Não passar em um concurso é sinal de fracasso?
Acho que uma resposta adequada para a pergunta acima seria, talvez!
Mas antes de discuti-la vamos começar do início…
Prazer! Tenho 31 anos, sou graduado em química, com mestrado e doutorado em físico-química. Parte do trabalho de doutorado foi realizado na Itália e com um dos maiores expoentes na minha área de pesquisa, como coorientador.
Sim! Falo italiano, além do inglês. Realizei estágio pós-doutoral no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), uma experiência fantástica, diga-se de passagem. Publiquei alguns trabalhos em importantes revistas internacionais, mas não sou alguém diferenciado quantitativamente, infelizmente. Estou na média… Tenho experiência de ensino desde a etapa fundamental (dei aulas de matemática para turmas do 6° ao 9° ano), passando pelo ensino técnico, até o nível superior (fui professor substituto).
Entrei na faculdade em 2004 ainda na época da febre dos vestibulares e a sua então indústria de “aprovação” (em alguns locais, ainda não é diferente com o ENEM…), com 11 candidatos por vaga. Passei entre os primeiros lugares e não foi diferente nas seleções de mestrado e doutorado. Desculpa a sinceridade, mas sou uma pessoa mal acostumada com elogios…
Venho de uma família muito pobre, sem nenhuma tradição educacional e com algum histórico de violência doméstica… Desde novo sempre gostei de coisas “estranhas”. A placa eletrônica do rádio me interessava mais do que as suas músicas. Enquanto os outros garotos queriam ficar comer aquela menina bonita da escola, eu só pensava em fazer aquele maldito helicóptero movido a bateria de 9 V passar de 1 cm do chão…
Sim, perdi a virgindade com 21 anos… Percebi esse sorrisinho no canto da sua boca. Pode parar! Mas fique tranquilo, você não vai perder o “céu” por isso.
Retomando os “elogios”, eu era aquele cara que durante a graduação entendia as coisas mais difíceis e explicava para os meus amigos. O meu curso era de 4 anos, mas foram necessários somente 3,5 e acho que, caso fosse permitido na época, faria em bem menos. As maiores notas por várias vezes eram as minhas.
Ah! Isso nas horas vagas, porque na maior parte do tempo eu estava indo e voltando da faculdade a pé, que ficava a 7 km da minha casa, de manhã, de tarde, de noite, na chuva ou no sol. Não tive dinheiro pra comprar nenhum livro durante a graduação e acho que eu tenho uma dívida milionária em direitos de reprodução de obras com alguns autores…
O meu orientador no Brasil, apesar de nossas diferenças (aquele antigo caso de “amor” e “ódio”) não me poupava elogios. Um me marcou. Certa vez, após um seminário de grupo, ele disse: “Antônio, é impressionante como tudo fica fácil quando você explica! É como se o seu cérebro mastigasse essas coisas e você nos guardasse no estômago!” Ele é um cara legal! Além de ter mais de uma centena de artigos. Só pra constar, o título do seminário era “Mudanças de Base em Espaços Vetoriais para Aplicação no Estudo Quântico de Sistemas 1D”.
Escrevi o meu primeiro artigo, ainda na iniciação científica e sozinho. Entreguei ele completo apenas para a revisão do meu orientador. Foi aceito! Como professor, sempre me sai bem. Sou apaixonado por dar aulas e pelo convívio com aqueles serzinhos “ávidos por conhecimento”. Por onde passei, principalmente na UFSJ, não deixei ex-alunos, deixei fãs!
Mas Antônio. Por que você está nos contando todas essas besteiras?
Por vários motivos.
Um deles é economizar na consulta com a psicóloga. Outro motivo será explicado abaixo.
Comecei a minha saga com os concursos em 2013. Foram aproximadamente 15 até aqui. Devo ter gasto seguramente em torno de R$ 20.000,00 com isso. Já fui aprovado em 4°, 3° e 2° lugares, mas nunca em primeiro. Já fui reprovado também! Inclusive na prova escrita, sem nem mesmo a chance de fazer a etapa didática. Acho inclusive isso muito humilhante…
Alguns concursos foram honestos e a culpa foi inteiramente minha. Em outros a vaga já tinha dono prévio. Os meus amigos não entendem como eu não passei até hoje. Mas os acontecimentos dessa semana me fizeram entender. Fui reprovado novamente e essa foi a última vez!
Por que isso acontece comigo? Aqui vão algumas explicações desculpas: do ponto de vista político, não aceitaria de forma alguma qualquer tipo de beneficiamento ilícito. Também não sei “puxar saco” de ninguém! Trato todas as pessoas com a dignidade e respeito que mereçam, independentemente do currículo Lattes que elas tenham (ou não tenham).
Já do ponto de vista técnico, não sou adaptado (Darwin sacana!) para o estilo de prova corrente. Escrevo devagar comparado aos outros candidatos, a minha letra não é bonita, por mais que eu me esforce hoje, acho o processo todo muito tenso, as minhas mãos tremem, fico com a musculatura do corpo toda rígida durante a semana de provas, sempre acho que, apesar de estudar muito, não sei nada sobre os tópicos do edital a serem sorteados, as expressões de “segurança” e “capacidade” dos demais candidatos me apavoram… Antes que vocês possam me recomendar, sim já fui no psicólogo, psiquiatra,… É uma longa história…
Mas a pior parte de tudo isso, são as expectativas. Como dizem por aí, crie um elefante branco ou um pônei rosa, mas não crie expectativas! Desde a minha primeira bolsa de iniciação científica tenho pessoas muito queridas, que as amo muito, que dependem de mim. Elas sofrem comigo em cada reprovação…
Não quero me alongar mais e vamos ao que de fato é importante, a pergunta inicial. Fracassar é não alcançar um determinado objetivo proposto. Logo, por mais de dois anos, sim. Fui fracassado! Mas hoje não sou mais. Desisti! Não tenho mais o objetivo de ser professor em uma instituição pública, ter um grupo de pesquisa e afins… Ser professor/pesquisador na iniciativa privada? Convenhamos, não sejamos inocentes. Mas vamos deixar esse tópico para um outro texto.
Estou cansado! Vocês sabem, abrimos mão de muita coisa nessa trajetória acadêmica. Quantas noites mal dormidas, mas não na mesa de um bar e sim na escrivaninha do seu quarto. Quantas pessoas legais passaram por nós e se foram, enquanto nos preocupávamos com as normas da ABNT.
Quantos primeiros sorrisos e primeiras palavras dos nossos pequenos perdemos enquanto estávamos longe fisicamente ou mesmo próximos, vagando na dimensão abstrata em que se argumenta pessoalmente (e em português) com o referee chinês do seu mais novo artigo. Você sabe o que é ir pra casa e deixar o seu trabalho no trabalho? Eu não sei e talvez este seja um dos meus erros! Mas essa fase passou… Acho que vou assumir uma oportunidade que consegui como químico no exército (Oficial Técnico Temporário).
Vou continuar escrevendo algumas coisas, tenho trabalhos na área de educação que eu gostaria de publicar também um dia, tenho dois livros que eu gostaria de finalizar, mas agora despretensiosamente e sem grandes sacrifícios. Esses (até) sete anos de trabalho como oficial vão trazer mais qualidade de vida para a minha família e um fôlego para que possamos planejar as próximas etapas… Enfim, vou poder morar na mesma cidade da minha esposa! Chega de trabalhar em outro estado ou outro país. Temos uma pequena de quatro meses agora em forma de bochechas, olhos verdes e doçura.
