A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) convoca os pós-graduandos de todo o país a paralisarem suas atividades acadêmicas e de pesquisa no dia 29 de março em defesa do reajuste imediato do valor das bolsas de mestrado e doutorado, há 4 anos congeladas – a inflação acumulada do período já supera os 20%.
Há pelo menos dois anos os pós-graduandos do país vêm pautando a importância da valorização das bolsas de pesquisa em um país que almeja uma posição de maior destaque na geopolítica mundial. Em 2011 os pós-graduandos realizaram diversas atividades nas universidades, rodaram um abaixo-assinado (que já supera 50 mil assinaturas) e angariaram apoio de reitores, conselhos universitários, assembleias legislativas, parlamentares, intelectuais, entidades da sociedade civil organizada, entre outros. A ANPG também apresentou propostas de emenda ao Orçamento da União para garantir o reajuste e também apresentou sua pauta aos presidentes da Capes e do CNPq, aos ministros da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação e até à presidenta Dilma Rousseff.
Todos os que receberam a reivindicação se disseram sensíveis à pauta, entretanto, o corte no Orçamento 2012, que reduziu em 22% as verbas do MCTI, indicam que as prioridades que marcam a política econômica federal prejudicam o desenvolvimento do país. Este depende, dentre outros fatores, de recursos humanos qualificados, capazes de contribuir para superar os gargalos históricos da nação.
Semana de mobilização
Assim, a ANPG as APG’s e pós-graduandos a realizarem mobilizações nas universidades de forma concentrada na semana de 26 a 30 de março, pautando o reajuste das bolsas como a pauta central dos pós-graduandos na Jornada Nacional de Lutas da UNE, UBES e ANPG, que ocorre no período.
Entre as ações sugeridas pela campanha estão a realização de atos; festas-protesto de aniversário dos 4 anos sem reajuste; instalação de murais de apoiadores da campanha; coleta de moedas para “garantir” o orçamento do governo federal para conceder o reajuste; instalação de um contador de dias sem reajuste (nesta quinta-feira, dia 22 de março, completam-se 1391 dias); debates e moções de apoio dos órgãos colegiados das instituições e entidades dos movimentos sociais.
Paralisação
Entretanto, o foco da mobilização deve ser a paralisação das atividades acadêmicas e de pesquisa no dia 29 de março. Para tanto, vale realizar aulas públicas e outras atividades que reúnam os pós-graduandos, panfletagens e outros instrumentos. O importante é garantir e registrar o protesto pelo longo período sem reajuste das bolsas.
A produção de pesquisas concatenadas com as grandes questões nacionais e ao mesmo tempo livres, criativas, inovadoras, depende de investimento material e valorização social. É neste sentido que a ANPG pauta a humanização das bolsas de pesquisa, tendo como reivindicação imediata o reajuste e uma política permanente de valorização das bolsas de pesquisa.
Fonte: ANPG
Sou contra, pois essa movimentação não discute a exarcebada fomentação (ou pressão) para a produção de números. Se as agências querem quantidade em detrimento da qualidade, se querem apenas subir no “ranking”, lamento, não terá meu apoio.
Só não sei se um dia ou uma semana de parada surtirá algum efeito expressivo… cancelar a submissão de artigos pode ser um caminho mais eficiente… mas pode atrapalhar o desempenho dos programas.
Sofremos do mesmo mal que as profissões de base sofrem hoje em dia: amor pelo trabalho. O Governo se vale do nosso compromisso com a profissão e nos deixa viver de vento e amor pelo trabalho, como se isso pagasse contas. Acho que o simbolismo do dia vale, mas tenho receio que nós mesmos sejamos prejudicados, pois temos prazos e somos avaliados enquanto bolsistas.
Concordo que um reajuste deva ser feito, mas paralisação? Estão de sacanagem? Odeio greves, inclusive se for em meu favor. Não farei nada parecido com isso.
Faltou justificar o pôrque, Carlos. E qual seria outra possibilidade? PAssar mais 2 anos pedindo e torcendo pela boa vontade deles?
Maick, greve (ou paralisação) não é solução, greve é problema. Seria causar um problema em cima de outro. Existem outros meios. Eu aceitei essa condição de receber X para cursar doutorado, não fui forçado. Aceita quem quer.
E se tiver que esperar mais 2, 3, 10 anos, eu espero. Ou vou procurar algo que me dê uma salário melhor.
