Lendo ao artigo do blog sobre a qualidade das faculdades públicas e privadas me lembrei de uma situação relacionada a um processo seletivo para curso de mestrado.
Em julho de 2012, foi anunciada, de forma discreta, a oferta de bolsas de estudos para um determinado curso de mestrado.
No edital, a instituição, relacionava os requisitos para concorrer à referida bolsa: leitura de obras literárias, apresentação de projeto de pesquisa e documentação no momento da inscrição e a realização de uma prova.
A avaliação aconteceria em meados de dezembro, data considerada hábil para a leitura do material exigido.
Após descobrir, por acaso, da oferta do curso, um interessado apressou-se a adquirir as obras.
Para sua surpresa, grande parte dos livros exigidos estava com suas edições esgotadas, e um deles somente fora editado para o curso de pós-graduação da instituição e, nem mesmo nas bibliotecas dos “campi” era possível encontrar.
Ultrapassada a primeira barreira, e após conseguir o material para a leitura, este interessado iniciou a leitura, que pouco tinha relação com a área que iria pesquisar, e deu início a elaboração de seu projeto de pesquisa.
Fez sua inscrição dentro do prazo do edital, apresentando os documentos exigidos e o seu projeto de pesquisa, quando ficou sabendo que lhe seria informado, por e-mail, a data correta e o local para a realização da prova.
Aproximando-se a data da avaliação, e sem que qualquer mensagem eletrônica lhe tivesse sido enviada, entrou em contato com a instituição que confirmou data e local para a realização do exame, mas insistiu que ele receberia a comunicação em seu e-mail. O que até hoje não aconteceu.
Chegado o dia da prova, o interessado organizou-se em seu local de trabalho, pois tal data se dera em uma sexta-feira às 19h, para chegar a tempo no local sem problemas com o caótico trânsito paulistano.
Chegou à instituição com trinta minutos de antecedência, e após passar pela segurança e identificar-se, se dirigiu à sala onde se realizaria a prova. Não havia sala! Outros candidatos aguardavam no corredor indicado pela segurança da instituição, no entanto, sem qualquer informação aguardavam a fixação de listas de nomes, para que soubessem onde fariam a prova.
Quinze minutos antes do início da prova, adentra ao corredor da instituição outro candidato, e para surpresa do nosso candidato, era um conhecido que acreditava já ser possuidor do título de mestre.
Indagou o nosso candidato: “Você vai ser fiscal da prova?”, e obteve a seguinte resposta: “Não vim fazê-la”.
Acompanhada da resposta veio-lhe a seguinte indagação: “Você leu os livros indicados?”.
E o nosso candidato respondeu afirmativamente.
No entanto, o outro lhe disse que não tinha tido tempo de ler as obras, e que fizera o projeto de pesquisa “a toque de caixa”, porque um colega seu de trabalho era um dos professores do curso e insistira com ele para que fizesse o mestrado naquela instituição, mas na verdade ele queria mesmo era cursar em outra, uma vez que já nela lecionava. Além disso, que não poderia ficar mais do que uma hora realizando o exame, pois tinha compromisso agendado.
Os amigos separam-se, despediram-se e desejaram, mutuamente, boa sorte.
A prova aplicada exigia o conhecimento efetivo das obras requisitadas, e não poderia ser realizada em menos de duas horas e meia.
No dia do resultado, adivinhem quem havia sido aprovado?
Não, não foi o nosso candidato, mas sim o outro, afinal, ele tinha um amigo que lecionava na instituição.
E você, conhece alguma situação assim? Compartilhe com a gente!
Aconteceu comigo algo parecido. Eram 3 candidatos para 1 vaga inicial. O processo seletivo consistia em prova escrita + análise de currículo + entrevista. Tive a maior nota da prova e meu currículo era melhor do que o dos outros dois candidatos.
O orientador ainda abriu uma segunda vaga. E adivinha quem entrou? CLARO QUE NÃO FUI EU. Os outros dois que entraram. Um deles era um cara realmente competente e, por mais que eu tenha ido melhor que ele nas duas primeiras etapas, não me sentiria injustiçado em ser preterido. Agora o outro… sem comentários. Foi QI puro. E depois ainda eu soube que efetivamente as cartas já estavam marcadas pra que ele tivesse sucesso.
No final de 2009, a revista Época publicou uma matéria justamente sobre este assunto. Segue o link da mesma: http://glo.bo/7bQKDs . Há nos comentários da matéria ainda mais casos, parecidos com o exposto aqui. Foi por essas e outras, inclusive, que trabalhei duro, economizei e fiz meu mestrado no exterior.
Que bom que meu texto sobre as faculdades públicas ou particulares inspirou esse outro texto seu, muito bem escrito e de um tema bem interessante. Essa situação acontece muito nas universidades públicas. Eu mesmo para tentar o Doutorado já procurei minha possível orientadora e estou travando um diálogo com ela. Mas infelizmente é assim. É por isso que a Educação ainda não é uma prioridade no Brasil, pois destinam pouquíssimas vagas ao Mestrado e ao Doutorado. No programa no qual vou tentar (só o ano que vem) no edital publicado recentemente a maioria dos docentes só têm 1 vaga para o Doutorado. É praticamente já sabido quem vai passar e quem não vai, como concorrer com 1 vaga só?
Algo parecido comigo também aconteceu. Em um curso de mestrado foram publicados os nomes dos candidatos após homologação das inscrições. Portanto era possível conhecer quem era quem por causa do “Currículo Lattes”. Assim, após a prova, fiquei na expectativa até descobrir que um dos aprovado nem tinha currículo! Interessante, né? Além disto aconteceu o mesmo comigo o que sucedeu com a candidata da reportagem de REVISTA ÉPOCA: Não aparecia as notas. E então? Como é que eu saberia a minha nota e a do outro? Bem suspeito!