Quero voltar pra casa durante a semana depois do expediente, tirar o meu calçado, lavar as mãos e correr brincar com Alicia no chão da sala. Quero assistir um filme ou um episódio daquela nossa série favorita com a minha esposa de pijama e embaixo do edredom. Quero tocar violão e cantar com ela, como já fizemos em raríssimas oportunidades.
Quero ir na casa da minha mãe no final de semana e aproveitar mais a adorável e infelizmente efêmera companhia dela. Parecem coisas simples, não é? Mas às vezes poder ser complicadas de obtermos na nossa área.
Pra finalizar, gostaria de ser um pouco cafona. Estava tocando aquela música agora a pouco
“cuida bem dela
ela gosta que reparem no cabelo dela”
Senti como se fosse o meu subconsciente cantando pra mim. Sim, hoje não sou mais um fracassado e vou cuidar delas.
O papai está voltando pra casa, princesas! De verdade!
Que texto depressivo!!!… Péssimo p qm está no terceiro ano de doutorado e parou p tomar uma café às 10 da noite depois de ter “estudado” o dia todo! :'(
Mas é a pura realidade. … não pense que bolsa sustenta alguém. .. elas acabam…. e a vida real continua!!! E na verdade começa. …..
Parece que vc está contando minha história, com a diferença que depois de “fracassar” em vários concursos, adquiri uma doença crônica e não consigo trabalhar mais nada. Estou com a licença médica de professora de 20h di estado. Ou seja, 20 anos de vida dedicados a um projeto que além de não dar certo, afetou minha saúde, talvez, de maneira irreversível…
Oi Patrícia, que doença crônica é esse q vc está falando??? tbm estou um problema crônico e estou em duvida se continuo estudando ou nao. O meu é na coluna
é bom pra ir acostumando
A realidade e dura… ?
Tomara q p vc seja mais facil!
É triste, mas é uma coisa que você deve ter em mente, até para ir se planejando pro que vai acontecer, ainda mais em tempos de crise
Triste realidade… infelizmente! O mercado de trabalho sempre diz que não há gente qualificada disponível, mas o mercado também nos ignora e desvaloriza pela nossa qualificação! Triste realidade!
existe vida pós-bolsa? kkkkkkkkkk
Carlos Bortolo acho q vc nao deveria deduzir q eu vivi a vida inteira de bolsa ? E sim, o texto desse rapaz é a realidade. Conheço pessoas que tentaram bem mais q dois anos prestar concurso publico para professor, uns atingiram seus objetivos, outros acabaram escolhendos outros caminhos. Eu entendo a frustacao desse cara q escreveu esse texto, que fez essa bonita reflexao sobre os seus proprios valores. Porem, nao achei que me acrescentou nada alem de me deixar triste. Afinal, nao acho q ele seja um fracassado de forma alguma. Como muitos disseram essa a é realidade, ou uma versao dela. Prefiro as mais otimistas, mas isso é pessoal. Nao acho que bolsa sustenta alguem p sempre e tenho consciencia de q uma vaga num concurso publico pode nao acontecer. Eu trabalho desde o 16 anos. Nao vou me importar em “trabalhar” como uma pessoal “normal” de novo! ?
Que bosta
Estou esperando há 6 meses por uma bolsa de pós doutorado e esse texto veio bem a calhar. Como o eu lírico deste texto vivi exatamente como ele. Finais de semana perdidos, noite mal dormida, até a pressa de encurtar o almoço ou o cafezinho no lab pra render mais. Para que? Não tenho garantia de nada. Nunca consegui aulas em particulares apesar do meu currículo ser legal. E vejo alguns colegas aprovados em concursos que escrevem “mais” no lugar de “mas”. C’est la vie mes amies!
Eu tbm estou esperando a bolsa de pós doc, mas cansa tbm viver de bolsa, sem a estabilidade que lutamos tanto para ter e conseguimos (qd conseguimos…) tão tardiamente…. Enfim, tentar os concursos é meio caminho andado, quem não tenta não passa mesmo 🙁
Eh a real, o limbo do pos doc só cresce.
Marina, agora com a crise e a escassez de concursos só tende a aumentar né, que hora p gente defender o doutorado kkkkk
Também tô nessa defendo ano que vem!???
Por isso que por hora, vou ficar com o mestrado. Nada de emendar doutorado, pos doc… . Meu medo é essa incerteza e as grandes expectativas
Achei lindo o texto. Me identifiquei com boa parte dele e acredito cada dia mais que existe vida além do Lattes, além da Universidade!Existe a nossa vida pessoal. Só depende de nós construir laços emotivos.
???????
Me veio à mente uma imagem que circulou há alguns meses pela rede e que trazia a seguinte frase: ” Viver não cabe no lattes.”
Haha verdade! Usei esta imagem como capa por bastante tempo no facebook. Perfeita!
Estamos em um país corrupto onde tudo é “arranjado” ou ” vendido” como vagas do curso de medicina que eternamente se escutam em reportagens por ai . País de bosta que vai demorar séculos para se tornar uma civilização correta e honesta !!! Eu odeio esses malditos concursos.
Seja direto no que quer falar passou metade do texto fanlando de si mesmo isso é irritante e com uma estoria estremamente mentiros
Oi colega.
Fica atento na UFES em Alegre e São Mateus, lá é fácil passar. Na verdade, qualquer interior já é bem mais fácil, mas nesses lugares eu tenho certeza porque fiz faculdade lá. Sério, vc tem chance.
É sim
Creeedo quanto desânimo!! 😛
Quanta realidade!!
Concordo! Kk
Bom texto. Como diz aquele velho ditado… tudo demais é veneno. Ou aquela frase que vem acompanhando as propagandas de cervejas… aprecie com moderação. Muita gente não consegue equilibrar as coisas, ou é estudo demais ou é diversão demais.
Eu senti a dor desse pesquisador. Senti na alma. Era exatamente este sentimento que me corroía há um ano e meio atrás quando optei por não dar seguimento à vida acadêmica. Quando finalizei o meu mestrado com êxito, mas disse não às próximas seleções de doutorado. Eu amo o que fazia, por muitas vezes sinto muita, muita falta. Mas, o fato de não ter expectativas estava me consumindo. Eu me perguntava todos os dias se valeria a pena tanto esforço? Eram tantas dúvidas… Fui tachada de louca! Mas, sou uma louca feliz!! Leve!! Tranquila. Um trecho desse texto me descreve: ” Quero voltar pra casa durante a semana depois do expediente, tirar o meu calçado, lavar as mãos e correr brincar com Alicia no chão da sala. Quero assistir um filme ou um episódio daquela nossa série favorita com a minha esposa de pijama e embaixo do edredom. Quero tocar violão e cantar com ela, como já fizemos em raríssimas oportunidades.
Quero ir na casa da minha mãe no final de semana e aproveitar mais a adorável e infelizmente efêmera companhia dela. Parecem coisas simples, não é? Mas às vezes poder ser complicadas de obtermos na nossa área.”
Sensacional! Muito bom esse texto. Foi um ótimo desabafo e lição de vida a todos nós. Só é uma pena não termos o nome completo do autor.
Cara, obrigado por este texto, veio bem a calhar para o momento de caçar concursos enquanto se aturam insanidades de desorientadores e perspectivas macabras para as instituições públicas e pós graduação no país.
Boa sorte nesta próxima etapa!
