“Há dois pecados humanos capitais, dos quais todos os outros decorrem:
a impaciência e a preguiça.”
Franz Kafka, Diário íntimo
Nós que trabalhamos com o ensino de línguas estrangeiras sabemos uma coisa importante: porque uma pessoa é falante nativo de uma determinada língua, não quer dizer que esta pessoa saiba ensinar aquela língua a outros que não a falam, ou mesmo que entendam os mecanismos da língua. Por exemplo: quantos falantes do português poderiam explicar por que às vezes usamos o pretérito e às vezes o imperfeito? Somente aqueles que estudaram o idioma parara explicá-lo, saberão as diferenças e os usos destes dois tempos verbais, “de fora”. para alguém que está tentando aprender como e quando usá-los. Sabemos, ademais, que somente saber o porquê de algo não nos torna bons professores daquela língua. O bom professor de língua estrangeira tem empatia com seus alunos, e re-visita o sentimento de fragilidade de seu aluno tentando de vez em quando aprender outra língua estrangeira.
A mesma coisa é válida para professores de outra área. Porque uma pessoa é, digamos, um bom arquiteto, não quer dizer que esta pessoa tenha condições de ser um bom professor de arquitetura. Uma coisa é o saber fazer, e outra, muito mais fina, é saber ensinar. E saber ensinar é ao mesmo tempo uma arte e uma ciência. Como arte, alguns já nascem predispostos a isto, mas como ciência, deve ser aprendida, estudada. E, como todas as profissões, o magistério requer constante aperfeiçoamento. Isto é, o professor de qualquer assunto que passa muito tempo sem questionar e sem interrogar sua prática pedagógica “de fora”, como se fosse desde o ponto de vista do aluno, certamente vai virar um fóssil ensinante. Todos nós nos lembramos daquele professor que dava (ou ainda dá, infelizmente) suas aulas usando cadernos encardidos, com “verdades” adquiridas no tempo em que ele/ela ainda estava fazendo sua própria preparação profissional. Aquele professor (ou este), é um mero boneco equipado com uma cordinha que é puxada quando ele entra na sala de aula, e “recita” (ou regurgita) o que tem dentro do disquinho interior.
Se você é um destes professores, sugiro que faça o seguinte exercício: dê os seus cadernos e seus dados antigos a um aluno, e sente-se com os demais estudantes um dia em sala de aula, e observe enquanto o aluno imita a sua atitude diante da turma. Viu que ridículo? Viu que incompetente? Viu que vergonhoso?
Agora, jogue fora aquele caderno e energize-se outra vez pela sua disciplina. Apaixone-se por ela como se fosse a primeira vez. Leia coisas diferentes sobre ela. Tome uma posição contrária à que sempre manteve, e faça um esforço para ver onde existem pontos positivos, mesmo que difiram dos seus. Ponha-se na posição do seu aluno, que está tentando entrar na área, aprender um ofício, dar uma contribuição à sociedade, ganhar a vida com a profissão. Se você não tem dinheiro ou tempo para participar de congressos, convide colegas de seu departamento para um grupo de discussão um dia da semana, ou um dia por mês, ou um dia por semestre. Convide seus alunos para discussões fora da sala de aula. Re-examine suas verdades.
Ou então continue na mesma rotina, na mesma modorra. Seja ignorante. Seja ridículo. E faça um favor a todos: saia da profissão o mais rápido possível. Ensinar é pra quem tem garra. Os molóides, acomodados, que busquem outra profissão onde podem causar menos danos. Não, ensinar não é pra qualquer um. Ser professor requer dons de comunicação, e de generosidade, e requer postura intelectual de auto-crítica, de honestidade, de vontade de continuar aprendendo. Se você não preenche estes requisitos, e não quer ser lembrado por gerações de estudantes como um imbecil, um papa-cérebro, saia. Recolha-se à sua insignificância. Pare de sujar a imagem da profissão.
