Ciência – (…) E por que não dialogar? Persista Educação, tente me explicar! Tantos estudos passados e mesmo assim, uma resposta simples e sistematizada (com objetivo) não consegue me responder? Até hoje, não sabe nos dizer se é uma ciência?

Educação – Minha cara Ciência, em momento nenhum mencionamos o “não dialogar”, caso recusássemos esse discurso dialógico, estaríamos nos negando e negando a nossa própria história (por mais dinâmica e “irrecontável” que ela possa ser), ao contrário de alguns, não possuímos o hábito, a intolerância e a falta de argumentação para ordenar, que uma ideia seja queimada viva na fogueira. Nossos passos escritos são simples, mas isso não impede e nem inibe de serem complexos-entrelaçados-interligados e agradecemos aos debates existentes ao longo das falas. Se não ficarmos alertas/atentos à sistematização pode ser usada como instrumento de poda para chegar a UMA ÚNICA objetivação e às vezes, elementos novos como: teorias, ideias, ações, hipóteses são decapitadas por não prosseguirem no caminho demarcado – Esses quando vivos, fomentam a elaboração de outras possibilidades, sensibilidades – Como podemos (ser e) tentar falar sobre a “busca da objetividade”, se a ciência ignora, refuta o próprio sujeito que a faz?

Ciência – Alto lá! Não ignoramos e muito menos refutamos esse sujeito! Nós possuímos a capacidade e a habilidade de sintetizar e sistematizar o conhecimento, demonstrar um encaminhamento. Oh Educação, Nem imagina a nossa dificuldade em nomear o Homem (o conhecedor) a Natureza (O conhecido), fragmentar o Universo em química, física, biologia e decretar, pela matemática toda essa quantificação da vida (natural e social) em detrimento de tornar as coisas previsíveis, Isto é: programável, manipulável, o futuro incerto não existe! O que realmente existe são estatísticas e probabilidades. O mundo ou pelo menos a maior fração dele espera sempre uma resposta nossa, somos as luzes que elucidam e iluminam o pensamento do sujeito, separamos “o certo e errado”, o que deve ter investimento ou não. Um cargo muito denso e com alto “fator de impacto” na sociedade.

Educação – Não refuta o sujeito? Dar menor significância, marginalizar o desejo da incerteza, a loucura de questionar o que se encontra posto (Lembrando: Não devemos negar “o Novo” por não condizer com o antigo, e nem devemos rejeitar “o Antigo” por ser antigo, e sim aceita-los na medida em que são válidos), A linguagem para revelar quem somos, a poesia para “por a nu o não dito” (diversas vezes silenciados), elementos esses, que nos possibilitam novos horizontes, pensamentos, hipóteses, momentos de descobertas que se negados podem se conceber como inutilizáveis: não “Desconstruindo”, e sim Destruindo o discurso e a libertação individual do sujeito em questão; Esta ação é uma das mais expropriadores do pensamento, é embalar o homem a um eterno sono dentro de si. Reconheço suas dificuldades em apontar, esquematizar e objetivar tudo – ironicamente – esses processos transformam essas estruturas em uma unidade vendida à sociedade como: “A maneira mais coerente de se pensar e elaborar o conhecimento”, assegurando assim, que o universo é um todo conhecível pela ciência, domesticando os mais “sábios eruditos” e vendando “o saber pensar curioso” de tantos outros sujeitos.

Ciência – Minha Educação, acredito que bebeu demais da sua própria insensatez e, por favor: Não nos transforme em um vilão da história, nós buscamos o “Logos”, em nossos estudos o sujeito fala, a racionalidade discursa. Elaborar conceitos universais é propagar/ajudar a disseminação da ciência. Nós conceituamos, diminuímos as teorias, reduzimos as probabilidades e não perdemos tempo com hipóteses novas que não estejam de acordo com nossas teorias aceitas, quase nem a enxergamos, somos verdadeiros desbravadores, facilitadores do conhecimento. A objetividade, e não subjetividade é a melhor maneira de fazer-se questionar e problematizar todas as situações. Dialogar com o princípio “Tudo vale” é perder o controle da situação; É imprescindível manter este controle – essa linha de montagem é válida para continuarmos aprofundando, conhecendo e dominando a teoria, já pensou se cada sujeito observasse e intervisse na teoria conforme enxerga sua vida ou seu cotidiano? Imagine se fossemos estimulados a vivenciar a “contrarregra”… Nada estaria ao nosso alcance tudo estaria sendo destruído – Perdão, como vocês falam? – “Desconstruído”. (Risos) Educação, por que não facilitar a nossa conclusão, o nosso diálogo? Sinceramente não te entendemos…