Sensacional Antônio, eu e mais centenas ou talvez milhares de pós-graduandos nos identificamos com seu texto. No mais tenho duas coisas a dizer:
Excelente escolha e cuide bem delas!
Amei o texto mostra bem a realidade dessa vida acadêmica e desses concursos!!! Me identifiquei bastante com cada palavra!!!! Parabéns pelo texto e acredite um dia a hora de todo mundo chega!!!
Oh!!! Adorei o seu depoimento!! Também me sinto assim…sacrifiquei tanto a minha vida para poder estudar (passava noites em claro estudando!)…hoje em dia estou terminando o meu doutorado em Portugal, longe da familia e dos amigos…tem sido muito dificil…voltar pro Brasil e ser uma doutora frustrada…a vida é esquisita…
Olá, sou Lucas, tenho 24 anos e estou no 4º semestre do mestrado em Ciência da Computação.
Estava procrastinando no facebook quando vi a postagem e resolvi dar uma olhada.
Desde que me formei (há 2 anos), presto alguns concursos esporadicamente.
Alguns foram concursos da área acadêmica, outros não, não cheguei a me preparar bem para nenhum deles, mas não fui para a 2ª fase em nenhum deles.
Não tenho ainda currículo para ser aprovado, fiz as provas mais para saber como funcionam e ter uma experiência.
A minha defesa esta marcada para daqui aproximadamente 5 meses, e depois dela sinceramente não sei o que fazer.
Gosto da carreira acadêmica, gosto de pesquisar e contribuir com a sociedade com um trabalho desenvolvido por mim, mas tenho muito receio de não conseguir um emprego após o doutorado, já que tudo depende de concursos e análises altamente subjetivas com a prova didática.
Enfim, fazia tempo que eu não lia um texto sincero como o seu, senti que foi um grande desabafo.
Vou deixar aqui para reler daqui 6 meses, quando a decisão entre prosseguir na área acadêmica ou partir para o mercado chegar!
Abraços, boa sorte e aproveite a sua família =D
Olá, Lucas. Estou nos seus “6 meses depois”… Acabo de defender a dissertação. Sonhando com uma vaga na indústria, até comércio tentei. Mas a realidade é que se assustam com o fato de termos mestrado. Ouvi recomendações de “esconder” o título do currículo para ver se conseguia a vaga. O fato é que me perguntam o que eu fiz durante esses dois anos. Obvio que vou ter que falar que fiz pesquisa, mestrado. Resultado: não contratam. Querem experiência. E não dá mais tempo de participar de programas de trainee ( máximo de dois anos de formado… Será?) . Além de tudo, cometi o fato de defender em época de crise, que significa: empresas não contratam. Alia-se ao fato de terem diminuido a disponibilidade de bolsas de doutorado (que temo fazer por inúmeras razões relatadas). Enfim, resolvi estudar para um concurso específico. Gastei muito comprando material bom… e…adivinha só? O concurso previsto foi cancelado. No momento, estou me adaptado e estudando para concursos locais e tentando conseguir alguma grana dando aulas particulares para crianças.
Oi Lucas, e você conseguiu atingir seus objetivos?
Nossa, me vi muito nesse texto. Sempre fechei os olhos para o modo como algumas pessoas conseguem passar tão facilmente nos concursos.. é triste, mas é verdade essa história de “cartas marcadas”. Área complicada essa nossa…
Muito bom!! Me super identifiquei!
Tenho uma amiga que aconteceu a mesma coisa. Ela ficou em segundo lugar em um concurso e depois de 8 mesmes ela foi chamada e assumiu na semana passada em um Instituto Federal. Mas até chegar aí ela sofreu muito. Eu acredito que ha um momento certo para as coisas acontecerem na nossa vida. Penso que outra boa opcao é usar o nosso conhecimento para empreender. Desejo boa sorte a todos!
Ela foi chamada pela mesma instituição para a qual prestou o concurso?
Chamaram ela para um campus de uma cidade vizinha que foi ainda melhor porque fica mais perto da cidade da família dela.
Grazi Esteves estou nessa situação. Fui aprovado em segundo lugar em uma Instituição Federal e estava contando com isso, mas após incontáveis emails enviados as coordenadorias de instituições federais que poderiam me chamar e que me informaram da previsão de não contratação por esse e pelo próximo ano, me sinto desanimado.
Eu imagino como deve estar desanimado. Eu acompanhei de perto a aflição dela. Ela ficou em segundo lugar por décimos porque seu título era de área correlata e não específica. Ela entrou com recurso, mas foi negado. Então ela conseguiu uma bolsa de pós doutorado e disse que só iria prestar concurso de áreas específicas. Quando ela já tinha desistido chamaram ela para uma substituição e depois efetivaram ela. Eu acredito que nesse caso como o concurso foi para o Instituto Federal do Sul de Minas que possui vários campus em expansão deu certo, mas em grandes instituições com um único campus talvez seja mais difícil. Essa é uma opinião particular minha. Mas não perde a fé, sua hora chegará. Forte abraço.
Me identifiquei totalmente, apesar de nao ter tido uma trajetoria academica brilhante como ele. Concurso para docente em universidade publica, com os “criterios” atuais? Puro desperdicio de tempo e dinheiro. Tambem nao me enquadro e estou fazendo outras coisas…
Bah eu não quero viver isso, não mesmo! Talvez um mestrado! O caminho ta difícil igual sem nada disso! Uma hora chega minha hora hahahaah
Texto perfeito! Precisava ler isso hoje! Realista, algo que falta muito por aí! Ainda mais num meio como o nosso, que nada valoriza a pesquisa e tem critérios bastante duvidosos na grande maioria dos concursos! Adorei a sacada dele pro “ser fracassado”: podemos até ser enquanto estivermos tentando algo que por razões pessoais (pois é, ninguém sabe o que a gente já passou na vida pra ser como a gente é) ou mesmo alheias aos nossos esforços (“donos prévios” pra vaga de concurso? ah vá!?) não nos fará atingir o objetivo, mas a partir do momento que mudamos o nosso foco e o próprio objetivo, mudamos também esse significado! Aliás, não acho que alguém possa ser considerado fracassado com tudo que ele descreveu que fez até hoje, mas se a ignorância alheia prefere considerar assim, tudo bem! O que importa é o que fazemos da nossa vida, os valores e os propósitos que damos à ela, e isso só diz respeito à nós mesmos.
Sim. Próximo!
Poxa Antonio, me vi em cada linha do seu comentário, em cada frustração e em cada obstáculo, de verdade. A gente realmente se sacrifica muito pelo que gosta e realmente nem sempre tal sistema atende às nossas expectativas né? Por mais que saibamos que criar pôneis rosa ou arco-íris seja mais sensato, somos humanos e certas expectativas chegam mesmo que involuntariamente, pois seria a coroação de tantos esforços e renúncias por esta escolha/vocação. Lendo seu texto, acho que só confirmou toda a carga de pesar que eu tava sentindo estes tempos sobre o quão dificil é ingressar na vida acadêmica na docência. Em meu caso, sequer tive a chance de ter toda a experiência docente que disseste, porque “tenho cara de nova demais”, ou ainda porque “não tenho experiência”. Oras, como vou tê-la se já me negam assim de cara? Também não sou a pessoa quantitativista, então passei por estas frustrações nos concursos, alguns obviamente com dono pré-marcado. Enfim, agradeço muito pela lucidez de suas palavras, isso me ajudou a pensar e ponderar futuras escolhas daqui da metade do meu doutorado em diante. Boa sorte pra ti e pras suas princesas 🙂
Texto realista… concurso quase nunca é o melhor, de fato.