Se os danos que podem ser causados pelo professor são muitos, os danos causados pelo orientador são ainda piores porque o orientador está posicionado, atualmente, de maneira ainda mais crucial que a que tinha antes, porque agora, não só os mais intelectualmente maduros e enrijecidos — estudantes de mestrado e doutorado — têm que lidar com orientadores, mas desde a faculdade já existe esta figura na vida do aluno. Quando eu me formei na UEM em 1975, não tínhamos que fazer uma monografia. Terminávamos as matérias com provas, trabalhos, apresentações, e, no caso de cursos destinados ao magistério, fazíamos a nossa prática de ensino. A ideia de exigir-se monografia ou projeto final para todas as faculdades provavelmente teve o louvável intuito de adicionar um elemento de pesquisa a todas as disciplinas, e não restringir o aluno a mera repetição de assuntos discutidos em aula. Por outro lado, colocou nas mãos de muitos professores universitários de dúbias habilidades e ainda menor honestidade a função de orientar os formandos em suas monografias e projetos. Ah, a viagem de poder em que este sistema deve ter catapultado muitos incompetentes! Ah, o ego crescendo, crescendo, ao ver que o aluno está ali, em suas mãos, pedindo, implorando, e o orientador mesquinho se negando, se cegando.
Ser orientador requer do professor muito mais que a mera recitação de verdades. Mas qual é exatamente a função do orientador? Esta pergunta, cuja resposta pode parecer óbvia – orientar – pode nos levar a uma indagação da função do próprio professor da graduação, além dos que orientam a nível de mestrado e doutorado.
A primeira função é orientar. Não guiar ou teleguiar, porque, de fato, os alunos que estão na universidade ou além já são eleitores, portadores de carteira de motorista (a maioria, pelo menos), e adultos. Mas isto não quer dizer que estes alunos já conheçam todas as manhas da profissão para a qual estão se preparando, ou os macetes dos respectivos departamentos acadêmicos junto aos quais estão tentando conseguir graduar-se. O orientador se reúne com seu orientando, explica o processo dos papéis, dos requisitos, da burocracia. Sem ter que necessariamente estar a favor da papelada, o orientador mostra ao orientado o caminho das pedras pela boca da cachoeira.
A segunda função do orientador é animar. Todos os alunos, não importa o quanto entrem na universidade cheios de esperanças e entusiasmo, algum dia perdem um pouco desta empolgação. É normal. A uma certa altura do curso — de graduação ou mesmo pós-graduação — o aluno se depara com o mercado de trabalho, com os percalços da profissão, as angústias existenciais. É isto mesmo o que eu quero? Será que vou ganhar o suficiente? O mercado de trabalho está ruim? E muitos querem saltar fora do barco. Mas o orientador deve estar disponível e ser competente suficiente para mostrar as muitas veredas da profissão ao seu orientando, e a ajudá-lo a ver as possibilidades, as vantagens, e mesmo as desvantagens. Muitos estudantes se perdem neste momento, e levam uma vida de frustração por terem desistido, de não terem terminado algo que começaram.
A terceira função é transmitir entusiasmo pela profissão. Qualquer carreira, levada a sério, é não somente a maneira do estudante ganhar o seu sustento, mas uma maneira excitante de participar do mundo, de contribuir ao diálogo, ao progresso de todos. O orientador que está sempre puxando o aluno pra baixo, lembrando-o do reduzido número de empregos, é como uma toalha molhada jogada em cima de uma vela. Se o professor não tem nenhum amor ou entusiasmo pelo que faz, deve sair da carreira, e ir fazer algo que lhe interesse; caso contrário, vai ser uma força negativa para seus alunos, e muito especialmente para seus orientandos, que estarão ainda mais sob a sua influência.
A quarta função é ser um profissional decente e realmente orientar a monografia, projeto, dissertação, ou tese. Isto não quer dizer que o orientador tenha que saber tudo do assunto que o aluno está trabalhando. Mas o orientador deve estar disponível para ver o que seu aluno pretende trabalhar, documentar e desenvolver o seu trabalho final. O orientador precisa colocar-se no lugar de seu orientando, “usar suas sandálias”, e, como supostamente tem mais experiência que seu orientando, ele deve reconhecer um projeto que vê que não tem futuro, ou que exija mais tempo e mais recursos que o orientando tem a seu dispor para terminar seu curso, e alertar o seu orientando para estes perigos.
