A bolsa de estudos que um aluno de mestrado ou doutorado recebe hoje não chega nem à metade, em valores corrigidos, dos valores pagos no ano de 1994, quando o Plano Real foi lançado. Quem fez esse cálculo foi a Associação de Pós-Graduandos de Engenharia Elétrica da Universidade de Campinas (Unicamp), a Apogeeu.
Descontando a inflação durante o período, as bolsas que os pós-graduandos recebiam em 1994 teriam hoje valores equivalentes a R$ 2.900,00 para o mestrado e R$ 4.400,00 para o doutorado. Com os valores atuais das bolsas da Capes e do CNPq de, respectivamente, R$ 1.350,00 e R$ 2.000,00, temos uma diferença de cerca de 55%.
Muitas pessoas ainda discutem sobre a finalidade e a importância de oferecer uma bolsa de estudos para quem está cursando uma pós-graduação. As bolsas são essenciais para pós-graduandos que não podem – e dependendo da pesquisa, sequer conseguiriam – trabalhar ao mesmo tempo em que realizam sua pesquisa.
O Brasil formou 47 mil mestres e doutores em 2009, totalizando 176 mil titulados no País. Isso corresponde a 0,07% da população brasileira. Para alcançar as proporções dos países desenvolvidos seria necessário, no mínimo, multiplicar esse número por cinco, segundo a própria Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
REFLEXOS DOS BAIXOS VALORES DAS BOLSAS
Como consequência dos baixos valores das bolsas oferecidas pelos programas de pós-graduação, algumas áreas já estão enfrentando problemas com o desinteresse pela pesquisa e ensino. É o caso da engenharia, por exemplo.
Segundo a Capes, em 2004 a oferta de cursos de especialização, mestrado e doutorado para engenheiros era de 11,5% do total de cursos. Em 2009, caiu para 10,9%. De 800 mil concluintes de pós em diversas áreas em 2009, só 5,9% foram de engenharia, produção e construção.
A escassez de engenheiros no país tem valorizado os salários destes profissionais, em que um engenheiro recém-formado em universidades conceituadas consegue ocupar vagas com salários entre R$ 4.000 e R$ 5.000 no primeiro emprego.
Não que os valores das bolsas de estudos da pós-graduação precisem tornar-se equivalentes aos salários da iniciativa privada. As bolsas não devem ser consideradas salários, mas sim investimento público na formação de recursos humanos qualificados. Mas com as ofertas atrativas das multinacionais e os valores defasados das bolsas, a evasão dos alunos da pós-graduação torna-se inevitável.
PESQUISA E ENSINO
O grande problema do desinteresse pelos cursos de pós-graduação em determinadas áreas do conhecimento é que além de precisar de mão-de-obra para o mercado, o país também precisará de mais engenheiros especializados e focados em pesquisa para sustentar o desenvolvimento da indústria nacional.
Sem pesquisas, novas tecnologias e novas patentes, o mercado não avança, não evolui. Da mesma forma, que professores titulados, com sólidos e aprofundados conhecimentos em áreas específicas do conhecimento são importantes para a formação de novos profissionais para o mercado de trabalho.
alem de não dar para trabalhar e fazer o mestrado/doutorado, precisamos financiar os projetos, fazer o pagamento de diarias, motoristas, combustivel, alimentação…….
É uma vergonha! além disso, deveria valer como tempo de trabalho…
Vale para a aposentadoria, é bom divulgar essa informação.
Por estas e outras eu afirmo que na época do FHC o desenvolvimento econômico do Brasil era melhor que na época do PT. Tenho algumas razões — como as bolsas de estudos.
também tinham menos pessoas nas universidades, não dá para comparar as universidades elitistas de antigamente com as de hoje. Contratação de professores e bolsas novas coisas que estavam paradas há anos só foram acontecer no governo Lula e Dilma, claro que as bolsas desvalorizaram, mas em compensação muito mais gente está na universidade.
também tinham menos pessoas nas universidades, não dá para comparar as universidades elitistas de antigamente com as de hoje. Contratação de professores e bolsas novas coisas que estavam paradas há anos só foram acontecer no governo Lula e Dilma, claro que as bolsas desvalorizaram, mas em compensação muito mais gente está na universidade.
