, em concursos públicos principalmente a pessoa é praticamente “punida” por não ter experiência, principalmente na área de docência!!!! assim fica difícil!
Acredito que a questão não está em acumular ou não com o vínculo empregatício, mas possibilitar que o “pesquisador” seja, de fato pesquisador, ganhando para isso o suficiente para que se dedique a sua pesquisa e com ela possa contribuir para melhorar a área a que se dedica. O valor das bolsas deveria ser muita mais o foco da discussão do que o acúmulo desta com qualquer outra renda. Sou Mestranda e posso, por conta do salário do meu marido, apenas viver da bolsa de estudo e isto é super gratificante, pois me dedico exclusivamente ao que me propus: estudar/pesquisar/escrever. Contudo acredito que deva existir a contrapartida que é a cobrança por parte das instituições pagadoras, já que a bolsa seria um salário pago ao trabalho realizado e isso evitaria que inúmeros bolsistas ganhem sem fazer praticamente nada, como ocorre atualmente. Os dois lados precisam ser revistos!
O trabalho de um pesquisador deve ser remunerado como qualquer outro. Ao final de um mestrado ou doutorado o pesquisador deixará uma dissertação ou tese, mais publicações de artigos e participação em eventos, ou seja, ele produziu algo para o meio universitário. Se tudo neste mundo é remunerado, ele não deve produzir isso de graça. É justo e natural que receba pelo seu TRABALHO e também que tenha, se quiser e puder, outra fonte de renda, como qualquer profissional comum.
Uma política de valorização e ajustes do valor das bolsas resolveria o problema da necessidade financeira dos alunos que tem bolsa e necessitam do vínculo para complementar sua renda.
Quando se entra para a pós-graduação, e se tem bolsa, fazem uma proposta: “pagamos x e você nos dá a vida”. Oras, ninguém é obrigado a aceitar. Aceita quem quer, ou quem precisa. No momento em que assino o contrato, não estou sendo coagido a nada, apenas fazendo o que minha mente acha correto.
Depois não adianta ficar reclamando de x é pouco… já está aceito.
Se quiser trabalhar, trabalhe. Mas não encha o saco por bolsa.
“Ninguém é obrigado a aceitar”, então você conhece outra forma de se tornar docente universitário que não seja seguir o Strict Sensu? Ou será que você refere-se a ficar vivendo de mesada dos pais até terminar o doutorado? Lembrando que após a graduação são 2 anos de mestrado e 3 de doutorado! Haja PAItrocínio!!
Acredito que antes de discutir se pode ou nãr ter vinculo e bolsa, há a necessidade de ampliar o número de bolsas oferecidas, pois, há muitos estudantes que simplesmente não são contemplados, o que impossibilita o processo de ensino-aprendizagem e pesquisa. Solucionado o problema de bolsa para todos, aumente o valor da bolsa, assim não haverá necessidade de acúmulo, e se houver em casos extremos, (pessoas com familias, com altos custos, etc) não haveria problema, uma vez que não haja impedimentos e interferências na qualidade do trabalho de pesquisa.
Como bem disse o Panastacio Fp, as pessoas querem fazer da bolsa uma profissão. Isso não pode acontecer. A bolsa é para cobrir o básico. E os PPGs auxiliam nas viagens e congressos.
Só para finalizar: bolsa tem que ser para DE de stricto sensu. (PONTO FINAL) 🙂
Em minha opinião se o estudante de Mestrado/Doutorado já atua comprovadamente no meio acadêmico, seja como professor, seja como pesquisador, deve ter direito a bolsa da CAPES, que devido ao valor praticamente cobre apenas os custos dos estudos de pós graduação.
Outra opinião que tenho é sobre a concessão de bolsas de forma igualitária para IES pública e privada. A despeito de que o ensino nas IES públicas já é gratuito inclusive no Strico Sensu, parece que estas são privilegiadas em relação às privadas. Atrela-se a concessão a nota da IES, porém muitas IES privadas tem nota tão boa ou mais do que as IES públicas.
O valor das bolsas precisa de um reajuste urgentemente…
Acredito que a a bolsa de estudo para o aluno que mantém vinculo empregatício só vem a incentivar a sua produção científica, pois ele, além de estar vivenciando a sua prática profissional, estará fazendo a conexão entre a teoria, prática e pesquisa, que são os pilares para a formação de um docente qualificado e um pesquisador com suporte para o desenvolvimento de investigações no campo científico.
Como podemos lutar pelo reajuste das bolsas?
Precisamos unir forças!
Greve?!
O que podemos fazer? E temos que fazer algo!
É um insulto ao pesquisador tal valor da bolsa.
socorro, sou professor estou iniciando meu mestrado na unifesp (bolsista CNPQ) , TEREI QUE ME DEMITIR?
O mestrado e o doutorado exigem dedicação total, dessa forma o vínculo empregatício atrapalha sim o andamento da pesquisa. A bolsa de pesquisa não é para sustentar uma família e nem uma pessoa, é apenas para dar possibilidade ao pós graduando de realizar sua pesquisa. Portanto, sou contra o acúmulo de bolsa e trabalho.
Creio que a melhor solução para esse problema é o aumento da bolsa, pois o valor está bem defasado. Com esse auxilio ínfimo a pesquisa fica comprometida, principalmente, para quem precisa comprar livros e fazer vários trabalhos de campo. Não se pode negar que na atual conjuntura está difícil ser só um aluno de pós graduação.
“A bolsa de pesquisa não é para sustentar uma família e nem uma pessoa, é apenas para dar possibilidade ao pós graduando de realizar sua pesquisa.” Quem te sustenta, colega?
“A bolsa de pesquisa não é para sustentar uma família e nem uma pessoa, é apenas para dar possibilidade ao pós graduando de realizar sua pesquisa.” Quem te sustenta, colega?
Olá, gostaria de saber se houve alguma atualização quanto a essa discussão. Iniciei um trabalho temporário recentemente, que está diretamente relacionado à minha pesquisa e formação, no entanto, é insustentável continuar só com a bolsa ou sem a bolsa mas com o trabalho.
Olá!
Tratando -se dessa discussão, acho completamente inviável um profissional que não tem apoio financeiro de amigos, pais e familiares poder concluir sua pós graduação apenas com bolsa de estudo, ainda mais nas reais condições dos valores correspondentes. O fato de ser DE ou não independe da prioridade que o estudante dará ao seu trabalho. Muitas vezes observamos pós graduandos DE que não tem a mesma responsabilidade que alguém que tem vínculo. Acredito que cabe ao orientador observar e definir aquele que pode ter vínculo e ser contemplado com a bolsa, afinal ele tem por obrigação conhecer o aluno e saber quem será realmente capaz de dar conta das duas coisas. Claro que o melhor seria aumentar o valor da bolsa e dar mais oportunidades, mas enquanto isso não acontece, sou completamente à favor da bolsa com vínculo, desde que se tenha responsabilidade!