O orientador que não assume esta posição, que não faz uma avaliação honesta do projeto/monografia/ dissertação/tese, está deixando que sua preguiça e desonestidade ponham em risco o futuro de outra pessoa. E aquele orientador que, por razões políticas alheias ao projeto coloca empecilhos no caminho de seu orientando, deve fazer uma auto-análise e reconsiderar as razões de estar na profissão. Finalmente, aquele professor que aceita orientar, mas nunca está disponível para encontrar-se com seu orientando, assumindo a posição de “dane-se, eu não ganho suficiente para fazer isto”, deve simplesmente sair da profissão. Certamente haverá outras pessoas com mais tempo, mais conhecimento do material, mais dedicação ao ensino, mais honestidade, que poderão ocupar a posição para maior proveito de todos. Quem assume a posição de orientador com qualquer destas atitudes negativas, está causando grave dano para seus alunos, sua instituição, e para o país. Esta pessoa não é melhor que aquele ladrão que entra nas casas durante a noite, quando estamos dormindo, e leva coisas que trabalhamos para conseguir. Este orientador é um ladrão de futuros.
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Há muitos anos (uns 30), conheci um professor que queria fazer o doutorado em uma grande universidade em São Paulo, em um departamento de muito prestígio, que além de tudo era aureolado com muito dinheiro para o laboratório milionário. Apesar das suas credenciais, da sua pesquisa já avançada, de todos os requisitos preenchidos, o departamento colocava obstáculos à sua pesquisa final e à conclusão do curso. E nenhum professor queria orientá-lo. Ele só conseguiu um orientador depois de ter uma entrevista com o diretor do programa e jurar que não queria um trabalho naquela universidade depois que terminasse o doutorado. Teve que apresentar documentos da sua própria universidade indicando a sua situação, e mais as razões pelas quais não queria trabalhar ou morar em São Paulo em caráter permanente. Este professor me contou esta história num misto de raiva e decepção, e disse que esta atitude marcava claramente a necessidade de uma ruptura completa com aquele departamento no futuro. Ele simplesmente não poderia respeitar professores que eram tão mesquinhos a ponto de sacrificar tudo o que ele tinha feito, e todos os anos em que ele tinha trabalhado para obter o doutorado, por mera inveja e falta de confiança neles mesmos.
Recentemente, testemunhei o caso de uma estudante de arquitetura que passou todo o semestre procurando o orientador para mostrar-lhe seu projeto e pedir orientação, mas nunca conseguiu encontrá-lo. Teve que fazer o projeto sozinha. Na hora da defesa, o orientador apareceu feito um dragão, e destruiu o projeto da aluna na frente da banca e dos convidados para a defesa. O projeto não tinha alguns passos que são requeridos pelo departamento. O projeto, obviamente, não era perfeito, devido à falta de orientação do orientador que é pago para isto. Resultado: o projeto foi rejeitado, a aluna reprovada. Depois de recolher os pedaços do seu ego do chão, esta aluna terá que pagar mais um semestre de mensalidades, e fazer outro projeto, completamente novo. Desta vez, conseguiu outro orientador, um que é menos auto-importante, que entende que tem um dever para com seus orientandos, e que lhe assegurou que vai acompanhá-la por todo o percurso da pesquisa e da execução do projeto. O que é mais incompreensível, neste caso, é que esta aluna já exerce a profissão e portanto, o projeto é simplesmente uma questão pro-forma para que ela consiga o título e comece a receber um salário de profissional, e não de estagiária, no escritório em que trabalha.
Nestes dois casos, temos, primeiro, a questão da defesa do seu “quintal”. O tal programa na poderosa universidade em São Paulo reconheceu excelência e portanto teve medo que o professor oriundo do “sertão” fosse colocar areia no chinelo de seus monstros sagrados. Qual a maneira de impedir tal coisa? Para aquele augusto departamento foi de certificar-se que o candidato não iria ficar nem tentar entrar para o sacrossanto departamento.
No segundo caso, temos o exemplo da mais crassa incompetência, falta de profissionalismo, e falta de vergonha. Este orientador, seguramente uma pessoa sem a menor preparação pedagógica, decidiu ausentar-se do labor da aluna, para poder depois atacá-la em público e destruir seu projeto, assim redimindo-se aos seus próprios olhos, dos defeitos que o projeto pudesse ter. Também é bem possível que este orientador, ao ver o talento da sua aluna, sentiu ciúme da sua carreira, e quis ensinar-lhe uma lição, ao sabotar o desenvolvimento de seu projeto.
