Teses X Qualis: Eis a questão…
Há vários artigos em revistas e jornais científicos discutindo a “classificação” Qualis, portanto esta não será a questão deste momento. Gostaria de discutir neste artigo a decadência de nossas dissertações e teses na “Era da Qualis”.
Quinze anos atrás, quando iniciei minha vida acadêmica, o momento mais importante, o maior evento, a maior comemoração, era a defesa de tese ou dissertação. Mas Era Qualis, a tese ou dissertação caiu de moda.
Então, vamos voltar ao início. Uma boa tese ou dissertação é proveniente, inicialmente, de um bom projeto de tese, bem discutido, fundamentado e suportando a ideia de ser defendido, pois uma banca de docentes sempre trará uma visão interessante do contexto.
A Defesa de Tese teria esta mesma ideia, uma banca de docentes da mais alta estirpe estaria incrementando o resultado final com outros olhares. Concordo que depois de tudo feito é difícil ter que modificar, mas sempre há uma visão diferente sobre o assunto.
Na “Era Qualis”, as teses, sem indexação e, portanto sem classificação, estão virando uma coleção de artigos, e sendo escritas da mesma maneira. No primeiro ponto há a vantagem que os revisores dos periódicos já fizeram uma avaliação, então me questiono, por que a banca? Na segunda versão, a tese ou dissertação é descrita tão sucintamente que se você quiser repetir o experimento não há como.
De maneira alguma estou julgando o que é certo ou errado. Quem sou eu para tal. Estou apenas divagando, constatando que na “Era Qualis” tese ou dissertação ficou para segundo plano. E me questiono, um docente que orienta mais que publica é penalizado por isso? Os frutos dele são seriam mais professores e pesquisadores no país, ao invés de mais artigos? Afinal o país necessita de quê?
E então que, amigos meus foram à Holanda e participaram de “defesas” de tese e me mostraram o resultado final: livros. Encantei-me com a ideia. A tese virou um livro com ISBN. Nossa mais uma publicação na qual há classificação, pois é indexada. E nas bancas de defesa que assistiram, havia teses (neste caso livros) com artigos já publicados em revistas conceituadas e com suas referências no início do capítulo, como também havia teses (livros) com uma escrita tradicional, mais encorpada e, portanto, com mais detalhes.
O último capítulo do livro era uma memória acadêmica (termo que está na moda) do distinto futuro doutor. Ao final da defesa havia uma sessão de autógrafos… Continuo adorando a ideia, já que muitas vezes seria mais barato fazer 100 cópias de um livro de 150 páginas do que pagar um artigo em muitas das conceituadas revistas científicas internacionais Qualis A1.
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Texto escrito por Gizele Ingrid Gadotti, engenheria agrícola, mestre em Ciência e Tecnologia de Sementes e doutoranda na Universidade Federal de Pelotas.
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Gostei da idéia também, é algo que a comunidade acadêmica brasileira podia debater.
Na realidade, há diferenças entre os programas de Pós Graduação com relação a avaliação das bancas. Em algumas, os docentes revisores só se expressam no momento da defesa. Outra coisa que temos que considerar é a disponibilidade de tempo de leitura dos docentes e discentes na atualidade. Sabemos que o hábito da leitura … principalmente leituras longas, está se perdendo … as informações são geradas, processadas e transmitidas de forma cada vez mais rápida. Eu, particularmente, não gosto de teses livros … acredito que as teses e dissetações são realizadas para divulgar uma série de resultados inovadores produzidos. Uma revisão ampla e mais detalhada daquele tema deve ser feita realmente na forma de livro. Os programas de pós cresceram e se multiplicaram … hoje temos inúmeros mestres e doutores se formando anualmente … logo … o momento de glória da defesa vai naturalmente perdendo seu “glamour” … é a vida!!
Nos EUA tem uma tendência de se abolir as Teses, no departamento de engenharia química de Yale, o aluno pode optar por defender 3 artigos tendo ele como primeiro autor, sem a necessidade de se escrever a Tese, acho válido, melhor do que ter um manuscrito guardado em algum lugar ou só um presente pra tua mãe que não tem ideia do que voce fez..
Existe alguma forma de indexar a tese? Nessa era Qualis? Sem reduzi-la ou esquartejá-la em artigos?
De todo modo, ainda prefiro o livro.
😉
Aqui no meu programa de doutorado (EUA) a banca já é formada no primeiro ano de curso. A banca acompanha o trabalho desde o início e aprova o projeto antes dele ser iniciado. Os professores da banca ajudam em todos os passos e aspectos dos projetos de mestrado e doutorado. O programa prevê ao menos uma reunião por ano entre aluno, orientar e banca.