Você já recebeu um e-mail com um convite para publicar algum trabalho de congresso, tcc ou algum outro artigo?
Muito provavelmente se tratava de revistas predatórias.
Mas como assim?
Revistas predatórias são publicações científicas que priorizam o lucro em detrimento da qualidade acadêmica.
Elas exploram o modelo de acesso aberto (open access), cobrando taxas de autores para publicar artigos, mas sem oferecer os serviços editoriais essenciais, como revisão por pares rigorosa, edição técnica ou divulgação ética.
Essas revistas operam de forma enganosa, muitas vezes usando táticas agressivas para atrair autores, como e-mails não solicitados (spam) e promessas de publicação rápida, sem critérios científicos.
É basicamente o pagou, publicou.
O termo “predatório” foi popularizado pelo bibliotecário Jeffrey Beall, que, em 2010, começou uma lista de editoras e revistas com práticas questionáveis.
Hoje, identificá-las tornou-se um desafio global, pois muitas se disfarçam de publicações legítimas, copiando nomes de periódicos renomados ou criando sites profissionais.
Principais características de revistas predatórias
Uma das principais características das revistas predatórias é a falta de revisão por pares.
Os artigos são aceitos sem avaliação crítica ou com revisões superficiais.
Outra característica é a cobrança de taxas, nas quais os custos de publicação são destacados, mas não há transparência sobre seu uso.
Além das falsas métricas de impacto, ou seja, alegam possuir fator de impacto inexistente ou manipulado.
E consequentemente, se as métricas são falsas, os comitês editoriais também são!
Listam acadêmicos sem seu consentimento ou com credenciais falsas.
E também fazem solicitações agressivas, contatando autores incessantemente, muitas vezes com elogios genéricos.
Por que são nocivas à ciência?
Revistas predatórias comprometem a qualidade científica uma vez que a ausência de revisão por pares permite a disseminação de pesquisas falhas, plagiadas ou fraudulentas.
Isso polui a literatura científica, dificultando a distinção entre conhecimento válido e informação duvidosa.
E também contribui para o desgaste da confiança pública.
Quando estudos não confiáveis são citados pela mídia ou influenciam políticas públicas, a credibilidade da ciência é abalada.
Um exemplo disso foi a ampla divulgação de pseudociência durante a pandemia de COVID-19.
Outro fator que prejudica a produção de ciência é que esse tipo de publicação predatória coloca em risco a carreira acadêmica uma vez que pesquisadores, especialmente em início de carreira, podem ser enganados e ter seus trabalhos associados a revistas de má reputação, prejudicando sua credibilidade.
Além disso, instituições de fomento passaram a desconsiderar publicações em veículos suspeitos em avaliações.
E por fim, ainda incentivam práticas antiéticas.
Alguns autores, pressionados pela “cultura do publicar ou perecer”, recorrem a essas revistas para inflar currículos, perpetuando um ciclo de má conduta acadêmica.
Como combater?
Revistas predatórias representam um desafio complexo para a comunidade científica.
Seu crescimento reflete falhas sistêmicas, como a pressão por produtividade acadêmica e a falta de regulamentação global.
Combater esse problema exige ação coletiva: autores precisam ser críticos, instituições devem promover boas práticas e a comunidade científica precisa defender a integridade como valor fundamental.
A ciência avança com rigor, transparência e colaboração – valores incompatíveis com o modelo predatório.
Resolver o problema das revistas predatórias demanda ação coordenada em múltiplos níveis: desde a educação individual de pesquisadores até a criação de políticas internacionais.
Enquanto a academia valorizar métricas superficiais e negligenciar a ética na publicação, o modelo predatório continuará a prosperar.
A transição para um sistema científico mais justo e transparente requer não apenas ferramentas técnicas, mas uma redefinição de valores, onde a integridade e o rigor sejam priorizados em detrimento da produtividade vazia.
Você já teve alguma experiência com revistas ou editoras predatórias? Compartilhe aqui com a gente!
Deixe uma resposta