Educação – Vamos mudar um pouco. Iremos começar a responder através do final das suas falas: “Desconstruir” em instância nenhuma é finalizar, acabar algo! Peço que não compare estas palavras, enquadrando-as no mesmo sentido – como vocês falam mesmo? – no mesmo conceito (fechado). “Desconstruir” o discurso não é destruí-lo, nem mostrar como foi construído, mas apontar o “não dito” por debaixo das roupas do que foi dito, resgatar o silenciado sob o que foi mencionado. Se nos recordamos bem, a ciência acredita que “elaborar conceitos universais” é algo único e benéfico, correto? Crer que as hipóteses novas só podem ser validadas quando se encontram de acordo com teorias aceitas é inteiramente desastroso refuta a própria ciência. Abraçar com mais cuidado uma nova hipótese – mesmo que ela contradiga uma Teoria bem confirmada e aceita – pode nos proporcionar: A observação de detalhes e evidências que talvez não fossem notadas se prosseguíssemos da mesma maneira (com receio de arriscar no “incerto”), continuando… A diversificação de teorias, epistemologias ajuda a própria ciência (nos surpreendemos o quanto vocês tripudiam, muitas vezes, essas inquietações, essa momento de “fazer ciência”), uma Unidade, a uniformidade cinza e seca afeta sem afeto o poder crítico. A fôrma, que não informa e nem dá forma ao desejo, ameaça à espontaneidade e criatividade do desenvolvimento do indivíduo.

Ciência – Só podemos entender ou compreender que tudo isto que acreditam é uma grande brincadeira de indecisos. Começar pelo fim? Onde já se viu isso?! Sua mente só pode ser dividida, um verdadeiro esquizofrênico da ciência, não se encontra em um tempo-espaço, não se define como (o) nada, não se entende, tramita e dialoga com tudo e todos. Mesmo assim acham que estão certos e/ou que pelo menos pode continuar vivendo assim: Sendo proposicional, simplesmente sendo, dinâmico. Necessitamos de teorias sólidas com uma ideia central e racional, duradoras para ir se afirmando com o passar da história e programáveis para podermos manipular sempre que desejarmos. É verdade, às vezes modificamos (aceitamos) algumas teorias, pois descobrimos outras que são melhores, e a partir desse ponto, não há mais necessidades de olharmos por cima dos ombros. Estamos mais preocupados com os avanços (gostamos de reinventar a roda), com o futuro que revelamos, antes mesmo dele acontecer. Manter a hierarquia das teorias, pensar na finalidade e objetividade, criar um cotidiano e não somente observa-lo, preservar a ordem do pensamento, viver na normalidade racional da própria ciência.

Educação – Brincadeira? É brincando que rascunhamos a vida. Avanço? “Reinventando a Roda”? Observem o óbvio e parem de gastar tinta e papel. Nós Esquizofrênicos? Aceitamos esse “título”, mas somos “Esquizofrênicos do Anti-Édipo”. Um passeio para além da ciência entrelaçado com o mundo exterior e um pouco ao ar livre não lhe farão mal algum, quem sabe poderás perceber que ser “Esquizofrênico” é uma boa alternativa ao “Neurótico deitado no divã”, nesses momentos não precisamos adentrar em nenhuma decisão imutável ou possuir uma resposta exata “sem falhas” (será que existe alguma resposta assim?), autorizamos a nossa liberdade, somos livres parar “errar e acertar” na medida em que vivemos. Não aceitamos ser domesticados! Necessitamos expressar os nossos desejos, somos verdadeiros “desprogramados”. Nós esquizofrênicos, simplesmente somos. Desconstruímos ponto por ponto se for necessário para chegar a outros pontos, compreendemos o todo e buscamos os detalhes das partes. Acreditamos que não há nenhuma ideia, por mais antiga e “louca” (quantos pensadores tiveram suas teorias consideradas inadequadas por simplesmente deferirem das teorias vigentes – autoritárias – de sua época? Quantos não morreram por discordarem da “razão perfeita”?) que não seja capaz de nos ajudar, refinar os nossos conhecimentos. Toda história é necessária e deve ser utilizada para aperfeiçoar alguma teoria independe como ela se configure (reconfigure com o passar do tempo). Admirar o dia-a-dia é observar teorias em movimentos, ideias falantes e desconstrução a todo instante – Conhecimento vivo dialogando com pessoas vivas – Alternativas metodológicas a todo tempo são elaborados pelos sujeitos a cada nova necessidade, tentar criar um cotidiano é viver uma ilusão (confortável para alguns) da ciência, achar que uma única teoria pode abranger toda a diversidade do universo é negar a sua própria existência, individualidade, a dinâmica da história e do sujeito. Ciência sonhe um pouco…

