A compreensão do método científico é fundamental para a produção de ciência de alto nível, mas esse conhecimento também pode ser utilizado em situações do seu cotidiano profissional, e até mesmo em situações pessoais.

Imagine, por exemplo, que ao chegar em casa após um dia cansativo na universidade, você decide ligar o notebook para assistir seu seriado preferido. Ao apertar o botão de iniciar do notebook, entretanto, nada acontece.

Imediatamente, você começa a formular hipóteses que expliquem a origem desse problema.

Primeira hipótese: a bateria descarregou e o carregador não está ligado à tomada. Entretanto, você observa o cabo de alimentação e vê que ele está em seu devido lugar. Assim, a primeira hipótese é refutada.

Segunda hipótese: seu bairro está sem energia elétrica. Para testar sua nova proposição, você aperta o interruptor de luz ou tenta ligar algum aparelho elétrico. Você observa que não há problemas com a energia elétrica, e sua segunda hipótese também foi refutada.

Você pode não ter descoberto ainda o motivo pelo qual não consegue assistir o seu seriado favorito, mas acabou de aplicar o método científico em uma situação do seu dia-a-dia.

O método científico pode ser definido como um conjunto de regras básicas para realizar uma experiência, a fim de produzir um novo conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes (Vianna, 2001).

De maneira geral, o método científico pode ser resumido da seguinte forma:

metodo-cientifico

Tendo em mente a ideia de método científico, torna-se mais fácil compreender outros dois conceitos importantes:

Pesquisa: toda atividade realizada para se descobrir a resposta a uma indagação.

Pesquisa científica: atividade que utiliza o método e os pressupostos científicos na busca da resposta a uma indagação.

Repare, portanto, que o ponto de partida de uma pesquisa é a pergunta. A pesquisa se torna necessária quando você tem uma dúvida, procura a resposta em livros, em revistas científicas e nos demais recursos disponíveis, e não encontra.

Mas isso tudo parece ser um pouco óbvio, não?

Pode parecer. Mas não é raro encontrar pesquisadores que, ao invés de empregar o método científico, fazem o caminho inverso, algo como atirar uma flecha para o alto e, onde a flecha a cair, pintar um alvo.

método científico

O Método Científico e a Experimentação

Ao exercer sua profissão, você irá se deparar com muitas dúvidas diariamente: qual é o melhor produto? Qual é o melhor método? Qual solução é mais adequada para essa situação? Como aumentar a eficiência?

E essas perguntas irão resultar na tomada de decisões que possuem impacto em sua atividade profissional.

Quando não temos as respostas para nossas perguntas, ou quando precisamos verificar a veracidade ou a aplicabilidade das respostas já encontradas, realizamos um experimento.

Imagine que um Engenheiro Agrônomo, por exemplo, no exercício da sua profissão, se depara com a seguinte dúvida: “qual cultivar de soja será mais produtiva nesta propriedade rural?”.

Ele então conversa com os vizinhos da propriedade e com os profissionais técnicos das empresas de sementes e formula a seguinte hipótese: “a cultivar de soja BRS 7380 RR é a mais indicada para as condições de solo e clima da propriedade”.

Para verificar se a hipótese é verdadeira, será necessário realizar um experimento com várias cultivares de soja na propriedade, tendo a cultivar BRS 7380 RR entre elas, e analisar os resultados de produtividade.

Assim, é possível afirmar que:

Experimento é um procedimento planejado, com base em uma hipótese, que será verificada ao provocar fenômenos em condições controladas e ao observar e analisar os resultados obtidos (Rumsey, 2009).

No exemplo do experimento com cultivares de soja, o termo “provocar fenômenos” do conceito de experimento equivale a escolher diferentes cultivares de soja.

O termo “condições controladas” significa que todas as cultivares de soja terão as mesmas condições: mesma data de semeadura, mesmos tratos culturais, mesmas condições climáticas, sendo a genética das cultivares a única variação do experimento.

Assim, o método experimental consiste em manter constantes todas as causas (no exemplo acima, data da semeadura, tratos culturais, condições climáticas), menos uma (genética das cultivares de soja), e variar esta causa de modo que o pesquisador possa descobrir seus efeitos, caso existam (diferenças nas produtividades das cultivares).

Entretanto, em experimentos biológicos, sobretudo em condições de campo, é muito difícil garantir que todas as causas de variação sejam constantes, pois é difícil controlar, no caso do nosso exemplo, a ocorrência de diferenças na fertilidade do solo, incidência de pragas, doenças e plantas daninhas, entre outros fatores que podem interferir na produtividade da soja e não são o interesse do estudo (as diferentes cultivares de soja).

Diante da impossibilidade de manter todas as causas de variação constantes, utilizamos a análise estatística para avaliar essas variações e procurar determinar, no resultado final, que influências cabem a cada uma delas.

A Estatística é a parte da Matemática Aplicada que fornece métodos para a coleta, organização, descrição, análise e interpretação de dados, e para a utilização dos mesmos na tomada de decisões .

Portanto, o que nos obriga a utilizar a análise estatística para testar hipóteses formuladas é a presença, em todas as observações ou dados, de efeitos de fatores não controlados, que causam variação nos resultados.

Entre os fatores considerados não controláveis no exemplo em questão, podemos citar: pequenas diferenças de fertilidade do solo, pequenas variações nos espaçamentos ou na profundidade de semeadura, variação genética das plantas, pequenas variações nas doses de fertilizantes, fungicidas, herbicidas, etc.

Esses efeitos, de natureza aleatória e imprevisível, não podem ser conhecidos individualmente, e tendem a mascarar o efeito do objetivo do estudo. Para minimizar esses efeitos, todas as ações do experimento devem ser planejadas antecipadamente.

Experimentação é uma parte da Estatística Probabilística que estuda o planejamento, a execução, a coleta de dados, a análise e a interpretação dos resultados dos experimentos .

Assim, a Experimentação tem por objetivo o estudo dos experimentos, de forma a possibilitar a verificação de hipóteses, originadas de dúvidas, com o menor risco possível de interferência de fatores não controlados e que não fazem parte do estudo.