Sempre que digo a uma pessoa que eu faço doutorado, já começo a ter calafrios.

Porque em seguida, inevitavelmente, vem uma pergunta do tipo “ah é? e o que você está pesquisando?”

Pronto.

Não existe tarefa mais árdua do que explicar a uma pessoa leiga no assunto o tema da sua pesquisa.

É claro que a gente tem as hipóteses, os objetivos e, se bobear, até a metodologia na ponta da língua.

Mas traduzir tudo isso de maneira simples, concisa e coesa não é fácil.

Ainda mais quando parece ser impossível fugir dos termos técnicos.

Entretanto, a outra pessoa não espera de você uma aula sobre o assunto.

Às vezes ela nem mesmo quer saber de verdade o que você faz.

Quer apenas ser educada.

Terminada esta etapa, dependendo do grau de especificidade do seu trabalho, vem o segundo ato: convencer a outra pessoa da relevância da sua pesquisa.

Porque nem toda pesquisa é sobre a descoberta da cura do câncer ou sobre uma nova fonte de energia.

Existem pesquisas básicas, sobre enzimas, proteínas ou novos materiais cujos resultados são ansiosamente aguardados no meio acadêmico.

Mas vai explicar isso para a sua tia/vizinha/irmã-da-amiga-da-sua-prima.

Traduzir a linguagem do doutorado para o popular nem sempre é uma tarefa simples, não é?

Depois de algumas tentativas malsucedidas, estou pensando seriamente na possibilidade de ensaiar alguma resposta-pronta-engraçadinha para quando for pego desprevenido nesta situação.

Mas, e você, o que está pesquisando na sua pós-graduação?