Gostaria de algumas dicas de como garimpar um orientador, de como me aproximar e quando isso deve ser feito. Agora no começo do ano é uma boa época ou se deve esperar um pouco mais?
Jean Carlos
Caro Jean,
Quanto antes, melhor. O primeiro passo é decidir em que linha de pesquisa você gostaria de trabalhar. Acredite, um mestrado pode ser bem desgastante, exigir sacrifícios e que se abra mão de muita coisa. Por isso motivação é algo fundamental, e não existe motivação melhor do que fazer o que gosta.
Escolhida a área que gostaria de seguir, faça uma pesquisa sobre os professores que trabalham com esse tema. Entre no Currículo Lattes deles. Leia algumas publicações dos mesmos. Inteire-se sobre o assunto.
Após selecionar alguns possíveis orientadores, procure seus atuais orientados para uma conversa franca. Descubra como é o ritmo de trabalho, a disponibilidade de tempo do professor, as pesquisas que estão em andamento. De nada adianta um orientador que seja referência em determinada área, se ele não tiver tempo para ensinar você.
Agora é a hora da abordagem. Muita erra nessa parte. Entra na sala do possível orientador suplicando por uma vaga, dizendo que quer fazer mestrado e que precisa de ajuda. Aqui eu gostaria de apresentar uma alternativa.
Ao invés de tentar uma abordagem do tipo “eu preciso de você”, tente uma do tipo “o que eu posso te oferecer”. Diga que conhece e se interessa pelas linhas de pesquisa que ele trabalha e que gostaria de acompanhar os trabalhos dele, colocando-se a disposição para ajudar no que for preciso. Em vez de dizer o que precisa dele, fale apenas o que você pode fazer por ele.
Neste primeiro momento, não entre na questão do mestrado. Demonstre interesse, motivação e segurança no que quer. Professor nenhum, com as diversas atribuições que possui, irá recusar ajuda. E ao acompanhar as pesquisas, você irá ter certeza se é isso mesmo que você quer e pode até enriquecer seu currículo com as publicações realizadas nesse período.
Quando chegar a época das inscrições do mestrado, se você trabalhou bem, geralmente o próprio orientador irá sugerir que você se candidate. Pelo menos com as pessoas que eu sugeri essa abordagem foi assim que aconteceu [sim, esse método já foi testado algumas vezes].
Mas caso isso não aconteça, converse com ele sobre o mestrado, que ao acompanhar as pesquisas dele você se interessou pelo mestrado, e se existe a possibilidade de tentar uma vaga com ele. Mesmo que você tenha procurado ele apenas um mês antes da inscrição do mestrado e que tenha acompanhado poucas pesquisas, acredito que essa abordagem seja melhor do que entrar na sala do professor implorando por uma vaga.
Jean,
O Prof. Marco Mello também tem algumas dicas complementares a estas, em seu site. Aconselho a todos que que dêem uma passeada pelo site dele. Tem boas dicas lá.
https://marcoarmello.wordpress.com/author/diaemus/
Ótimo post.
Mas é sempre bom considerar o seguinte: quando pensamos em tentar a pós-graduação na mesma instituição onde finalizamos a graduação, todo esse processo se torna bem mais simples. O complexo é quando pensamos numa pós-graduação fora da instituição (e às vezes até do Estado onde moramos) e o orientador nem mesmo sabe da nossa existência (apesar de já termos publicações, etc).
No meu caso, este ano terei a oportunidade de encontrar a pessoa que quero que me oriente, mas ainda assim fico insegura de chegar pra conversar, com medo de falar besteira e dar um baita tiro no pé. Aí eu fico com a dúvida angustiante: será que me apresento logo e demonstro interesse no trabalho da pessoa pra que ela já saiba que eu exista ou aguardo até o início do processo seletivo pra que ela me conheça?
Sim, vender o peixe e mostrar-se interessado pode ser bom. Mas como fazer isso de forma não-forçada? Por que né, quando você viaja de um estado a outro, isso pode parecer forçado… Enfim. heheh…
A respeito desta matéria, gostaria também de sugerir um outro caminho interessante: cursar uma disciplina como aluno especial na área que pretende se candidatar. É um forma de conhecer a estrutura do curso, os professores e os futuros colegas, além de observar o que vem sendo discutido em termos de pesquisas.
Abraços.
Ana Cristina
Valeu pela dica! eu não conhecia a modalidade aluno especial no mestrado.
Grato
Davi Lima
O post ficou ótimo. Obrigado mais uma vez pelas dicas.
abs
Comigo foi o seguinte: durante a graduação entrei em contato com o meu atual orientador de mestrado para discutirmos sobre meu projeto de pesquisa, a partir dai ele me convidou para participar do Grupo de Pesquisa. Depois de 2 anos ele me incentivou a fazer mestrado na instituição e disse que poderia ser meu orientador.