Olha Carlos, se fosse no mercado profissional eu concordaria em gênero e número com sua observação, porém para se fazer um curso de pós-graduação em qualquer lugar deste país o valor é o mesmo, não dá pra trocar ou procurar outro que pague melhor (exceto FAPESP, mas nem todos são de São Paulo e não há bolsas para todos). E trabalhar juntamente com curso é altamente complicado, quando não, é fazer os dois “meia-boca”, pois não é possível se dedicar interamente aos dois ao mesmo tempo. Não digo que é impossível, mas é muito complicado. Sim eu aceitei receber este X, mas penso sim que é responsabilidade minha também discutir melhorias deste X. Já pensou se ninguém se mobilizasse, para simplismente trocar de emprego? Já não teríamos mais policiais, bombeiros, professores entre outros. Ainda ontém recebi um abaixo-assinado postado por amigo meu dentista, onde eles reivindicam um piso salarial de mais ou menos R$ 9.000,00. Estão eles errado? Negativo. Isto chama-se sindicato bem organizado (e não sou membro de sindicato ou partido político) e o mesmo acontece para médicos, advogados e engenheiros. Sim, nós precisamos que o governo nos dê atenção, saiba dos nossos anseios (se não é seu anseio, sim é o meu e de muitos). Volto a repetir, não sou adepto de toda e qualquer mobolização social, mas todo mundo sabe onde o cabo aperta. Se você é contra, simplesmente porque tem a alcunha de greve, deveria ao menos refletir um pouco mais sobre isso.
Carlos, se você aceitou a condição de receber X para cursar doutorado, deve lembrar que você está recebendo menos que X atualmente, em termos de valores reais. Ninguém quer ganhar mais que ganhava, o que se pede é um reajuste conforme a inflação, ou seja, os estudantes de pós-graduação só querem ganhar exatamente a mesma coisa que ganhavam 4 anos atrás.
Desculpa, entendo que pro pessoal que mora em cidades onde o custo de vida é mais alto a coisa fica mais complicada…. mas quando vc vai assinar seu contrato de bolsa, lhe dizem qual o valor!
Vc aceita pq quer, ngm te coage a assinar!!!!!!
Óbvio que eu estaria sendo muuuuuuuuito hipocrita se dissesse: “ah, aumentaram, que droga!”.
Só que paralizar pesquisa??? Piada, né! Convenhamos… até pq tem gente que ta paralisado desde que entrou na pós, né!!!!!!!!!!!!!!! ¬¬”
Se fosse assim ninguém nunca mais ia poder pedir um aumento de salário… quando ocorreu a revolução industrial as pessoas trabalhavam 14 horas por dia ou mais por um valor irrisório, isso é justo, já que elas sabiam o quanto ofereciam?
Neste caso a questão é que a pesquisa nas universidades públicas é tutelada pelo governo. Na verdade no Brasil praticamente toda pesquisa é tutelada pelo Governo (mesma as da iniciativa privada, através de dedução de impostos). E embora a pesquisa esteja contribuindo muito para o Brasil, não parece que exista um interesse de valorizar um grupo que é mão-de-obra pra esta pesquisa: os pós-graduandos.
Não sei na sua área, mas na minha, assinar contrato de bolsa é praticamente assinar um contrato de trabalho. As responsabilidades são grandes, o esforço também.
No entanto, nem sequer um reajuste que acompanhe o aumento do custo de vida no país nos é dado (ou pelo menos o aumento percentual do salário mínimo). É como se cada vez que o salário mínimo é aumentado e nenhum reajuste é feito na bolsa, efetivamente a bolsa esteja perdendo o seu valor (não estamos falando de bolsa como salário, mas existe um correlação entre salário mínimo e custo de vida).
Sei que talvez esta paralisação não traga benefícios imediatos, mas ela está inserida dentro de um contexto maior de luta pela valorização do ensino e pesquisa no Brasil. E dizer que porque eu assinei um contrato de trabalho eu não posso reclamar é mesma coisa que dizer que porque você veio morar em uma dada cidade você não pode fazer nada por mudá-la (ou seja, se algo estiver errado você que precisa mudar e não a coisa que está errada). Acho equivocado. Se identificamos que existe esta necessidade de maior valorização da pesquisa e do ensino, devemos lutar por isso e não sermos coniventes com a situação sem sequer pensar em fazer alguma coisa à respeito.
