“Se a gente faz uma coisa bem demais, aí, depois de algum tempo, se não tiver muito cuidado, começa a se exibir. E aí a gente deixa de ser bom de verdade.” –
O apanhador no campo de centeio
Um tipo muito comum que observo na pós-graduação é a vaidade. O ambiente que valoriza o conhecimento é propício para que as pessoas exibam aos quatro ventos seus dotes intelectuais.
Alguns exemplos que me vêm à mente são os alunos que usam citações a cada frase mesmo em conversas informais, os professores que exigem ser tratados como doutores e se julgam superiores aos outros, etc.
Estas pessoas necessitam ficar em posição de destaque, querem ser admiradas pelos outros e seu trabalho torna-se um meio para atingir tal visibilidade. Tornam-se cientistas não pela contribuição que podem trazer à sociedade, mas pelo status que a ciência lhes proporciona. Há aí uma inversão de valores, penso eu.
Observo pesquisadores que se julgam tão importantes que tratam as pessoas como subordinados e exigem que sejam tratados por todos como “Dr Fulano”. Muitas vezes, no entanto, a vaidade que toma conta destas pessoas nada tem a ver com a verdadeira importância do trabalho que realizam.
Pare e pense como tratamos professores de nível básico, bombeiros, lixeiros, entre outros. O trabalho destas pessoas é menos importante do que o de um cientista? Podem discordar do que vou dizer, mas acredito que em muitos casos, a importância do cientista é bem menor, considerando o impacto efetivo que provocam na sociedade.
O que me admira é que existem muitas pessoas puxa-saco que alimentam a vaidade alheia. Vejo alunos que aceitam ser colocados em posição inferior por seus orientadores. É como se admitissem que a superioridade existe, que o título de doutor, a inteligência ou a importância de seu trabalho garantem a estas pessoas o direito de tratar os outros com desrespeito e arrogância.
Quando questionados, alguns chegam a afirmar que é um privilégio poder conviver com estas pessoas devido à sua importância. Outros, mais conscientes, acreditam que vale a pena sofrer um pouco em troca de aprendizado, que as humilhações fazem parte do percurso.
Será que realmente vale a pena?
Vocês poderão dizer que nem sempre é possível escolher, mas eu discordo. Sempre há escolha. Você é quem decide se irá se submeter ou não a esse tipo de situação. A escolha é individual, assim como a responsabilidade por suas consequências também o é.
O que me preocupa é que enquanto houver discípulos para alimentar a arrogância de algumas pessoas, a situação não mudará. Além disso, há sempre uma tendência da criatura espelhar-se em seu criador e assim perpetuar a espécie.
Excelente texto! Abs
Verdade! Há professores que se acham os donos da verdade absoluta em relação ao seus títulos…
Já ouvi relatos de professores que abusaram dos orientandos os fazendo ficar de babá e etc..
Também há aqueles que corrigem qualquer tipo de errinho que você faça…
Também há os políticos esses são piores discorde deles pra você ver…
Muito bom esse texto! PHDEUSES, ninguém merece!
Aproveitando esse belo texto, gostaria de comentar detalhes pouco comentados sobre a escolha e entrada em um programa de pós-graduação. Um dos aspectos interessantes em relação a entrada em programas de pós-graduação tem a ver com a falta de conhecimento, não do programa em si, mas do corpo docente. Um orientador é um ser humano como um aluno qualquer. Este está sujeito a problemas psicológicos assim como alunos “problemáticos”. Histórias de professores que infernizaram ou até aniquilaram a vida acadêmica de alunos por interesses pessoais é pouco comentada. Mas existem alguns relatos nos meios acadêmicos de histórias parecidas. Portanto, além de conhecer o programa é fundamental conhecer bem o seu futuro orientador. Infelizmente, as cartas de recomendação só servem para que os professores conheçam os seus futuros alunos, mas os alunos não tem cartas biográficas de seus futuros orientadores. Logo, é super importante todo cuidado para se precaver de futuros problemas decorrentes de disputa de egos entre professores “problemáticos” de um mesmo departamento. Ou mesmo se você foi orientado em sua graduação por um professor malquisto no programa da pós-graduação a qual você está disposto(a) a se inscrever. Todo cuidado é pouco! O maior interessado pelo seu sucesso em uma pós-graduação deve ser você.
Infelizmente só percebi o quão importante é conhecer o futuro orientador após ter problemas com o meu atual… Uma pena que ninguém diga isso pra gente quando entramos na pós.