Portanto, se você já tem uma linha de pesquisa (PIBIC ou TCC) procure dialogar com professores que são da áerea.
Abs
Outra coisa importante num orientador e saber o temparamento dele, se é comunicativo?, simpático? se mantém relação de amizade com os orientandos? isso também ajuda muito no aprendizado e na liberdade na troca de opiniões. Nada pior do que não ter liberdade para se expressar diante do orientador.
Completando o que todos já disseram, note se no local há ambiente de ciência. É difícil aprender ciência fora desse ambiente. Além disso, cuidado no julgamento do currículo do orientador. Ninguém ensina decentemtente o que não faz. Assim, você deve ter clareza sobre o que é qualidade científica e, a partir de seus conceitos, julgar se considera o possível orientador competente ou não. Lembre-se que quantidade não é qualidade e que a ciência é uma atividade internacional.
Já garimpei minha orientadora para o mestrado, professora titular no campo da educação de quem fui aluno há alguns anos.
Minha dúvida talvez seja meio bobinha, mas fica me incomodando de vez em quando. Aqui está:
Em 22 de agosto entreguei o pré-projeto de pesquisa e a professora afirmou que assim que pudesse responderia por email.
Não sou paranóico quanto a isto, e vou tocando a vida e me preparando para as avaliações da seleção para o mestrado/doutorado, que começam em março de 2012. Mas como tendo a ser perfeccionista, fico com uma imensa curiosidade em retrabalhar este texto, após tomar ciência das observações que ela deve ter feito.
Então, qual seria o tempo de espera para uma resposta do orientador?
Deveria entrar em contato com ela, sem mencionar diretamente o pré-projeto?
Levando em conta que ela não exerce apenas o ensino e a pesquisa, tem outras atividades burocráticas,participa de comissões, é uma das organizadoras de um congresso, já foi vice-diretora da Faculdade.
Este site foi de uma grande ajuda em minhas dúvidas sobre o universo da pós-graduação,em especial esta postagem, e parece o canal adequado para esta dúvida. Desde já agradeço!
Marcos,
Na pós-graduação você logo irá aprender que o tempo de espera por uma resposta do orientador é beeeeeeeeem longo.
Como você mesmo já observou, sua futura orientadora, assim como a maioria dos professores hoje em dia, possui inúmeras atividades.
E muita coisa acaba ficando para trás mesmo.
Minha dica é que você entre em contato com ela, assim, “como quem não quer nada”.
Envie um email perguntando a opinião dela sobre como ficou o projeto, ou perguntando se algo precisa ser escrito de uma forma melhor.
Um email curto, simples e, principalmente, sem cobraças, ok?
Fique tranquilo. Com o passar do tempo, e muitos “chás-de-cadeira”, você vai adquirindo essa malandragem.
Abraço e boa sorte na seleção.
Vou começar o mestrado em outra Universidade completamente diferente e não sei como proceder na busca de um orientador. Nunca participei de projetos de iniciação científica. Estou quase começando do zero. O que faço?
Justamente o que ocorre comigo, o problema é ainda maior, a seleção se dará em 40 dias e não conheço ninguém. Alguém tem uma boa dica? Grata.
Eu consegui convence-lo de minha capacidade, com um ótimo pré-projeto e uma boa nota na prova.
Também não tinha absolutamente nada
Eu enviei um e-mail para uma possível orientadora de doutorado, ela se recusou dizendo que não orientaria este ano pq está esperando os seus orientandos entregarem a tese. Acho que fui direta d+ e me precipitei. Diante disso, li esse post e estou pensando em responder ao e-mail dela oferecendo-me para acompanhar/participar do projeto que ela está desenvolvendo que é exatamente com o q eu gostaria de trabalhar. Vcs acham que devo fazer essa segunda e última tentativa? No e-mail, tbm pretendo justificar o pq de eu querer trabalhar com esse tema. obrigada
É possível uma abordagem mesmo depois do processo seletivo já estar em andamento?
Eu cheguei na cara dura mesmo. Acabou dando certo, tente se inteirar mais sobre o jeitão dele trabalhar. Conversar com outros orientandos é um bom caminho. Não façam como eu, que cheguei na cara dura, como um outsider. Eu não sei se ele apreciou minha coragem ou a minha excentricidade. Mas o mais importante é demonstrar sempre que vc quer aprender mais e mais. E claro, estar minimamente entendido no assunto. Já vi muita gente chegar cheio de Pavonice, os caras sabem quando a pessoa está omitindo um baixo potencial para pesquisa com muito falatório.