Muito bom o texto e o exemplo de vida! Acredito que pouquissimos de nós é capaz de chegar a este ponto da carreira e decidir que não quer seguir adiante ou concluir que não é o que quer para sua vida, mesmo com todo o esforço que levou para chegar aonde está. É preciso muita coragem! Acho que muitos não fazem o mesmo por ego, por atender expectativas de outras pessoas ou por medo de não se encaixar em outra carreira. Bravo!
Lacrimejei. Sério.
Minha gratidão por compartilhar da sua lucidez e da sua coragem.
Abraços.
É, meu abandono à vida acadêmica vem dessa linha de raciocínio! Eu já não sou das melhores, não tão foda quanto esse cara e outros que conheço de perto, imagina as minhas chances? Tô fora! Vou viver!
Obrigado pelo relato Antônio. Atualmente venho passado por sentimentos semelhantes na medida em que o reconhecimento quase nunca compensa o esforço gasto. Hoje estou no terceiro do doutorado, é muitas vezes sim, me arrependo de ter entrado, porque por mais que goste do que faço, são tantos sacrifícios e tudo que posso ter é uma bolsa sobrevivência. Tudo de bom para você é sua família.
Chorei!!!!
Caro! Que texto ótimo! Totalmente apoiado! Algumas lutas valem a pena, mas não é jamais a “posição” ou a “fama” que determinarão isso. Só a causa que se abraça na vida pode dizer se uma coisa vale a pena ou não. Me senti super acompanhada por seu texto!
Foda cara…. Não vou dizer que ” sei como você está se sentindo”, pois você passou por situações realmente muito chatas, as quais nunca cheguei nem perto de vivenciar. Mas, algumas delas eu realmente me identifiquei: “Estou cansado! Vocês sabem, abrimos mão de muita coisa nessa trajetória acadêmica. Quantas noites mal dormidas, mas não na mesa de um bar e sim na escrivaninha do seu quarto. Quantas pessoas legais passaram por nós e se foram, enquanto nos preocupávamos com as normas da ABNT.”
Vejo isso desde a minha graduação. Depois que terminei o mestrado arrumei um emprego na indústria de óleo e gás, e realmente me sinto mais acomodado do que o normal com a minha vida acadêmica, não tenho o mesmo pique de antes. Já passei por tanta coisa que agora eu queria curtir a sensação de ter um emprego estável, poder chegar em casa e fazer o que quiser da minha vida. Ver um filme, malhar, correr, sei lá. Meu doutorado esta saindo num ritmo super lento.
Vai fundo, aproveita a sua nova oportunidade e curta sua família. E , por mais clichê que isso pareça, a vida é muito dinâmica e você sempre deve traçar novos objetivos. Por fim, não desista de seus sonhos.
Era td que eu precisava ler hoje.
Muito bom!!!!!
Parabéns!!!!
Um pouco de realidade compartilhada faz bem a alma.
Obrigada por compartilhar da sua experiência. Eu estou passando pela mesmíssima situação. Já fiz 2 concursos, um inclusive para professor substituto em que eles queriam que o então aprovado ficasse 2 meses no cargo, eu recusei! Acho que temos que nos negar aos absurdos que nos são oferecidos. Não quero fazer pós-doc agora e sou tratada como louca! Vou arranjar um emprego como qualquer ser humano e não vou morrer se não for aprovada em uma Federal! A vida é muito maior que isso!
?????
Sem palavras… obrigado por compartilhar! Me senti até mais confortável com a “nossa” atual situação! Seguimos com a luta!
Cara…. me identifiquei muitooo com sua história, salvo algumas ressalvas. Meus pais não têm sequer o ensino fundamental completo (e eu tb tenho histórico de violência familiar), eles, nunca entenderam pq eu quis entrar na faculdade e até hoje não entendem. Entrei na Uerj em 2003 pelas cotas. Me formei e fiz a prova do mestrado só para ver como era. Passei em segundo lugar na prova escrita. Minha orientadora me elogiou horrores. Defendi em 2010 depois de passar por algumas barras muito pesadas. Embora fazer doutorado fosse o meu sonho, resolvi dar um tempo antes de tentar. De 2008 a 2010 dei aula em bons lugares, todos os níveis. Em 2011 estava desestimulada com o magistério. .. dava muitas aulas, para muitas crianças que tinham muitas necessidades de todas as ordens, muito além do que eu poderia oferecer para elas como professora… Não tinha final de semana, toda quinta feira minha voz começava a falhar… enfim, estava à beira do surto, mas o dinheiro era bonzinho e, apesar de toda a minha angústia, em todos os lugares onde trabalhei os alunos me amavam. Com alguns, inclusive, tenho contato até hoje. Em 2011 entrei como oficial temporário da Marinha. Larguei todos os meus empregos onde eu era reconhecida e todos os meus alunos que me amavam. Meu primeiro ano como militar foi terrível. Era humilhada a toda hora. Não me deixavam dar aula pq diziam que eu não tinha competente. Me colocaram como uma espécie de secretária de uma professora civil que pensava que ainda estava no século passado e se sentia uma almirante. Eu chorava todos os dias de manhã. Queria ir embora, mas para onde sem dinheiro? Meus pais dependiam de mim… comecei a tomar remédio controlado… tomei por 6 meses e aí fiquei mais forte e aprendi a lidar com algumas situações. Tinha um grande medo de emburrecer, ficar defasada, então em 2012 resolvi entrar no doutorado, mesmo sem permissão do almirante (sim, eu precisei pedir permissão para estudar e levei nega pq eu era temporária e esse “investimento” não retornaria para a Marinha)… saí fugida do quartel muitas vezes para ir a aulas, eventos e encontros do laboratório. Juntava folgas, férias tudo o que eu podia. Estudei muitas noites de madrugada, dormindo apenas duas horas pq teria que acordar às 5h da manhã para voltar para o quartel. Ah esqueci de dizer… em 2012 finalmente me deram turmas… turmas minhas para eu dar aula! Com o contra-cheque de militar comprei facilmente minha casa e levei meus pais para morar comigo. As coisas estavam melhorando e o que não estava acabava valendo a pena por td o que eu estava conquistando. Dar aula na Escola Naval foi a melhor experiência da minha vida profissional. Para ser uma melhor professora, vi que eu tinha que ser uma melhor militar, ser exemplo, vestir de fato a camisa da força. E assim o fiz. Comecei a me destacar… primeiro como militar, depois como professora… até que em 2014 decidiram simplesmente tirar os militares de sala de aula e mantê-los desviados de função em serviços burocráticos (sim, eles podem fazer isso). Foi quando, depois de 4 anos como militar, decidi pedir baixa. Não tinha nada certo ainda…. submeti um projeto de sanduíche à Capes e hoje estou morando na França. Foi a forma que encontrei de manter a minha dignidade e terminar de escrever a tese. Na Marinha ninguém acreditou que eu teria coragem de fazer. … Vários comandantes e o almirante me pediram para ficar… Não queriam perder a oficial… e eu queria que eles não quisessem perder a professora… enfim, joguei tudo pro alto. Foi difícil tomar essa decisão. Muito difícil. Ainda estou pagando o meu apartamento. Meus pais moram lá hoje. E quando eu voltar para o Brasil estarei desempregada e sem bolsa, mas eu fiz o que eu achei que tinha que fazer. Não me arrependo de ter pedido baixa. A experiência no exterior está me proporcionando muitas coisas. Tb não me arrependo de ter sido militar. Apesar de tudo, foi uma boa experiência, aprendi muitas coisas e conquistei muitas outras. Espero que você tome a decisão acertada. E tenha força para sustentá-la. É preciso coragem e paciência qual seja o caminho adotado. Só não desista de vez dos concursos. As coisas acontecem quando devem acontecer. Prefiro pensar assim. Boa sorte!
