Entre meus 12 e 17 anos, lia praticamente um livro a cada quinze dias. Era o único da turma a ter mais de uma carteirinha da biblioteca em um ano (sim, pode me chamar de velho, mas nesta época ainda não havia sistemas de empréstimos computadorizados – era tudo anotado na carteirinha).
Ao prestar o vestibular, já havia lido livros de Júlio Verne, Dante Alighieri, Alexandre Dumas (pai), Agatha Christie, Arthur Conan Doyle, Charles Dickens, entre outros, e desenvolvido certo fascínio por romances policiais e ficções científicas.
E tenho convicção que foi esse meu hábito de leitura que me colocou em uma faculdade pública de qualidade. Minha nota em português no vestibular acabou por salvar meu desempenho pífio nas outras áreas, fruto de um ensino público condizente com a importância dispensada a ele pelos nossos governantes.
Do período de ingresso na faculdade até hoje, no final do doutorado, minha leitura sofreu uma drástica transformação. Não que a leitura tenha diminuído. Pelo contrário. A quantidade de artigos científicos, boletins técnicos, manuais, livros didáticos, teses, dissertações e livros acadêmicos lidos em um ano é grande.
E existe ainda a internet, com sua infinidade de notícias, vídeos, redes sociais e outras tentações, que a gente sabe que nem sempre é importante, mas que é impossível deixar de ler ou assistir. Sem entrar no mérito da qualidade, não dá para retirar desta nossa conta a quantidade de textos que lemos hoje na internet.
Mas os romances policiais, os contos, as ficções científicas e as minhas viagens imaginárias foram, pouco a pouco, deixados de lado. Uma prova hoje, um resumo para amanhã, um artigo para a semana que vem e atualmente quando consigo ler cinco livros não acadêmicos em um ano parece um estrondoso avanço.
Os leitores mais assíduos do site provavelmente já leram o artigo sobre a técnica do Ciclo de Atividades para administração do tempo. Pois a partir de agora, vou incluir a leitura de romances e ficções em meu planejamento da semana, e reservar um tempo para isso.
Pode até parecer radical, mas em meio a tantas obrigações, prazos e tentações, não consigo ver outro modo de conseguir retomar o antigo hábito de leitura, que não seja pela disciplina. Aquela mesma disciplina que já foi discutida aqui no site, no texto “Acabaram-se as disciplinas. E agora?“.
Mas e você, como anda a sua leitura na Pós-Graduação e o que tem feito para mudar/manter isso?
De fato, textos não acadêmicos não fazem parte do meu cotidiano. Tentarei incluí-los de alguma maneira na minha vida! kkk. O ruim é achar espaço…
quando entrei na universidade, organizei um grupo de troca de livros: cada um colocava os livros que tinha e que queria ler. consegui umas 6 ou 7 boas leituras e a empolgação com o clube do livro evaporou na mesma velocidade da falta de tempo porque sempre havia um resumo, uma pesquisa, capítulos como prioridades…
atualmente, troco noites de sono para manter uma quantidade mínima, porém deleitável de leituras além academia [claro, com a mesma proporção de culpa por não usar tal tempo para estudar…]
Também estava assim, mas ao invés de colocar uma obrigatoriedade semanal coloquei uma meta anual: 30 livros não técnicos por ano. Não sei se conseguirei, mas já estou em 12 com alguns livros não tão pequenos como O Idiota e Grandes Esperanças. Abraços!
Muito legal vc comentar sobre isso. Também me vejo nessa situação. Gosto muito de ler, mas com o passar do tempo e inúmeras atividades q nunca cessam, restou pouco tempo para leitura por prazer e lazer. Eu estabeleci uma lista de tarefas para minha semana e, é por meio dela que organizo leituras para além da pós-graduação. Tem dado certo =)
Bah, eu leio muuuuito! hehehe 🙂 Especialmente Literatura e alguma não-ficção que não tenha relação com a tese. É um jeito tri bom para equilibrar o uso dos dois lados do cérebro 🙂 E é especialmente bom para os *inúmeros* momentos em que a tese “não tá rendendo”… Concluir uma leitura dessas parece que dá uma Energia Extra, e ideias de estrutura de texto e articulação de frases, e então magicamente a escrita da tese começa a render que é uma beleza! 🙂
Participo de um blog coletivo, por meio do qual solicito alguns livros para “resenhar” – livros de literatura, basicamente. Quando solicito o livro, não há como fugir da leitura, pois obrigatoriamente tenho que fazer a resenha dele: essa é a forma que utilizo para tentar me manter minimamente atualizada com as leituras que não sejam específicas da minha área.
