O segundo ano de mestrado em Administração, no período pré-qualificação, é quando as pressões pelos prazos e correções do projeto anulam qualquer possibilidade de vida “extra mestrado”.
Uma forma que eu e meus colegas de mestrado encontramos para relaxar entre um artigo e outro é navegar no Facebook. Outro dia postei uma frase nessa rede social solicitando comentários sobre como é a vida de um pós-graduando. Em menos de 48 horas recebi mais de 30 comentários que seguem abaixo, para sua apreciação.
Você percebe que mergulhou fundo no mestrado/doutorado quando…
-
Quando alguém pergunta o quê você vai fazer no feriado e você não sabe de que feriado a pessoa está falando, afinal pra você não vai fazer diferença, vai ter que estudar igual.
-
Quando se empolga para terminar um artigo/projeto e quando olha para o relógio já se passaram três horas do horário usual de almoçar ou jantar.
-
Quando acorda, passa o dia pensando, deita e ainda sonha com o seu tema de pesquisa ou o contexto ou caso.
-
Quando tenta aplicar teorias na sua vida pessoal, mesmo antes de testá-las, pois está ansioso para ver algum resultado.
-
Quando o seu corpo pede pra você dormir, mas o seu cérebro não deixa, são 04:30 da manhã e já que não tem nada melhor pra fazer, você desiste de tentar dormir e vai estudar.
-
Quando todos (até seu médico) perguntam o que você está fazendo e quando você consegue terminar de explicar, só recebe uma cara de quem não entendeu e que não quer que você tente continuar explicando.
-
Quando sua moeda de raciocínio é o valor da refeição do Restaurante Universitário – RU. Tudo é convertido para “quantos almoços dá isso no RU”?
-
Quando o Facebook se torna seu “muro de lamentações”, e o seu momento de “descanso” durante as horas de estudo.
-
Quando você ouve o barzinho ao lado de casa tocando um jazz sensacional e ao invés de como sempre pensar ‘que vontade de sair’, você pensa ‘esse barulho está me desconcentrado, vai prejudicar meu rendimento’, e ainda por cima fecha a janela.
-
Quando é domingo, 15h da tarde, faz o maior sol lá fora, você olha pela janela e fica imaginando uma porção de coisas que poderia estar fazendo se não tivesse que estudar. Você para, pensa, internaliza que está fazendo isso para ter um futuro melhor e tenta continuar estudando.
-
Quando você se descobre com uma ansiedade incontrolável. Ou na opinião de outros, “mestrando só é mestrando quando desenvolve uma gastrite”.
-
Quando, nas vezes em que você (para não enlouquecer de vez) permite-se sair de casa, ter um pouco de vida social, não consegue aproveitar direito, pois fica com peso na consciência e decide voltar logo.
-
Quando, ao tomar decisões e fazer outras atividades não relativas ao mestrado, você pondera sempre em função dele. Exemplo: vou fazer uma corridinha, mas é porque sei que faz bem ao rendimento depois (mente sã, corpo são)… e por aí vai.
-
Quando você descobre que não tem mais visto amigos, familiares, antigos colegas de trabalho, bichos de estimação, enfim, seres vivos não relacionados ao mestrado e que praticamente todas as suas interações no mundo real (e a maioria no mundo virtual) são com pessoas da pós-graduação (sejam amigos, conhecidos, namorados, etc.).
-
Quando lá pelas 4 da madrugada você está em um nível de concentração e vira poeta. energético, energético; bebe, bebe; projeta, projeta; disserta, disserta; Ié Ié.
-
Quando na sexta à noite você conversa e pergunta para a sua noiva: “Vamos sair? Dar uma volta? Passear?” e ela responde com outra pergunta: “Você quer mesmo? Tem certeza? A gente num pode só dormir? Ou só ficar deitado? Ou só não fazer nada?”.
-
Quando você esquece os compromissos agendados extra-mestrado como idas ao médico e dentista e lembra só uma semana depois.
-
Quando você chega em casa, vai “projetar”, “dissertar”, “tutorar” sem se quer tirar o sapato. Vai dormir e só tira a calça. Acorda em cima da hora e sai do jeito que está. E no fim do 2º dia você se lembra que não tomou banho, sequer trocou de roupa ou cueca, ou penteou os cabelos, ou fez a barba, ou “almoçou”.
