Terminar a pós-graduação é um alívio incomensurável para alguns.
Outros, no entanto, sentem-se um tanto quanto perdidos.
O objetivo desse texto é analisar algumas perspectivas relacionadas ao término da pós-graduação (stricto sensu).
Mas e aí, existe vida após a graduação?
Parafraseando Drummond, poderíamos perguntar aos pós-graduandos (representados aqui pelo pseudônimo de “José”): “E agora, José? A bolsa acabou, a luz acabou, o orientador sumiu, a tese esfriou, e agora José?”
É claro que, em princípio, não devemos nos desesperar após concluir mais uma etapa de nossa formação, mas, sem dúvida, muitas vezes, a inserção no mercado de trabalho de forma qualificada, após nossa defesa, pode não vir no momento que almejamos, às vezes pode até não vir…
Cada área compreende a valorização profissional de uma dada maneira, mas já foi o tempo em que um título era garantia de estabilidade empregatícia.
Aliás, prova disso é a recente lei 12.772 de dezembro de 2012 que garante que o ingresso no ensino superior federal será permitido a qualquer um que tiver o diploma de curso superior na área do edital.
Na prática, saberemos os desdobramentos dessa lei em um futuro próximo, contudo, poderíamos questionar: o que fazer após concluir uma pós-graduação, em especial os que se dedicaram a ela de modo integral?
Essa lei vem a somar com as inúmeras demissões em massa de mestres e doutores, desvalorização financeira na pesquisa e no ensino aos profissionais mais qualificados, entre outros inúmeros entraves existentes.
O pior de tudo é incorrer ao risco da pós-graduação criar um invólucro, uma “bolha”, qualificando demais os profissionais para determinadas áreas, mas não os aceitando para outras tantas.
Cria-se um “não lugar” ao recente pós-graduando difícil de ser transposto inicialmente, sobretudo àquele que não possui experiência profissional.
Aliás, é justamente o pós-graduando que não possui experiência profissional que pode ter ainda mais dificuldades de inserção.
Ficando afastado do mercado, sua qualificação pode não ser reconhecida como capacidade para o desenvolvimento de atividades profissionais.
O “nó” fica ainda mais apertado quando este mesmo pós-graduando passa a qualificar-se ainda mais, buscando mestrado, doutorado e, às vezes, até pós-doutorado vivendo da ilusória expectativa apresentadas pelas bolsas que, feliz ou infelizmente, uma hora acabam.
Parece contraditório, mas as perspectivas atuais no Brasil podem “enxotar” do mercado mestre e doutores em detrimento de “mãos de obra” mais baratas, ou então forçá-los a receber valores semelhantes aos que não apresentam as mesmas titulações.
Muitas vezes é angustiante dedicar-se alguns (vários) anos, investir na formação, participar de eventos, laboratórios, cursar disciplinas, entre outras atividades e no final das contas defender o estudo e tornar-se desempregado.
No entanto isso pode acontecer com qualquer um.
Alguns preferem protelar o término de suas pós, objetivando manter as bolsas.
Na verdade, todos nós almejamos um “lugar ao sol”.
Não precisamos ser pessimistas, apenas realistas a ponto de entender que a atual configuração de nosso país pode nos afastar desse sol.
E, como resultado, não adianta “tamparmos o sol com a peneira”…
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Texto escrito por Luiz Gustavo Bonatto Rufino – mestre em Desenvolvimento Humano e Tecnologias pela UNESP Rio Claro, graduado em Educação Física pela mesma instituição e membro do Laboratório de Estudos e Trabalhos Pedagógicos em Educação Física. É autor do livro: “A pedagogia das lutas: caminhos e possibilidades”.
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É disso que tenho receio, apesar de ter experiência no mercado, sei que ele quer o experiente mais barato. Sei também que quanto mais qualificados mais existe a probabilidade do desemprego, pois as empresas são míopes, só enxergam o “custo” mass não o bom resultado que alguém pdoe trazer
Só um adendo à sua colocação: em MUITOS casos, ter ou não Mest/Doc de fato muda pouca coisa na qualidade do resultado que o profissional pode oferecer, visto que as pós formam essenciamente pesquisadores. Dependendo da área de atuação, claro.
