Certo dia eu me deparei na internet com as “sete regras cardinais para a vida” atribuídas a Paracelsus¹. De forma bem simples, essas regras podem nos ajudar a viver e encontrar algum equilíbrio nas diferentes situações da vida.

Percebi que essas regras, se aplicadas à pós-graduação, podem efetivamente tornar esse tempo mais prazeroso e produtivo.

1) Faça as PAZES com seu passado para que ele não estrague seu presente. Seu passado não define seu futuro, suas ações e crenças sim.
Se você tem rancor de algum orientador ou qualquer “superior” maluco, se não conseguiu superar a tristeza por não ter feito “o que você queria” ou se o seu artigo foi rejeitado três vezes. Não importa! Ficar preso à frustração só vai atrapalhar o seu presente. Então deixa lá no passado o que aconteceu e recomeça todo dia.

2) O que os outros PENSAM de você não é da sua conta. O importante é o quanto você se valoriza e o quão importante que você pensa que você é.
Sabe aquele colega que acha que sua pesquisa não é importante? Sabe aquele fiscal das suas atividades? Sabe aquele parente que insiste em saber se você só estuda? Então, eles não definem o que você é. Não se prenda a isso.Se conheça, se aceite e ame o que você faz. Deixa a “galera” pensar…

3) O tempo CURA quase tudo.
Sabe o bloqueio criativo? Sabe a angústia que precede as defesas? E as frustrações diversas? E a raiva daquela frase que o orientador proferiu?  Pois é, dê tempo, tudo passa! A pós-graduação é uma fase intensa, mas muito curta nas nossas vidas. Se dê férias… Se não tiver como, tenha momentos para descansar e deixar o tempo correr mais solto. E quanto às experiências dolorosas: “as cicatrizes fazem parte de quem nós somos, elas explicam por que somos como somos. Essas situações nos desafiam e nos proporcionam oportunidades para sermos mais fortes”.

4) Ninguém é a razão da nossa FELICIDADE, exceto nós mesmos.
Aqui está a grande importância das escolhas. Pense na pesquisa que você quer desenvolver, escolha seu orientador e programa de pós-graduação de acordo com o seu plano profissional. Saia da zona de conforto! Corra atrás e lute pelo que você acredita. E se não for possível desenvolver sua preferência naquele momento, catalogue informações, leia, mantenha-se ligado no seu sonho. Nem sempre é possível fazer o que nos faz plenamente feliz agora, mas sempre é possível encontrar motivação e felicidade naquilo que fazemos e cultivar os sonhos.

5) Não COMPARE sua vida com a dos outros e não os julgue. Você não tem ideia da história de suas vidas.
Você é daqueles que sempre acha que a pesquisa do outro está mais avançada que a sua? Queixa-se que o Lattes dele é maior do que o seu? Reclama por que ele tem férias e você não? Sente aquelas pontadas de inveja? Se liberte meu amigo! Você está certo em pensar que na pós-graduação muitas coisas dependem de oportunidades. Mas lembre-se que muitas oportunidades nós criamos. Se o gramado do outro é verde e bem cuidado, não esqueça que foi preciso tempo e dedicação para que ele chegasse nesse ponto e você não sabe o custo disso para ele.

6) Pare de PENSAR tanto, não há problema em não ter todas as respostas.
Está certo que ser cientista requer muito raciocínio e reflexão. Mas às vezes gastamos mais tempo presos as limitações no campo das ideias do que às ações.  Por exemplo, às vezes ficamos presos no problema ao invés de procurar solução para ele em mais leituras, talvez nem sempre associadas diretamente ao problema (no caso, científico). Se não houver método, resposta conhecida ou algo para comparar, ótimo! Desenvolva e publique! Se não foi a resposta esperada na sua hipótese ok, isso é péssimo, isso também é ciência. Mova-se mais!

7) SORRIA.
Seja educado e cortez com as pessoas. Nunca sabemos quem será nosso colega ou chefe amanhã e nem quando precisaremos do seu auxílio. Nenhum pesquisador é uma ilha. Você não precisa ser amigo íntimo de todas as pessoas. Mas no mundo que estamos, “por favor” e “muito obrigado” já fazem muita diferença. Precisamos respeitar os colegas, seu trabalho e seu espaço independente se ele é mais difícil de conviver (regra #5). A sua parte quem deve fazer é você (regra #4).

PS: para esse post as sete regras cardinais para vida (“seven cardinal rules in life”) foram traduzidas livremente.

¹Até onde pude apurar Theophrastus Philippus Aureolus Bombastus von Hohenheim (ou Paracelsus ou Paracelso) foi um médico (químico, botânico, alquimista e místico), nascido na Suíça no século XV, a quem são atribuídas algumas descobertas químicas, bioquímicas e inovações médicas. Não encontrei nenhum artigo formal no qual encontrasse que ele escreveu as tais regras cardinais (se você tiver por ai me avisa!). Porém, isso não diminui a simplificação que o autor, seja Paracelsus ou outro, conseguiu fazer das coisas que realmente são importantes para a vida.