Muitos de nós, pós-graduandos, passamos pela situação que irei descrever nesse texto: estudar longe da família, dos amigos de infância, da nossa história. Muitas vezes, em busca de melhores oportunidades ou de lugares com pesquisa de ponta em nossa área, optamos por nos mudar e recomeçar uma vida. Não é fácil, isso eu posso garantir. Pode-se ter a sorte de encontrar uma segunda família na nova morada, estabelecer uma república, com amigos da graduação ou… Ou viver aqui pensando em acolá.
Você sabe que está longe de casa quando o pneu do seu carro fura e não tem ninguém pra chamar pra ajudar a trocar (no caso das meninas), quando tem que pegar um avião pra almoçar na casa da vó aos domingos, quando fica três dias fora de casa e ninguém te liga perguntando onde está (claro que você passou esses três dias na faculdade estudando ou terminando seu experimento!).
É amigos, não é uma situação fácil de administrar. Hoje, por exemplo, voltando da faculdade no meu carrão do ano (do ano 1997), o estepe (que fica por baixo do carro) se soltou, e o suporte metálico que o segura fazia um barulho infernal conforme o carro andava, além do estepe ficar passeando no meio do trânsito…
O que você, estudante de pós-graduação, que não tem dinheiro pra comprar um carro mais novo, e que pra piorar está longe de casa faz? Não, não dá pra ligar pra mãe, pai ou amigo pra vir pagar o mico de pegar o pneu no meio da avenida junto com você e tentar colocá-lo de volta no carro. Também não dá pra sentar no meio fio e chorar (se bem que não seria má idéia). Sabe qual é a solução? Se virar! Resolver sozinho! Enfim, crescer!
Eis que surge o primeiro ponto positivo nessa história toda. Você cresce! Aprende que o almoço não aparece prontinho na mesa pra você comer. Ou você faz o almoço (quem tem tempo?) ou você come fora todo dia, nos Restaurantes Universitários (famosos RU’s) da vida, por exemplo, onde não é caro e a comida é uma delícia, deixa pra lá!
Outros pontos positivos incluem que você pode dormir a hora que você quiser terminar o artigo, pode escolher o dia da semana que quer tomar banho sem sua mãe te obrigar a fazê-lo todos os dias (argh!), pode acordar a hora que você seu orientador quiser… E por aí vai… Ô vida boa!
Porém, prepare-se para pagar suas contas e descobrir que sobra muito mês quando sua bolsa acaba, para não ficar doente (não temos esse direito) ou, se ficar, ter que encarar o SUS.
O jeito é virar a página e escrever um novo capítulo da nossa história. Aposto que não será tão difícil quanto escrever sua dissertação ou tese!
Carro?!?!?! ¬¬ reclamando de barriga cheia!
Muito bom. Em meio há pontos negativos e positivos, a vivência fora de casa é enriquecedora, além de fazer um diferencial quando você busca outros lugares para pesquisar.
Encontro-me nessa situação, Carolina! Vida que segue! 😀
Cara, eu acredito que, na verdade essa coisa de “crescer” já deveria vir antes da pessoa entrar na pós. Não é pq vc mora com os pais que vc não poderia trabalhar e ter o seu dinheiro, já ter horário e compromissos que te deixariam acordado até mais tarde e novamente ter que estar as oito horas no batente. Eu vejo, progressivamente pessoas entrando cada vez mais imaturas (ok que a idade parece que está diminuindo tb, pois tem um monte de gente com 17 anos na faculdade) e despreparadas para vivenciar algo que é a escolha profissional dela. Não fui o aluno mais esforçado e maduro da minha turma, ainda mais que trabalhava a noite e aos fins de semana para ter o meu dinheiro durante boa parte da graduação (que era de manhã, logo eu trabalhava de garçom a noite/madruga) e nada me impedia de sair do emprego as duas da manhã, chegar em casa, dar uma estudada e ir fazer prova às oito. O que falta na verdade, na minha reles opinião, é dar mais responsabilidades desde o mais cedo possível, e ao invés disso parece que, cada vez mais, essas atitudes de “gente grande” vão sendo empurradas com a barriga. E sinceramente Carolina, você tem um carro, já está bem a frente do que muitos pós-graduandos que conheço que vão de ônibus/bike/a pé para as universidades.
Um outro comentário a parte, achei meio machista o comentário “no caso das meninas” sobre trocar um pneu, afinal vc está afirmando que toda mulher não entende de carro, não concordo com isso tb.
Abraços!
Carol me identifiquei muito com o seu texto, sou mestranda em Agronomia e passei por uma situação com meu carro fusca ano 1977, vulgo maça do amor (pq ele é vermelho muito lindo por sinal) e quebrou a correia dentada, me deixou literalmente na mão e precisava rertorna pra casa…sabe o que fiz pedi ajuda para outras pessoas, dos quais me ajudaram e foram super solicitos por sinal, empurram o bixinho avenida abaixo e viemos pra casa eu e minha amiga quase tivemos uma intoxicação de tanta fumaça que saia, rezamos e riamos o caminho inteiro (ta foi tenso mas é o que tinhamos de recurso no momento)..lendo a sua história é claro lembrei muito dessa minha situação?! sabe o que eu percebo que nós da pós ou melhor de quase a maioria de todos os seres humanos, temos uma tendência inconciente de tentar resolver tudo sozinhos e pensamos muito antes de pedir ajuda e que temos que sofrer pra merecer certas coisas….de verdade se fosse minha amiga vc poderia me ligar que eu ajudaria a recolher teu estepe =) e depois de toda essa história ainda vamos passar por muitas outras que nos ensinarão a valorizar coisas simples da vida, tipo a comida da nossa querida mãe =)…E na minha opinião eu acredito muito que crescer está muito mais relacionado a pedir ajuda do que tentar resolver tudo sozinho!Adorei seu texto =) e olha desejo que vc termine seu doutorado e seja agraciada com um salário que não acabe antes do mês rsrsrsrs sucesso garota nessa sua empreitada!!Força na peruca!!
