“Um mundo onde as pessoas estão mais conectadas com a ciência e com os cientistas é um mundo melhor.” Foi com este pensamento que os idealizadores do SciFund Challenge começaram a buscar espaço para a ciência dentro dos sites de crowdfunding. Muito bonito, mas você pode me perguntar: O que é isso?
Em tradução livre, significa financiamento coletivo. Sim, simples assim. É como uma “vaquinha”, onde pessoas colaboram com quantias em dinheiro para alcançar um objetivo. Este, geralmente, é a concretização de um projeto, seja ele de que natureza for. No caso do tema em questão neste post, o crowdfunding científico é a busca por apoio financeiro para projetos científicos, óbvio. Esta necessidade surgiu, pois é conhecida a burocracia e dificuldade para conseguir financiamento para novas ideias pelas vias formais, então, um pouco diferente da “vaquinha”, aqui seu possível apoiador tem que simpatizar com seu projeto, e não apenas com você (guarde bem esta dica!). Sendo assim, o financiamento coletivo, na ciência, aparece como uma forma de despertar o interesse da comunidade não científica nas descobertas dos estudiosos e, por outro lado, incentivar os cientistas a buscar aplicações práticas para seus projetos.
No exterior, as plataformas de crowdfunding científico vêm tomando um espaço cada vez maior. Já no Brasil, ainda não temos uma deste tipo, mas iniciativas deste tipo vêm sendo financiadas através de sites de financiamento coletivo gerais, como o Catarse. Nele, temos uma categoria para ciência e tecnologia. A ideia de uma plataforma específica para a ciência já está em andamento aqui desde 2011, quando a ideia foi lançada no Festival de Ideias daquele ano, pela Lilian Pavani, responsável pelo blog Crowdfunding Científico.
Dadas as devidas apresentações, pergunto: Você, leitor, tem um projeto engavetado à espera de financiamento? Vamos às dicas que pude encontrar para que sua boa ideia saia do papel e vire realidade:
1 – Argumentação
Com a maior divulgação destas plataformas de financiamento coletivo, uma discussão vem tomando espaço: a relevância e aplicabilidade dos projetos. Pude perceber que um ponto importante é responder à pergunta “que bem isto trará para a sociedade?”. Há pesquisas que envolvem a alteração genética de plantas, há aquelas que de tão absurdas parecem piada. Então, o primeiro passo é: tenha bem claro o benefício que seu projeto pode trazer. E esteja preparado para a discussão, com bons argumentos a seu favor.
2 – Comunicação
Esteja em todas as redes sociais, divulgue seu projeto! Ora, você quer que as pessoas se interessem por sua ideia e se disponham a financiá-la. Por isso, espalhe-a “aos quatro ventos”, utilize as redes, e-mails, mídia impressa e participe de encontros. Além disso, “traduza” sua pesquisa em uma linguagem acessível a todos: produza vídeos, infográficos, imagens com linguagem clara. Torne seu projeto atrativo a todos.
3 – Contrapartida
Mostre o que seus apoiadores ganharão ao apoiar seu projeto. Geralmente isso varia de acordo com a quantia doada. Vai de um exemplar do trabalho, agradecimentos, uma visita ao laboratório, o acompanhamento do processo… Importante, aqui, é fazer o financiador se sentir realmente importante para a efetivação de sua ideia.
4 – Transparência
Se possível, mantenha, em alguma das redes, a possibilidade de que os passos da pesquisa sejam acompanhados, algo como um “open notebook”, para que aqueles que se identifiquem com sua ideia se sintam seguros com o investimento que estão se dispondo a fazer. Ah! E não se esqueça de deixar claro o que será feito com o dinheiro arrecadado! Se alguém investe em algo, quer saber o que será feito de seu dinheiro, não acha?
Depois deste post, todos prontos para desengavetar projetos? Boa sorte!
Oi Thais! uma excelente ideia de post! Acho que eu nunca tinha pensado sobre isso!! adorei! parabéns pela qualidade do texto também!!!Abraços
Obrigada Raiana! Pois é, eu também nunca tinha pensado sobre isso, e realmente também achei uma ótima ideia! Nas páginas próprias a gente consegue ver mais ou menos como são os projetos, e fico feliz que iniciativas bem legais podem ser financiadas assim! Abraço!!
Olá Thais!! Muito bom o texto. É uma nova alternativa para quem busca investimento no seu projeto. Já conhecia o crowdfounding para outros tipos de projeto, como games e até para o lançamento de livros de autores independentes. No meio científico é uma alternativa bastante interessante. Me chamou a atenção como você apresentou tantos conceitos novos de forma tão clara e objetiva, abordando um tópico tão extenso. Fico na expectativa de mais postagens sobre o assunto.
Oi Giovani! Obrigada! Realmente, é uma alternativa bastante interessante e alguns projetos no Brasil já vêm sendo financiados dessa forma. Estive lendo sobre as formas de contabilizar a abrangência da ideia nas redes sociais, pra ver mais ou menos se “você está fazendo isso certo”, mas é uma questão de estatística e muitos números então deve demorar um pouco pra sair… Mas de qualquer forma estou aberta a sugestões e/ou colaborações! 🙂
Muito legal! Sou (quer dizer, era) totamente ignorante no assunto. Essa possibilidade me fez lembrar de alguns conhecidos. Vou passar adiante. Para mim, informação de utilidade pública…hehe. =D
Oi Ana! Passe a diante sim, é uma ideia muito válida! Eu também sabia bem pouco sobre isso e ainda estou buscando mais info para os próximos posts! Dicas são sempre bem vindas, e colaborações também! Obrigada! 🙂
Thais, como historiador e professor de História, me pergunto: com a área de humanas anda tão desestimulada (vide o programa Ciências sem Fronteiras na qual essa área não está incluída) e a de História mais ainda, fica complicado conseguir levar à frente um projeto com esse viés onde cada vez mais as pessoas enxergam nossa ciência como mera reprodução do passado.
Oi Marcus. Então, eu não vejo desta forma… Até porque reprodução do passado passa longe da nossa profissão, né não? Eu vejo que sim, talvez devamos passar por uma reformulação e eu acho isso ótimo! Projetos que visem este tipo de financiamento tem que ter uma aplicação prática, um retorno social, econômico ou o que for… E acho que já está mais do que na hora de as ciências humanas, a história, sociologia ou o que for, saírem da academia e da mera discussão de autores para ter, sim, uma aplicação prática pra seus estudos. Quem sabe a buscar por este tipo de financiamento não nos obrigue a isto? Eu acho bem positivo.
Adorei seu texto, Thais! Gostei de como você elencou objetivamente quatro itens fundamentais para um crowdfunding de sucesso. Estou aprendendo muito com seus posts e já fico no aguardo para o próximo!
Elisa, obrigada! Também estou aprendendo muito a cada coisa que busco para escrever, além de aprender com os textos lidos aqui, muitos estão ajudando bastante. Muito obrigada mesmo pelo elogio, e sempre que quiser trocar ideias estamos aí, aqui no blog, no grupo de emails… hehe!!
NO BRASIL EXISTE UM SEMELHANTE! Chama catarse.me
Oi Janaina! Sim, existe. Ele está citado no texto… Dentro deste site tem uma categoria exclusiva para ciência e tecnologia, vale bastante a pena dar uma conferida nos projetos, são bem interessantes.