Em 2011, Y. Wang foi o pesquisador mais produtivo no mundo das publicações científicas, com 3.926 artigos em seu nome – uma taxa de mais de 10 artigos por dia.
Mas como um autor pode publicar tantos artigos em um dia?
Não pode.
A questão é que vários autores com a mesma abreviação são agrupados nos bancos de dados.
Um problema que já discutimos aqui no blog.
A lista dos 100 autores mais produtivos do mundo, onde é possível encontrar taxas de produção igualmente impressionantes, é um “quem é quem” de Zhangs, LIS, Chens, Lees e outros Wangs. Mas este problema pode estar com os dias contados após o lançamento ainda este ano do Open Researcher and Contributor ID (ORCID), um sistema identificador que diferencia autores que compartilham o mesmo nome.
Assim como o código de barras no supermercado, o ORCID visa atribuir as publicações ao seu verdadeiro autor, distribuindo a cada cientista do mundo um código de 16 dígitos que será sua identidade digital.
Se o ORCID der certo, pode revolucionar a gestão de pesquisas, as bases de dados e permitir novas métricas de produção científica.
Em vez de preencher dados pessoais em inúmeros formulários eletrônicos, associados com a apresentação de documentos de comprovação, um pesquisador poderia simplesmente digitar o seu número de ORCID.
Vários campos seriam preenchidos automaticamente, puxando os dados em bancos de outras fontes autorizadas, como bases de dados de artigos, citações, bolsas e detalhes de contato.
O ORCID não tem a intenção de oferecer tais serviços em si, a ideia é que outras organizações usem o banco de dados de acesso aberto ORCID para construir seus próprios serviços.
Até agora, cerca de 280 organizações, incluindo instituições de pesquisa oficiais, agências de financiamento e editores de periódicos, tornaram-se membros da comissão de ORCID, que foi criada em 2010 como uma organização independente e sem fins lucrativos, em Wilmington, Delaware. Agências federais de pesquisa norte-americanas, como o National Institutes of Health e o National Science Foundation, estão avaliando a possibilidade de integrar o ORCID com uma espécie de Plataforma Lattes gringa, chamada Science Experts Network Curriculum Vitae (SciENcv), que irá criar automaticamente currículos como perfis de cientistas da agência. Estes seriam usados para preencher e atualizar os diretórios pessoais e sites, e para gerar métricas de produção científica. Assim, estas agências poderiam, por exemplo, acompanhar as publicações ou patentes que resultaram de doações, ou verificar se há financiamento duplicado.
Para que o ORCID dê certo, porém, ele precisa se tornar o padrão aceito por todos os envolvidos na pesquisa, de agências de fomento e universidades até editores e operadores de banco de dados.
Expandir o seu uso vai exigir uma melhor sensibilização da comunidade.
Pesquisadores individuais serão capazes de obter um número ORCID gratuitamente a partir do final deste ano, enquanto universidades, empresas e outras organizações irão pagar para realizar a inscrição e, desta forma, sustentar financeiramente todo o sistema.
Até agora, o esquema tem sido sustentado por membros colaboradores, por doações do governo norte-americano e por empréstimos.
Quando as taxas de adesão começarem a ser cobradas, a expectativa é de arrecadar US $ 2,5 milhões cada ano.
Fonte: Nature (Dica da Eveline Aquino, em nosso perfil no Twitter)
Porque não poderia haver um código de barras para cada ser humano?