Li o texto e pela primeira vez, consegui ler um resumo bem fidedigno sobre o que é ambiente da pós graduação. Conviver por 3 anos com isso, me fez muito mal. Após a defesa do mestrado, simplesmente preferi sair e trabalhar, ainda dentro da pesquisa, mas em um ambiente com menos vaidade. E faz toda a diferença na qualidade do meu trabalho…
Obrigada, Aline. Acredito que o ambiente da pós-graduação não se resume a isso, mas infelizmente a vaidade existe e acredito que podemos combatê-la sempre que possível.
Tenho uma “professora ” que me destrata por eu ser aluna especial, explicando as coisas para mim, como se eu fosse uma aluna de segunda classe.
Uma coisa que muito me incomoda, e que é muito comum, são pessoas (Doutores e alunos) que acham que técnico de laboratório não têm nome. Um exemplo: Chega alguém novo no laboratório e o pesquisador apresenta a equipe por ordem decrescente: Esse é fulano nosso posdoc, esse é cicrano doutorando, esse beltrano mestrando e esse é o técnico…
Pois é, Guilherme, são pequenas atitudes que demonstram um grande desrespeito e muitas vezes nem nos damos conta.
Por essas e outras estou cada vez mais desestimulada a continuar na pesquisa.
Primeiramente, meus parabéns pelo texto.
Ademais, vejo como muito atual, considerando que nunca tivemos tantos doutores, pesquisadores, cientistas e professores universitários nesse país; abrangente, porque a questão não restringe-se à autora do texto e à sua universidade, mas é um ponto que precisa ser discutido, e ontem, devido à sua importância.
Partido da definição das palavras, segundo o Aurélio, vaidade, do latim vanĭtas, é a qualidade do que é vão, vazio, oco ou com falta de realidade, substância ou firmeza. Adjetivo relacionado à futilidade, à arrogância, à presunção e ao orgulho, ou seja é a manifestação da soberba, que por sua vez é a pretensão de superioridade sobre as outras pessoas.
A pessoa vaidosa sente-se superior ao próximo, seja do ponto de vista intelectual ou físico. O vaidoso não hesita em destacar a sua suposta capacidade sempre que pode, desprezando os outros.
Se nossos professores estão em algum momento adotando essas posturas, estão atentando contra a dignidade da pessoa humana, estão cometendo um crime e vejo que merecem ser punidos por tal agressão; estão violentando descabidamente o objetivo das universidade e escolas, estão ceifando o que existe de mais belo na arte de ensinar e aprender, a curiosidade, o interesse. Estão simplesmente cultivando o ódio da base que lhes sustenta e mais cedo ou mais tarde, a base cai, quebra, desaparece…
Olá amigos, eu não poderia concordar mais com este texto. Recentemente, após 1 ano de doutorado, tive que trocar de laboratório devido ao ego do meu orientador, que foi alimentado durante anos por puxa-sacos infindáveis. Me admira ainda escutar de seus alunos a frase “esse é só o jeito dele” como se isso fosse desculpa para anos de humilhação. Eu demorei para entender que eu tinha escolha, demorei para entender que aquilo era assédio moral, mas finalmente fiz minha escolha (um tanto forçada). Para aqueles que sofrem com cobranças absurdas, xingamentos, gritos, por favor abram os olhos e parem de alimentar a vaidade destas criaturas. Podemos fazer ciência em qualquer lugar, podemos construir, criar e ser felizes trabalhando naquilo que amamos. Não posso dizer muito mais sobre a minha historia afinal este site é muito visto, mas fica a mensagem.
Infelizmente essa situação é muito comum, mas fico feliz que você tenha se conscientizado e feito sua escolha. Obrigada por compartilhar sua experiência!
Eu já acho que há também um outro lado da moeda. Também está cheio de aluno por aí com sérios problemas psicológicos. Vejo muitas vezes que a culpa não é do orientador, mas do sujeito que não fez uma escolha adequada e não sabia o que de fato queria da vida. Também acho que é muito mais fácil um aluno obter informações sobre o seu futuro orientador do que o contrário. Por exemplo, a pessoa com quem você está pretendendo trabalhar tem ex-alunos? Onde esses alunos estão? Quais trabalhos eles conseguiram produzir e como isso fez diferença na vida deles? Enfim, há uma série de mecanismos que o aluno pode investigar pra ter uma ideia do que vai encontrar pela frente. Já o orientador não. Ele só tem um histórico e, quando muito, uma entrevista e uma carta de recomendação. O papel do aluno como pós-graduando nunca foi testado antes. Não dá pra saber como o sujeito se comporta em relação a outras pessoas e se ele vai criar problemas dentro do grupo. Enfim, lógico que há muitos phbobos por aí que ficam com essas idiotices de superioridade, mas também vejo em igual proporção alunos-problema.
