Durante cinco semanas apresentei os porquês de se utilizar a internet como ferramenta de divulgação científica e algumas plataformas que poderiam ser empregadas para esse fim.
Agora, chegou a vez de ouvir quem já divulga ciência na rede.
Deixo aqui meu agradecimento a todos que se disponibilizaram em responder às minhas questões.
Tive que editar as respostas. Tem muito mais coisa interessante sobre a divulgação na internet. Então, com a palavra, os mais experientes:
Lucas Marques e Luciano Queiroz, fundadores e responsáveis pelo site e podcast Dragões de Garagem (blog e agora também no ScienceBlogs).
A principal motivação para criar um podcast sobre ciência foi o nosso interesse em divulgação científica. Durante a graduação tivemos a disciplina Filosofia da Ciência e o professor foi a primeira pessoa a nos apresentar alguns autores e gerar um interesse por filosofia da ciência e divulgação. Fomos apresentados ao Carl Sagan, Ernest Mayr, Richard Dawkins Thomas Kuhn, Karl Popper, Stephen Jay Gold e tantos outros e suas obras. Temos que destacar o grande Carl Sagan e “O Mundo Assombrado pelos Demônios” e “Cosmos”, que nos inspiraram a consumir e criar conteúdos de divulgação científica. No final da graduação, já tínhamos contato com podcasts e pensamos que seria uma boa plataforma, ainda pouco explorada no Brasil. Aos poucos e aos trancos e barrancos, fomos procurando softwares e outras facilidades pra desenvolver esse tipo de trabalho.
É meio prepotente, ou pedante como diria o Cristiano, dar dicas de como fazer ou quais caminhos seguir. Mas se você gosta de ciência e tem vontade de divulgá-la, a primeira coisa que deve ter em mente é que no começo tudo vai dar errado. Então, se planeje o máximo possível e não espere que as coisas aconteçam de uma hora para outra. A primeira gravação nunca será excelente, e nunca terá milhões de ouvintes também. Vale a pena gravar um ou outro piloto antes, sem colocar no site, só pra pegar o ritmo.
Como já falamos em vários episódios, as maiores descobertas da ciência não surgiram em um estalar de dedos, todas exigiram muita dedicação de seus idealizadores (excetuando a penicilina e outras grandes loterias da história da ciência). Mais importante do que “talento” inato, é o esforço e a vontade de não desistir na primeira dificuldade. Essa resposta ficou com cara de livros de autoajuda, mas funciona.
Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira, fundador e responsável pela página do Universo Racionalista.
O principal motivo que me fez começar a divulgar ciência na internet foi a falta de conteúdo relacionado ao tema no Facebook. Quando criei a Universo Racionalista não existia muitas páginas de “ciência” como existem hoje e o Facebook estava dominado por páginas de humor. A princípio o Universo Racionalista abordava de tudo, de ciência à pseudociência. Como no início tive que fazer o trabalho todo sozinho, a maneira mais fácil de enriquecer o blog e a página era por meio de artigos e notícias veiculadas através de terceiros.
Com o sucesso da página no Facebook, o blog acabou ficando parado e comecei a me dedicar totalmente à página. Foi através da obra “O Mundo Assombrado pelos Demônios” de Carl Sagan, que consegui desprender-me da pseudociência e da superstição. Em meio ao “desenvolvimento” do meu ceticismo, mudei a forma de abordar a pseudociência e o que era simples divulgação da informação, acabou se tornando alvo para minhas críticas e refutações em relação à pseudociência.
Como sugestão, a pessoa deve ter conhecimento em ciência e em filosofia da ciência, em especial nos critérios de demarcação entre ciência e pseudociência, onde e como verificar a veracidade de uma informação. É necessário ter um conhecimento básico para saber quando um periódico científico foi ou não revisado por pares e quando uma notícia de fato é credível, e é sempre bom saber o histórico de publicação dos autores.
Jota, fundador e responsável pelo Canal no YouTube Ciência e Ficção.
Meu interesse em divulgação científica se aflorou quando eu comecei a assistir a documentários sobre ciência, como “Cosmos”, de Carl Sagan, que foi um divisor de águas. Me senti impelido em fazer alguma coisa que também mostrasse às pessoas a importância desse conhecimento. Recentemente, ocorreu-me começar a produzir vídeos com conteúdo científico. Como gosto muito de ficção científica e sempre tive vontade de estudar os princípios científicos e a viabilidade das tecnologias apresentadas, tive a ideia de criar vídeos que explicassem as bases científicas e a probabilidade de aquilo se tornar realidade.
Mas, por que vídeos? O vídeo é uma mídia mais dinâmica na hora de repassar o conteúdo, onde consigo abordar um número grande de informações de forma atrativa e que prenda a atenção do público. Fiz um primeiro vídeo sobre Jurassic Park, abordando a clonagem e a Teoria do Caos e um vídeo sobre o filme Gattaca, falando sobre genética e eugenia. Vi que algumas pessoas estavam assistindo e comentando, então fui produzindo mais e mais.
Se você tem interesse em criar um canal no YouTube e começar a produzir vídeos, aqui vão algumas dicas:
- Leia o material que o Youtube disponibiliza para conhecer o funcionamento do site.
- Aprenda a usar os softwares de edição. Um vídeo bem editado faz toda a diferença.
- Divulgue o canal. Utilize as redes sociais, peça ajuda a outros canais, converse com donos de páginas no Facebook, peça-os para divulgar os seus vídeos.
- Invista em qualidade. É importantíssimo tentar manter ou aumentar a qualidade do seu conteúdo a cada novo vídeo para estimular as pessoas a quererem continuar assistindo.
- Tenha originalidade. Você pode se inspirar em outros, mas não deve copiá-los. Para se destacar, é preciso ser original.
- O principal: goste do que você está fazendo. Se você tem, de fato, um grande interesse sobre o assunto que aborda nos vídeos, tudo fica muito mais fácil.
Deixo aqui meu agradecimento aos participantes, por terem desprendido um tempo valioso para dividir as suas experiências conosco.
Foi um prazer participar!
Jota, muito obrigado pela disponibilidade em participar do depoimento. Sucesso!