Se você já fez uma publicação científica certamente já se deparou com as siglas ISBN, ISSN e DOI.

Eles são os principais identificadores de documentos utilizados, mas você sabe o que significa cada um deles?

Você sabia que essas siglas são mecanismos de controle bibliográfico criados e planejados sob uma perspectiva comercial?

Assim, são identificadores internacionais que servem para catalogar, de maneira única e exclusiva, as publicações no mundo inteiro.

Apesar de terem a mesma função não são iguais!

Vamos compreender melhor cada um deles!

ISBN

O International Standard Book Number (ISBN) é um sistema identificador único para livros e publicações não periódicas.

Assim, identifica numericamente o título, o autor, o país e a editora, individualizando-os inclusive por edições diferentes.

Desenvolvido em 1967 pela British Publishers’ Association, no Reino Unido, foi inicialmente chamado de “Standard Book Numbering” (SBN) e utilizado por livreiros e em bibliotecas tendo como necessidade gerenciar seus estoques de livros.

Em 1972, foi oficializado como norma padrão internacional por meio da ISO 2108/1972 (International Standards Organization).

A norma ISO 2108/1972 foi traduzida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), resultando na NBR ISO 2108/2006 a qual estabelece as especificações do ISBN como um sistema de identificação internacional exclusivo para cada formato ou edição de uma publicação monográfica publicada ou produzida por um editor ou produtor específico.

Ela aponta a construção de um ISBN, as regras para sua atribuição e utilização, os metadados a serem agregados à atribuição e a administração do sistema ISBN.

A Agência Internacional do ISBN, sediada em Berlim, controla em âmbito mundial o identificador, orientando e delegando poderes às agências nacionais.

Desde 1978, a Fundação Biblioteca Nacional, através da Agência Brasileira do ISBN, tem a função de atribuir o número de identificação aos livros editados no país.

Assim, o ISBN deve ser atribuído a publicações monográficas impressas (completas ou partes disponibilizadas separadamente), softwares, livros eletrônicos e certos tipos de produtos relacionados que estejam disponíveis ao público (publicações em braile, relatórios públicos, cadernos, diários etc.).

O ISBN deve ser escrito ou impresso, precedido pela sigla ISBN e a cada segmento separado por hífen.

Para aumentar a capacidade do sistema, devido ao crescente número de publicações, e sua variedade de edições e formatos, desde janeiro de 2007, o ISBN passou a ser constituído por treze dígitos, com a adoção do prefixo 978.

A partir do momento que a identificação do ISBN é fixada, ela só se aplica àquela obra e edição, não se repetindo em outra.

Para utilização de softwares, o sistema numérico é convertido em código de barras, o que elimina barreiras linguísticas e facilita a sua circulação e comercialização.

A flexibilidade desse sistema de registro promove a ligação de arquivos e a recuperação e transmissão de dados em sistemas automatizados, motivo pelo qual é aceito internacionalmente.

Como ter ISBN na sua publicação?

Compre um ISBN diretamente no site oficial da agência ISBN do seu país.

No Brasil é a Câmara Brasileira do Livro.

ISSN

O International Standard Serial Number (ISSN) é um código aceito internacionalmente para individualizar o título de publicações seriadas (revistas, jornais, etc.).

Portanto, identifica o título em circulação, em fase de lançamento ou que já saiu de circulação, seja qual for o idioma ou suporte físico (impresso, online, CD-ROM).

Este, então, é um identificador para periódico científico.

Em 1967, começou a ser idealizado um sistema de numeração padronizada para o cadastramento e identificação de cada título de periódico.

Para assumir essa responsabilidade, foi criado no ano de 1972 o International Serials Data System (ISDS), uma organização intergovernamental apoiada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e sediada em Paris.

Na década de 1990, o ISDS organiza-se em rede, formando a Rede ISSN (ISSN Network), responsável no âmbito mundial pela atribuição do ISSN.

A Rede ISSN é representada por 88 centros nacionais e regionais em todo o mundo e coordenada pelo Centro Internacional do ISSN.

Já possui mundialmente mais de 1 milhão de títulos de publicações seriadas identificadas com esse código.

Constitui a mais completa e abrangente fonte de informação sobre publicações seriadas.

Em 1986, a International Standards Organization despertou interesse pela atribuição do ISSN e criou a norma ISO 3297/1975.

A norma define periódico como publicação editada em partes sucessivas.

A ABNT fixou em 1988, a norma NBR 10525 para promover e definir o uso do ISSN, devido à importância que ele reflete como um mecanismo para o controle bibliográfico universal.

O ISSN é um número de oito dígitos dividido em dois grupos de quatro dígitos separados por hífen.

O oitavo dígito corresponde a um caractere de controle calculado por um algoritmo sobre os números precedentes.

Este caractere de controle pode ser X quando o seu valor é igual a 10.

Como ter o ISSN na publicação?

Desde 1975, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), através do Centro Brasileiro do ISSN (CBISSN), é a instituição responsável pela atribuição do ISSN no Brasil.

DOI

O Digital Object Identifier (DOI) faz parte de um sistema que oferece identificadores digitais para objetos.

Por exemplo, publicações científicas como artigos e teses, e que permite a identificação precisa e inalterável de qualquer tipo de entidade – seja física, digital ou abstrata – no ambiente da internet.

O DOI tem como principais funções associar a cada documento eletrônico um identificador único, que atua como um mapeador que redireciona os utilizadores para um conteúdo, independentemente de onde este esteja hospedado.

Além de funcionar como um mecanismo de hiperlink embutido nas listas de referências de outros documentos eletrônicos, permitindo o acesso integrado entre as referências.

A infraestrutura do sistema DOI é definida pela norma ISO 26324, denominada Information and documentation: digital object identifier system, e é promovida pela International DOI Fundation (IDF), uma organização controlada por um Conselho Executivo, eleito pelos membros da Fundação e que gere o desenvolvimento, as políticas e o licenciamento do sistema DOI às agências de registro.

A CrossRef é a principal agência de registro da International DOI Foundation, propondo ainda outros serviços para o setor de publicações científicas.

Vale ressaltar que o DOI não substitui os sistemas de identificação ISSN e ISBN.

O objetivo do dele é oferecer serviços complementares, e os metadados obtidos a partir de um determinado DOI podem referenciar os esquemas de identificação existentes.

O DOI atribui um número único e exclusivo a todo e qualquer material publicado.

Este número de identificação é composto por duas sequências: um prefixo (ou raiz), que identifica o publicador do documento, e um sufixo, determinado pelo responsável pela publicação do documento

O prefixo é um número de quatro ou mais dígitos associados a uma organização ou editora que é atribuído pela autoridade de registro e apresenta-se como um código numérico sempre iniciado com ‘10’.

O sufixo é determinado por essa editora e foi concebido para ser flexível e adaptar-se às normas de identificação particulares dessa editora e refere-se a um código alfanumérico definido a partir de um consenso.

No Brasil, a Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) utiliza o DOI como uma forma de certificação digital das produções bibliográficas registradas pelo pesquisador em seu currículo Lattes.

Como ter o DOI na publicação?

A forma mais comum de obter um DOI é publicando seu artigo em revistas científicas ou apresentando-o em conferências que já possuam convênio com agências de registro de DOIs.

Outra forma é a por meio de universidades e instituições de pesquisa têm parcerias com agências de DOI e podem fornecer o identificador para teses e dissertações.

Ou ainda em serviços que permitem a pesquisadores independentes registrar DOIs para seus trabalhos, como a CrossRef ou a DataCite ou publicando em editoras acadêmicas.