É inevitável que na vida de um pós-graduando apareçam convites para seminários e palestras.
Porém quando esses convites acontecem, após a euforia e o entusiasmo, vem sempre aquele frio no estomago, principalmente, quando é a primeira vez.
É natural a vaidade que nos atinge após o convite, sem sobra de dúvidas é o reconhecimento dos esforços empreendidos durante os estudos, as pesquisas, a vontade de aprender e dominar o tema objeto da nossa dissertação.
Mas também é natural a insegurança de falar em público pela primeira vez.
As primeiras indagações que nos fazemos são: será que vou conseguir agradar os ouvintes? Será que vou conseguir prender a atenção dos meus ouvintes? Será que vou me sair bem? Entre outras dúvidas que podem variar de pessoa para pessoa, de tema para tema.
Acho que uma boa e essencial resposta, em primeiro lugar, é outra questão: eu domino o tema que vou apresentar?
A base de qualquer palestra é o domínio do tema a ser exposto.
Muitas vezes, acho que a maioria delas, o convite virá em virtude da atuação no dia-a-dia do palestrante.
E não é por acaso que a linha de pesquisa escolhida pelo pós-graduando tenha relação direta ao seu ramo profissional. É como diz o ditado popular: unir o útil ao agradável.
Mas ainda que o tema proposto não faça parte do seu dia-a-dia profissional, algum liame com a sua pesquisa deve haver.
Entendo ser insensato por parte que quem faz o convite, propor um tema totalmente alheio à realidade do palestrante. Se isso acontecesse comigo, recusaria.
Superada essa questão, é também necessário a preparação do palestrante.
É preciso ter o mínimo de conhecimento sobre o público que irá ouvi-lo, quais são seus interesse, o por quê estão participando do encontro, o que esperam…
Interagir com os expectadores torna o encontro agradável para as duas partes. Faz com que quem está assistindo se sinta parte do processo, na medida em que se torna possível a troca de experiências
Outro fator essencial a ser observado é o tempo. A preparação de uma palestra deve se dar na medida certa, para que todo o assunto a ser abordado “se encaixe” perfeitamente ao tempo disponível ao palestrante.
Este “encaixe” deve prever possíveis indagações feitas pelos ouvintes e suas respectivas respostas, sendo certo que estas, devem evitar desviar do assunto.
As vezes a empolgação de resposta a um questionamento faz com que se desvie do foco da palestra, o que pode levar o palestrante a perder o “fio da meada” do assunto, e o retorno pode se tornar difícil.
Em resumo:
O domínio do assunto abordado, o controle do tempo e a interação com a plateia só podem proporcionar, tanto ao palestrante quanto aos ouvintes, uma experiência única e com expectativas de que se repita por muitas vezes.
“Se você se propõe a falar, pergunte a si mesmo: É verdadeiro? É necessário? É gentil?”
Buda
Muito bom esse artigo Valeria! Super útil, principalmente para marinheiros de primeira viagem! Mas também pra lembrar-nos sempre de retornar a esse estado de inquietação e inspiração das primeiras palestras e assim mantermos a animação em dividir e divulgar nosso trabalho.Abraços!
Ótimo texto, Valeria, gostei das recomendações e achei muito legal essa ideia de as resumir no final do texto. Concordo com todos os pontos e acho que muitas vezes as pessoas pecam principalmente no controle do tempo. A interação com a plateia, quando bem feita, normalmente faz com que a palestra vá para as top melhores que as pessoas já assistiram, mas exige também um certo talento (ou prática?) para não acabar tendo o efeito contrário… Quanto ao domínio, é fundamental, mas fica a dúvida: como sentir esse domínio a ponto de adquirir segurança para falar? Mesmo no meu Mestrado, em que tinha desenvolvido todo o projeto, tive receios… mas acho que é assim mesmo, vamos aprendendo!
obrigada Raiana e Elisa!