Texto pertinente, entre tantos que leio aqui. E vejo com mais angústia o fato de os pós-graduandos se afastarem tanto do mercado de trabalho. Em recente concurso para seleção de professores substitutos – de cuja banca fiz parte – era gritante o despreparo pedagógico dos mestrandos e doutorandos que dele participaram.
Mas vamos pensar naquele velho ditado, para os “enamorados”,e transferirmos aqui para a vida Profissional:_Ruim com Ele(A),pior sem ELA(E)!Rs. Tudo que nos faz adquirir mais conhecimento só pode somar,e somar ,sempre vale a pena!
Texto bem escrito, mas a gente já sabe que essa questão existe. Quais as sugestões? E agora José, o que fazer?
falou falou e nao disse nada…
Nossa, esse post me deixou totalmente desmotivada…
Eu me arrependo até o último fio de cabelo de ter feito mestra e doutorado. Não serviu para nada nesse país tupiniquim!
O texto nao respondeu a pergunta inicial! =/
Um colega Angolano que faz doc aqui no Brasil me disse uma vez: “nâo entendo o governo brasileiro, investe tanto na formação do profissional pra depois abandona-lo.” Tenho que concordar com o cara. Não digo que deva ter uma bolsa-qualquer-coisa após o termino da pós, mas o governo deveria criar mais universidades e muitos e muitos mais institutos de pesquisa capazes de absorver todo esse povo que tem feito um mestrado e doutorado, porque senão, pra que investir dinheiro publico em tantas bolsas de pós-graduação que existem hoje?
Estou nessa daí. Sou engenheira, fiz especialização, acabei o mestrado, não me interesso pelo doutorado, não tenho experiência, estou sem emprego e quando tento conseguir algum sou obrigada a ouvir que minha formação é teórica demais. O que me restou foi dar aulas a noite em faculdades particulares para alunos que parecem estar no pré escolar.
Vivo essa angústia. Terminei o mestrado há 1 ano e cá ainda estou, procurando trabalho e pensando seriamente em mudar completamente minha formação pra me adequar ao mercado que pede formações mais técnicas e especialistas em detrimento das generalistas (como a minha). DROGA. Se pudesse voltar no tempo, não teria feito mestrado.
Uma coisa que eu acho errada é a exigência das instituições de fomente que o estudante NÃO tenha algum vínculo empregatício. Como assim?? A pessoa ficará um bom tempo estudando e sem experiência profissional. Quando finalizar o curso terá um ótimo diploma acadêmico, mas um mínimo tempo de experiência no mercado que, muitas vezes, faz toda a diferença…
É esse o meu receio, sair e não conseguir voltar mais. E a dúvida vem, vale a pena arriscar?!
Se eu pudesse voltar no tempo teria escolhido um curso melhor do que Ciências Biológicas… Ir para a área acadêmica foi um grande erro, e a pós não ajudou em nada em minha vida profissional, pelo contrário. Ei, você novato, que está lendo isto, saia dessa vida enquanto tem chance e procure algo mais relacionado ao mercado de trabalho real! Evite sair muito do eixo Medicina, Direito e Engenharia, e nunca subestime o poder de um bom salário!
Lily, depende muito da sua área. Eu sou bióloga e confesso que ficar restrita somente à área acadêmica seja arriscado, por isso mudei um pouco minha área de concentração no doutorado, pois tinha outros planos futuros, mas nunca me arrependi de ter escolhido esse caminho. Não sei se podemos dizer que tal curso é melhor ou pior, acredito que um BOM profissional pode até passar um momento de desemprego, mas não ficará muito tempo assim. A questão é sermos bons e darmos o melhor naquilo que fazemos e as portas se abrirão. Existem muitos professores desempregados? Pode ser. Mas um professor excelente no que faz jamais ficará desempregado. A questão salarial é outro assunto…
A resposta à pergunta inicial é: nem comece a pós strictu sensu. Não vale a pena.