Infelizmente, o aluno não tem recurso contra o orientador. Ninguém disse que a universidade é uma instituição democrática. Mas a universidade deve manter seus funcionários cientes das suas obrigações para com seus alunos. É inaceitável que o sistema de orientação de estudantes continue sendo mantido ao deus-dará.
Uma maneira de impedir que maus orientadores continuem causando tanto dano e sofrimento — além de perdas quantificáveis de salário para orientandos que não conseguem terminar sua monografia ou projeto — a universidade deve criar um sistema de orientação aos orientadores. Nenhum professor deveria ser admitido como orientador sem ter passado por esta orientação, que seria administrada por um grupo de orientadores bem sucedidos, que se dão ao trabalho de pesquisar e desenvolver técnicas de orientação e acompanhamento de seus estudantes. As expectativas da universidade, assim como as demandas específicas de cada departamentos devem ser colocadas em escrito, para que os orientadores possam retransmiti-las aos seus alunos. Técnicas para uma orientação bem sucedida devem ser discutidas, e novas possibilidades levantadas. Depois de passar pela orientação, os orientadores teriam que prestar contas anuais do trabalho feito, em termos de hora de contato com orientandos, alcance das pesquisas orientadas, tempo de conclusão de projetos dos alunos, e defesa bem sucedida.
Como orientadores e professores são, afinal de contas, seres humanos, e seres humanos funcionam melhor com um sistema de prêmios, o prêmio para o bom orientador, aquele que faz seu trabalho bem e é presença positiva na carreira de seus alunos (trabalho quantificável em termos de aprovação de projeto, empregos conseguidos depois da formatura), seria premiado com promoções e aumentos. Quanto ao professor orientador relapso, este deve ser punido com demoção, ou, no mínimo, que seu nome seja publicado numa lista dos que não terão mais a possibilidade de serem orientadores por falta de competência.
Assim, as coisas vão realmente funcionar, e o orientando ou orientanda não ficará mais à mercê dos humores e hormônios do orientador, ou de suas tendências políticas, ou de sua preguiça, sua impaciência e falta de profissionalismo. Assim, fazer uma monografia, ou dissertação, ou tese, vai ser realmente o melhor da carreira do estudante, o momento em que ele/ela pode aproximar-se do seu professor como alguém que o orienta, no verdadeiro sentido da palavra.
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Texto escrito por por Eva Paulino Bueno*
Fonte: espacoacademico.com.br
É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.
Parabéns pelo post.
Estou em pleno acordo com todos os comentário feitos.
Tenho tido muitos problemas com minha orientadora por pura preguiça e falta de incentivo da mesma.
Fora para que não tem amor e paixão pelo que faz.
Você me fez chorar com esse texto. Sofri na mão de professores ruins e resolvi seguir a carreira acadêmica porque sempre acreditei que o aluno merecia o melhor. Com o tempo fui percebendo que os bons são minoria. A maioria se importa apenas com os seus currículos recheando-os com mais e mais artigos. No mestrado, durante o ano passado ouvi um professor pesquisador 1A que ele achava absurdo a universidade colocá-lo para dar aula na graduação. Segundo ele, ela deveria deixá-lo pesquisando. Fiquei chocada com aquilo. Não era para aquilo que eu teimei em tentar o mestrado. Quando estava na minha defesa, olhei para banca e percebi que não quero ser esse tipo de profissional. A sensação que eu tenho é de que para ser bom precisaria quase me vender ao sistema para me tornar uma professora/orientadora.
Fiquei em depressão depois da defesa, quando melhorei resolvi voltar ao mercado normal (resolvi começar do zero). Quero ficar fora da vida acadêmica pelo menos por um tempo para saber se realmente vale a pena continuar remando contra a maré.
Acredite, se você que tem essa consciência não remar, pobre daqueles que nem isso tem…
Volte a remar, por favor! Existem outras pessoas que remam contra essa onda imensa! Acredite nos sonhos e lute! Invente!
Não se venda! Por favor… Não Se venda…
Os grande pensadores do passado (quase todos) foram subjugados, mas nenhum desistiu.
Já pensou se Galileu tivesse deixado de acreditar nas suas “Loucuras”? ou Freud (foi expulso de uma disciplina na Universidade)?, Rodin (recusado duas vezes na Universidade de Artes)?