-
Quando a sua limpeza e organização da casa restringem-se a uma ‘lavagem de aparência’, só o necessário pra ter condições mínimas de estudo. E percebe que passou mais de um mês prometendo a si mesmo: “essa semana eu vou fazer uma limpeza básica”, “na próxima eu faço uma faxina decente”.
-
Quando a sua aparência física apresenta sinais da tensão que você está vivendo no mestrado. No meu caso aparecem espinhas na testa. Hoje tenho uma para cada capítulo do meu referencial.
-
Quando você vai tomar banho antes de dormir e percebe que ainda está de pijama, porque estudou o dia todo e não botou os pés fora de casa.
-
Quando você assiste uma banca e vê que tudo pode valer a pena, que grandes partes dos nossos desejos como pesquisador podem virar realidade, mesmo que a duras penas.
-
Quando você assiste uma banca e vê que seu trabalho está bem pior do que o que foi defendido e que o cara foi avacalhado de porrada.
-
Quando é segunda-feira, 15 h da tarde, você está com as leituras em dia (ou quase em dia) e resolve tirar o resto da tarde para jogar PS3, para passear no centro, visitar um amigo, ou fazer qualquer outra coisa que não poderia se estivesse trabalhando em horário comercial.
-
Quando você protocola a dissertação para a defesa e chora copiosamente como se seu filho tivesse sido entregue para a adoção.
-
Quando você depende de moto-táxi para chegar nos lugares necessários mais rápido para lhe restar mais tempo para estudar ou preparar os seminários, ou até mesmo dormir um pouquinho mais, e de repente na garupa da moto, ao parar em um semáforo você olha para o céu, percebe que está lindo e resolve fechar os olhos somente por alguns instantes, acabando por cochilar, quando é surpreendido pela aceleração do piloto e quase cai, aí sim você percebe que está sobrecarregado de atividades e resolve por sacrificar algumas para não acontecer coisas piores.
-
Quando você sacrifica o sono, a hora do almoço, a hora do banho, a hora do lazer, menos a hora do estudo.
-
Quando em plena quinta-feira você acorda supercansado, de tanto escrever, e tem um momento de alegria ao pensar “amanhã é sexta”. Momento curto esse, pois daí você lembra que na vida acadêmica sextas-feiras são como outro dia qualquer, e que irá trabalhar no final de semana.
-
Quando você fica com muito mais medo que roubem seu computador, pen-drive ou HD do que sua carteira.
-
Quando recebe um feedback positivo de um aluno que faz você pensar que tudo está valendo a pena e que de alguma forma você está contribuindo para criar um país melhor, via educação.
-
Quando você faz tudo isso e te perguntam “o que anda fazendo?”, você diz “mestrado” e ouve um sonoro “você não trabalha não?”.
_______________________
Texto escrito por Joelson Matoso, mestrando em Administração pela UFPR.
_______________________
Quando você percebe que é solteiro, e que tem uma cama de casal utilizada permanentemente por seu notebook (e mais papers, marcatexto, livros, etc…) =P
E quando o mestrado não está rendendo? Você tenta juntar “pérolas” para parecer engraçadão. E não é engraçado.
Mais perfeito que isso é impossível rs
Quando sua mesa das refeições passa a ser a mesma mesa de estudos. Quando ao invés de ligar a televisão enquanto come, você liga o computador.
Quando você reuni a família e avisa que só vai cuidar da sua vida pessoal (amorosa) depois que terminar o doutorado. Ou quando você responde para seu filho (a) que o irmão que ele tanto deseja é uma dissertação de mestrado ou tese de doutorado.
auhauhauhauhauha essa foi ótima
Quando seus “cinco minutinhos” duram 1h30 e a comida esfria…
Quando você usa, com toda a normalidade, frases que fazem as pessoas ao redor te olharem como um ET, como:
“Dormir é para os fracos” ou
“O Café e o sangue que alimenta os sonhos dos vencedores”
Agora vem uma dúvida…
Como um Mestrando tem um blog se ele não tem tempo?
Quando vc faz seus horários em função do mestrado. E tudo passa a ser segundo plano…
Quando você gasta 500 reais no mês com psiquiatra e antidepressivos.
