Linha de pesquisa. Apenas três palavras que definem muito da personalidade de um pesquisador. Quem nunca se perguntou na vida acadêmica qual caminho seguir? Acredito que a maioria dos pesquisadores já teve alguma vez aquele grilo falante em seus ouvidos incentivando a desbravar novos trabalhos, arriscar em outras áreas ou ao menos uma pitadinha de curiosidade sobre um assunto novo.
Antes de prosseguir, vamos definir primeiro o que é linha de pesquisa, já que será nosso assunto comentado. Linha de pesquisa pode ter diversas visões entre os milhões de pesquisadores que as definem, mas, todos provavelmente entrarão em acordo ao dizer que é ela quem pauta suas perguntas, curiosidades, e objetivos.
Portanto, podemos considerar as linhas de pesquisa como a corda que guia o pesquisador, os temas que ele trata em seus trabalhos e as ferramentas necessárias para que consiga se aprofundar nos seus questionamentos acadêmicos. Até aí tudo bem, todos sabem, entendem, e raramente precisam de uma definição para algo tão simples. Simples? Será?
O principal desafio encontrado em construir uma linha de pesquisa, é exatamente o que iremos tratar neste artigo: o quê fazer?
Normalmente alunos de graduação agem de duas maneiras quando ainda não sabem com o que trabalhar. Na primeira, seguem os passos do orientador, mesmo sem saber o que é linha de pesquisa, escolhem estagiar com algo que lhes cative, apenas pela imagem que fizeram antecipadamente. Se você sempre sonhou trabalhar com conservação de mamíferos, proteger os animais, ser o profissional que viu nos vídeos, livros, etc, poderá se decepcionar.
Não estou sendo pessimista ao explicar este primeiro caso, mas, realista em dizer que temos que ter um cuidado imenso, ao escolher uma trajetória profissional, pois, muitas vezes será ela que irá nos fazer prosseguir ou desistir de algo que achávamos conhecer.
Quer um exemplo? Imaginem o jovem estudante de biologia que comentei anteriormente que sonha em trabalhar com primatas, no seu 4º período, época em que boa parte das pessoas já esta fazendo um estágio ou busca começar um, ele se depara com uma vaga anunciada de estágio em “mamíferos como hospedeiros de parasitos”, o estudante se candidata a vaga de estágio e é aceito. Que bom não?
Seria se fosse o que o aluno buscava como estudo, como linha de pesquisa, porém na cabeça do iniciante da vida acadêmica, estudar parasitologia em mamíferos é o mesmo que estudar ecologia, anatomia, genética ou qualquer outro estudo que lide com mamíferos, pois, se baseou apenas no modelo de estudo, e não nas suas diretrizes propriamente ditas.
Isso não é um erro. Boa parte dos alunos ao começarem sua vida de graduados segue este princípio, sejam em biologia, letras, engenharia, ou qualquer área de pesquisa, é normal e extremamente válido que isso ocorra.
Mas, aí vem o “X” da questão, as frustrações. Por esperar ser um aventureiro do mundo selvagem, um desbravador das matas, ao se deparar com parasitos em uma lupa ou microscópio, o jovem se desmotivará e provavelmente botará a culpa nos parasitos ou nos pobres dos mamíferos que ele queria tanto trabalhar anteriormente.
Agora, o segundo caso é simples, são estudantes que chegaram até o fim de sua graduação e na correria por não terem feito nenhum estágio, aceitam o primeiro que aparece apenas para concluírem seu curso.
É uma situação difícil de avaliar, passível de medos futuros, e que se o aluno não buscar recuperar o tempo perdido, provavelmente não permanecerá na pesquisa, pressionado indiretamente ou diretamente pelo conteúdo confrontado ou ao visualizar outros que estão mais aptos naquela pesquisa, se sentindo até mesmo inferiorizado.
Estas dificuldades na formação como pesquisador ainda possuem o maior dos problemas, aquele que atormenta de graduados a doutorandos após estabelecer um princípio de linha de pesquisa. Devo arriscar algo novo?
Voltemos a imaginar, o nosso jovem pesquisador que mesmo insatisfeito começou a traçar sua linha de pesquisa, se graduou e concluiu a monografia.
E aí, ele deve continuar com este trabalho mesmo sem estar tão animado para fazê-lo? Muitos dirão que sim. Que o orientador tem o material necessário, que ele tem que esperar que logo irá se animar mais, que todos já sentiram isso, mas, mesmo assim, lá dentro ele se sente inquieto, sentindo necessidade de arriscar.
Não sei se posso dar uma opinião concisa caros amigos, até, mesmo pois, tive dúvidas e muitas ainda tenho tanto quanto vocês, ou mais. Mas, eu diria, arrisque. Experimentar, inovar, tentar conhecer algo novo é muito saudável para a vida de um pesquisador, dará a ele motivações, experiências, estórias para contar sobre seus estudos, chances de aprender, enfim, acrescenta vivências. Nós já somos pressionados rotineiramente pela academia, a publicar, produzir, prazos, datas de conclusões dos cursos, monografia, dissertação, teses, relatórios… É justo fazermos tudo isso ao menos no que escolhemos como objetivo a seguir, não?