Tentando responder à pergunta, acho que a questão é saber o que se esperar de uma pós strictu sensu. O Mestrado e Doutorado acadêmicos te treinam para ser PESQUISADOR. Acredito que muita gente pensa que a pós vai ampliar as possibilidades de trabalho, quando na verdade é justamente o contrário. De mercado, sobram as instituições de pesquisa e universidades (a maioria públicas) ou grandes empresas que invistam em inovação tecnológica, que são bem poucas. Acho que isso tinha que ficar mais claro nos próprios processos seletivos das pós-graduações.
Entendo o que você quer dizer Cesar, mas discordo um pouco. Acredito que os cursos de pós graduação stricto senso nos dão uma oportunidade de aprender certo conjunto de técnicas que nos permitirão realizar um tal exercício que poderá estar relacionado com a atividade profissional almejada por nós ou não. Acho meio “senso comum” essa afirmação de que os cursos de mestrado e doutorado apenas formam professores e pesquisadores. Na minha opinião falta foco por parte dos mestrandos e doutorandos, as pessoas entram na pós graduação logo depois da graduação, sem saber o que há no mercado de trabalho para ser feito no escopo de sua profissão, ou ampliando muito seu campo de visão ao fazer opção por cursos mais generalistas, quando o intuito da pós é a especialização. Sou economista, não é raro encontrar colegas que depois de formados partiram para a área da sociologia ou outra qualquer que n fim acabou por afastar os colegas do campo de atuação profissional da economia, do que os habilitou para competição no mercado de trabalho. É triste, mas é assim.
Dando um “reply” mais de 1 ano depois… rs Em certas áreas, como Economia, é crucial conhecer as exigências do mercado principalmente pela força motriz desta ciência, que é o estudo de como lucrar amanhã. Porém, em áreas mais old school, como Engenharia, o pós graduando muitas vezes quer é fugir das tendências do mundo atual para poder estar em contato com as fronteiras que dão continuidade ao que foi começado há décadas ou centenas de anos. Eu mesmo só não abandono a engenharia mecânica pela ciência atemporal que encontrei na pós graduação, pois a tendência de mercado (brasil né) é sufocar qlqr tendência ao questionamento, dúvida, filosofia, etc.
Formação teórica sem experiência prática, não garante emprego a ninguém – fato!
O texto é bom, mas não ensina o caminho das pedras.
Creio que a pós graduação seja um caminho para quem almeja trilhar a área acadêmica, que hoje em dia está cada vez mais complicada, já que não existe vagas de emprego no instante que se forma, não resta alternativa a não ser a pós para a maioria, pois quer atuar na sua área ( geralmente). Tenho um amigo que está se formando como Doutor em Melhoramento Genético, simplesmente há poucos empregos para sua especialidade e quando têm é em universidades, em empresas privadas quase não existe, e uma das poucas vagas em instituição pública que ele encontrou a vaga para entrar no processo de concurso, restringiu para realização da inscrição, sendo esta “in loco”, resultado: não vez pois estava em outro estado e o seu capital era insuficiente, normal para quem segue a carreira acadêmica.
Particularmente atuei em 3 empresas diferentes em 3 estados também diferentes dentro da minha área profissional ( apesar de ter 29 anos), mas em cargos com distintas funções (tenho a graduação e atualmente faço uma pós a distância, paga) o que percebi é que o mercado de trabalho privado não se interessa tanto pelo currículo muito especializado do funcionário, mas sim pela experiência na função, dinamismo e adaptabilidade a diferentes funções, notei também que na área em que atuo (engenharia), tanto faz ter mestrado/doutorado ou não ter, o salário de quem entra com menor experiência NUNCA será o mesmo de quem tem maior exp. com um currículo acadêmico anos luz inferior.