Concordo em algumas partes. Realmente, ninguém deve ser desprezado por possuir um grau acadêmico inferior, todos merecem ser tratados com respeito.
Agora, falar que um lixeiro tem mais importância na sociedade do que um cientista, é no mínimo uma mentira ou ironia sem cabimento. Você se orgulharia de seu filho ser lixeiro ? Falaria para sua família e amigos: “Meu filho se tornou um lixeiro, tenho muito orgulho da profissão dele”.
Quando você dirige seu carro, quando toma um remédio, quando usa a Internet, enfim, praticamente qualquer coisa que nos difere dos homens das cavernas foi graças a pesquisa científica. Se a sua pesquisa ou a dos cientista que você conhece não tem impacto nenhum na sociedade, você não pode generalizar para todos os cientistas do mundo.
Ademais, se você acha que um lixeiro é mais importante do que um cientista, largue seu mestrado e preste um concurso para essa profissão. A sociedade agradecerá pelo seu maior impacto na sociedade.
Pedro, leia novamente o texto. A autora não disse que lixeiros são mais importantes que cientistas. De qualquer forma, não existe sociedade sem lixeiros.
Que arrogância sem tamanho…Pelo tipo de comentário, parece que o Pedro se encaixa na descrição do texto. :/
“ninguém deve ser desprezado por possuir um grau acadêmico inferior”
“se você acha que um lixeiro é mais importante do que um cientista, largue seu mestrado e preste um concurso para essa profissão. A sociedade agradecerá pelo seu maior impacto na sociedade.”
E laiá, não consegue nem construir um parágrafo coerente. Boa sorte aos seus futuros alunos.
Pedro, você é o exato protótipo descrito no texto.Lamentável!Por essas e outras que não me sinto nem um pouco atraída pela vida acadêmica.Tenho admiração pelos cientistas que tem como função ajudar a sociedade de alguma forma a ser melhor.Mas esse papinho de se achar melhor que o lixeiro é de dar nojo.
O desejo mais profundo do ser humano, é o desejo de ser desejado intelectualmente.
Natureza!
Nada me dá mais nojo do que isso. Estou me preparando para a pós e me pego pensando se estou pronta para esse ambiente (não só, mas com pleno) de bajulação o tempo todo. Agora… Se na pós já é péssimo, imagem mesmo dentro da graduação. Competições de publicação e frases do tipo “Veja meu Lattes antes de falar comigo” são correntes no meu ambiente acadêmico. Socorro!
perdão pelos erros, pessoal, é a “emoção”
Texto muito bom e realista. Aproveito para fazer a observação que nas agências de fomento (por exemplo, Fapesp), quando enviamos nossos relatórios, existe somente um formulário para que o pós-graduando seja avaliado e não existe nenhum local que pergunta ao pós-graduando sobre como ele avalia sua orientação. Se o pós-graduando não concorda com a avaliação feita pelo orientador, ele não tem nenhuma opção de manifestar que não concorda, especialmente se esse orientador é muito ausente e nem tem condições de fazer essa avaliação, já que pouco convive com a rotina do pós-graduando. Daí a importância das dicas que foram dadas sobre conhecer melhor sobre o futuro orientador!
Não trato professor algum de doutor. Tenho 2 pós doutorados e nunca fui chamado disso. Jamais permitiria tal ¨liberdade¨ O mal se corta pela raiz, não se deve chamar de Doutor apenas porque alguem escreveu sabe la a quantas seu doutorado miseravel. As vezes leio teses de doutorado na internet que se assemelham mais a uma monografia de final de graduação.
Seu texto está bem legal, mas não acredito que este tipo de postura seja privilégio da academia, mas sim de qualquer empresa privada, órgão público, instituição de ensino, ou ambiente seja lá qual for. Eu mesmo tenho admiração por muitos dos meus professores, na verdade alguns tenho como exemplo de profissionais, mas sei que existem pessoas que não compartilham comigo a mesma opinião, mas cada um tem a sua.