Uma ideia para aqueles que não podem/querem uma paralisação efetiva de um dia, seria promover atividades para conscientização sobre este assunto. Aqui estamos pensando em comemorar simbolicamente mais um aniversário sem reajuste da bolsa e algumas outras atividades.
A bolsa não é um salário, mas há muita inteligência que só depende dessa bolsa para viver, pagando aluguel, comida, vestiário, transporte publico, contas de gente normal que não são subsidiadas pela familia. Não pensem em sua própria barriga. E assinar uma bolsa é não poder exercer profissão e como tal não se tem outro rendimento. A escolha por um curso de pós’graduação vai muito além de um diploma no final. mas também acredito que muito aluno anda de férias na pós graduação. mas esses casos são detectados e o aluno é convidado a sair do programa da pós.Para isso é que existe um exame de qualificação do trabalho feito de 1 ano (para mestrado) e em anos (para doutorado), para os professores controlarem o trabalho dos alunos e a sua progressão. Ainda há pessoas que falam sem saber de nada…
Que pena que alguns comentários de alguns colegas seja tão desistimulantes. É fato que todos temos prazos, o que pode complicar muito com paralizações (mas um dia não a vai levar ninguém à óbito). Interessante alguém dizer: olha ninguém colocou uma arma na sua cabeça para você assinar a bolsa, porém esta mesma pessoa esquece que aliar trabalho e desenvolvimento de uma dissertação/tese é muito complicado, principalmente porque temos prazos. Algumas pessoas simplesmente se recusam só por dizer que é greve, mas é pelo fato do brasileiro não saber reivindicar é que muitas das situações públicas são como são (não sou adepto de nenhum movimento ou sindicato, antes que se pense algo do tipo, nem concordo com todas mobilizações sociais, mas todo mundo sabe onde o calo aperta). Também acho que outras questões poderiam ser incorporadas, mas a produção é numérica é de ordem mundial, além do que prefiro discutir estas questões com mais dinheiro no bolso. Por fim, também, concordo que uma semana ou melhor um dia não fará grande efeito, porém devemos dar um primeiro passo, independente de ter colegas que não levem a pós-graduação a sério (azar deles enquanto qualificação profissional), devemos sim exigir que o governo olhe para nós e nos dê o real respeito financeiro que nós merecemos. Pelo menos eu mereço!
Estou vendo que há gente que não gosta de lutar pelos seus direitos. Uma greve, uma manifestação, algo que a voz se faça ouvir é essencial. Pois só assim o governo toma conhecimento. Pois pela falta de atitude do governo, penso que não tem conhecimento de nada. Quem está contra uma atitude dessas deve de ser filhinho do papai que sustenta a vida boa. Vive em casa dos pais, que lhes bancam comida, roupa, festas e carro com gasolina, academia, etc. O que eu acho é que ainda se vive em uma sociedade mundial que é totalmente hipócrita.
E o que eu falo pras minhas células? Se eu não repicar as pobrezinhas no dia 29, elas vão morrer! Posso paralisar dia 28, ou dia 30? Rs!
Não, Nina! Pelo comentários, todos tem que se unir, inclusive as células! Convença-as! 🙂
Essa disparidade entre as bolsas do CNPq e da Fapesp não é bom para o programa de pós-graduação. Todos os alunos que entrarem na pós vão querer pedir bolsa Fapesp, não vai ter bolsa para todos e os que forem contemplados com bolsa CNPq e Capes ficarão revoltados de ganhar 1000,00 a menos, assim como estou, isso vai desestimular cada vez mais estudantes a fazerem pós-graduação e a querer seguir carreira acadêmica. Me sinto humilhado. Aluno de pós também é gente e não vive só de vento.
Concordo com que não viva só de vento. Acho justo reivindicar por
maiores ganhos. Ora, eu gostaria de ganhar mais do que o valor da bolsa.
Mas hoje existem pessoas fazendo carreira de estudante para ter esse
“salário”.
Tem que ser valorizado? Sim, mas a bolsa não é para algo além de pagar
despesas básicas e compra de livros. Nada além disso, no meu ponto de
vista.
Comparando com o salário de um professor adjunto hoje, que recebe
inicialmente BRUTO, aproximadamente, R$7500, esses mesmos
reivindicadores, caso se tornem professores/pesquisadores, vão querer
fazer paralisações/greves.