Carolina! quanta verdade!! adorei o texto e o estilo! Minha empatia foi completa…. nas dificuldades e nessas alegrias, nós ps-graduandos estamos juntos. Abraços!!
Ainda bem que vc está de carro, eu tinha que estar no ponto de onibus as 7:30h para pegar o Onibus da universidade, pq a cidade em que fui desenvolver meu experimento era um interior, ou seja, não existe transporte coletivo na cidade. Se eu perdesse o busão na universidade, não tinha como ir!!! 3 meses de mt sofrimento…
Bom texto Carol!
Legal Carol! É bem isso mesmo! Morar longe de casa é tenso mesmo!
até acho que o fato de ter um carro fica mais fácil para locomoção; mas veja só gente, é 97 , ou seja, não é nem um carro 0 Km para a pessoa ficar se mostrando por aí. Conheço muito filhinho de papai da UFSC (a Federal de Santa Catarina) que o pai deixa um carrao zerinho pelo fato do filho ter entrado numa universidade publica e cara é capaz de fingir (mentir) para familia que tá tudo ok e, na melhor das hipóteses, passou em uma ou duas disciplinas. Muitas das vezes pais suam a camisa para deixar (manter) filho ali no bembom. No caso Carol, não vejo assim. Deve ter batalhado para ter seu carrinho ano 97 e, se foi com ajuda familiar, tanto melhor, merece, fez por onde. Mérito seu Carol.
Galera!!!!! Que legal o feedback de todos sobre o texto!!!
Bom, não sei se todos que escreveram conhecem Brasília, vamos lá!
Primeiro, pergunte a alguém que conheça Brasília onde é o Gama. A resposta vai ser: Vish! Eu faço meu experimento na Universidade de Brasília e numa fazenda pertencente à Embrapa, no GAMA. A distância entre os dois locais é de 45km mais ou menos… Começando por aí… E notem, o local do meu experimento é uma FAZENDA! E eu moro aqui, não tenho vizinhos, nem amigos que morem aqui perto. O supermercado mais próximo fica à 15km, e sempre que eu pretendia ir até lá tinha que pedir carona (não, não tenho vergonha de pedir ajuda não, e foi o que mais fiz nesse tempo aqui em Brasília!!!). O busão aqui passa mais ou menos a cada três horas (quando passa). Estou com o carro aqui há mais ou menos um ano e meio e antes disso era sofrimento maior ainda… Morei em outro alojamento da Embrapa na mesma situação que esse, a diferença é que para pegar o busão na BR eu precisava andar dois quilômetros (eita saudade de andar esse trechinho carregando compra da semana ou empurrando mala quando voltava de viagem, no sol então… Só que não, hahahaha!) Então, todo esse blá blá blá foi pra ilustrar que o carro aqui foi uma necessidade, porque quem tem sabe o quanto gastamos, ainda mais o meu que está no auge das suas 15 primaveras! Só quis compartilhar um fato inusitado citando o ocorrido, passei muita vergonha, mas, faz parte né Renata? Hahahahaha!!!
João Paulo achei super correta sua colocação, também já trabalhei durante a graduação em padaria, aos sábados, domingos, quando não tinha aula… E depois veio o PIBIC com a super bolsa para dar uma ajudada!!! Não quis ser “machista” com a minha frase “no caso das meninas”, é só pela questão da força requerida mesmo (ás vezes aqueles parafusos estão tão apertados que só um homem consegue desarrochar, prefiro conter um bovino!!).
Luiz Fagner, foi por isso que vim!! Desenvolver uma pesquisa que não teria a oportunidade de desenvolver no meu estado querido, Mato Grosso do Sul. Tive que abrir mão de muitas coisas, mas tenho certeza que a recompensa por todo esse esforço virá! E desejo o mesmo pra você!!
Iolly, se eu for sair de carro para ir para a faculdade tenho que acordar às 5:30 pois o engarrafamento é gigante, por isso prefiro deixar o carro na estação de metrô mais próxima, uns 10km, pegar o metrô, pegar o busão e chegar na UnB!!
Jorge obrigada pelas palavras, também conheço muitos exemplos como os citados por você!!
Obrigada Carlos, Daniel (parceiro de blog e de vet!!), Rayanna e Raiana (rs) e todos que leram meu texto!!!
Abraços a todos!!!!
Nossa quanta confusão, cada um com suas dificuldades, é claro que todos nós pós-graduandos temos muitas.
Aprendam apenas a apreciar a leitura e evitem postar comentários com ataques a vida pessoal do colunista.
Muito bom o texto! Confesso que gostei ainda mais dá sua replica!
Parabéns pelo o esforço Carolina, são exemplos assim que nos fazem seguir lutando com nossas dificuldades do dia-a-dia.
Sucesso!
Oi Maysa, confesso que depois que publiquei a réplica bateu um pouquinho de arrependimento, afinal de contas, não devo nada a ninguém né? Mas agora deixa aí, é bom que volto aqui e leio quando me bater aquela crise e vontade de desistir, leio aí tudo que já passei e me reestabeleço na certeza de que nada disso será em vão! Abraço!
Concordo com você Carolina , você não deve nada a ninguém,
ainda mais hoje com a advento da internet em que todos se sentem a vontade para criticar sem piedade qualquer que se exponha mesmo que seja na atitude de ajudar ou compartilhar coisas legais.
Mas vamo que vamo.
Abraços.