Concordo com o comentário da Aline, esse ano li um livro que sinto que alargou um pouco a minha visão sobre uma série de questões e tenho a ligeira impressão de que ele me deu uma energia extra para me jogar novamente naquilo que estou apostando: a minha pesquisa.
Wow…achava que a redução tão grande de leitura era só comigo. rs
Grande parte dos meus amigos conseguiram manter o hábito de leitura mesmo frente a tantos obrigações.
Infelizmente, eu não consegui.
E eu já me esforcei para incluir meu lazer (filmes, leitura, videogame) no meu horário, todavia, eu não me senti confortável, pois o lazer havia se tornado uma espécie de obrigação.
O que eu decidi fazer? Reservo períodos da semana para eu fazer o que eu quiser. Confesso são poucos e pequenos períodos, mas são recompensadores.
E, obviamente, não esqueço do principal ponto que não me permite fazer as coisas que eu curto: desligar o pc!
Eu continuei minhas leituras extra-acadêmicas, mas não tanto da literatura mais clássica, mas sim de temas de que gosto, como filosofia, gastronomia e autores como Peter Mayle. Mas sempre senti falta de conhecer melhor essa literatura clássica que você disse ter lido na adolescência. Eu também li alguma coisa naquele período, mas gostaria de conhecer mais. Então, agora montei com amigos um clube de leitura e estou me empenhando nisso. Nosso primeiro título é “O Vermelho e o Negro”, de Stendhal e em 10 dias já cheguei à metade. Quero ver se consigo cumprir umas 600 páginas por mês, o que vai determinar quantos livros consigo ler por ano.
Eu tinha o mesmo perfil de leitora assídua, com muitas fichas na biblioteca… A graduação (engenharia) me fez largar este hábito drasticamante. Cálculo e física entraram na minha vida de uma maneira avassaladora.
Foi quando eu estava no TCC que o meu professor orientador me perguntou se eu não tinha hábito de ler, pois a minha escrita não estava lá essas coisas, e praticamente me obrigou a ler alguma coisa.
Desde então voltei a ler, claro que a quantidade de livros varia com as tarefas da pós, mas sempre estou lendo um romance no momento e quando posso devoro várias páginas. As vezes leio um em 15 dias, noutras demoro 3 meses ou mais. Mas me policio pra não abandonar mais esse hábito maravilhoso.
É uma situação bem complicada, mas eu acrescentei a leitura a minha rotina, reservo todos os dias 30min antes de dormir para ler.
Isso é verdade, na sexta mesmo eu resolvi ler um livro ”normal”, deixei os artigos de lado e li um livro maravilhoso, que para mim foi tão empolgante, depois de alguns anos sem ler romances, que li o livro em um dia…acho que temos que fazer isso mais!
“Mas e você, como anda sua leitura na Pós-Graduação e o que tem feito para mudar/manter isso?”
Simples, troquei a televisão por livros, ano passado li pelo menos 20 não acadêmicos. Quando chego em casa com aquele cansaço físico e mental do dia inteiro, ao invés de sentar na frente da tv e deixar a mente vagar assistindo qualquer coisa que esteja passando, compenso lendo “literatura inútil” (confesso minha preferência por best-sellers e livros mulherzinha hahaha). Quando o livro é muito interessante, leio no ônibus também, e quando a consciência pesa porque não estou fazendo algo “produtivo”, leio no idioma original, que assim pelo menos estarei fazendo algo de útil no meu momento estendido de lazer! Hehehe
Realmente é assim mesmo. Emprestei milhões de livros de uma conhecida e nunca, marquei um tempo para ler. Outra coisa, separei um tempo na minha agenda apertada do mestrado para exercitar o corpo, que para mim é uma ótima forma de esvaziar a cabeça.