Não lembro de ninguém me obrigando a aceitar a bolsa. Eu poderia
trabalhar, ganhar bem mais, e desempenhar papel de pós-graduando (no
pior dos sentidos).
Tudo na vida são escolhas. Ainda as temos.
Bolsa é para pagar despesas básicas e compra de livros? Como a universidade vai atrair bons profissionais para a pós-graduação assim se na indústria todos ganham muito mais? Como motivar assim um profissional com ensino superior com um salário que só serve “para pagar despesas básicas”?
A bolsa de pós-graduação não é um favor que o governo faz. É um investimento.
Isso é exatamente o que acontece com professores. Todo mundo sabe que ser professor ou ser bolsista é igual a receber pouco. TODO MUNDO SABE. Aí fazem seleções/concursos para essas funções e já começam a reclamar.
Se tem conhecimento de quanto é pago; foi aceito? Então bico calado.
Eu sou mestranda da UFAM e nem tava sabendo de nada disso…
Eu acho complicado pensar que a bolsa é apenas para pagar despesas básicas, uma vez que nos é pedido exclusividade de vínculo. Precisamos sim ter um rendimento de acordo com nossa função, afinal, muitos laboratórios são “tocados” por pós-graduandos, muitos papers só foram publicados graças aos pós-graduandos que dedicam muitas e muitas horas para que estes trabalhos sejam concretizados e reconhecidos.
É muito absurdo pensar que o valor da bolsa CNPq/CAPES tem uma defasagem de mil reais em relação a FAPESP. Os reajustes precisam ser feitos para que nosso contrato e exclusividade possa ser honrado.
Realmente, ninguém é obrigado a assinar um contrato de bolsista, mas com certeza, muitos desses precisarão, em algum momento, precisarão trabalhar para completar uma renda insuficiente para as próprias despesas básicas. Moro em São Paulo e esse valor não paga nem o aluguel, que eu acho que deve ser uma despesa básica, não é mesmo?
Para que no futuro possamos crescer em termos de educação superior e pesquisa de ponta, é preciso que se invista em um valor digno para que os pós-graduandos possam se dedicar exclusivamente às atividades de pesquisa e ensino, dentro da universidade.
É importante ressaltar que a paralisação deve vir articulada com mobilizações e agitações. Pelo contrário nem um efeito surtirá. Temos que a partir desse fato politico articular os colegas e membros dos nossos programas para fazermos uma especie de assembleia, para discutimos essa pauta e outras afligem os programas de pós-graduação do Brasil.
Carlos Josué
Mestrando em Geografia Pelo PROPGEO UECE.
Isto é ridículo.. ninguém está tentando ficar rico com bolsa de estudos, mas as bolsas devem, sim, ser compatíveis com os gastos de um estudante (leia-se atentamente: estudante, e não festeiro de plantão, o que está fora do escopo da discussão). Pós-graduação não é voto de pobreza; um pós-graduando têm atribuições importantes e contribui para com o desenvolvimento do país. Portanto, a bolsa de estudos NÃO pode ser vista como um favor que o governo presta ao aluno (que não lê papers por diversão, e sim porque isto é o “trabalho” dele). Tenho curiosidade na seguinte pesquisa hipotética: quantos alunos que não recebem nenhum tipo de ajuda da família têm plano de saúde? E fazer um bom curso de inglês (sim, temos que comprovar proficiência) pago com recursos próprios (bolsa)? Espera-se que pós-graduandos publiquem artigos (preferencialmente em periódicos internacionais de qualidade) e que participem de congressos. Em outro post recente, o site posgraduando.com mostrou um gráfico com a variação das bolsas em relação ao salário mínimo nos últimos anos e, bem… procure o post e veja você mesmo. Enfim, embora eu não queira que as células da Nina morram, a paralisação (que não é solução) é uma forma de demonstrar insatisfação e de chamar a atenção. E ninguém pode aceitar receber o mesmo valor congelado o resto da pós só porque sabia qual era o valor da bolsa quando ingressou no curso (afff). Novamente, bolsa não é favor.
mobilização direta….capital federal.
Concordo com quem se posiciona contra a paralisação e a reclamação gratuita.
Sem mais,
Lucas.
E ai pos-graduandos?
Qual foi o reflexo da paralisação?
Houve alguma mudança? Algum parecer?