Qual a vida após a pós-graduação?
Estou terminando o doutorado. E agora? #crise
Passei seis anos me especializando, mas eu ainda não sei qual é o meu futuro.
Que concurso vai aparecer? Darei aulas num instituto particular? Procuro um instituto de pesquisa? Não faço ideia do meu futuro. Nem do que será dos meus colegas, menos ainda dos milhares de doutores que o Brasil está formando.
Ouço com frequência que o “pós-doc” é uma opção. Mas permanecem as dúvidas: essa função temporária seria para meu aprimoramento ou para manter-me remunerado enquanto esse futuro “prometido” de reconhecimento ao meu esforço não chega? Vale a pena escrever um projeto ou aceitar um pronto, se eu não tenho a intenção de me dedicar totalmente a ele (leia-se, ficar trabalhando nele até aparecer um concurso)?
Não posso deixar de pensar logo em seguida: qual o sentido de tudo isso? Por que ao longo dos anos, depois de formada, a pós-graduação não poderia ser meu futuro profissional? Por que eu não sou encarada como profissional e posso ser remunerada e assistida como tal? Questões que geram questões como se eu estivesse na “biblioteca de Babel” (conto de Jorge Luis Borges). Perguntas fruto dessa inquietação final e para as quais eu não tenho resposta. A única certeza que tenho é que a pós-graduação te assegura uma vida com um futuro incerto ou mesmo sem futuro.
(…)
Mas, espera. Qual é a vida profissional que te garante um futuro?
O futuro profissional já não é agora?!
Então vamos pensar no que pode ser feito nesse presente que temos nas mãos. Começar por nós mesmos a encarar esses seis anos de especialização (ou mais se for encarar um “pós-doc”) com profissionalismo e comprometimento. O que inclui não só parar de reclamar da vida acadêmica como inteirar-se e discutir o que pode ser feito em prol da categoria profissional. Ver que em muitos países pós-graduando é sinônimo de profissional qualificado e por isso tem postura profissional e os direitos que são inerentes a uma carreira. Férias, seguridade social, por exemplo.
Mas também creio que é importante entender como funciona dinâmica cientifica, isso ajuda a tornar o processo mais fácil… seja ele de iniciação à vida de pesquisador ou a transição de pesquisador em treinamento para liderança de uma equipe… Mas, claro continuar a mover-se…
Tentando deixar esses medos e aproveitar cada oportunidade para estabelecer sua rede de contatos, descobrir novas oportunidades, possibilidades e fazer, na medida do possível, o melhor e o seu próprio caminho.
É o meio acadêmico gira em torno de si próprio, essa é a vdd!
Isso é verdade. Mas também é verdade que o mundo corporativo gira em torno de si próprio…
A dúvida de todos…
kkkkkkkkkkkkkk essa foi muito boa e real! ________________” A única certeza que tenho é que a pós-graduação te assegura uma vida com um futuro incerto ou mesmo sem futuro”
…um funil é algo cônico e não cilíndrico, ou seja, há cursos de pós-graduação “stricto sensu” de sobra, muitos programas para poucas oportunidades de trabalho aos jovens mestres e doutores, portanto, esperar que todos os graduados se pós-graduem como mestres e que estes então se pós-graduem como doutores, não passaria de um tipo de ilusão perigosa, pela qual assumiríamos que a mera educação formal asseguraria crescimento econômico…
Acho que todo mestrando ou doutorando sempre pensa nisso, pois imagina que depois de todo esse esforço ele merece uma boa colocação numa universidade para começar a trabalhar.
Mas… ele não vem trabalhando na pesquisa desde o início do mestrado? Então por que só agora com o fim da jornada ele vai começar a se preocupar com a carreira? Acho que é um reducionismo da cabeça do próprio profissional em pensar assim, como se a vida dele estivesse acabando com o fim do doutorado. E não é bem por aí. Devemos encarar nosso trabalho na pós como isso, como trabalho, mesmo que (ainda) não sejamos contemplados com leis trabalhistas. E precarizar isso com esse pensamento de fim de carreira é minar suas próprias chances futuras.
sobre a autora: “Aprecia os pequenos prazeres da vida e é uma otimista incorrigível “
Bom, acredito que posso colaborar com meu ponto de vista para algumas das perguntas feitas.
Que concurso vai aparecer? Darei aulas num instituto particular? Procuro um instituto de pesquisa?