Mude de rumo. Na verdade, deveria ter feito isso antes. Carreira acadêmica, no Brasil, é uma merda [sob qualquer aspecto]. O mundo é maior e a vida gigante.
Na verdade todos entram na Pós Graduação pensando que vai passar em um concurso público para professor universitário, mas infelizmente não há vagas para todos, devemos pressionar o Governo para abertura de mais concursos, e salários dignos, no seu caso se formou em química pode dar aula em nível médio, agora eu enfermeira nenhum hospital dá valor se vc tem Mestrado ou Doutorado o que importa é a experiência é estamos no mesmo “barco” amigo.
O concurso publico deveria acabar no Brasil!
Uma analise de curriculo, cartas de recomendacoes e o mais importante de todos, a entrevista, constitutem em conjunto a forma mais justa de selecionar um candidato. O concurso por outro lado tem uma prova escrita, que nao significa absolutamente nada!
Eu por exemplo trabalho com imunologia tumoral, especificamente com um receptor expresso por celulas NK para reconhecimento de um ligante especifico em celulas tumorais. Que prova escrita seria adequada para mim? Eu provavelmente falharia numa prova de conhecimentos gerais sobre immunologia ou biologia celular…
A pesquisa exige que tenhamos um conhecimento muito aprofundado sobre um tema, e consequentemente sabemos pouco sobre demais assuntos. Portanto, se voce eh doutor na sua area com relevante producao cientifica, mas nao consegue passar em concurso, acredito que voce eh bom demais para aquela vaga! Voce eh altamente qualificado!
Lucas, tb não concordo com os métodos utilizados hoje (prova escrita + análise currículo + arguição), mas, por enquanto, é talvez o modelo mais ideal, penso. Ainda que com as análises objetivas (prova e currículo), na arguição INFELIZMENTE ainda há má fé nas notas para beneficiar esse ou aquele candidato. Talvez o acréscimo da entrevista com os docentes efetivos + docente de referência na área no Brasil (como uma banca de defesa) poderiam melhorar o processo. Mas implicaria aumento dos custos e do tempo nos certames. As possibilidades que tu citaste se encaixam com o setor privado, mas em termos de setor público, em termos de Brasil, quanto menos subjetivo melhor.
Achei um excelente texto. Tenho vários amigos que passaram por isso. Eu confesso que nunca tive a dúvida que passaria e acho que meu mindset ajudou. Passei no segundo que fiz, mas desde o Mestrado eu acreditava que eu tinha que ser muito superior que os outros candidatos, o que me fez publicar três vezes mais que a média de meus colegas.
Só uma coisa: se você usou o termo “subconsciente” no seu texto, sinceramente acredito que os psicólogos que você foi são uma porcaria! Tem profissionais ruins em todas as áreas, e na psicologia em especial tem muito charlatão!
Parabéns pela confissão Antônio (não sei se é seu nome verdadeiro). Você não é um perdedor, muito pelo contrário, você têm uma grande bagagem, coisa que eu ainda não tenho, nem por isso me acho um perdedor. Acho que temos que nos dedicar mais as nossas família, o cerne das nossas vida está na família.
Parabéns Antônio!
Você é um vencedor cara!
Em um mundo no qual ainda nos deparamos com hipocrisia, ostentação, vaidade e relações desleais e interesseiras, inclusive no ambiente acadêmico, você foi grandioso ao relatar sua história tão honestamente… Em seu texto, nota-se claramente que você é uma pessoa autêntica e de caráter nobre! E não se encontram pessoas assim a toda hora… Parabéns de novo!
Sucesso em sua nova trajetória e na concretização de todos os seus projetos de vida!
Paz e Luz!
Abraço!
Ótimo mesmo!
Sou tua fã! li e reli…linda história…???
Passei um tempo bem deprê porque não tinha bolsa e precisei arrumar um emprego, mas agora vejo isso com uma coisa boa. A hora que eu cansar e quiser mandar o mestrado pro ar, meu emprego ainda (espero) vai estar lá! Depender de bolsa e concurso é muito doído.
Acho que o texto traduz bem as angústias de quem está no limbo dos concursos (prestando,prestando, e nada ainda)…Não é um período fácil, você fica frustado, depressivo, se questiona sobre tudo.
Particularmente, eu até hoje não esqueço da história de um prof. que conseguiu ser aprovado no 20º concurso que estava prestando. Eu sempre me lembrei dessa história e fui seguindo até chegar no número certo de concursos que teria de prestar até passar (no meu caso felizmente foi o 4º).
Nesse ponto, a fé e dedicação foram fundamentais até conseguir a aprovação.
Apesar do desfecho da história, a reflexão sobre as escolhas que fazemos pela carreira é instigante: o quanto de nossas vidas entregamos por nossa carreira e o quanto de retorno temos por isso.
Não quero levantar a bandeira contra a dedicação no trabalho, pelo contrário isso é o que mais falta por aí.
O que me atentou no texto foi mesmo a questão sobre o quanto estamos deixando de lado nossos entes queridos pela carreira.
Fica a reflexão sobre o quanto podemos deixar de ser humano, para sermos trabalhadores.
Perfeito texto!
Mtt bom
Como muitos, também me identifiquei totalmente com o autor do texto. A palavra que melhor define esta longa etapa da vida é frustração, realmente. Como se não bastassem todas as dificuldades, ao longo de 7 anos (desconsiderando quem faz o pós-doc), e que são inerentes à pós graduação, a cada concurso em que falhamos (ou o sistema é falho) sentimos uma amarga decepção. Venho prestando alguns concursos de Institutos Federais e recentemente terminei o doutorado. Para quem mergulhou no doutorado e ter que estudar português, pedagogia, inúmeras leis e todos os conteúdos, todos os livros dos quatro ou 5 anos de graduação acredito que passa a mesma dificuldade que eu. Para piorar, a biologia é sempre a mais concorrida, considerando que não exigem pós graduação e o nível é alto. Na prova objetiva é necessário praticamente gabaritar para chegar à didática. Paralelamente, venho estudando para alguns concursos de Universidades, mas a abordagem de estudo e assuntos é totalmente diferente. Tenho também mais de 30 anos e minha vida tem sido estudar, estudar, e … estudar. Sempre pensando em realmente “viver”, após aprovação. Até quando? Espero conseguir reconhecer o dia em que não serei mais uma “fracassada”, como o autor.
Fracassada? Não. Burra? Sim. Kkkkk
De uma coisa eu sei …. Não consigo passar no concurso mas sou muito feliz com a minha família é o que me conforta .
Não!
