Muito se fala sobre a linguagem utilizada na academia e alguns “preciosismos” que muitas vezes são cometidos nos textos científicos. Publicamos aqui no posgraduando.com, inclusive, um texto de Mário Prata intitulado “Uma tese é uma tese” em que o autor trata do assunto com muita propriedade. Se você ainda não leu, não perca tempo!
Recebi há algum tempo por e-mail um texto bem humorado sobre as linguagens que utilizamos nas diferentes etapas da nossa vida acadêmica. Comparando os textos que escrevi na graduação e os artigos que escrevo agora no doutorado, sou obrigado a me declarar culpado da acusação. E você?
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O aluno do doutorado
O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação de H2O do líquido resultante da prensagem do caule da gramínea Saccharus officinarum, (Linneu, 1759) isento de qualquer outro tipo de processamento suplementar que elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica de sólidos de reduzidas dimensões e arestas retilíneas, configurando pirâmides truncadas de base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar de quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as papilas gustativas, sugerindo impressão sensorial equivalente provocada pelo mesmo dissacarídeo em estado bruto, que ocorre no líquido nutritivo da alta viscosidade, produzido nos órgãos especiais existentes na Apis mellifera (Linneu, 1759). No entanto, é possível comprovar experimentalmente que esse dissacarídeo, no estado físico-químico descrito e apresentado sob aquela forma geométrica, apresenta considerável resistência a modificar apreciavelmente suas dimensões quando submetido a tensões mecânicas de compressão ao longo do seu eixo em conseqüência da pequena capacidade de deformação que lhe é peculiar.
O aluno do mestrado
A sacarose extraída da cana de açúcar, que ainda não tenha passado pelo processo de purificação e refino, apresentando-se sob a forma de pequenos sólidos tronco-piramidais de base retangular, impressiona agradavelmente o paladar, lembrando a sensação provocada pela mesma sacarose produzida pelas abelhas em um peculiar líquido espesso e nutritivo. Entretanto, não altera suas dimensões lineares ou suas proporções quando submetida a uma tensão axial em conseqüência da aplicação de compressões equivalentes e opostas.
O aluno da graduação
O açúcar, quando ainda não submetido à refinação e, apresentando-se em blocos sólidos de pequenas dimensões e forma tronco-piramidal, tem sabor deleitável da secreção alimentar das abelhas; todavia não muda suas proporções quando sujeito à compressão.
O aluno do ensino médio
Açúcar não refinado, sob a forma de pequenos blocos, tem o sabor agradável do mel, porém não muda de forma quando pressionado.
O aluno do ensino fundamental
Açúcar mascavo em tijolinhos tem o sabor adocicado, mas não é macio ou flexível.
Na sabedoria popular
Rapadura é doce, mas não é mole, não!
Muito engraçado!! 😀
Eu já havia lido este texto aqui no pós-graduando e que me foi muito útil. No meu processo seletivo de mestrado estes textos foram expostos e tive que redigir uma redação a respeito dos desafios de se levar a sociedade o conhecimento gerado pela ciência, segundo eles o texto foi retirado de “Avanço do conhecimento ou a arte de complicar?”, de Beto Holsel.
O meu grupo gosta de inventar título de trabalhos. O mais legal ultimamente foi “Ressignificando o kibe enquanto bolinho de carne: identidade e imbricações de memória”
kkkkkkkkkkkkkkkk.. agora eu ri! kkkkkkkkkkkk
hahahaha… Adoreiiiiiiiiiiiiii!
Muito bom. Gostaria apenas de enfatizar que o ditado Rapadura é doce, mas não é mole, não! é usado por toda e qualquer brasileiro, independentemente de ser ou não escolarizado. É uma expressão mais informal, é certo, mas não está ligada à grau de escolaridade. Claro que o entendimento deve ser o de que, com os anos de estudos, em trabalhos acadêmicos, a tendência é adquirirmos um vocabulário mais técnico e uma forma mais acadêmica de escrita. 🙂
/ Jura???? Ninguém mais sabia ou tinha compreendido isso…
Genial o texto kkkkk Mas explicar a piada é foda…
Nada mais “acadêmico” kiakiakiakiakiaaaaa
nao consegui achar o que eu procurava
O aluno de doutorado deverá melhorar a escrita, caso contrario, não publicará em uma revista de alto impacto. O uso de ponto é necessário…
Por meio destes exemplos fica justificado o motivo do conhecimento produzido na Academia não chegar a ser utilizado pela sociedade do meio em que ela se encontra. Lamentável que tanta informação útil fique apenas acumulando poeira nas prateleira das bibliotecas. Qual a função da academia? Construir conhecimento para modificar e melhorar seu entorno ou adotar um código linguístico “diferenciado” para que o novo conhecimento se torne “inacessível”? Cabe reflexão.
Excelente reflexao Debora, inclusive compartilho dessa opinião!
Concordo completamente com o que a Débora falou abaixo.
KKK. Sensacional.
Só acho que o texto deveria ser em ordem ascendente.