Creio que a pós graduação é necessária sim, pois vi colegas de 45 anos de idade fazendo pós e com um currículo de quase 10 folhas e uma experiência profissional fantástica, ou seja, quem está começando agora irá sofrer um pouco para conseguir alguma vaga.
Pensemos bem, pois estamos em um tempo complicado no Brasil, onde não sabemos se muitos títulos e pouca exp. prática é uma coisa boa ou muita exp. prática sem título algum te assegura estabilidade no mercado.
Creio que o Brasil necessite abrir mais vagas de emprego para quem possui nível superior mas sem especialização, o colega acima falou um clichê muito bonito ” …quem é bom não falta emprego…” isso é verdade e quem é mediano, vai morrer na praia?
Uma coisa vos falo queridos(as) amigo(as), o sol é para todos, a sombra não.
Acho aconselhável, terminar o curso de graduação e fazer um concurso para área que terminou, quando vc estiver estabelecido financeiramente, ai sim, vc pode angariar uma vaga no mestrado e doutorado, estes tipos de pós-graduações, são mais fáceis de entrar, mais o mercado de trabalho não. Por isso galera, gastem seus pensamentos e esforços fazendo concurso publico, que lhes darão caminho para sobreviver neste mundo capitalista cruel.
É exatamente esse o caminho que estou tomando amigo, sou recém formado em Administração e estou me especializando agora, porém terminando a pós não pretendo fazer nenhum mestrado nem doutorado enquanto não tiver minha estabilidade garantida com um emprego público que querendo ou não, é o que ainda nos dá uma sensação de garantia nesse país tão cheio de incertezas como o nosso.
Oi galera,
Eu concordo com o texto e com a opinião de vocês. Eu também perdi meu tempo, muito esforço e sacrifício em uma especialização e um mestrado. Não me garantiram emprego algum. Fiquei sem experiência profissional, extremamente desmotivada e infeliz. Arrependo amargamente por ter feito esta escolha. Mas enfim o que resta é seguir em frente. Dica para os novatos: não comecem uma pós graduação sem um objetivo fixo, uma meta, ela pode te ajudar mas quando você já está empregado e não pode ser vista como uma fuga ao desemprego. Pensem nisso!
Concordo plenamente! Fiz Graduação em Psicologia, Mestrado, não passei no Doutorado… E o resultado? Me ferrei! Me vi sem chão, sem rumo, entrei em depressão… Não sabia o que fazer da minha vida. Procurei emprego em mil locais, consegui um que pagava menos que a bolsa, mas “por não ter experiência”, fui enxotada. E confesso que muita gente (inclusive eu!) usa o Mestrado e Doutorado como fuga ao desemprego… De toda forma estou partindo pra área de Educação, mais promissora em concursos docentes. Passei em Pedagogia na Federal daqui e já estou estagiando. O negócio é deixar o orgulho de lado (porque ele não paga as contas) e juntar forças para recomeçar, mesmo que o cargo esteja muito aquém do nosso nível intelectual. Infelizmente a minha história é comum, o lado bom é que não me sinto só nessa luta… O que percebo também é que o Doutorado em nada me ajudaria, talvez fosse até pior no futuro (e com 30 anos na cara e 11 anos de muito estudo nas costas!). Muitos conhecidos terminaram o Doutorado com a CTPS vazia, vazia, e perdidos no planeta Terra sem saber o que fazer, porque vamos combinar que o meio acadêmico parece uma bolha, e que não exige nenhuma postura profissional (vestuário, forma de se portar diante de um superior, saber que você não pode tomar nenhuma decisão sozinho sem antes comunicar ao chefe, etc.). Enfim, desabafei, pois quando iniciei o Mestrado, jamais imaginaria que eu iria passar por tudo isso… Se as coisas melhorarem e eu passar no Doutorado venho aqui contar!
Pois é…lendo o que vc postou eu meio que concordo com vc. tentei pra varios lugares o doutorado essse ano e não obtive sucesso..é F…!