Perdoe-me, mas a bolsa deveria sim ser considerada um trabalho. Pensando no tempo total de formação de um Doutor, são 10 anos(graduação+mestrado+doutorado), como uma pessoa pode escolher dedicar sua vida sem ter o devido apoio? Quem nunca se questionou até quando serei bolsista? Deveríamos ter as mesmas regras da iniciativa privada, o ônus e bônus. Com o descaso, chegamos hoje ao ponto atual. Manter diferente da iniciativa privada é exigir que se faça pós-graduação por amor, e não deve ser assim que o país deve conduzir a formação do seus profissionais.
Pessoal, desculpem-me a inocência da pergunta, mas sou estudante de graduação em final de curso e pretendo muito fazer mestrado, fato que me trouxe à este site.
Vejo muitos comentários sobre a bolsa, que é ruim, baixa, que mal dá para passar o mês, entre outros comentários e confesso que fico um pouco assustada. Também concordo que a bolsa não seja lá essas coisas, mas dentro de qual contexto vocês acham ela muito ruim? Pergunto isso pois, no meu caso, que faço estágio com uma bolsa de R$ 500, moro com meu pais e não tenho nenhuma conta importante (água, luz, contas domésticas no geral) para pagar, acho que é uma bolsa razoável… Mas também tem o lado que estou no final da graduação e quero começar a construir minha vida, claro, e é aí que me desespero. Gostaria da opinião sincera de vocês, pois pretendo fazer mestrado e doutorado (posteriormente) para seguir carreira acadêmica e, por isso, queria saber antes a realidade que me espera.
Você já sabe o que precisa saber. A decisão é exclusivamente sua.
Eu achava muito bom também na iniciação científica. Hoje estou casado, prestes a ser pai e no final do doutorado. Acho que você já pode projetar onde quero chegar. Imagina o aluguel, somado com seguro saúde (porque a saúde pública está cada vez pior), despesas de um carro (porque o transporte público está pior ainda), comida, etc. Basicamente, as pessoas abrem mão de ter filho antes de terminar o doutorado e mas eu resolvi encarar o desafio, porque não faz sentido que me digam “deixa para depois de terminar”.
Tais, ela é ruim justamente no momento em que vc quer viver a sua vida e/ou simplesmente já não morava com seus pais desde a graduação. Até quando vc vai usufruir da casinha aconchegante dos seus pais e ter uma vida independente. Diversos pós-graduandos já trabalharam e voltaram a estudar, com isso já saíram das casas de seus pais por longos períodos e não querem ou não podem voltar pois seus pais moram em cidades diferentes. E qual a moral de um marmajo(a) de 30 e tantos anos recebendo ajuda dos pais? Tem como ter amor próprio assim? Não reclamo pois a rotina na pós é absurdamente mais agradável e tranquila do que quando eu trabalhei em uma usina de cana-de-açúcar, e não somente eu mas outros amigos daqui da pós fizeram o mesmo caminho, procurando uma especialização maior ou a carreira acadêmica. Então se vc for morar o mestrado + doutorado na casa de seus pais, realmente, não há com o que se preocupar, R$ 2.000,00 vai dar e sobrar. Agora, tenta levar uma vida independente, geralmente em um local onde o aluguel é caro pra caramba (já observou o valor do aluguel próximo a uma universidade grande? O mercado imobiliário enfia até o cabo da faca no bucho de quem precisa morar perto pq não tem carro) ah, e ainda tem a falta de vagas que, aqui na ESALQ não passam de algumas dezenas para a pós, relativamente talvez até mais do que para a graduação, enfim, a moradia estudantil aqui é pífia.
Enfim, boa sorte no que vc deseja, eu não vou deixar de correr atrás do que eu quero, e acho melhor. Contudo acho q uma experiência no mercado faz bem pra todo mundo. Pense nisso (se ainda der tempo).
Eu, particularmente, já acho que as bolsas são consideradas um salário. Um pós-graduando trabalha E estuda muito, as vezes muito mais do que pessoas consideradas “trabalhadoras”. Essa é uma das coisas que desmotiva, o fato de que não somos considerados trabalhadores, mas meros estudantes que recebem um “dinheirão”. Além de exigirem dedicação exclusiva (as vezes até liberam um emprego quando a carga horária é bem baixa), não nos pagam como merecemos e ainda somos obrigados a trabalhar integralmente, pois não temos férias. Também não podemos nos esquecer daqueles que não conseguem bolsa ao ingressar na pós-graduação, esses ainda trabalham de graça! Nosso trabalho (tenta) coloca pra frente o país, se não houver pesquisas de base e aplicadas, não há desenvolvimento!