R: Ninguém pode prever o futuro, entretanto o passado pode ser conhecido. Você poderia ter procurado dar aulas em uma universidade particular (que raramente exigiria um doutorado), poderia ter prestado concursos que não exigem o título de doutor ou algum cargo em um instituto de pesquisa que não exija o doutorado. Se você não correu atrás disso, é lógico que não conseguiu. Ninguém vai bater na sua porta e lhe oferecer um cargo público ou um emprego de pesquisadora ou professora.
Essa função temporária seria para meu aprimoramento ou para manter-me remunerado enquanto esse futuro “prometido” de reconhecimento ao meu esforço não chega?
R: É óbvio que o pos-doc tem como motivador melhorar seu desempenho como cientista. Como nem relógio trabalha de graça e você já será doutora, é razoável admitir que terá que receber uma bolsa por isso. Não existe “futuro prometido de reconhecimento”, o que existe é você construir o seu reconhecimento como pesquisadora ao longo dos anos. Se você publicar bastante, fazer um networking, participar de comitês de conferências, ajudar a orientar alunos de ic, etc, você passará a ser cada vez mais reconhecida. Você não sairá de uma ilustre desconhecida para uma “pessoa ultramente reconhecida e valorizada pela sociedade” só porque conseguiu defender sua tese.
Qual é a vida profissional que te garante um futuro?
R: Qualquer emprego público, depois que você passar pelo estágio probatório, você terá um futuro garantido. A menos que você faça algo absurdo como espancar algum colega de trabalho, você terá sim um futuro garantido. E isso é em qualquer cargo público, não necessariamente algo a ver com universidades ou institutos de pesquisa.
Para finalizar, acredito que quando você terminar seu doutorado, vai colher os frutos que plantou (ou deixou de plantar) durante toda a sua vida acadêmica.
PARECEU EU PENSANDO NA MINHA EXISTÊNCIA!!! 🙁
Pois é… as vezes eu tenho a sentimento que muitos que seguem um caminho de estudos direcionado ao Stricto Sensu acreditam que “pronto eu estudei muito e agora eu mereço um ótimo salário e um ótimo emprego!” Ai eu me pergunto: será que o cara na hora de avaliar o curso de graduação, especialização mestrado e doutorado ele avaliou qual é a situação de empregabilidade e de remuneração da profissão que ele escolheu?
Me doi la no coração perceber que muitos escolhem este caminho do strictu sensu como forma de se bancarem e só isso. Como no citado no texto quando ela avalia fazer ou nao um pós-doc “(…)essa função temporária seria para meu aprimoramento ou para manter-me remunerado enquanto esse futuro “prometido” de reconhecimento ao meu esforço não chega”.
Creio que todos nós ao escolheremos seguirmos o caminho do stricto sensu sabemos as condições de trabalho e de mercado, afinal, em geral, quando chegamos na idade de seguir este caminho ja temos uma razoável maturidade.Agora depois de fazer tudo muitos de nós ainda ficamos reclamando de falta de reconhecimento, baixo salário e a conversa de sempre.O que muitos querem é passar num concurso publico e viver bancado pelo Governo com uma escala de trabalho razoável, sem muuuuitas cobranças e a estabilidade que so um serviço público nos trás.
Acho um porre esse papo de “eu mereço pq estudei”…
Pois é… as vezes eu tenho a sentimento que muitos que seguem um caminho de estudos direcionado ao Stricto Sensu acreditam que “pronto eu estudei muito e agora eu mereço um ótimo salário e um ótimo emprego!” Ai eu me pergunto: será que o cara na hora de avaliar o curso de graduação, especialização mestrado e doutorado ele avaliou qual é a situação de empregabilidade e de remuneração da profissão que ele escolheu?
Me doi la no coração perceber que muitos escolhem este caminho do strictu sensu como forma de se bancarem e só isso. Como no citado no texto quando ela avalia fazer ou nao um pós-doc “(…)essa função temporária seria para meu aprimoramento ou para manter-me remunerado enquanto esse futuro “prometido” de reconhecimento ao meu esforço não chega.
Creio que todos nós ao escolheremos seguirmos o caminho do stricto sensu sabemos as condições de trabalho e de mercado, afinal, em geral, quando chegamos na idade de seguir este caminho ja temos uma razoável maturidade.Agora depois de fazer tudo muitos de nós ainda ficamos reclamando de falta de reconhecimento, baixo salário e a conversa de sempre.O que muitos querem é passar num concurso publico e viver bancado pelo Governo com uma escala de trabalho razoável, sem muuuuitas cobranças e a estabilidade que so um serviço público nos trás.