Mededicarei a concursos e sei lá…espero conseguir passar proo doutorado por uma satisfação pessoal , por causa do título e tb pq quem sabe eu não me anime em dar aula em faculdade ne…(se bem q a panela é gde)
Boa sorte para nós!
Ano de 2016 está aí…vou tentar e se passar retorno aqui!
Uma dica que eu dou é não se apegar a lugares, quem for desapegado e buscar emprego nas federais nos estados distantes vai se dar bem. tem muitas vagas nestes locais
É preocupante. Estou terminando o mestrado e admito que não era como eu esperava. Não acredito que o mestrado e nem o doutorado irão te ensinar tanto assim. Obviamente eu não posso falar de todos apenas da experiência que eu tive. O mestrado (e acredito que também o doutorado) seja uma “máquina” de fazer artigo. Você está lá para fazer um ou mais artigos. Levar o nome da instituição e de algum pesquisador*. Acredito também que ao sair estarei limitada ao tema do mestrado que eu fiz e isso pode me prejudicar. Querendo ou não estamos todos limitados ao que é “possível” a nossa região e condição financeira (dentre outras variáveis). Não ter experiência profissional com certeza é uma dificuldade na hora de encontrar emprego. Você já tem X anos e tem Y experiência “teórica” como foi dito e sofrerá por isso depois. Apesar de pensar dessa forma penso que será bem pior se eu não fizer o mestrado. Obviamente apesar de querer o doutorado também penso que preciso tentar um emprego antes disso para ganhar a tal experiência. Infelizmente a parte prática (emprego) e a parte teórica (estudo) não estão conversando. Exigem um doutorado, mas preferem o mais barato que encontrar. Parece absurdo, mas é real. Também não sei a resposta correta nem o caminho a ser trilhado, mas eu acredito que depende muita da área que você seguiu, dos seus objetivos a longo e curto prazo e da região em que se encontra (ou pretende viver) e o resto será correr atrás (independente da sua decisão).
Olá, este post me deixou com enormes dúvidas. Estou formado em eng de petróleo, buscando um mestrado na área. Será que conseguirei colocação profissional, ou mestrado só vai me jogar para carreira acadêmica?!
Fico pensando na quantidade de desabafos que chegaram e transformariam o site em um velório. Já que não posso publicar meu desabafo como texto principal, vou deixar aqui nos comentários…
Universidade é uma farsa! Ilusão e sabemos disso! Persiste-se em pesquisa e na busca de um título de doutorado ou vaga de professor universitário por puro viés de confirmação (querer acreditar acima de qualquer coisa). Alguns suportam fazer pesquisa para rechear o currículo para concursos e outros suportam dar aulas esperando um dia entrar numa universidade federal para fazer pesquisa (baita ilusão), já que dar aulas do nível médio pra baixo é pedir pra morrer (infelizmente as crianças chegam a universidade com quase a mesma cabeça e comportamento). Fiz graduação, mestrado e doutorado numa universidade federal, um ciclo de 10 anos. Sofri, vivi, assisti, e fiquei sabendo de todo tipo de trapaça, mesquinharia, molecagem, fofoquinhas, difamações, perseguição pra afetar meus orientadores, que não podiam ser afetados diretamente e tiveram seus orientandos atacados, ao melhor estilo “quebrem as pernas deles”.
Tive trabalhos roubados (artigos e patentes), mesmo ajudando a tantas pessoas pelo bem do princípio da multiplicação do conhecimento e colaboracionismo. Fiz parcerias com pessoas de outras instituições federais e tudo isso é um lixo. O meio acadêmico é uma mistura de Game of Thrones com Senado Federal. Só não rola dinheiro fácil. Muita sujeira, esquemas e conspirações a troco de nada (até parece que vão ganhar o Nobel). Não adianta trabalhar sério, vão te definir pela aparência, dinheiro, poder que acham que você tem (se tiver ao lado de um pesquisador de nome), e enquanto tiver utilidade (que te fará ser muito “querido”).