Ciência – Não acreditamos no que estamos ouvindo! Se considerar esquizofrénico é demais para nós, não aceitar o que se encontra posto pela ciência? Problematizar as situações? Para onde foi à produção? Onde se encontra o barulho e o esforço da máquina minuciosa do sujeito? Não há espaço para interrogar a natureza com este olhar é um absurdo, mas isso não impede de utiliza-la como processo de produção. Ao invés de ficarem sonhando por que não pensar em uma nova forma de investigar as indagações criadas ao longo da pesquisa? Quem sabe um novo método poderia otimizar e/ou aperfeiçoar esses conhecimentos. Imaginação? Sonhar? Não podemos perder tempo com essas experiências imaginária dos “sonhos”, não somos roteiristas ou contadores de histórias de ficção científica, nossos esforços são direcionados à aprovação de ideias – precisamos testar os mínimos detalhes – Estas suas “Ficções” são meras criações da mente humana (totalmente passíveis de erros), não passam de percepções. Formações de conceitos são o que nos asseguram nessa escrita árdua da ciência, descrevemos o mundo real e objetivo, o ordenamos para facilitar o próprio cotidiano e nomear o que ainda não carrega uma identidade. Já que gostam tanto de falar sobre “sonhos”, “brincadeira”, “conto-de-fadas” (risos), vamos anunciar uma descoberta: Nós desmascaramos todos os “Heróis” que possam nos negar, cegar a verdade, levamos àquilo que é apropriado e necessário, muitos de nós acreditam inteiramente neste enunciado, trabalhamos em cima de um tom grave, não se pode haver ruídos quando tratamos de ciência.

Educação – A educação agradece a essas percepções. O que seria das nossas vidas se não pudéssemos ler o rosto das pessoas, tentar compreender seus gestos, ser flexível ao ponto de reagir corretamente às oscilações do temperamento do sujeito? O indivíduo se alimenta do conhecimento. Uma grande variedade de conhecimento encontra-se na perspicácia de perceber e interpretar fenômenos, tais como: o andar enfileirado das formigas, observação das estrelas, os tipos de som de uma chuva. Teorias e conceitos científicos é o resultado de percepções e criações livres da mente humana, elaborar conceitos perpassa o estabelecimento de um “mundo externo real” que é dinâmico e dialoga constantemente com o sujeito que o percebe. Saber ler o mundo é imprescindível. A proliferação de nossas experiências ajuda-nos a tecer soluções, nos fazem problematizar as situações que podem elucidar respostas de uma maneira natural. A ciência encontra-se muito próxima de nós, ela é feita pelo sujeito e ele não pode se anular. Ao entrarmos em contado e/ou “conflito” com algum “Herói”, também buscamos saber quem se esconde por “debaixo da máscara”, mas não nos contentamos em só perceber o seu resto! Atentamo-nos ao invisível e o sensível, pontos esses que transformam e modificam toda uma história.

Ciência – Cansei, cansei de tentar ajuda-lo! Esta conversa, diálogo, texto, nem sei como devo chamar – Não levará a lugar nenhum! Muita subjetividade, pouco objetividade, muitas possibilidades e poucos conceitos, muito “simplesmente somos” e nada de “o que somos”… Estamos inconformados, mas iremos insistir pela última vez: Educação, vocês são ou não são ciência?

Narrador – Um som ao fundo de uma maneira silenciosa foi ganhando voz entre um diálogo e outro, após alguns instantes de silêncios falados, a música ganhou a atenção devida e parecia responder a última indagação que foi exposta: “Prefiro ser, essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.

Ciência – Estamos intrigados. Educação, por acaso vocês conhecem o autor dessa resposta? Dessa música?

Educação – É de um compositor baiano, um Teórico.

Ciência – Compositor? Temos que averiguar essa situação mais tarde, no entanto… Educação, Vocês gostariam de beber outra xícara de café para continuarmos dialogando sobre o nosso caso?

Educação – Claro! Por que não? Assim, poderemos continuar vivenciando a própria história.

REFERÊNCIAS:
COULON, Alain. Etnometodologia e educação
DELEUZE, G. & GUATARRI, F. O Anti-Épido.
DERRIDA, Jacques. Mal de arquivo: uma impressão freudiana.
FEYERABEND, Paul K. Contra o método.
____________. Adeus À razão.
____________. Diálogos sobre o Conhecimento.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança.
____________. Pedagogia do oprimido.
KUHN, Thomas s. A estrutura das revoluções científicas.
PEY, Maria Oly. Reflexões sobre a prática docente.
Seixas, Raul. Metamorfose Ambulante.”

Nota: Neste “Caso” encontramos pensamentos, ideias e ideais de alguns “AmigosProfessores” e “AmigosAutores” é imprescindível citar (ao final do texto as referências das obras utilizadas) seus nomes: AmigosProfessores: Antônio Luiz Bahia, Luiz Tourinho, Heloísa Lopes, Marcus Brandão, Paulo Mesquita, Taís Agnes Bittencourt , Janete Reis/ AmigosAutores: Maria Oly Pey, Paul Feyerabend, Jacques Derrida, Galileu Galilei, Harold Garfinkel, Alain Coulon, Felix Guaterri, Gilles Deleuze e tantos outros que passaram e passarão pela nossa existência. Esse texto foi escrito por todos Nós.

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Texto escrito por Biba Renata, professora de Educação Física e estudante de Pedagogia.
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