Qual o preço que se paga por se tornar inteligente?
Inicialmente, quero deixar claro que esse texto difere um pouco da maioria dos outros postados no blog. Minha intenção aqui não é ser cômico sobre algum detalhe da pós-graduação. Minha intenção consiste em forçar uma autorreflexão sobre detalhes que muitas vezes passam despercebidos por nós, que estudamos muito e estamos constantemente em busca de progresso.
Nos dias atuais, ser inteligente é, sem dúvidas, uma das coisas mais difíceis. Quando digo “inteligente”, digo no sentido amplo da palavra. Por exemplo, de acordo com algumas definições de dicionário, ser inteligente refere-se à manifestação de alta capacidade mental ou aquele(a) que possui mais inteligência que a maioria das pessoas. No entanto, infelizmente, muitas pessoas (principalmente aqueles(as) que não tiveram acesso à educação e cultura) acabam relacionando a inteligência ao ato de sempre se dar bem nas situações, passando por cima de tudo e de todos. É óbvio que uma pessoa inteligente normalmente consegue se sobressair em diversas situações. Porém, o verdadeiro inteligente sabe que o seu pior inimigo está dentro de si próprio.
Essa discussão é filosófica e, sem dúvidas, muito complexa. Portanto, deixando-a em segundo plano, vou me atentar a um outro ponto: o caráter de uma pessoa inteligente. Em minha pouca experiência de vida acumulada, tive a oportunidade de conhecer vários tipos de pessoas. Conheci pessoas que nem sequer tinham sido alfabetizadas; e pessoas extremamente inteligentes e conceituadas em seu campo de pesquisa.
Por um lado, é possível notar que as pessoas que carecem de conteúdo intelectual são pessoas que possuem um lado emocional mais acentuado, geralmente agindo por impulso e sendo inconsequentes. Entretanto, algumas dessas pessoas são muito sábias e possuem um nível elevado de experiência de vida. Talvez, pelo fato de o sofrimento fortalecer o caráter, tais pessoas conseguem aprender a ter discernimento; e isso as torna diferentes dos demais que não têm.
Por outro lado, pessoas com um alto nível intelectual geralmente são pessoas que possuem um forte controle emocional, fazendo com que sejam pessoas mais sensatas e que refletem mais sobre as consequências das atitudes. Porém, como nem tudo é perfeito, muitos desses intelectuais acabam se tornando pessoas insensíveis; pessoas sem consideração e bom senso pelas outras pessoas.
Nesse sentido, talvez esse é o preço que se paga por se tornar inteligente. Além disso, ser ignorante pode ser uma alternativa para não sofrer as possíveis consequências de ser inteligente. Essas questões são difíceis de serem respondidas. Elas refletem algo pessoal, que está relacionado ao caráter de cada pessoa.
Na minha opinião, o melhor caminho é buscar um equilíbrio entre as duas coisas. Ou seja, ser um ignorante não te trará boas oportunidades para evoluir. Não obstante, ser inteligente demais não te fará melhor que os outros. Portanto, a melhor solução consiste em se superar a cada dia. Se superar significa extrapolar seus limites do conhecimento constantemente e, ao mesmo tempo, manter em mente que somos todos iguais. O fato de você ser inteligente não te faz melhor que ninguém, muito menos que aquele pessoa que nunca estudou e pode ser mais inteligente que você por ter algo que poucos têm: experiência de vida.
Para finalizar, deixo aqui uma recomendação de leitura aos interessados. Leiam sobre as “quatro virtudes cardeais”: Sabedoria, Justiça, Resistência e Temperança. Posso garantir que essas quatro características são os bens mais valiosos e duráveis que uma pessoa pode conquistar.
Muito bom!!!
Obrigado, Karen!
Excelente texto. Parabéns! Expressa muito bem coisas que acontecem neste meio acadêmico. Vamos então buscar nosso equilíbrio 🙂
Obrigado, Vanderleia!
Tão jovem e tão sábio, concordo com a sua explanação, o mundo precisa de pessoas assim.
Obrigado, Elilton Silva!
Que texto mais bobo…
Chayenne, eu agradeço a sua crítica. Porém, ela foi muito vaga. Uma pena você não ter compreendido a essência do texto.
Menina, que comentário mais vazio e simplista. Acho que você está no blog errado. Discorde com argumentos ou guarde sua opinião pra você… Do que você não gostou? Explore melhor a inteligência de que o texto fala.
Parabéns pelo texto!
Acho que é justamente isso: pocurar o meio-termo entre esses dois pólos.
Além disso, também concordo no sentido de que ao estarmos dentro desse processo de desenvolvimento intelectual, acabamos nos tornando mais críticos, racionais e também mais indignados com as situações do dia-a-dia e com as atitudes de muitas pessoas. E claro, ainda é difícil muitas vezes refletir sobre o caminho já percorrido e sobre o que ainda está por vir, pois parece que ele se torna cada vez mais cruel e pesado. Cabe a cada um procurar aquele meio-termo e não enlouquecer, perceber que é humanamente impossível saber tudo sobre tudo.