De fato me identifico com o texto, foram muitas noites sem dormir, estudar até enjoar e ser privado de muitos momentos familiares, principalmente com minha filha que foi concebida e gerada e nasceu durante o mestrado (que defendi dentro do prazo). Emendei um doutorado concomitante com o emprego de professora da rede publica de educação básica e um cursinho preparatório. Estava sem esperanças reais de bolsa de pós-doc quando prestes a defender consegui entrar numa faculdade particular. Hoje leciono no estado e nesta faculdade e assumirei uma segunda matricula na rede publica. Realmente não tenho pretensões de fazer concurso para publica, trabalho muito e não tenho tempo de estudar. A análise me fez ver o que estava fazendo comigo mesma. Se vou me arrepender depois, não sei, mas no momento consigo passar uma pouco mais de tempo com minha criança e depois que tudo está estruturado, já não se leva tanto trabalho para casa. Boa sorte a todos!
Antônio, seu relato é muito próximo do que vi acontecer com uma ex- aluna. Compartilhamos algumas dores e angústias. Conheço e acredito no potencial que ela tem e vejo que algumas regras de concurso são absurdas. Mas, se é isso que queremos, temos que enfrentar os desafios. Quem ingressou no mestrado, não tem que fazer doutorado. Quem fez doutorado, não tem que ser docente. A qualificação pessoal é mais do que isso. Mas se você quer ser docente, não desista do seu sonho. Vai chegar a hora.
Sou docente desde quando era possível ingressar na carreira acadêmica só com mestrado. Depois de criar minha filha, resolvi encarar o doutorado (aos 50 anos). Além de querer, tenho que ter o título para sobreviver no mundo dos “índices da capes”. A dor de não ter “vida” fora do doutorado não é privilégio dos sem-emprego. Quando meus alunos falam de cinema, músicas, teatro e bares, eu tenho que sair de perto, pois não sei nada disso. Há mais de 5 anos não sei o que é sair de férias ou viajar. Não consigo assistir a um filme na TV, pois acho que estou perdendo tempo!!!!! A minha vida fora das aulas é a tese com tudo aquilo que conhecemos: artigos para ler, ASTM, endnote, a classificação da revista X, etc. Fico babando colorido quando vejo as pessoas fazendo caminhada quando volto para casa às 20:30 h e ainda tenho que passar no supermercado, fazer o jantar e preparar minha marmita para o dia seguinte. Por quê? Saio de casa às 6 e meia da matina e não posso atrasar! Final de semana? O que é isso? Faxina na casa, roupa para lavar e passar.
Sei que isso vai acabar….(ou me matar!!)
Não vou chutar o balde, nem o pau da barraca, nem descer a ladeira com a lata d’agua na cabeça….Este é o meu sonho!!!!
Vc não é um fracasso, é só estudar e focar nos assuntos da prova tio, se liga mano.
Às vezes a vida é bem cruel.
Mas volte a tentar se é que você quer, por mais que você queira dedicar mais tempo à sua família, é possível dividir.
Uma hora todo o esforço que você fez será suficiente para superar seus concorrentes.
A pessoa que vou citar não é acadêmica, mas lembre da história do Cafú por exemplo. Ele fez muitas “peneiras” antes
de ser aceito por um clube. Mas depois disso, literalmente conquistou o mundo.
Pela descrição do seu texto, você tem potencial para ir muito longe ainda e quem sabe no futuro, se tornar uma pessoa muito importante
para sua área e apontar as deficiências que você enxergou processo.
[]s
Me remeteu ao livro “O sucesso é ser feliz”, de Roberto Shinyashiki…
O mais importante de tudo é poder ter a sensação de que viver vale a pena. Viver a plenitude da experiência de brincar, estudar ou trabalhar; e até mesmo de sorrir e de chorar… Essa plenitude é o termômetro que mede o temperamento ideal entre o “ter” e o “ser”. É o limiar entre o meu “eu pleno” versus os conflitos aos quais o profissionalismo me submete.
Se isto não está acontecendo, deve-se buscar outras habilidades diretamente da própria alma…
Estou na fase dos concursos. Ainda vejo o “copo mais cheio”.
Eu estou a terminar meu mestrado e, sinceramente, percebi que carreira acadêmica não é o que eu quero. Cheguei a essa conclusão após várias desilusões acadêmicas. Tenho uma filhinha de um ano e recebo uma bolsa de mestrado da Capes que mal dá para comer após quase um ano desempregado e sem receber bolsa. Na academia ao invés de me deparar com pessoas motivadas, que buscam produzir algo novo e inédito, me deparei com pessoas “encostadas” e autoritárias que não admitem a discordância, que não vêem a universidade como um local para produzir ciência, promover a cultura nem nada. Elas “encostam” no emprego de professor e fazem o mesmo arroz com feijão de sempre para progredirem na carreira e aumentarem os seus salários. Aí de você se questionar o status quo ou disser que tais pessoas estão erradas… vão colocar todo tipo de empecilho e obstáculo e “barrar” sua carreira acadêmica na marra.
Se o plano A falhar….vá para o plano B…adaptação é fundamental!!!
Não é por nada não, mas quando leio esse tipo de coisa, fico ainda mais desanimada a fazer doutorado!
Não sei se isso é o certo ou não.
Mas o fato é que estou meio cansada dessa vida. Pra resumir, não sei mais o que fazer da vida.
No momento estou estudando para concursos, mas não na área acadêmica, dessa já tirei meu cavalo fora. Tentei, enviei currículos, fiz seleções e nada
Vim ler esse texto na esperança de encontrar alguma resposta pras minhas dúvidas, entretanto elas só fizeram aumentar.
Triste realidade.
Olá! Seu post veio na hora certa. Curso ciências biológicas na federal do rio e faço estágio em iniciação científica na Fiocruz.
Estou preste a me formar e tive que escolher o que fazer da vida.
Resolvi não tentar mestrado, mesmo com o coração doendo, tenho uma boa relação com laboratório bem maior e.melhor do que com as escolas.
Mas não tenho uma base familiar boa, não tenho muitos recursos, me viro como posso, mato um leão por dia pra ir ao estágio e faculdade, tudo é mt longe pra mim é a bolsa? Bom, pago as passagens, somente!
Resolvi tentar concurso público, mas por necessidade. Sairia do mundo da biologia pra me dedicar aos concursos e assim ter uma vida “estável” e poder ajudar minha família.
A decisão foi difícil, mas to amadurecendo na minha cabeça a ideia.
Quem sabe depois não voltarei ao mundo da biologia, farei mestrado e doutorado? Mas por enquanto tenho algumas prioridades gritando e não tenho mt pra onde correr.
Boa sorte na sua caminhada!
Eu terminei o doutorado em 2012. Arrumei um emprego fora da área acadêmica. Sempre quis fazer pós doc, mas não tenho coragem de viver de bolsa. Fico triste de não trabalhar com isso, mas eu preciso ter uma vida de pessoa adulta. Não sei se eu estou fazendo o certo. Me identifiquei com o texto.
Desistir é mais fácil que conseguir fazer outra coisa com o cérebro cansado.
Eu desisti e me faz mal só de ter insistido em conviver com as pessoas que convivi e tratar todos bem. Fracassei e estou voltando pra casa.
Dei todo o retorno possível ao país em artigos, patentes, orientações, etc. As bolsas que recebi não foram para passear, foram para comer e gerar resultados da melhor forma que puder.