Que tipo de blog sobre pós graduação nao deixa fazer crtl C do texto para eu postar no meu “muro de lamentação”????
Ou ser igual a vc! Fracassadin!
Quando você sai correndo do trabalho com a certeza de que vai chegar atrasado para a aula e quando chega na Universidade descobre que a aula só começaria na semana seguinte…
Quando você aprende a convencer os alunos que estão entrando no mestrado com poucas palavras e eles acham que você é muito bom. Ou seja, enrolar bem!
Quando você consegue tirar um tempinho para sair com os amigos que não fazem parte da rede social da pós-graduação e não consegue manter nem 10 minutos de conversa, pois não tem assunto e não faz idéia do que eles estão falando!
Quando após a defesa vc sente um vazio tão grande, tão profundo e se pergunta “E agora o que farei da minha vida”…
Quando tem um incêndio no seu prédio e a única coisa que você pensa em salvar é seu notebook com aquele paper quase terminado. Documentos, dinheiro, pra quê?
Ler todos esses comentários e perceber que também já esqueceu banho…tem material empilhado em poltronas que ninguém pode mexer e que não tem vontade de conversar com quase ninguém e só quer saber de quem te inspira por razões estritamente educacionais!!! que não pretende casar ou namorar (Pra quê???)… …. ….
Quando vc rala pra estudar, compra livros, tira xerox de raros, é aprovado concorrendo com centenas de candidatos, cumpre as disciplinas, defende seminários, vai a campo [distante] com recursos próprios, escreve a tese, a defende… e vem um LADRÃO e lhe rouba a pesquisa e publica um artigozinho antes de vc, com todo o reconhecimento das instituições e “in-competentes”. E pra concluir: a Universdade diz que não tem como coibir essa sacanagem… Ah! Também caga e anda pra tua tese, sem políica de publicação e valorização da pesquisa realizada em seu programa de pós-graduação. Avoé!
quando você está tão atolada de textos para ler, artigos para escrever, trabalhos para entregar, que no caminho de casa você prefere chorar para não perder tempo aliviando sua angústia, medo, cansaço quando chegar em casa, local destinado apenas para o estudo. Quando você faz um planejamento de trabalho em que você define horários para comer, tomar banho, ligar para sua família (dar notícias de sua sobrevivência) e dormir. Tenso!!!
Puxa Rafaela…!, vc foi teve uma precisão cirúrgica no seu comentário, pois é bem isso mesmo. rsrsrs Ainda escrevo meu livro “Memórias do cárcere/ ou Tese” rsrsrsrs Boa sorte na tua jornada/pesquisa.
Quando vc sente culpa por ter passado um dia inteiro de lazer com os amigos, e por isto não estudou nada…
Quando vc tem sensação de culpa só porque passou um dia inteiro de lazer com os amigos, e por isto não estudou ou pegou na tese…
Quando você vai defender a tese e esquece de absolutamente tudo o que estudou e nada sabe responder à banca. Você fica feito um bobo da corte como se não fosse odono do trabalho, apenas um suplente… E é, porque definitivamente você não estálá… Reze para queashoras passem eseja o que Deus quiser, sobretudo se não fizer parte das ” Prata da casa”…
experiência pessoal:
quando sua amiga te surpreende na cozinha as 6 horas da manhã e você está devorando um macarrão alho e óleo enlouquecidamente, porque já faz mais de 24 horas que você não come…
e o contrário também:
quando você não aguenta comer mais nada, mas ainda assim não pára de enfiar comida na boca…
sensação única… :p
Quando vc passa três dias sem dormir a base de café e chega p fazer prova trêmula. Quando vc fala com seu namorado no viva voz enquanto toma banho, para economizar tempo. Quando a partir de sexta a noite , vc passa 24 hrs em um hospital p coletar dados p seu projeto. Quando vc sai da casa da sua mãe e vai pagar aluguel só p economizar 2 hrs de trânsito p estudar mais. Quando vc trata um dosímetro, instrumento essencial p minha dissertação, como um príncipe e só leva ele de carro p cima e p baixo.
Quando vc decide (difícil hein!) deixar de comemorar o próprio aniversário, com os amigos, pq além de uma dissertação de mestrado vc está escrevendo uma monografia de especialização. O pior é que os amigos não entendem tamanha dedicação. Um dia tem que valer a pena…
Fantastica descricoes. E mais…
Quando nada pratrazmente foi tao mais dificil, o presente é apenas o corrente mestrado e do futuro apenas doutorado convém. Nada alem disso é prioridade, conveniente ou importante.