Obrigado, Guilherme! Belas palavras!
Isso aqui agora é blog de auto ajuda?
Não acho que o texto tenha essa pretensão, Leonardo. E mesmo que a tenha, acho válido.
Sou de humanas e confesso que me surpreendi – positivamente – com o fato de o texto ter sido escrito por alguém de exatas.
Afinal, não sei você, mas conheço muitas pessoas que, assim como eu, também se questionam a respeito desses aspectos e passam por esses momentos de dúvidas e receios durante a graduação e até mesmo na pós. Além disso, esse é um texto com uma temática específica. Como tu já deve ter percebido que existem outras aqui no blog.
Não. É um blog de pós graduandos. Seres humanos (até onde sei). Muitos deles afetados pelos problemas descritos no texto. Por isso este post está aqui. E muito bem escrito, diga-se de passagem. Concordo com o que o Guilherme Teixeira disse.
Fico feliz por ver que o blog não se limita a tecnicismos, Qualls, Capes e outras coisas que posso encontrar em outras fontes.
Gostaria muito de ver sua definição de “auto-ajuda”. Parece um tanto equivocada.
Lauro, excelente post. Parabéns e obrigado.
PS: Sou de exatas.
Leonardo, como você pode ver, logo no início do texto eu deixei claro que o mesmo se difere da maioria dos outros textos desse blog. O blog continua com o seu mesmo propósito de sempre. Em nenhum momento, ele passou a ser blog de auto ajuda. Infelizmente, tudo indica que é você quem não tem sensibilidade para ler e interpretar corretamente o objetivo do texto. Boa sorte!
Muito interessante o texto, Lauro. Gostei!
É algo que me pergunto também e acho que pode se chamar da questão de “saber mais ou viver mais.” Sempre fico receoso de fazer pós quando observo meus professores sempre lotados de serviços extensos de leitura, re-leitura, escrita, projetos, as vezes nem do querer, mas que o ofício e cargo deles os incutem fazer, e sem tempo para um lazer ou “descanso-mental” diário.
Posso estar sendo frouxo, mas vejo por uma ótica de saúde humana. Igual por num balanço o serviço braçal e o serviço intelectual: o que tem função nos serviços braçais precisa e possui descanso. agora e o de serviço intelectual? Também precisa, por mais curto que seja, creio que precisa haver um descanso diário para todos, e e aí que realmente saímos do labor e vivemos.
Quanto á experiência de vida, me espelho um tanto na história do Batman (rsrsrs), quando ele, de uma forma sem regalias, decidiu conhecer a vida e o mundo dentro de outras óticas e posições precárias, demonstrado no filme Batman Begins (2005). Foi neste período que ele ganhou experiência de vida, e creio que também ganhou/entendeu/recebeu as quatro virtudes cardeais, hahahah.
Parabéns cara, um ótimo texto!
Prezado Gabriel, obrigado pelas belas palavras. Eu também gosto bastante desse filme. Essa última trilogia foi sensacional. Tudo de bom para você!
E o chato no fim das contas, pelo que noto, é ter pouca gente com quem ser, de fato, completo. Gera uma certa alienação. Uma pena, né?
Gostei das suas considerações, mas tenho uma crítica. Na parte em que você diz “no entanto, infelizmente, muitas pessoas (principalmente aqueles(as) que não tiveram acesso à educação e cultura)” mata o povo das humanas… Realmente devemos reconhecer que muitos não tiveram acesso à educação, mas acesso a Cultura é outra coisa, cultura é inerente ao homem, toda sociedade, civilização, povo etc possui a sua cultura que não tem relação com o processo de educação formal das sociedades complexas. Todo ser humano possui CULTURA, falar que algumas pessoas não possuem cultura é errado pois vc não considera a cultura própria dessas pessoas e também é etnocentrico, uma vez que você considera a não existência de cultura tendo em vista a sua própria cultura….
Muito bom o artigo, bom mesmo! Alguns comentários que li foram feitos por pessoas cuja preocupação metafísica mais transcendental provavelmente consiste em querer saber o que será servido no jantar. Elas, infelizmente, não compreenderam o propósito do artigo, cuja tese, em minha opinião, é bem simples e clara: Inteligência clara incomoda; para muita gente, o mais importante é a astúcia.
Ótimo texto… parabéns! O título chama muito a atenção, e o conteúdo vale a pena… quem é pós-graduando, com certeza, sabendo interpretar, se identifica muito com tudo isso.