Universidade é uma farsa! Ilusão e sabemos disso! Persiste-se em pesquisa e na busca de um título de doutorado ou vaga de professor universitário por puro viés de confirmação (querer acreditar acima de qualquer coisa). Alguns suportam fazer pesquisa para rechear o currículo para concursos e outros suportam dar aulas esperando um dia entrar numa universidade federal para fazer pesquisa (baita ilusão), já que dar aulas do nível médio pra baixo é pedir pra morrer (infelizmente as crianças chegam a universidade com quase a mesma cabeça e comportamento). Fiz graduação, mestrado e doutorado numa universidade federal, um ciclo de 10 anos. Sofri, vivi, assisti, e fiquei sabendo de todo tipo de trapaça, mesquinharia, molecagem, fofoquinhas, difamações, perseguição pra afetar meus orientadores, que não podiam ser afetados diretamente e tiveram seus orientandos atacados, ao melhor estilo “quebrem as pernas deles”.
Tive trabalhos roubados (artigos e patentes), mesmo ajudando a tantas pessoas pelo bem do princípio da multiplicação do conhecimento e colaboracionismo. Fiz parcerias com pessoas de outras instituições federais e tudo isso é um lixo. O meio acadêmico é uma mistura de Game of Thrones com Senado Federal. Só não rola dinheiro fácil. Muita sujeira, esquemas e conspirações a troco de nada (até parece que vão ganhar o Nobel). Não adianta trabalhar sério, vão te definir pela aparência, dinheiro, poder que acham que você tem (se tiver ao lado de um pesquisador de nome), e enquanto tiver utilidade (que te fará ser muito “querido”).
O meio acadêmico universitário não é um modelo para a sociedade. Não é um ambiente mais maduro, consciente, honesto, evoluído ou respeitador. É um reflexo da sociedade. Muitos dirão “mas em todo lugar é assim”. Questão então de avaliar o custo benefício, pois, de gari ninguém quer trabalhar (embora como gari você não gere ilusões, tem essa vantagem). Não se pode esperar nada de salvador para o país vindo desses “cérebros” que estão mais para intestino grosso da nação.
Nesse ambiente tem mais respeito o professor que pega as alunas, o que exige ser chamado de doutor até pra tomar um café, o que acumula cargos pra praticar assédio moral, o que fala palavrão, o que faz festinhas e participa de grupos de whatsapp com os alunos sem finalidade científica ou acadêmica, o que rouba ideias e pesquisas até de alunos PIVIC, o que enrola a aula com recortes de figurinhas e colagem em nome da “didática” imbecilizante aprendida na licenciatura (onde por sinal boa parte do tempo se ensina a reduzir o conteúdo a 10% do total ou se faz propaganda comunista).
Licenciatura que por sinal não tem cadeiras de oratória, não prepara o professor para situações hostis em sala de aula, e vive bitolado em Paulo Freire como se o modelo dele ou ele próprio fosse um deus com resposta pra tudo. Hoje tenho um currículo até bom (todos dizem e tenho criticismo pra saber) para concorrer a uma vaga numa federal, mas desisti. O resultado nunca é proporcional ao esforço muito por culpa dessas trapaças a que se é vítima quando não se aceitar entrar em esquema.
E nem falei das seleções de mestrado onde o valor da prova cai para 50% da nota (os outros 50% são de um currículo biônico montado pelos orientadores do aluno que já está na federal), tornando impossível um aluno que venha das particulares fazer mestrado numa federal.
De nada vale ganhar o mundo e perder sua alma. A cada concurso que vejo está mais concorrido. Se em 2006 eram 5 candidatos por vaga eu já cheguei a ver 80 (claro que a maior parte desiste da prova no dia). Concursos arranjados (até os professores revelam aos alunos de confiança) numa frequência que deveria ser denunciado ao Fantástico (já que tem mais visibilidade nacional) só para usarem suas câmeras escondidas e deixar os senadores brasileiros menos desamparados nesse mar de lama. Secretários que roubam bolsas, ou exigem o primeiro mês da bolsa de cada aluno do PIBIC ao doutorado e deixam alunos de mãos atadas sem poder denunciar por medo de ficar sem renda ou para evitar que um conhecido ou parente perca a bolsa. Alunos de iniciação científica imbecis que compram brigas de seus orientadores e deixam de falar com os colegas que são orientados por outros professores. E pior, acham que se não agirem de acordo com essas práticas estão sendo otários, e a coisa assim se eterniza, nascendo mais um criminoso que foi incubado para o próximo concurso montado. E aí vem mais um(a) metido(a) a esperto(a) com seus recortes de figurinhas, palavrões, paqueras, faltas, trapaças, propaganda do currículo e dos títulos.
Para sobreviver você sempre precisará de um favor, que mais tarde será cobrado por um dos muitos secretários de satã que vive nas universidades federais e te farão de otário para o resto da sua vida a acadêmica, que já dá demonstrações do inferno que pode ser ainda no estágio probatório SE você conseguir passar em um concurso. E você se verá com mais idade dizendo o que já ouvi de muitos professores: “eu devia ter seguido outra carreira”, “eu devia ter feito direito”, “eu devia ter investido na bolsa”, “eu devia ter aberto um comércio”, “eu devia ter feito medicina”.
E aí vem mais problema… Se você acumular habilidades, capacidades, treinamento, conhecimento, dirão que você quer aparecer. Se você for o mais discreto ser vivente dirão que você está simulando humildade. Se você tentar ensinar de todas as formas possíveis, dirão que está querendo ser líder. Se você se afastar, dirão que quer ser especial pra mostrar que outros precisam de você. Tudo que tem nesse meio é roubo de bolsas, perseguições, processos que “desaparecem” de forma muito conveniente.
As pessoas em todo lugar só dominam uma arte hoje em dia: a de arranjar briga tentando definir quem é petralha ou reacionário. Sentem uma necessidade visceral de apontar e separar todos em grupos e depois iniciar uma guerra ou no mínimo deixar definidos os grupos para a guerra. Se no café do intervalo você disser que a disciplina típica dos colégios militares poderia melhorar a educação te chamam de pró-ditadura. Se você disser que o Ciência sem Fronteiras é uma boa ideia, mas mal executada e sem rigidez de regras, te chamarão de petralha. Nada faz sentido.
Isso quando não aparecem as feministas reclamando de tudo. Eu queria ver as feministas criticando as colegas de pesquisa que de propósito (muitas vezes declarado e com orgulho se achando espertas) engravidam para que os colegas terminem suas teses e dissertações. O que elas têm a dizer das que fazem isso de propósito (não das inocentes, claro, sem querer)?
E das que tiram sarro dos colegas homens que gostam de falar de temas relacionados a ciência (como é de se esperar de quem estar na universidade), chamando-os de nerds (um termo besta importado de estudantes imbecis americanos)? Maduras como são, ainda os acusam de não gostar de mulher. Bem maduro, não?
O que elas diriam de mulheres que confundem o pessoal com profissional e tratam mal as outras colegas de pesquisa que são gordas, ou não penteiam os cabelos, ou usam uma roupa que não combinam com o sapato?
Não falta leitura e luta pelo futuro pra quem mora distante de casa e come mal, dorme mal, mora onde não quer. O que elas têm a dizer de mulheres que convidam os colegas homens para sair e mesmo que os caras digam que precisam estudar, são queimados pelas colegas em rodinhas de conversa femininas onde o sujeito ganha fama de v… só por isso? Isso é ético? Isso é respeitoso ou honesto? Não dizem e não fazem nada, só ocupam uma vaga na universidade que praticamente se torna ociosa.
A vida desse pessoal é imaginar as coisas, falar (quando deveriam se calar), inventar problema e postar foto fútil no facebook.