Discordo de você quanto ao fato da importância do cientista. Na verdade, o impacto da ciência é grande sim, há ciência em tudo: medicamentos, tecnologias e tratamentos de saúde mais eficientes, etc…, MAS nem por isso acredito que se possa dizer que é mais ou melhor que outras profissões, talvez falte é reconhecimento aos outros profissionais que tem sua importância na sociedade, assim como o professor/pesquisador. Acho que falta, e não é só nas universidades, é o respeito pelo próximo.
Em eventos formais acho normal chamar um doutor de doutor afinal, em teoria o mesmo batalhou para ter o título (claro que não é por isto que ele vai poder tratar mal alguém, ou humilhar como descrito em outros comentários), agora nos corredores, em sala de aula isto não é comum, é bem mais comum chamar de professor. 🙂
Seu texto foi muito importante, parabéns.
Infelizmente, vejo muitas pessoas assim no ambiente acadêmico, além de professores doutores. Inclusive alunos de graduação, que desenvolvem um projeto de pesquisa e acreditam que já “descobriram a América” no ambiente de estudo, tratando seus pares como inferiores. Acredito que esses professores doutores citados por você muitas vezes começam como esses alunos de graduação, e que se não forem “cortados pela raiz” vão continuar crescendo e consequentemente chegar a tal nível.
Compartilho dessa reflexão, muito pertinente.
Não aguento mais ser humilhada por meu orientador =/
Vira e mexe ele vem, fala várias ofensas para mim e se tento argumentar algo (que não concordo) só piora..
Ele não me orienta em nada… O que consegui fazer até agora foi “me virando do jeito que dava” … Detalhe que são coisas que fiz até agora eu acho que estão corretas, mas não tenho certeza =(
Queria mudar de orientador mas meu programa não permite.. E se eu sair preciso devolver o dinheiro da bolsa que ganhei até agora (dinheiro que não tenho)
Daí, agora ele vive me mandando “ir embora” senão estiver feliz… Falando que não darei em nada….
Não sei oq fazer …
Estou vivendo o mesmo que você. Estou sendo negligenciado.
Quem me ajuda são os outros professore, porque se eu for depender dele, to morto.
Excelente texto!!!
Estou tendo problemas de negligência com meu orientador. Recebo ajuda de qualquer professor que eu procure, menos no meu próprio orientador.
Eu ligo, mando email, vou na sala dele e ele está ou nunca está disponível.
Ele nunca retorna as ligações/emails ou sequer procurar saber alguma coisa do meu trabalho do doutorado.
Estou sendo negligenciado por ele, e que ainda por cima é uma pessoa altamente irônica e dissimulada.
Por que estou sendo orientado por ele? Por que não tive escolha. Por que não troquei de orientador? Porque se fizesse isso me queimaria aqui no departamento onde as pessoas parecem gostar dele porque, como eu disse, ele é bem dissimulado. Um falso, não vale o chão que pisa.
Não vejo a hora de sair desse inferno.
Eu desisti e me faz mal só de ter insistido em conviver com as pessoas que convivi e tratar todos bem.
Universidade é uma farsa! Ilusão e sabemos disso! Persiste-se em pesquisa e na busca de um título de doutorado ou vaga de professor universitário por puro viés de confirmação (querer acreditar acima de qualquer coisa). Alguns suportam fazer pesquisa para rechear o currículo para concursos e outros suportam dar aulas esperando um dia entrar numa universidade federal para fazer pesquisa (baita ilusão), já que dar aulas do nível médio pra baixo é pedir pra morrer (infelizmente as crianças chegam a universidade com quase a mesma cabeça e comportamento). Fiz graduação, mestrado e doutorado numa universidade federal, um ciclo de 10 anos. Sofri, vivi, assisti, e fiquei sabendo de todo tipo de trapaça, mesquinharia, molecagem, fofoquinhas, difamações, perseguição pra afetar meus orientadores, que não podiam ser afetados diretamente e tiveram seus orientandos atacados, ao melhor estilo “quebrem as pernas deles”.
Tive trabalhos roubados (artigos e patentes), mesmo ajudando a tantas pessoas pelo bem do princípio da multiplicação do conhecimento e colaboracionismo. Fiz parcerias com pessoas de outras instituições federais e tudo isso é um lixo. O meio acadêmico é uma mistura de Game of Thrones com Senado Federal. Só não rola dinheiro fácil. Muita sujeira, esquemas e conspirações a troco de nada (até parece que vão ganhar o Nobel). Não adianta trabalhar sério, vão te definir pela aparência, dinheiro, poder que acham que você tem (se tiver ao lado de um pesquisador de nome), e enquanto tiver utilidade (que te fará ser muito “querido”).