O meio acadêmico universitário não é um modelo para a sociedade. Não é um ambiente mais maduro, consciente, honesto, evoluído ou respeitador. É um reflexo da sociedade. Muitos dirão “mas em todo lugar é assim”. Questão então de avaliar o custo benefício, pois, de gari ninguém quer trabalhar (embora como gari você não gere ilusões, tem essa vantagem). Não se pode esperar nada de salvador para o país vindo desses “cérebros” que estão mais para intestino grosso da nação.
Nesse ambiente tem mais respeito o professor que pega as alunas, o que exige ser chamado de doutor até pra tomar um café, o que acumula cargos pra praticar assédio moral, o que fala palavrão, o que faz festinhas e participa de grupos de whatsapp com os alunos sem finalidade científica ou acadêmica, o que rouba ideias e pesquisas até de alunos PIVIC, o que enrola a aula com recortes de figurinhas e colagem em nome da “didática” imbecilizante aprendida na licenciatura (onde por sinal boa parte do tempo se ensina a reduzir o conteúdo a 10% do total ou se faz propaganda comunista). Licenciatura que por sinal não tem cadeiras de oratória, não prepara o professor para situações hostis em sala de aula, e vive bitolado em Paulo Freire como se o modelo dele ou ele próprio fosse um deus com resposta pra tudo. Hoje tenho um currículo até bom (todos dizem e tenho criticismo pra saber) para concorrer a uma vaga numa federal, mas desisti. O resultado nunca é proporcional ao esforço muito por culpa dessas trapaças a que se é vítima quando não se aceitar entrar em esquema.
E nem falei das seleções de mestrado onde o valor da prova cai para 50% da nota (os outros 50% são de um currículo biônico montado pelos orientadores do aluno que já está na federal), tornando impossível um aluno que venha das particulares fazer mestrado numa federal.
De nada vale ganhar o mundo e perder sua alma. A cada concurso que vejo está mais concorrido. Se em 2006 eram 5 candidatos por vaga eu já cheguei a ver 80 (claro que a maior parte desiste da prova no dia). Concursos arranjados (até os professores revelam aos alunos de confiança) numa frequência que deveria ser denunciado ao Fantástico (já que tem mais visibilidade nacional) só para usarem suas câmeras escondidas e deixar os senadores brasileiros menos desamparados nesse mar de lama. Secretários que roubam bolsas, ou exigem o primeiro mês da bolsa de cada aluno do PIBIC ao doutorado e deixam alunos de mãos atadas sem poder denunciar por medo de ficar sem renda ou para evitar que um conhecido ou parente perca a bolsa. Alunos de iniciação científica imbecis que compram brigas de seus orientadores e deixam de falar com os colegas que são orientados por outros professores. E pior, acham que se não agirem de acordo com essas práticas estão sendo otários, e a coisa assim se eterniza, nascendo mais um criminoso que foi incubado para o próximo concurso montado. E aí vem mais um(a) metido(a) a esperto(a) com seus recortes de figurinhas, palavrões, paqueras, faltas, trapaças, propaganda do currículo e dos títulos.
Para sobreviver você sempre precisará de um favor, que mais tarde será cobrado por um dos muitos secretários de satã que vive nas universidades federais e te farão de otário para o resto da sua vida a acadêmica, que já dá demonstrações do inferno que pode ser ainda no estágio probatório SE você conseguir passar em um concurso. E você se verá com mais idade dizendo o que já ouvi de muitos professores: “eu devia ter seguido outra carreira”, “eu devia ter feito direito”, “eu devia ter investido na bolsa”, “eu devia ter aberto um comércio”, “eu devia ter feito medicina”.