Lauro eu entendi a sua definição para “inteligente” rsss, mas só queria colocar que as pessoas não se tornam inteligentes, elas nascem inteligentes. Quem nasce com deficit de inteligência é classificado como débil, imbecil e idiota. O ser humano que nasce com inteligência acima da média se torna normalmente introspectivo, quieto, calado, porque se sentem deslocados, diferentes dos seres “normais”. Têm pouca paciência com nossa lentidão de raciocínio. Concordo com você são mais sensatos, mais controlados e acabam sendo mais respeitados também e admirados por tudo isso, geralmente as pessoas dão mais valor a opinião deles sobre qualquer assunto, mas não são insensíveis, só parecem. Eu tenho um irmão com inteligência acima da média, nunca o vi chorar ou descontrolar-se, mesmo quanto aprontávamos e ficávamos na reta da varinha de marmelo da minha mãe, eu como sou uma pessoa “normal” corria, ele dialogava com nossa mãe. Nunca teve paciência para frequentar a escola, não concordava em ter que ficar anotando nada, fazendo exercícios, segundo ele não achava isso necessário, usava um caderno de 50fls que durava o ano todo e só tinha rabiscos, desenhos e pequenas histórias (textos) que nunca tinham final. Não é preciso dizer que eu xeretava o caderno dele, rs. Terminou só o fundamental e não quis mais ir a escola. Resolveu fazer o ensino médio, pegou livros de física, química, matemática e etc, leu e prestou , eliminou todas as matérias, simples assim. Três anos do ensino médio em dois meses, rss. Hoje ele trabalho no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), entrou só com o ensino médio, não quis fazer Faculdade, e hoje tem um salário maior do que um professor de Universidade Federal com doutorado, claro devido a sua inteligência pois acumulou funções e cargos de chefia. Já conheci muitos fora de série como meu irmão também, todos eles, concordo tem um perfil muito parecido com o que você falou, mas são sensíveis sim, o problema é que se você conseguir que eles se abra com você eles falam dos seus sentimentos, mas NÃO DEMONSTRAM, é o tal do controle. Meu irmão nem em velório ele chora e fica sempre tranquilo, parece que nada aconteceu, dá uma olhadinha pro defunto e pronto. Mas se perguntar ele até fala bem do defunto, com um certo sentimento, rss
Cara acrescento a terceira categoria: ser sábio; esse seu texto demonstra que além de inteligente és sábio. Pensa sobre isso e continua escrevendo…te lanço esse desafio. Abraço e parabéns.
Trabalho em treinamentos diversos nos setores industriais, parabéns pelo texto.
Muito bom o seu texto Lauro, obrigado por redigir-lo.
Principalmente no ramo da filosofia e antropologia, conhecimento demais acaba interferindo em nossa percepção como integrante social, familiar e afetivo.
Achei seu texto justamente no meio de uma pequena crise existencial, e é reconfortante saber que outras pessoas passam pela mesma situação.
Vou ler “As Quatro Virtudes Cardeais” como indicado.
Discordo de várias coisas no texto. A única coisa que concordo é que pessoas com menos conhecimento escolar, são mais ignorantes e emocionais. Se entregam aos instintos. E pessoas mais intelectuais, são menos emocionais, e mais frias.
Bem, você se formou em Ciência da computação, e eu em Psicologia. Tentei fazer seu curso e não consegui. Achei chato e cansativo, e abandonei durante o segundo período. Já Psicologia achei agradável a maior parte do curso. E anos depois, me deparo com um site que diz que pessoas menos empáticas, gostam de Exatas.
Não foi por acaso que você estragou o final do seu texto, dizendo que “todos somos iguais”.
Não somos. Você foi contraditório, pois, afirma no seu texto e explica, as diferenças entre pessoas emocionais e intelectuais. A Psicologia não é completamente Humanas. Ela é de Biológicas também. Porém, há psicólogos que vão apenas para área de Humanas. Estão obsoletos, e são ignorantes, a meu ver. Pois, desconsideram a Psicologia por completo.
Esta frieza que há nos intelectuais, é algo que eu considero ter. E tenho um certo controle dos meus impulsos. Porém,. eu não estou nos extremos. Não sou completamente frio, e nem completamente controlado. Daí, me aborreço com os dois grupos de pessoas, e não me dou bem com eles. Não gosto dos ignorantes emocionais, e nem dos idiotas intelectuais. Eu percebo nos intelectuais, uma falta enorme de inteligência em compreender a verdade. Eles não conseguem raciocinar. Claro, que posso estar falando de intelectuais de meia-tigela, pois, já Albert Einstein dizia sobre a criatividade ser mais importante que a inteligência. Daí, demonstrando a importância das emoções.
Quem é verdadeiramente intelectual, como eu, produz sabedoria a partir do que conhece. Pseudo intelectuais apenas têm acesso ao conhecimento, e o repetem como papagaios, sem conseguirem entendê-lo.
Portanto, não somos iguais. É necessário sim, reconhecer as diferenças. Saber quando somos inferiores, e quando somos superiores. E você mesmo diz isto no seu texto, ao dizer que tais diferenças existem. Aqueles que não conseguem reconhecer as diferenças, de modo intelectual, as reconhecem de modo instintivo. E atacam todos que são diferentes, em um complexo de superioridade. É o que claramente acontece quando alguém inteligente entra em um debate com um tolo.
E tais tolos existem com diploma universitário, e sem diploma. E ambos são igualmente irracionais, pois são altamente emocionais, sem controle dos instintos.
Logo, o conhecimento que adquiri, e que me torna intelectual, foi menos nas escolas, e sim, mais, por prazer. Aquele que não lê por prazer, é um ignorante, tenha diploma ou não.