O meio acadêmico universitário não é um modelo para a sociedade. Não é um ambiente mais maduro, consciente, honesto, evoluído ou respeitador. É um reflexo da sociedade. Muitos dirão “mas em todo lugar é assim”. Questão então de avaliar o custo benefício, pois, de gari ninguém quer trabalhar (embora como gari você não gere ilusões, tem essa vantagem). Não se pode esperar nada de salvador para o país vindo desses “cérebros” que estão mais para intestino grosso da nação.
Nesse ambiente tem mais respeito o professor que pega as alunas, o que exige ser chamado de doutor até pra tomar um café, o que acumula cargos pra praticar assédio moral, o que fala palavrão, o que faz festinhas e participa de grupos de whatsapp com os alunos sem finalidade científica ou acadêmica, o que rouba ideias e pesquisas até de alunos PIVIC, o que enrola a aula com recortes de figurinhas e colagem em nome da “didática” imbecilizante aprendida na licenciatura (onde por sinal boa parte do tempo se ensina a reduzir o conteúdo a 10% do total ou se faz propaganda comunista).
Licenciatura que por sinal não tem cadeiras de oratória, não prepara o professor para situações hostis em sala de aula, e vive bitolado em Paulo Freire como se o modelo dele ou ele próprio fosse um deus com resposta pra tudo. Hoje tenho um currículo até bom (todos dizem e tenho criticismo pra saber) para concorrer a uma vaga numa federal, mas desisti. O resultado nunca é proporcional ao esforço muito por culpa dessas trapaças a que se é vítima quando não se aceitar entrar em esquema.
E nem falei das seleções de mestrado onde o valor da prova cai para 50% da nota (os outros 50% são de um currículo biônico montado pelos orientadores do aluno que já está na federal), tornando impossível um aluno que venha das particulares fazer mestrado numa federal.
De nada vale ganhar o mundo e perder sua alma. A cada concurso que vejo está mais concorrido. Se em 2006 eram 5 candidatos por vaga eu já cheguei a ver 80 (claro que a maior parte desiste da prova no dia). Concursos arranjados (até os professores revelam aos alunos de confiança) numa frequência que deveria ser denunciado ao Fantástico (já que tem mais visibilidade nacional) só para usarem suas câmeras escondidas e deixar os senadores brasileiros menos desamparados nesse mar de lama. Secretários que roubam bolsas, ou exigem o primeiro mês da bolsa de cada aluno do PIBIC ao doutorado e deixam alunos de mãos atadas sem poder denunciar por medo de ficar sem renda ou para evitar que um conhecido ou parente perca a bolsa. Alunos de iniciação científica imbecis que compram brigas de seus orientadores e deixam de falar com os colegas que são orientados por outros professores. E pior, acham que se não agirem de acordo com essas práticas estão sendo otários, e a coisa assim se eterniza, nascendo mais um criminoso que foi incubado para o próximo concurso montado. E aí vem mais um(a) metido(a) a esperto(a) com seus recortes de figurinhas, palavrões, paqueras, faltas, trapaças, propaganda do currículo e dos títulos.
Para sobreviver você sempre precisará de um favor, que mais tarde será cobrado por um dos muitos secretários de satã que vive nas universidades federais e te farão de otário para o resto da sua vida a acadêmica, que já dá demonstrações do inferno que pode ser ainda no estágio probatório SE você conseguir passar em um concurso. E você se verá com mais idade dizendo o que já ouvi de muitos professores: “eu devia ter seguido outra carreira”, “eu devia ter feito direito”, “eu devia ter investido na bolsa”, “eu devia ter aberto um comércio”, “eu devia ter feito medicina”.
E aí vem mais problema… Se você acumular habilidades, capacidades, treinamento, conhecimento, dirão que você quer aparecer. Se você for o mais discreto ser vivente dirão que você está simulando humildade. Se você tentar ensinar de todas as formas possíveis, dirão que está querendo ser líder. Se você se afastar, dirão que quer ser especial pra mostrar que outros precisam de você. Tudo que tem nesse meio é roubo de bolsas, perseguições, processos que “desaparecem” de forma muito conveniente.
