Ao longo da sua jornada acadêmica você inevitavelmente irá receber convites de periódicos para avaliar artigos científicos. O sistema de avaliação por pares (às vezes tão impares) é um processo pelo qual toda a literatura científica passa antes de ser publicada.
E participar deste processo representa uma contribuição valiosa para a produção do conhecimento científico, bem como uma forma de exercitar a análise crítica e observar novas abordagens para os objetos de pesquisa da sua área.
Saber como um artigo científico deve ser avaliado também pode facilitar o preparo dos artigos para a submissão às revistas, pois se o autor conhece os pontos centrais que serão considerados no trabalho, torna-se mais fácil prever críticas ou sugestões.
Não existe uma “receita pronta” para esta avaliação. Embora muitos periódicos forneçam “checklists” para orientar a tomada de decisão, estas listas, assim como este artigo, devem ser utilizadas apenas como ponto-de-partida ou como suporte para reflexão.
A primeira dica no processo de revisão de um artigo científico é: leia o artigo inteiro primeiro, sem se preocupar em realizar correções ou sugestões. Comece adquirindo uma visão do trabalho como um todo.
Após a leitura completa do artigo, pergunte-se: as conclusões que o autor apresenta são interessantes? As conclusões são válidas?
Porque se a conclusão não interessa ou se a ideia central não é boa, o artigo deve ser recusado, mesmo que esteja bem escrito, bem discutido e com boa apresentação.
Pode parecer um tanto radical, mas a verdade é que um artigo científico precisa trazer novidade.
Nenhuma revista quer publicar mesmice.
E a repetição de trabalhos já consagrados, com as mesmas conclusões já aceitas pela comunidade científica não contribui para a construção do conhecimento ou para o avanço da ciência.
Contribui apenas para inflar os números de produção científica do autor.
Agora, se a conclusão é interessante, se o artigo possui informações inéditas ou se apresenta uma abordagem completamente inovadora para conceitos já consagrados, é hora de observar os detalhes.
As conclusões estão de acordo com os objetivos do trabalho? A metodologia é adequada? As conclusões são fundamentadas nos dados e/ou a discussões apresentados? A introdução permite ao leitor compreender a importância do trabalho, os principais conceitos e o estado da arte daquele tema?
Mas atenção, seu trabalho não é reescrever o artigo para os autores. Faça sugestões. Questione. A avaliação de artigos também é um processo de aprendizagem para os autores, portanto, faça-os refletir sobre os pontos cruciais.
E, por fim, respeite o estilo de redação dos autores. Correções no texto devem ser realizadas para deixar as informações mais claras e precisas ou para evitar interpretações equivocadas, e não apenas porque você escreveria aquele parágrafo de outra forma.
Parabéns pelo texto. Tem muita gente q envia o artigo para revistas com intenção de conseguir correções e novas idéias.
Enfim, um assunto que me chamou atencao. Parabens pela abordagem e dicas no decorrer do texto.
Valeu-me muito porque eu não dominava este assunto. Continuem….
Gostei das abordagens, essas contribuições são de muito interesse para quem gosta de inovação.
Fico imaginando como seria em minha área – literatura – onde muitas vezes o que os artigos trazem é “um novo olhar sobre a poesia de…” ou “uma leitura de um autor consagrado à luz do filósofo tal”
Se for radical assim… estamos f***.
Olá, colegas!
Qualquer profissional graduado pode ser revisor de periódico ou necessariamente tem que ter título de mestre e/ou doutor?
Olá Suellen,
Não precisa de título algum até por que as revistas poderiam não ter como saber isso.
Na hora em que você submete um artigo, algumas revistas pedem para você sugerir avaliadores. Se alguém sugere teu nome, você pode ter a sorte de ser eleita pela revista para avaliar algum que outro artigo. Claro que eles vão ver se você é capacitada (tem artigos na área).
Outra forma de ser escolhido como avaliador é depois de você ter submetido algum artigo para a revista. Depois disso (mesmo o artigo não sendo aceito) você passa a compor a base de dados de possíveis avaliadores.
Espero ter ajudado! Boa sorte!
Na verdade, a maioria das revistas da minha área (física) pede o titulo de doutor para ser a avaliador. Mas é claro que eles não tem como saber se é verdade.
Não concordo com o colega. A diminuição do número de estudantes interessados em publicar artigos passa pela excessiva cobrança por parte de alguns revisores. Nós devemos incentivar o aumento de alunos interessados em escrever e não no aumento de regras para as publicações. Lembre-se da frase do Manacorda “da quantidade se chega à qualidade”.
A qualidade e a quantidade são duas grandezas completamente distintas e independentes. O que não dá é pra deixar passar esse monte de informação mentirosa e mal fundamentada. Infelizmente ainda tem muito artigo irreprodutível no mercado.
Concordo com a redação do blog. Precisamos de ciência séria e de qualidade.
Incentivar a publicação é uma coisa… Aceitar tudo o que se tenta publicar é outra.
Se fosse assim, de nada adiantaria avaliar os periódicos… todos teriam de tudo.
É importante observar se os trabalhos atendem a regras básicas de cientificidade, originalidade e contribuição para os estudos na área que se propõe.
Acho que devemos buscar um equilíbrio, como em quase tudo na vida!
Tenho visto muuuuuuuuitas vezes revisores encherem a paciência com cada coisa sem sentido, fazem o autor perder um tempão tento que explicar conceitos básicos que estão sendo questionados, questionam coisas que na verdade o autor disse o mesmo, mas o revisor vem com outras palavras e reclama como se estivesse discordando totalmente do autor, ou já vi muuuuuito também, revisores q tem 1 ou 2 artigos publicados em revistas mais ou menos, 15 notas e são super exigentes nas correções. Falam como se fossem super experientes e botam a maior banca. É claro que não estou dizendo para aceitarem qualquer coisa, mas acho que tem um pessoal que também deveriam se colocar no devido lugar. Se um aluno de graduação manda uma nota para uma revista que publica notas, obvio que o revisor não pode querer cobrar uma qualidade da Science. Se submetem uma lista de espécie, não podem querer exigir teste de hipóteses….e assim por diante. A verdade é q vejo sendo publicado cada coisa mal feita e ao mesmo tempo uns revisores implicando fortemente com cada coisa sem sentido. 🙁
Amei tudo, principalmente a apresentação do autor “Criador e editor de conteúdo do blog, é portador de uma imaginação hiperativa e de uma necessidade patológica de estar sempre bem-humorado. Acredita que a Pós-Graduação, como tudo na vida, pode ser interessante, divertida e descomplicada.” Perfeito! Precisamos de mais pessoas assim.
Parabéns!
Obrigado, Lúcia!
Seu comentário chegou no momento certo!
Gostei MUITO do Blog, e encaminhei aos meus orientandos! e observei as indicações, todas bem consistentes. Vivemos uma cultura de produtivismo que as vezes sacrifica a qualidade de texto em função da quantidade de produção…Dai a importancia do bom senso e do cuidado na escolha do destino de nossos artigos. Parabens.
Gostei muito de todo o contexto do blog , fez esclarecimentos que vou, inicia em disciplina, e já ampliou o meu conhecimento para os resultados e os meus desafios, de pós graduanda.
Artigo bem didático. certamente será lido e relido muitas vezes durante a módulo de Metodologia Científica.
Ótimo,para adquirir conhecimentos!!!
Bem ponderado e didático.