Uma tese não se faz sozinha, ou sozinho não se faz uma tese. A verdade é que nenhuma tese (dissertação, TCC, etc.) é feita sozinha. Nem que você queira (sic).

Muitas mãos mexem essa sopa. Seu orientador, o pós-graduando mais antigo, sua mãe (pai, padrinho, avó), seu namorado(a) e até a tia da “Xerox”, todos que em maior ou menor grau te acompanham e te ajudam no caminho até a pós-defesa.

Por que, caro amigo… não se engane que a defesa é o fim! Isso diriam meus artigos pendentes.

O tempo me fez perder essa pretensão de ser dona do meu trabalho. Perdi também o medo e a insegurança que vem quando pensei estar só.

Descobri feliz que sempre haverá alguém disposto a ler o teu trabalho e fazer uma crítica, e também haverá quem poderá te dar uma mão no laboratório ou te comprar um café, te levar pra desopilar ou dar uma boa sugestão para superar a crise criativa.

Comecei a perceber que quanto mais contatos eu fazia, mais aberta eu me mantinha a críticas sugestões e isso só me enriquecia. Descobri que pedir auxílio só me fez crescer e ajuda meu trabalho a fluir.

Trocar expectativas, ideias e teorias com outros profissionais que estudam contigo (por que somos também estudantes e não o contrario), de outra instituição ou país só enriquece. Mas tenho descoberto o valor das pessoas não ligadas ao mundo acadêmico que são igualmente importantes.

Muitas vezes só nos damos conta de quantas pessoas especiais nos rodeiam e deram a maior força na hora de escrever as páginas de agradecimento. Particularmente uma atração à parte quando eu vou ler as teses. Gosto de imaginar as situações descritas, o valor de cada pessoa daquela ao longo do caminho do pós-graduando e ao mesmo tempo reflito sobre as pessoas que no momento presente me acompanham.

Vou além daquele IC gente fina que quebra o teu galho desmata uma floresta quando necessário ou aquele amigo que manja de estatística.

As mãos daquela pessoa que digitou uma planilha de dados, que não é cientista, mas leu teu trabalho pra revisar a gramática, a tia da copa que preparou o café e veio te avisar.

Pessoas que te recordam da coletividade de uma descoberta científica e algumas vezes do valor da escolha de seguir esse caminho.

Será que a página de agradecimento é suficiente para dar “luz” a essas pessoas? Elas leram/lerão isso? Lembramos de lhes ser gratos no momento?

“Existem coisas que não estão no manual” diria um professor amigo. Reconhecer nossos pontos fracos, pedir auxilio, reconhecer esses atos de amor, bondade e amizade certamente não estão em nenhum manual.

Mas fazem a grande diferença na sua apresentação pessoal e profissional.

Cada mão que tem contribuído para construir minha tese nunca será agradecida devidamente, porque a final a maioria das coisas não tem preço (#clichê mas #távalendo). Mas elas me garantem que não estarei sozinha nesse caminho.

Post inspirado no poema “Mãos amigas”, de Paulo Leminski.