Segundo a CAPES (aquela Coordenadoria que alguma vez na sua vida você já ouviu falar e, talvez tenha a ela agradecido por ter depositado sua bolsa no terceiro dia útil de cada mês), mais de mil cursos de Mestrado, exceto o “profissional”, estão cadastrados e reconhecidos atualmente no país.

Em um breve histórico, é possível identificar a preocupação com a pós-graduação no Brasil desde a década de 1930, potencializada no período da ditadura civil-militar e alavancada a partir da década de 1990 que, por sinal, vivenciaria um verdadeiro boom no número de programas de “pós” por todo país. Em 2002, por exemplo, o número de matrículas apenas para o Mestrado chegaria a mais de 60.000. Aumentou progressivamente as matrículas e, paralelamente, diminui-se o tempo de permanência do aluno na pós-graduação.

Antes com duração de quatro anos, enquanto o Doutorado chegava até seis anos, o Mestrado acadêmico passou a partir da década de 1990 à duração de dois anos e meio (sendo que, para bolsistas, esse prazo reduz ainda mais, para 24 meses diante das exigências das agências de fomento, como nossa amada Capes).

Dando continuidade aos outros “Planos”, em 2010 o Governo Federal via Ministério da Educação publicou o “Plano Nacional de Pós-Graduação 2011-2020”, interessado em refletir sobre a “Pós” no Brasil além de traçar metas para os próximos dez anos.

Maior desenvolvimento dos “programas”, maior interdisciplinaridade, aumento das redes de pesquisa, aumento das matrículas, da produção acadêmica. Enfim, são algumas das recomendações propostas pelo novo “Plano” e que, a meu ver, recaem diretamente no seguinte problema: enquanto aluno, o que é possível contribuir em dois anos para que o Mestrado não se torne apenas um diploma? Como tornar a produção acadêmica qualitativa ao mesmo tempo em que temos a necessidade de cumprir prazos para relatórios, qualificações e defesas? O Mestrado é apenas pré-requisito para o Doutorado ou uma sustentação essencial para este?

Estou longe de trazer as grandes soluções para as perguntas que eu apontei aí em cima. Até porque eu mesmo estou inserido nesse imbróglio, nesse dilema entre focar na dissertação, manter um Lattes funcionando e ainda pensar no que fazer após o Mestrado.

O que eu pretendo é aumentar esse debate. Todos os que vivenciam o dia a dia de mestrando sabem minimamente dos problemas aqui levantados e cada vez mais se perguntam se o Mestrado serve apenas como diploma, no qual a profusão de programas de pós-graduação pelo país é cada vez maior, ou como um simples “intervalo” entre Graduação e Doutorado. Está na hora de repensar essa importância, de trazer à tona a necessidade de olhar para o Mestrado como etapa importante na produção acadêmica e capaz de trazer resultados para além da diplomação de seus alunos.