O bem eu não sei se existe, mas o mal eu tenho certeza absoluta e não é teoria científica. Desistir dessa carreira amaldiçoada não é morrer na praia, é simplesmente não aceitar aportar em qualquer praia minada e com tubarões. Desejo ardentemente voltar no tempo e fazer outra coisa. Como eu desejo que Deus exista pra me fazer esse milagre!
DESTRUÍ MINHA VIDA
oi Antônio…parabéns pela sua escolha. Minha filha passou pelo mesmo que vc… ela cansou disso tudo e foi viver com o marido no campo. Poucas pessoas têm essa coragem de deixar a aparência, o status, pra assumirem que na real só querem ser felizes…e fodam-se as convenções de sucesso que as pessoas querem impor pra vc. Abraça muito sua esposa, filha e mãe cara. Isso não tem Doutorado do mundo que vai te dar essa satisfação. Com a mente calma, coração em dia, a inspiração aparece e vc encontra o caminho. Lembre-se: O homem faz planos, mas o Senhor é quem o conduz no caminho. A minha filha disse assim: Pai cansei, se eu não viver agora, quando será? Eu não preciso de tantos títulos para ser feliz. Eu acho que ela vai achar o caminho dela, assim como vais encontrar o seu. Boa sorte e saúde pra vc.
Olá, passei aqui por acaso e li o texto. Não sei como é se sentir tão miserável assim, tão frustrada. Por que? porque eu fiz a escolha certa. Terminei minha graduação, constitui família e fiz concurso público até ser aprovada. Não corri atrás de títulos acadêmicos, escolhi fazer feliz aqueles que estavam perto de mim e me amam. Adiei minha pós graduação para não adiar a felicidade de vê um sorriso banguelo, primeiros passos, férias em famílias, festas de aniversários e boas noites de amor ao lado do meu marido. Quando li seu texto pensei: vou fazer uma pós graduação…quando eu estiver cansada de ser feliz.
OI, muito obrigado por compratilhar o texto comigo, me indentifiquei muito. Parabéns por ser um vencedor. Já tem mais um fã
O meu grande problema também, foi criar grandes espectativas
Caramba eu fiquei mais deprimido ainda…
Senti a necessidade de deixar a minha opinião aqui. O senhor que escreveu o texto está de parabéns. Jamais o chamaria de fracassado. Eu não fiz mestrado, mas sou pós-graduado em direito e tb advogado, aprivado em exame da oab ha mais de 13 anos, sem exercer. Comecei há mais de 15 anos essa horrível caminhada dos certames de concurso. Nunca logrei os primeiros lugares. O máximo que consegui foi 45 num concurso que chamou apenas 25. Eu me considero sim um fracassado. Diversamente do que dizem certos gurus do governo, não sinto vergonha. Estou em um projeto de vida. Os outros querem nos causar danos existenciais. Temos que continuar na trilha dos concursos, pois este é o filão. O mercado de trabalho na iniciativa privada é vilipendiado. Acredito que o senhor do post deve deixar de lado isso. Esse negócio de se “matar de estudar”. Melhor o devagar e sempre. E seguir fazendo muitas provas. Baixar provas e fazer, de preferência comentadas. Siga esse Conselho. Enquanto vivermos em um país que apenas privilegia uma casta de servidores, devemos buscar ser um deles tb para que não sejamos reféns das mas condições de trabalho.
Youtuber, influencer, tik toker e quaisquer desses “ERs” espalhados por aí são mais felizes e realizados do que nós, pobres mestres e doutores tupiniquins!
Eu estou vivenciando um dilema semelhante (na mesma área), porém, acabei de finalizar o doutorado. Ainda não me desgastei o suficiente. Atualmente estou estudando para os concursos e ao mesmo tempo preocupada com meu currículo. Fico pensando se eu não conseguir ser aprovada nos próximos anos. Quais outras alternativas? Sinto que pessoalmente eu cresci muito, consigo publicar trabalhos de forma autônoma e tenho potencial. Porém, é fato que voltar ao mercado de trabalho sem perspectivas sólidas nos deixam abalados emocionalmente. Porém, vou tentar e prosseguir. E se não puder em concurso para professor, vai de técnico e o que vier pela frente.
Aos que desejam tentar a vida “fora” no exterior, tenham em mente que a competição por uma tão sonhada vaga como professor é extremamente acirrada. Participei de um workshop recentemente (jan-2023) sobre oportunidades de carreira para “postdocs” na Alemanha, os números foram um pouco chocantes para mim. Digo “um pouco” porque era implicito na minha cabeça que a proporção de novo PhD vs VagasProf era pequena, mas não tanto. Na Europa, em média 3% de todos os PhD que se formam conseguem uma vaga de professor “doutor” ou tenure-track em universidades, e a média de idade para isso é de 41 anos (!). Dentre esses 3%, uma fração muito pequena é extrangeira, pois existem barreiras muito grandes a serem rompidas (lingua, cultura, titulos extras pós o PhD). Vale lembrar que esses números são “médios” entre várias áreas de conhecimento, pode ser que seja melhor ou pior dependendo da área. Ao mesmo tempo que esses números são aterrorizantes para uns, pode ser um alivio para outros (eu!) caso seja analisado de forma diferente. Eu nunca tive a pretenção de ser melhor que 97% dos meus pares, óbvio, sempre busco ser o melhor sempre mas não “O MELHOR” na minha área. Para me aproximar desses 3% existem vários “custos” nos quais podem ser detrimentais para a saúde fisica e mental minha e familiares (principalmente os que convivem e dependem de mim!). De certa forma isso tirou um enorme peso do “fracasso” sobre minhas costas e passei a entender que o sistema em si é insustentável. Não sei os números exatos no Brasil, mas na Alemanha se formam 28k PhD/ano e existem ~400 universidades (a conta nao fecha). Em contrapartida, existem 29k centros de pesquisa! Sim, onde é possível obter uma vaga mais segura porém a competição também é alta. Além disso existem diversas ONGs e principalmente empresas privadas que conduzem pesquisa de ponta e possuem recursos superiores aos de universidades (já ouviou falar na “P”fizer? ou OpenAI?). Mas mesmo se seu sonho for continuar na academia dentro de universidades, existem muitas vagas de posdocs. Em algumas condicoes é até possivel se aposentar como posdoc. Porém, tenha em mente que a maior parte do seu tempo e esforço mental será em garantir a próxima vaga ou bolsa já que os projetos geralmente duram pouco tempo, e muitas vezes será preciso mudar de casa/país e se adaptar novamente a cultura/lingua/etc (estou no meu 5o ano de posdoc em 3 países diferentes!). Por fim, meu conselho é náo se limitar apenas a carreira de professor academico ou concurso, mas tambem inclusive aconselho todos a tentarem (eu reprovei em 3 concursos). Não se apegue somente a números e probabilidade de conseguir sua vaga (afinal, alguem tem que estar entres os 3%, né?), mas busque entender suas chances para adaptar suas expectativas e focar nos próximos passos. Tente obter experiencia na industria, sim é possivel e eu fiz isso no final do meu doutorado no Brasil, trabalhei por 9 meses e resolvi que deveria “tentar” minha chance como professor universitário e iniciei minha vida de postdoc. Me arrependo em voltar para academia? sim. Me arrependo em mudar de país? com certeza não, mas já deu para mim. Enfim, desculpe pelo papo de “coach” so gostaria de compartilhar minha experiencia e ajudar aos que possam estar numa situção parecida.