No último dia 19 de março a Diretoria Executiva do CNPq aprovou a inclusão da data de nascimento e de adoção de filhos no Currículo Lattes.

A mudança, que ainda não tem data exata para acontecer, estará disponível nos próximos meses.

Essa informação será de preenchimento facultativo.

Além disso, essa informação não será exibida nas consultas públicas dos currículos.

O preenchimento da data de nascimento dos filhos estará no campo de Dados Pessoais, tanto para homens quanto para mulheres.

A proposta foi motivada por um demanda apresentada pelo grupo Parent in Science.

Por que as informações dos filhos no currículo lattes é um passo importante

É um avanço importante, que permitirá conhecer, de maneira abrangente, dados sobre o impacto do nascimento ou adoção de filhos na produtividade e na carreira de cientistas com filhos.

Um dos problemas enfrentado por pesquisadores com filhos é o investimento reduzido em suas pesquisas.

Além disso, o número de citações de seus trabalhos em artigos cai, indicando perda de relevância.

Quando um cientista é mãe ou pai, sua produção cai.

E isso é normal, e precisa ser considerado normal.

Sabemos o quanto a vida acadêmica nos exige e como as vezes é difícil conciliar tudo.

A pausa em função dos filhos, principalmente das mães, costuma durar, em média, quatro anos.

E esse espaço sem produzir não é bem visto nas seleções, seja de bolsa, seja de emprego.

Mas se havia uma boa produção antes, por que penalizar o pesquisador por isso?

Somos humanos e temos vida além da ciência.

Pesquisadores com uma boa produção antes da maternidade, não merecem e nem devem ser penalizados por essa pausa na carreira.

Umas das principais demandas necessárias  é o fomento a ações de promoção da equidade entre homens e mulheres na ciência.

No caso brasileiro, iniciativas nesse sentido são particularmente importantes.

Pois,  apesar do número crescente de mulheres na ciência e que recebem bolsas de formação, elas ainda são minoria em algumas áreas do conhecimento (nas ciências exatas, engenharias e computação).

E também são minorias em algumas bolsas de maior prestígio (como a Bolsa de Produtividade em Pesquisa).

Parte da discussão sobre implementação de políticas para fomento à participação de mulheres na C&T é dirigida à atração de mulheres para a área.

Outra parte também importante é a mudança de determinados mecanismos de exclusão ou estagnação na carreira científica.

Mas também não adianta apenas colocar no lattes se não tiver efeito real.

É necessário um impacto real na vida dos pesquisadores, como por exemplo, a flexibilização na análise em editais em casos que há essa “pausa” na produção.

Tanto em concursos quanto para editais de financiamento de pesquisa.

Que essa possa ser de fato, um avanço para os pesquisadores que tem filhos.

E você, o que pensa a respeito?