Se escolher um orientador no Brasil já é uma tarefa difícil, saiba o que considerar na hora de escolher um orientador no exterior!

Antes de começar a coluna de hoje, quero agradecer por todos os e-mails e comentários que venho recebendo.

Dá para ver que as dúvidas são das mais diversas, mas aos poucos a gente vai abordando cada uma.

Muita gente só percebe que a pós-graduação não é uma mera continuação da sua graduação depois de começar!

E você já notou que uma pós-graduação fora do país requer muito trabalho e preparação.

Deve estar claro que o objetivo não é completar uma grade curricular como na graduação, mas desenvolver um projeto significante e original na sua área!

No final, você será julgado pelo seu trabalho e não pelas suas notas.

Junto com você, estará o seu orientador.

Arrisco dizer que a decisão mais importante que você tomará será escolhê-lo bem.

Nesses quatro anos – pelo menos – o sucesso que você alcançará será fruto não somente do seu esforço mas também de boa relação com seu orientador. E cabe dizer que você também será escolhido.

Não é um processo unilateral.

Basicamente o processo é feito de duas formas: a seleção é feita após o aluno se matricular no programa, podendo demorar mais de um ano (as “rotations”) ou o “pareamento” é feito durante o processo de seleção.

Considerando a pré-seleção de universidades/grupos de pesquisa que você tem em mente, é natural que um percurso seja desenhado à medida que você obtém mais informações sobre o programa.

O básico deve estar facilmente disponível online.

Essa pesquisa consiste em vários passos, como:

1 – Converse com alunos da sua e de outras instituições. Eles podem te ajudar nas suas dúvidas e te indicar programas de pós-graduação;

2 – A distância é um problema mas, ainda bem que temos internet hoje. Contate os alunos de um determinado programa e integrantes do grupo de pesquisa em que você se interessa;

3 – Entre em contato com o seu possível orientador diretamente (e-mail, Skype e/ou telefone).

Mas, e como falar com o tal do orientador e com esse monte de gente que eu não conheço?

“ Eu tenho uma lista aqui mas nem sei como começar um e-mail para eles!”

Antes de escrever, lembre-se que essas pessoas tem pouquíssimo tempo livre.

A maioria não responderá e-mails genéricos do tipo (“Prezado Prof. “X“, estou interessado no seu grupo e se você poderá ser meu orientador…”).

Faça seu dever de casa! Leia os trabalhos dele.

Artigos, teses. Quase tudo está disponível online. Se perceber que ele estará em algum congresso em que é viável de você ir, vá!

Alguns programas tem até verba para acolher potenciais alunos.

Veja se os seus interesses intelectuais se alinham. Não tem “caminho mais fácil”.

Sendo mais direto, eu recomendaria as seguintes perguntas para compor uma discussão de vaga e também para você refletir – e já adianto, esteja preparado para qualquer tipo de resposta!

1 – Como é o processo e o critério para a escolha do orientador no programa “x“? Direto? “Rotation”?

2 – Os estudantes têm frequentemente mais de um mentor?

3 – A personalidade do seu orientador é compatível com a sua? Como você visualiza seu orientador? Como seria um tipo de orientação desejável? Não há perfeição. Esqueça isso.

4 – Quantos alunos ele orienta? Quantos terminaram? Em quanto tempo? Em geral demoram mais ou menos que a média do departamento?

5 – Onde estão os orientandos dele? Trabalham aonde?

6 – Qual a reputação desse professor como orientador?

7 – Como é feita a escolha do tema da sua dissertação/tese? Quanto tempo o orientador passa com os alunos? Reuniões semanais? Quinzenais? Mensais? Há grupos de pesquisa?

8 – O que ele espera de você? Como é o ritmo de trabalho? Os alunos equilibram trabalho com vida pessoal?

9 – Como é a política de congressos e viagens? Há verba do grupo? O aluno paga os gastos?

10 – Como é o financiamento? Tenho bolsa pelo departamento? Tenho que conseguir auxílio externo (CsF, PDSE, etc.)? Minha bolsa/salário cobrirá todos os gastos?

Parece complicado mas tenha em mente que essa escolha terá um impacto muito grande na sua vida.

Eu nem tinha ideia disso quando comecei a me candidatar. Sem falar ainda que essas perguntas e reflexões valem também se você for fazer uma pós no Brasil!

Na próxima semana vou ilustrar alguns casos de escolha de orientador/programa.

Se você quiser compartilhar sua experiência, envie para mim.

Estou coletando exemplos pessoais sobre o processo. Tem alguma dúvida? Sugestão? Envie para: [email protected]

Até a próxima!