Comentários que me assusto só ao imaginar, mas também me pergunto: quantos fazem mestrado e conjuntamente trabalham tem filhos, cachorros e outras coisas? Muitos. Uma mera opinião: Creio que sejam comentários de estudantes que vivem apenas para o mestrado, porque se caso tivessem outras obrigações com certeza arrumaria um jeito de viver a vida além da academia. Sou mestranda, com um filho sozinha, numa cidade longe da família e sobrevivo muito bem obrigada. Tentem pelo menos respirar além da academia, sem culpas, sem arrependimentos.
Não é assim não. Pq estou terminando um doutorado nos próximos 4 meses,
e trabalho e sou casada, e te digo, é bem assim como a galera diz! No mestrado adquiri
uma bela gastrite, até hoje sofro com insônia, não tenho paz na vida (até pq meu orientador não me permite) até o dia que me livrar deste inferno! Uma pessoa pra entra nessa tem que amar MUITO a vida acadêmica!
Vejam só que curioso.
Cursei uma disciplina como aluna especial de um curso de pós-graduação na FEA/USP, e passei exatamente por tudo isso aí e mais um pouco apenas escrevendo um artigo científico.
Pois bem, a experiência foi deliciosamente avassaladora, mas me garantiu além do conceito “A”, a aceitação do paper num congresso.
Pode parecer masoquismo, mas eu quero mais de tudo isso aí! ;o)
Sim…sempre queremos mais de tudo isso quando somos Aluna Especial, a partir do momento que se torna Aluna Regular, tenha certeza, acaba os 12 trabalhos de Hércules, mais não acaba o semestre
RI ALTOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!
Quando você morre de raiva quando uma visita chega em casa e você está no ápice da produtividade de escrita do dia. E sua mãe quer que vc dê atenção às visitas…. Eu não desgrudei da cadeira e nem tirei os olhos do computador…
e ainda temos que ouvir que somos anti-sociais! ahuahauhauhauhauhaua isso é tão eu!!!
É… mestrado e doutorado faz a gente ficar doente!!! coisa de louco!!! e o salário ó!!!!!
quando você fica diante da tela do computador com cara de debilóide, esperando qualquer inspiração para escrever algo útil na tese durante horas a fio, como se seu o cérebro tivesse encolhido e seu QI tivesse ido a 0!
Me vejo em cada um…e ainda tem
Quando você compra um livro sobre o seu tema e fica feliz mesmo sabendo que ele ficará ao lado de uns outros 10 que estão também nesta fila .kkkkkkkkkk
Cara isso dava um artigo ….
#desesperototal
publicar, publicar, publicar, café, café, café….
E quem já fica assim na graduação?
Kkkkkk
Também gostaria de saber a resposta dessa pergunta.
Olha que eu passei por várias dessas situações na graduação…
Quando você se dá conta que todas as outras pessoas fazem coisas muito mais interessantes que você e um dos únicos assuntos que você pode argumentar com propriedade é do tema da sua tese…. Sem contar a gastrite (escapei no mestrado, mas no doutorado não), insônia, ganho de peso, estresse, pressão pra publicar. Mais sabe qual é o pior de tudo isso? Mesmo assim eu amo o que faço e não trocaria por outro trabalho… kkkk
Nossa! Tenho um imenso desejo de fazer mestrado e vou fazer mesmo vendo todos estes depoimentos. Sou casada e tenho um filho, mesmo assim quero enfrentar tudo isso.
Como mestranda passo por tudo isso….Mas sempre me pergunto: É necessário todo esse terrorismo e sofrimento mesmo, ou é apenas fruto de um sistema arcaico e “vaidades “da academia? Alguns colegas que estudam ou estudaram fora comentam que é bem mais tranquilo.
Olha até teria um comentário, mas depois de fazer mestrado, doutorado e pós´doutorado … eu acho que esqueci a frase que eu tinha pensado (que provavelmente nunca mais vou lembrar). kkkk
Quando só te perguntam: Como está sua dissertação?
quando um bate-volta para a praia durante o período de férias do emprego que você, diga-se, reservou para cuidar da dissertação, vira um problema moral.