As pessoas em todo lugar só dominam uma arte hoje em dia: a de arranjar briga tentando definir quem é petralha ou reacionário. Sentem uma necessidade visceral de apontar e separar todos em grupos e depois iniciar uma guerra ou no mínimo deixar definidos os grupos para a guerra. Se no café do intervalo você disser que a disciplina típica dos colégios militares poderia melhorar a educação te chamam de pró-ditadura. Se você disser que o Ciência sem Fronteiras é uma boa ideia, mas mal executada e sem rigidez de regras, te chamarão de petralha. Nada faz sentido.
Isso quando não aparecem as feministas reclamando de tudo. Eu queria ver as feministas criticando as colegas de pesquisa que de propósito (muitas vezes declarado e com orgulho se achando espertas) engravidam para que os colegas terminem suas teses e dissertações. O que elas têm a dizer das que fazem isso de propósito (não das inocentes, claro, sem querer)?
E das que tiram sarro dos colegas homens que gostam de falar de temas relacionados a ciência (como é de se esperar de quem estar na universidade), chamando-os de nerds (um termo besta importado de estudantes imbecis americanos)? Maduras como são, ainda os acusam de não gostar de mulher. Bem maduro, não?
O que elas diriam de mulheres que confundem o pessoal com profissional e tratam mal as outras colegas de pesquisa que são gordas, ou não penteiam os cabelos, ou usam uma roupa que não combinam com o sapato?
Não falta leitura e luta pelo futuro pra quem mora distante de casa e come mal, dorme mal, mora onde não quer. O que elas têm a dizer de mulheres que convidam os colegas homens para sair e mesmo que os caras digam que precisam estudar, são queimados pelas colegas em rodinhas de conversa femininas onde o sujeito ganha fama de v… só por isso? Isso é ético? Isso é respeitoso ou honesto? Não dizem e não fazem nada, só ocupam uma vaga na universidade que praticamente se torna ociosa.
A vida desse pessoal é imaginar as coisas, falar (quando deveriam se calar), inventar problema e postar foto fútil no facebook.
O bem eu não sei se existe, mas o mal eu tenho certeza absoluta e não é teoria científica. Desistir dessa carreira amaldiçoada não é morrer na praia, é simplesmente não aceitar aportar em qualquer praia minada e com tubarões. Desejo ardentemente voltar no tempo e fazer outra coisa. Como eu desejo que Deus exista pra me fazer esse milagre!
Nossa,Daniel.O retrato que você esboça é aterrador!Eu sempre tive admiração pelos cientistas,porque acho sinceramente que ajudam a tornar o mundo um lugar melhor,que tentam com suas pesquisas resolver problemas que atingem a sociedade. Mas como na pós a cretinice vem em doses cavalares,não me sinto atraída por esse mundo de egos inflados.Claro que não podemos generalizar.Tem professores maravilhosos.Mas só de ter que conviver num ninho de cobras já me desanima.Enfim,obrigada pelo seu depoimento.
Parabéns pelo relato.
Bem a cara da Universidade Federal.
Nem todas as federais. Eu amo a UFABC, justamente por não ser assim. Eu vejo isso muito em outras universidades, passei por 2 (mestrado e doutorado) e foi difícil, muito deprimente. Uma contradição total, até pós-graduando que investiga sobre depressão, isolamento, arrogância, importância de ouvir, estar juntos… Isolando e desprezando o outro, por qualquer motivo e puxando o saco das celebridades acadêmicas.
Eu conheco um professor mestre em Educacao e Doutor em Historia que é assim mesmo ! Um cara arrogante, que tem o rei na barriga, que exige ser chamado de “Doutor’, só vive pavoneando seus trabalhos e titulos aca(ga)demico, suas viagens ao exterior e homenagens de alunos puxa-sacos. Ë um cara que dá nojo e que desestimula qualquer um de seguir vida academica (exceto a preguicosa e interesseira esposinha dele, que é uma eterna estudante profissional e vive às custas de bolsas da Capes). Não o recomendo a ninguem.
É Rodolfo, concordo com você, esse bando de alunos puxa-sacos que acabam minando o ambiente, inflando o ego desses professores que se acham verdadeiros Deuses, é um verdadeiro ninho de cobra.
O que me deixa mais enojado são os alunos que ficam alimentando o ego desses seres egoístas, é uma pobreza de espírito que não dá para aceitar.
Uma coisa eu falo, faço mestrado, caso seja prejudicado, tenho tudo documentado, não sou puxa-saco de ninguém, terá muita briga e reclamação.
A vaidade na pós graduação parece ser lei! Nojo