Um abraço,
Renata “Biba” Barreto
Muito obrigada pelas suas palavras, Renata. Sério! Você me emocionou. =]
Eu não vou me vender. É por isso que preciso desse tempo fora da área acadêmica para me reinventar.
Obrigada pelas suas palavras. Preciso tirar essas férias. Espero voltar a ter ânimo para encarar isso.
Esse artigo é um espelho do que venho vivendo. Minha vida totalmente à mercê de pessoas desinteressadas e descompromissadas, que se dizem orientadores como se estivessem fazendo um favor. É ridículo ver como essas pessoas se acham deuses ou não estão nem aí para com seus alunos. Deveria haver algum sistema de controle nas universidades, uma obrigatoriedade de uma quantidade mínima de reuniões, relatórios e acompanhamentos de uma comissão sobre os orientadores etc. O sistema brasileiro de orientação é, em sua grande parte, um sistem corrupto, desumano e de aparências. Muitas vezes funciona na base do TVS (Te Vira Sozinho). Se o aluno defende, mérito do professor. Do contrário, o aluno é incompetente. As coordenações e direções sabem do que se passa e fazem vista grossa. O aluno nada pode fazer, senão tem retaliações. Isso é um PESADELO!
Acho que esta realidade está em todos os cursos de pós-graduação… também vivo um drama parecido no doutorado…O método TVS que vc citou está me enlouquecendo, pois tem momentos em que há a necessidade de uma orientação, mas ela não existe e vc faz o trabalho de tese às cegas…O pior é que o orientador leva o mérito sem ter te ajudado em nada… A verdade é que sinto-me rodeada de professores zumbis…acomodados e que abrem a boca para dizerem que aluno de doutorado é independente não necessita de orientador… desse jeito acredito que estou fazendo é livre-docência…
Concordo plenamente com você…mas infelizmente a própria universidade é corrupta. Um professor “cobrindo” o outro, fazendo “leve e trás” de alunos para professores. Já vivenciei situações dessa e é desanimador.
alma lavada com seu post. passei por uma situacao parecida com essa da aluna de arquitetura. só nao fui reprovada, mas quase…. infelizmente, sai do mestrado com asco do meio academico! infelizmente mesmo… pois estava muito empolgada quando entrei!!
e olha que coincidencia: estou morando fora do país e comecei a dar aulas particulares de portugues. logo em seguida, recebi um convite para dar aulas na graduacao da universidade local. ainda nao comecei, mas desde já estou me preparando, todo dia penso nisso e estou tensa com a responsabilidade. li o inicio do seu post atentamente! parecia que você estava falando comigo. o lado bom do que aconteceu comigo no mestrado é que entendo o peso da responsabilidade e estou tentando fazer o melhor possivel, porque sei o impacto negativo que posso causar caso nao o faça.
bom.. obrigada pelo post!
Também estou com nojo do meio acadêmico. E eu sonhava em ser professora e pesquisadora. =/
Estou me sentindo no ceú academico. Sou mestrado de IES Privada, a segunda maior dom estado de são paulo, e meu orientador é um Super Orientador mesmo. Quase um paizão. Ouço muitas historias de colegas de outros programas que dizem que seus orientadores são péssimos.Mas dei muita sorte, tanto na graduação como agora na pós.
É assim mesmo. Já participei de uma reunião de departamento em que os professores discutiam indignados por terem que assumir as turmas das disciplinas da graduação, um tentando empurrar pro outro, tipo, eles estão lá pra isso, incompreensível o que se passa na cabeça deles. Já vi em outra reunião um professor falando que odeia dar aula, que só está na universidade porque não existe outra forma de ele desenvolver as próprias pesquisas. Quanto à reclamação do “eu não sou pago pra isso” está em tudo, já vi professor reclamando que não recebe a mais pra dar aula no mestrado, que não recebe a mais pra corrigir artigos, que não recebe a mais pra dar aulas optativas. Eu tento entender aqui, da minha ignorância, eles recebem pra quê? Claro que não são todos, mas são muitos. Enfim, é a palhaçada do ensino no Brasil.
Vivo me perguntando isso. A minha pergunta a esses que não gostam de dar aulas é: Para quem eles estão produzindo conhecimento? Para mim, não adianta produzir conhecimento se eu não passar adiante para ajudar na formação de melhores profissionais e de cabeças pensantes. Falam tanto da mercantilização do ensino superior, mas cadê o comprometimento para formar as cabeças pensantes do país?