Eu desisti e me faz mal só de ter insistido em conviver com as pessoas que convivi e tratar todos bem.
Universidade é uma farsa! Ilusão e sabemos disso! Persiste-se em pesquisa e na busca de um título de doutorado ou vaga de professor universitário por puro viés de confirmação (querer acreditar acima de qualquer coisa). Alguns suportam fazer pesquisa para rechear o currículo para concursos e outros suportam dar aulas esperando um dia entrar numa universidade federal para fazer pesquisa (baita ilusão), já que dar aulas do nível médio pra baixo é pedir pra morrer (infelizmente as crianças chegam a universidade com quase a mesma cabeça e comportamento). Fiz graduação, mestrado e doutorado numa universidade federal, um ciclo de 10 anos. Sofri, vivi, assisti, e fiquei sabendo de todo tipo de trapaça, mesquinharia, molecagem, fofoquinhas, difamações, perseguição pra afetar meus orientadores, que não podiam ser afetados diretamente e tiveram seus orientandos atacados, ao melhor estilo “quebrem as pernas deles”.
Tive trabalhos roubados (artigos e patentes), mesmo ajudando a tantas pessoas pelo bem do princípio da multiplicação do conhecimento e colaboracionismo. Fiz parcerias com pessoas de outras instituições federais e tudo isso é um lixo. O meio acadêmico é uma mistura de Game of Thrones com Senado Federal. Só não rola dinheiro fácil. Muita sujeira, esquemas e conspirações a troco de nada (até parece que vão ganhar o Nobel). Não adianta trabalhar sério, vão te definir pela aparência, dinheiro, poder que acham que você tem (se tiver ao lado de um pesquisador de nome), e enquanto tiver utilidade (que te fará ser muito “querido”).
O meio acadêmico universitário não é um modelo para a sociedade. Não é um ambiente mais maduro, consciente, honesto, evoluído ou respeitador. É um reflexo da sociedade. Muitos dirão “mas em todo lugar é assim”. Questão então de avaliar o custo benefício, pois, de gari ninguém quer trabalhar (embora como gari você não gere ilusões, tem essa vantagem). Não se pode esperar nada de salvador para o país vindo desses “cérebros” que estão mais para intestino grosso da nação.
Nesse ambiente tem mais respeito o professor que pega as alunas, o que exige ser chamado de doutor até pra tomar um café, o que acumula cargos pra praticar assédio moral, o que fala palavrão, o que faz festinhas e participa de grupos de whatsapp com os alunos sem finalidade científica ou acadêmica, o que rouba ideias e pesquisas até de alunos PIVIC, o que enrola a aula com recortes de figurinhas e colagem em nome da “didática” imbecilizante aprendida na licenciatura (onde por sinal boa parte do tempo se ensina a reduzir o conteúdo a 10% do total ou se faz propaganda comunista).
Licenciatura que por sinal não tem cadeiras de oratória, não prepara o professor para situações hostis em sala de aula, e vive bitolado em Paulo Freire como se o modelo dele ou ele próprio fosse um deus com resposta pra tudo. Hoje tenho um currículo até bom (todos dizem e tenho criticismo pra saber) para concorrer a uma vaga numa federal, mas desisti. O resultado nunca é proporcional ao esforço muito por culpa dessas trapaças a que se é vítima quando não se aceitar entrar em esquema.
E nem falei das seleções de mestrado onde o valor da prova cai para 50% da nota (os outros 50% são de um currículo biônico montado pelos orientadores do aluno que já está na federal), tornando impossível um aluno que venha das particulares fazer mestrado numa federal.