O bem eu não sei se existe, mas o mal eu tenho certeza absoluta e não é teoria científica. Desistir dessa carreira amaldiçoada não é morrer na praia, é simplesmente não aceitar aportar em qualquer praia minada e com tubarões
Concordo com gênero, número e grau. É isso mesmo o que acontece. É uma baixaria sem fim. E, na mesma linha do seu raciocínio, tenho um agravante: sou mulher e recém casada. Aí que ninguém quer contratar, porque aparentemente mulheres aos 30 são parideiras compulsivas (e nem quero ter filhos!). Ninguém nos quer. Somos pessoas inteligentes, de aprendizado rápido, no entanto, vejos pessoas cada vez mais incapacitadas empregadas! Já vi gerente de loja de eletrônicos (loja grande e famosa) que não sabia o que era uma rede intranet. Por que a gente não abre uma empresa de consultoria só para funcionários pós graduados? Estou falando sério.
Vc poderia fazer um pós doc com esses ensinamentos rs.
Me chama no email [email protected]
Terminei o doutorado e estou passando por isso… 🙁 … mas não vou atrás de pós-doc só para tampar o sol com a peneira, basta!.. Vou tentar diferente para ver o que acontece!
Olá, Marcos! Estou caminhando para o final do doutorado e, cada vez mais, percebo que não podemos permanecer focados apenas em concurso. Temos que aprender a ter um espírito empreendedor e acreditar no nosso potencial. Espero que você tenha sucesso. Boa sorte!
Sinceramente, acho que políticas públicas que “casem” mercado e academia diminuiriam esse dilema. Vejam o modelo americano em que muitas pesquisas se transformam em produtos no mercado. Agora, no Brasil…
Acho a maior graça quem acha que só por ter um papel na mão com alguns rabiscos mais raros vai conseguir entrar no mercado de trabalho num piscar de olhos.
O modelo educacional do país é que está errado: enxotam o aluno numa graduação, especialmente nas universidades federais, em que é esperado que fique 25h-30h/semana dentro de sala de aula para poder tirar o diploma e, ao final, surpreendem-se que não conseguem trabalho! Ora, fique você 4 a 5 anos desempregado pra ver o quão difícil é se recolocar no mercado, qual a surpresa de que ninguém, nesse país altamente burocrático e oneroso, irá contratar uma “vara verde” por meses até que amadureça o suficiente para ser útil ao negócio?
Isso resolve-se de uma maneira bem simples, mas que implica em muito professorzinho perder a boquinha: reduza a carga horária, deixe o aluno com pelo menos 4 horas diurnas livres. Aí, estimule um ambiente propício para a experiência profissional (seja por meio de Empresas Juniores, PETs ou até mesmo parcerias com os negócios locais da universidade!) e vivências que aproximem o aluno do ideal que é buscado pelo mercado. Só com isso você já garante que o formando tenha alguma experiência além do estágio de 6 meses (que para alguns cursos sequer é obrigatório).
Olhem o que o pessoal da Michael Page, consultorias como BCG, Deloitte falam em suas palestras: “É claro que daremos uma atenção especial para o ‘aluno nota 10’, mas não se preocupem com suas notas ou como foi sua carreira acadêmica. O que nós procuramos é sempre o perfil, e o perfil precisa ter vivências e experiências que auxiliem na formação do profissional. Uma experiência de liderança numa equipe de esportes, uma viagem de intercâmbio, conhecimento de culturas diferentes: esses são, também, valiosos diferenciais para o formando.”
Se todo mundo faz mestrado e pós, mas ninguém consegue emprego, é questão de lógica: faça diferente.
Vcs esquecem que nos brasil existem uma classe de miseraveis que tem mais filhos do que tudo.Ai vcs falam que é preconceito com os pobres,mas vcs acham mesmo que uma empresa vai querer pagam 6 mil de salario para um doutor se ha pessoas passando fome que fariam o mesmo por um salario minimo.Os empresarios nõa querem saber de estudo querem lucro total no seu bolso.Qualquer pessoa pode aprender fazer o que um universitario faz.Trabalhei em uma empresa que quanto emnso estudo vc tinha melhor eles aceitavam,na entrevista eu vi o gerente escolhia o que tinha menos estudo,tinha filhso.Pq sabia que essa pessoa estaria disposta a trabalhar 12 horas se fosse necessario,lembrando que isso por lei é proibido.O controle de natalidade vai ajudar nos pobres nao os ricos.