Talvez uma forma que possa mudar esse cenário infeliz da formação acadêmica principalmente na pós graduação, seja, a dispensa da obrigatoriedade da orientação, visto que na prática boa parte de nós já trabalha sozinho, contudo institucionalmente nos é exigido um orientador. Deste modo aqueles estudantes, que por terem tido infelizes experiências com maus orientadores durante seus trajetos possam optar simplesmente por não tê-los, claro sem nehum rechaçamento por causa disso, ao passo que aqueles que realmente são agraciados com uma orientação também o possam fazer sem nenhuma distinção dos demais.
Pode ser que isso os estimule a trabalhar um pouco para terem seus nomes divulgados nos artigos científicos.
Mas claro sei que alguns colegas orientados não gostam disso, pois planejam se estabelecer no meio acadêmico e agir de forma semelhante com seus infelizes futuros alunos. E assim permanecemos nesse círculo.
Seu post foi bastante profundo e realista. Coincidentemente, sou graduada em Licenciatura em Língua Inglesa e, é melhor não adentrar muito em detalhes acerca dos cursos de graduação em Língua Inglesa no Brasil, do contrário eu vou chorar aqui. (triste).
Sobre a orientação, cara, eu não tenho do que reclamar. Tive uma excelente orientadora, responsável, assídua, pontual, competente, auxiliadora, companheira de estudo mesmo. Só quando o assunto é “correção de artigos, a coisa complica um pouco, kkkkk).
Com certeza, minha orientadora foi a mestre que mais me influenciou durante os quatro anos de curso. Graças à ela, pude descobrir e amar a linha de pesquisa na qual quero, assim como ela,me tornar mestre.
Aplaudo de pé este texto! Estou passando por grandes obstáculos no meu mestrado por conta de um orientador relapso, que acredita que é um Deus que anda sobre a terra e que além de não se importa com seus alunos, faz questão de tornar a vida deles um inferno. Todas as vezes que eu ou outro orientando o procura não o acha, a menos que seja do inteiro interesse dele. É extremamente machista, acha que todas as alunas tem que aceitar sair com ele, não tem moral nenhuma, e além de não aceitar um não, faz questão de te perseguir por isso. Boicota meus trabalhos, não os corrigindo, ou apenas olhando e dizendo que está péssimo, ou excelente quando há erros que ele deveria me alertar. Tudo o que preciso para minha pesquisa é negado, mesmo quando eu e todo mundo sabe que os recursos existem. O que mais me entristece é saber que isso acontece não só comigo e com os meus colegas, mas com tantos outros alunos que encontram orientadores desses pelo caminho. Além de não orientarem, semeiam dúvidas, medos, insegurança, estresse..e a quem recorrer? Não temos NINGUÉM, ficamos completamente desamparados. Não estou sendo boicotada apenas em uma pesquisa, estão sendo boicotados meus sonhos, meu futuro….
Eu passo coisa semelhante. Tenho um orientador que me boicota de diversas formas, que só joga meu trabalho para baixo e por mais que eu me esforce e me comprometa ele arruma uma forma de me criticar e até me humilhar na frente dos demais. Eu passei várias noites tentando entender o porquê disso ocorrer, pensava eu que seria por inaptidão minha para o mestrado. No entanto, eu só tive notas ruins com ele e com outros professores foram sempre notas ótimas. Depois de tanto tempo, eu consegui entender: vim de outra instituição, minha pesquisa estava chegando a resultados que são o oposto do trabalho dele. Minha mãe, analfabeta, sempre dizia um ditado: “prego que se destaca, martelo nele”. É isso; não é inaptidão, mas é medo que ele tem que eu jogue as pesquisas dele por água abaixo.
Depois do mestrado, eu já me decidi e minha família está ciente disso: nunca mais vou pisar os pés em uma universidade brasileira. Só pisarei, se possível, em outro país. No Brasil nunca mais!
Não deixaria isso acontecer, minha orientadora é um poço de sabedoria e conhecimento, ainda bem, tive sorte. Caso contrário já teria caído fora e além disso teria feito reclamações estrondosas sobre tal comportamento, as pessoas tem que gostar do que fazem. Comigo não.