De nada vale ganhar o mundo e perder sua alma. A cada concurso que vejo está mais concorrido. Se em 2006 eram 5 candidatos por vaga eu já cheguei a ver 80 (claro que a maior parte desiste da prova no dia). Concursos arranjados (até os professores revelam aos alunos de confiança) numa frequência que deveria ser denunciado ao Fantástico (já que tem mais visibilidade nacional) só para usarem suas câmeras escondidas e deixar os senadores brasileiros menos desamparados nesse mar de lama. Secretários que roubam bolsas, ou exigem o primeiro mês da bolsa de cada aluno do PIBIC ao doutorado e deixam alunos de mãos atadas sem poder denunciar por medo de ficar sem renda ou para evitar que um conhecido ou parente perca a bolsa. Alunos de iniciação científica imbecis que compram brigas de seus orientadores e deixam de falar com os colegas que são orientados por outros professores. E pior, acham que se não agirem de acordo com essas práticas estão sendo otários, e a coisa assim se eterniza, nascendo mais um criminoso que foi incubado para o próximo concurso montado. E aí vem mais um(a) metido(a) a esperto(a) com seus recortes de figurinhas, palavrões, paqueras, faltas, trapaças, propaganda do currículo e dos títulos.
Para sobreviver você sempre precisará de um favor, que mais tarde será cobrado por um dos muitos secretários de satã que vive nas universidades federais e te farão de otário para o resto da sua vida a acadêmica, que já dá demonstrações do inferno que pode ser ainda no estágio probatório SE você conseguir passar em um concurso. E você se verá com mais idade dizendo o que já ouvi de muitos professores: “eu devia ter seguido outra carreira”, “eu devia ter feito direito”, “eu devia ter investido na bolsa”, “eu devia ter aberto um comércio”, “eu devia ter feito medicina”.
E aí vem mais problema… Se você acumular habilidades, capacidades, treinamento, conhecimento, dirão que você quer aparecer. Se você for o mais discreto ser vivente dirão que você está simulando humildade. Se você tentar ensinar de todas as formas possíveis, dirão que está querendo ser líder. Se você se afastar, dirão que quer ser especial pra mostrar que outros precisam de você. Tudo que tem nesse meio é roubo de bolsas, perseguições, processos que “desaparecem” de forma muito conveniente.
As pessoas em todo lugar só dominam uma arte hoje em dia: a de arranjar briga tentando definir quem é petralha ou reacionário. Sentem uma necessidade visceral de apontar e separar todos em grupos e depois iniciar uma guerra ou no mínimo deixar definidos os grupos para a guerra. Se no café do intervalo você disser que a disciplina típica dos colégios militares poderia melhorar a educação te chamam de pró-ditadura. Se você disser que o Ciência sem Fronteiras é uma boa ideia, mas mal executada e sem rigidez de regras, te chamarão de petralha. Nada faz sentido.
Isso quando não aparecem as feministas reclamando de tudo. Eu queria ver as feministas criticando as colegas de pesquisa que de propósito (muitas vezes declarado e com orgulho se achando espertas) engravidam para que os colegas terminem suas teses e dissertações. O que elas têm a dizer das que fazem isso de propósito (não das inocentes, claro, sem querer)?
E das que tiram sarro dos colegas homens que gostam de falar de temas relacionados a ciência (como é de se esperar de quem estar na universidade), chamando-os de nerds (um termo besta importado de estudantes imbecis americanos)? Maduras como são, ainda os acusam de não gostar de mulher. Bem maduro, não?
O que elas diriam de mulheres que confundem o pessoal com profissional e tratam mal as outras colegas de pesquisa que são gordas, ou não penteiam os cabelos, ou usam uma roupa que não combinam com o sapato?
Não falta leitura e luta pelo futuro pra quem mora distante de casa e come mal, dorme mal, mora onde não quer. O que elas têm a dizer de mulheres que convidam os colegas homens para sair e mesmo que os caras digam que precisam estudar, são queimados pelas colegas em rodinhas de conversa femininas onde o sujeito ganha fama de v… só por isso? Isso é ético? Isso é respeitoso ou honesto? Não dizem e não fazem nada, só ocupam uma vaga na universidade que praticamente se torna ociosa.
A vida desse pessoal é imaginar as coisas, falar (quando deveriam se calar), inventar problema e postar foto fútil no facebook.
O bem eu não sei se existe, mas o mal eu tenho certeza absoluta e não é teoria científica. Desistir dessa carreira amaldiçoada não é morrer na praia, é simplesmente não aceitar aportar em qualquer praia minada e com tubarões. Desejo ardentemente voltar no tempo e fazer outra coisa. Como eu desejo que Deus exista pra me fazer esse milagre!
Quando você se pergunta se toda a dor de cabeça valerá a pena, afinal de contas, pra mim só valerá o título, não quero seguir a vida acadêmica.