Aprender novas metodologias, novas teorias, questionar tudo e reaprender é o princípio de uma profissão que demanda perguntas constantemente. Portanto, encare de frente. Se está infeliz com o que faz, quando olhar para trás pensará: porque não tentei? Sempre é hora de aprender, pense nisso, depende apenas de você a sua realização pessoal e profissional.
Obs.: Algumas afirmativas do texto são apenas para dar ênfase ao tema tratado, não levem, portanto, para o lado de fatos específicos, pois foram feitas com o intuito de demonstrar as dúvidas permeiam a todos.
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Texto escrito por Leonardo Cotts, biólogo, professor de educação básica e mestrando em Ciências Ambientais e Conservação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
O texto mais pareceu um relato pessoal do que qualquer outra coisa. Além do mais, está mal escrito, cheio de vírgulas desnecessárias e/ou em local errado. Parece que um aluno de graduação teve um lampejo e começou a escrever. Não gostei.
Leonardo,parabens pelo blog e por abordar o tema.Iniciei nesse ano meu mestrado em genética e desde a graduação sonhei em trabalhar com pesquisas com células troncos, manipulação genética , genética e microorganismos,mas não realizei estágio nenhum na área.Cai agora de paraquedas no mestrado e como minha orientadora me sugeriu trabalhar em um projeto maior que foi enviado para o CNPQ, (mas depois não foi aprovado) que visava fazer uma comparação do proteoma de bactérias Leptospira produtoras de biofilmes e planctônica eu acabei aceitando, mesmo sem ter muito interesse nessa área.Confesso que estou sem motivação para pesquisar os artigos e lêr bastante sobre biofilmes de bactérias, sinceramente não era bem isso que eu queria pesquisar, mas como estou verde na área de pesquisa não sei muito como elaborar um projeto daquilo que realmente gosto.A experiência da minha orientadora é toda com proteomica, e eu acho meio um saco isso.Penso que 2 anos passam rápido , e no meu doutorado pesquiso aquilo que eu gosto.
Gabriel, obrigado por ter lido meu texto. Porém, o blog não é meu. O pessoal do grupo Pós-Graduando, gentilmente cedeu espaço para debater o tema, porém, apenas o texto é meu. Antes de escrever sobre o assunto, andei conversando com diversos alunos, dos mais variados níveis de titulação, e para minha surpresa, tanto graduados quando doutorandos estavam inseguros com suas linhas de pesquisa. Um caso que soube recentemente é que uma doutoranda largou o doutorado para fazer veterinária que era o objetivo dela inicial e não conseguiu alcançar com o doc. Fora os milhares de casos de “saltadores” de laboratório na graduação, que confusos sempre vão para um próximo estágio tentando se realizar. Eu acho válido cada um arriscar e tentar o que gosta, se não der agora, faça mais para frente. Como disse no texto, somos tão cobrados, porque apenas se adequar ao que esta disponível mas, não nos agrada? Se Darwin não tivesse viajado com o Beagle e se acomodado em suas escritas, provavelmente não teríamos tanta beleza em sua obra.
Olá Luiz, positiva ou negativa, obrigado pela crítica. Realmente revisei o texto e tinha consertado alguns erros ortográficos, porém, o site já o havia publicado. Prometo na próxima atentar mais ao fato. A idéia foi tanto ser um relato, quanto uma explicação a todos que as dúvidas permeiam e muito a cabeça dos jovens iniciados na ciência. Realmente não foi intuito abranger aqueles já seguros no seu caminho. De qualquer forma, agradeço por ter lido.
Fiz a graduação em História e sempre fui atrás daquilo que queria, mesmo que sem bolsa. Mas, na verdade, eu ainda acabei tendo 04 bolsas. Trabalhei no laboratório de ensino de história, fui monitor de projetos (uma bolsa que a Federal aqui do Ceará oferece) nessa área que gosto e depois fui monitor na disciplina e bolsista CNPq com o professor que hoje é meu orientador no mestrado. Além disso, eu fui para congressos fora, publiquei e troquei ideias com pessoas de outros locais. Toda essa experiência me ajudou muito na hora de fazer a seleção do mestrado, por que eu já tinha uma boa bagagem de leitura e sabia exatamente aquilo que eu queria. Por outro lado, foi um pouco complicado por que eu gosto da área de Educação, e na História isso é meio que mal visto, como se fosse uma sub-área, então eu sofri com a falta de ajuda dos professores do meu curso. Tive que ir atrás na Faculdade de Educação, que é onde estou hoje começando o mestrado.
No mais, bom texto. Eu vejo muitos estudantes confusos inclusive sobre a escolha do programa de pós-graduação a que pretendem se submeter, não apenas sobre a linha de pesquisa. É notório que muita gente leva mais em consideração o nome do programa do que propriamente o que o mesmo oferece enquanto oportunidade de trabalho para mestrandos e doutorandos. Isso mostra que na graduação não existe uma orientação por parte dos professores, que tão somente querem que seus orientandos os sigam.