Gostaria de refletir um pouco sobre o mestrado, a pesquisa científica e de como ela se configura no cenário brasileiro em vista das necessidades de qualificação profissional dos docentes nas universidades brasileiras.
Tenho notado que o mestrado é um momento de aperfeiçoamento da carreira acadêmica, do início das pesquisas, da busca por desenvolver um tema que vai se concretizando ao longo da vida acadêmica e que só se solidifica realmente no doutorado. O doutorado por assim dizer é o top of mind, o ponto máximo da carreira acadêmica.
E o que vem depois do doutorado com certeza são títulos e honrarias, como o pós-doutorado, a livre-docência o título de doutor honoris causa que vai consubstanciar numa solidificação ainda maior na carreira do docente.
O que tenho percebido é que muitas vezes, hoje, o mestrado não tem sido uma vocação, mas uma simples opção. Por exemplo: as universidades devem exigir o título de mestre. Muitos especialistas ou graduados, diante dessa exigência, apenas correm atrás do título, simplesmente para garantir sua vaga no corpo docente de uma universidade.
Porém, quando chegam aos programas de mestrado e principalmente em programas de universidades particulares, não há um compromisso ético com a pesquisa por partes destes docentes que correm atrás da titulação, não há uma vontade precípua de se fazer pesquisa, um aprofundamento maior, muitos não sabem escrever resumos, artigos, não fazem projetos de pesquisa bem delimitados e consistentes para entrar no mestrado.
Tudo isso tem causado um sucateamento da pesquisa científica brasileira. Temos um crescimento muito grande no número de pesquisas, mas um déficit na qualidade dela. Aparecem pesquisas superficiais e que muitas vezes não engrandecem o cenário científico brasileiro.
Fiz também mestrado em uma Universidade particular, porém em um bom programa. Mas antes mesmo, na graduação, eu percebia os meus professores mestres e doutores e sentia uma afinidade com eles, com a prática de pesquisa e com o modo como estavam empreendendo suas pesquisas. Então, desde a graduação deve-se começar a pesquisar o que é um mestrado, o que se tem que fazer para entrar em um programa de mestrado.
É importante e muito produtivo participar de alguma disciplina como aluno especial, pesquisar os temas e linhas de pesquisas disponíveis e compatíveis com o objeto de estudo que se quer propor e ainda frequentar os grupos de estudos e pesquisas, se possível das universidades públicas brasileiras.
Não é crítica, mas já que ela foi feita, ainda vai um conselho. Os professores de metodologia de pesquisa científica e orientadores de iniciação científica devem ter o intuito de orientar os alunos para que possam desenvolver suas pesquisas desde a graduação para quando chegarem ao mestrado já tenham dado passos dessa iniciação e possam construir uma carreira de pesquisador por vocação e não apenas por opção. Candidatos ao mestrado uma dica principal: suguem ao máximo que puderem o orientador da iniciação científica! Toda preparação é válida.
Olá Danilo e visitantes…
Vejo que com o avanço da tecnologia e com a demanda de qualidade x tempo, as pesquisas e seus meios de pesquisa no Brasil principalmente tem perdido e muito por não conseguir transformar a pesquisa na sua materialização.
Hoje vemos muito início de tudo e muita interrupção de um pouco mais.
Os pesquisadores fazem de seus alunos cobaias de estudos, publicações e muitas vezes estagiários de seus próprios experimentos.
O tempo ali é inimigo de qualquer qualidade. É sempre o que dá para fazer. Da graduação para especialização é um processo metodológico tão sucateado que não entendo como os orientadores se conformam com tais linhas de orientação.
Da especialização para o Mestrado é tanta pressão que meus atendimentos aumentaram, principalmente atendimentos online (sou credenciada junto ao Conselho Federal de Psicologia para tal atendimento/acompanhamento) por pressão de tempo, de falta de direcionamento e principalmente por resultados que precisam ser fabricados.
E do Mestrado para do Doutorado… Nem te conto como o recurso humano passa a ser um recurso de produção para ser no mínimo um doutor específico de quase nada.
E o pós-doc então… não vou nem comentar.
A busca por títulos no Brasil é diferente da busca pelos mesmos títulos no mundo. Aqui… Os pesquisadores não tem qualquer tipo de preparação para isso e os resultados precisam aparecer de qualquer forma.
Está bem difícil ver no mundo acadêmico aptidão para isso ou para aquilo nas publicações (alimento fundamental para títulos) e daí, citando GENTILEZA, pergunto: Ei você ai no mundo… quem é mais inteligente: O livro ou a sabedoria?
Boa semana para vocês com muito merecimento e acima de tudo muita essência.
Juliana Galhardi Martins