Olá estou ano que vem irei para o ultimo ano da graduação e pretende me ingressar no mestrado, porém, em um instituto em outro lugar. não conheço ninguém que estude lá, não sei nada sobre os orientadores de lá. O que eu devo fazer para “garimpar” meu orientador? me ajude por favor.
eu gostaria de saber se essa dica vale para quem quer fazer doutorado?
Ótimo post! E ótima imagem também, rs. Obrigada pela ajuda!
Ótima contribuição! obrigado pela ajuda
Bom dia!
A inscrição para mestrado em Saúde Pública da Fiocruz começou e eu não sei o que fazer. Estou num preparatório, mas com a PANDEMIA, as aulas estão a distância. Não vc quero perder essa oportunidade da Fiocruz.
Me oriente, por favor.
Outra opção pra quem está em busca de orientador é frequentar congressos científicos! Se você já fez uma pesquisa de quem seriam os seus potenciais “alvos”, tente participar das mesas e GT’s de discussões de trabalhos mediados por ele(a), assim você terá a sua própria impressão, quem sabe, você até consegue uns minutinhos de conversa em que pode usar as táticas sugeridas no texto, porém sem o peso de um encontro marcado em que, as vezes, o professor já fica na defensiva por imaginar o que está por vir. E se você conseguir, nesse mesmo GT, apresentar um artigo ou projeto seu, é melhor ainda, porque certamente ele fará algum comentário sobre a sua apresentação e você vai poder “experienciar” o que/como é ser orientado por esta pessoa.
Como reclamar oficialmente de um orientador arrogante e sacana, que atrasa e frusta seus orientados? Desses que tem a “Família Imperial na Barriga”?
Olá, comecei a me interessar pelo mestrado agora, formei em uma faculdade particular a alguns anos e pretendo tentar mestrado em uma universidade pública. Estou vendo que seria importante entrar em contato com orientador, porém a data de abrir o edital do mestrado já está próximo. Devo entrar em contato com um mesmo assim?
Tenho algumas dúvidas a respeito das limitações no que se pode comunicar com um possível orientador de mestrado, como alguns aqui vou tentar mestrado em uma instituição diferente da que fiz a graduação, na graduação participei de PIBIC e PIBEX relacionado a temática que tentarei o mestrado, até mandei um email para meu possível orientador ele me tratou super bem dizendo que pesquisa a temática da minha proposta de pesquisa, só que quando eu mandei o email mencionei minha proposta de pesquisa bem ampla, agora já defini o objeto de pesquisa que restringiu ainda mais. Enfim, gostaria de saber se é de tom mandar email pro orientador pedindo opinião sobre o objetivo da pesquisa?
Podia ter um artigo desse para o caso de quem busca orientador de Doutorado. Já fiz o Mestrado e estou achando a busca de orientador pra Doutorado beem diferente.
Interessante as dicas e muito importantes, irei colocar em prática.
Comigo aconteceu o seguinte: No mestrado fui aprovado na raça, sem ter estudado na universidade, bem como conhecer o orientador. Após concluir o mestrado, decidi tentar doutorado em outro programa e em outro estado. Já havia feito um contato com um possível orientador, que me respondeu por e-mail super bem, e me incentivou a tentar a seleção que ocorreria alguns meses mais tarde, e chegou até me mandar vários artigos de sua autoria, considerando que meu tema é atual e está bem alinhado com as pesquisas do possível orientador.
Passou alguns meses, me inscrevi como aluno especial em uma disciplina do programa, mas de outro professor, pois o que estava almejando não ofertou disciplina naquele semestre. Fui selecionado como aluno especial e lodo depois abriu edital para seleção de alunos regulares e, para minha surpresa, o professor almejado não estava com vagas para o próximo ano. Fiquei decepcionado e triste, mas optei por tentar mesmo assim, pois alguns colegas de trabalho sugeriram encarar o desafio como experiência. Na inscrição indiquei outro professor, consegui chegar na última etapa (entrevista), mas o professor que havia indicado relatou que já tinha dois orientandos (do mestrado) e perguntou se eu aceitaria ficar na lista de espera para possível vaga no futuro. Respondi que sim, que não haveria problema.
Ao sair o resultado do processo seletivo, constatei que havia ficado na lista de espera e, apesar de já estar contato com isso, fiquei um pouco revoltado, pois o curriculum das duas pessoas que foram selecionadas eram muito inferiores ao meu, tanto academicamente como profissionalmente, ou seja, foram selecionadas por QI.
Pois é, fiquei revoltado, mas é a vida, faz parte. A partir de então irei tentar as estratégias descritas nessa matéria e tentar novamente.
Atenciosamente.