Acho um porre esse papo de “eu mereço pq estudei”…
Olha, fiz mestrado em Biotecnologia, mas desde 1996 sou professor da rede pública de ensino…não consegui o retorno que esperava, tenho só uma publicação( da minha dissertação), para os alunos do ensino Fundamental e médio, não faz a menor diferença o fato de eu ter mestrado, em geral isso é mais motivo de piada do que orgulho…
Estou fazendo a seleção para doutorado, mas de verdade, para fazer um concurso, o doutorado é o mínimo que está sendo exigido…tenho a impressão que estou no meio do caminho…
Existe sempre a possibilidade de eu esquecer esse papo de doutorado e abrir uma empresa de qualquer tipo que seja, e desistir de ser professor universitário.
Embora isso tenha custado meu casamento, penso que o problema não é voc6e ter um sonho em um nível alto e não alcançar.. o problema é sonhar baixo e conseguir.
Sempre será um problema, não há perspectivas de melhora, porém imagino que com o doutorado, outras possibilidades, inclusive de sair do país são mais prováveis de ocorrer…ou estou enganado?
Olá Alexandro,
Realmente você disse uma frase muito boa: “O problema não é sonhar alto e não alcançar, o problema é sonhar baixo e conseguir”.
Para fazer um concurso de professor universitário, realmente você precisará fazer um doutorado. Entretanto, como eu disse, na maioria das universidades privadas o doutorado não é exigido. Uma opção, é tentar um emprego em alguma universidade privada e só pensar em doutorado após estar relativamente estável nessa universidade.
Outra opção mais radical seria você largar o seu cargo público e tentar uma bolsa de doutorado pleno no exterior, pelo ciências sem fronteiras. Essa opção ao meu ver é a mais arriscada, mas também tem as chances de lhe capacitar para ser aprovado em um concurso para professor universitário quando retornar ao brasil. Mesmo que você não consiga um concurso logo que retornar, com certeza conseguirá emprego em uma universidade privada (professor com doutorado no exterior deve ser bem valorizado) ou aulas em uma escola particular (ensino médio).
To passando pelo que você!!! Também tenho mestrado e dou aula para o ensino fundamental e médio aqui a 3 anos e estão surgindo oportunidades para dar aula no ensino superior particular, mas daí fica a dúvida…Dar aula no ensino superior e focar nisso ou usar o pouco tempo livre para focar em fazer um doutorado??
Não sei se é um momento da economia ou se realmente há muitos doutores no mercado, mas desde que terminei o doutorado em maio deste ano não consigo uma vaga em instituições particulares. A resposta sempre é a mesma: quadro cheio. Vcs também estão enfrentando esta dificuldade?? Outro grande problema a considerar é a falta de experiência, ao se dedicar exclusivamente a pesquisa ( com bolsa) ficou difícil adquirir experiência de sala de aula como professor. Não estou aqui para reclamar da vida, mas expondo as dificuldades que estou encontrando para entrar no mercado de trabalho. Outro ponto: não concordo,que um,servidor público seja um desocupado que queira vida fácil. Para passar em um concurso há um infinidade de candidatos e horas de dedicação de estudo. E a realidade das repartições públicas não é um mar de rosas.
Sim Mel, esta dificuldade é a mesma para todos que resolvem desbravar o mundo do ensino pela primeira vez. Isto é independende de formação, como muitos podem argumentar, pois na mínha área, eng. mecânica, eu nem sou recebido na portaria se não tiver experiência anterior com ensino (alguns tem a cara de pau de pedir mestrado & experiência de mercado, perfil meio incomum….). Eu não sei bem como contornar isso, mas acho que deva ser aceitando qlqr tipo de trabalho que te dê a experiência requisitada, como professor voluntário, por exemplo. A verdade é que trata-se de um mercado muito ruim mesmo, mas que temos dificuldade em enxergar por termos um perfil idealista. Como exemplo, novamente na minha área, o doutorado, literalmente, destrói o diploma de engenheiro, pois te classifica com um perfil “técnico demais”. Mas caso você opte por ocultá-lo em algum processo seletivo, fica a pergunta: mas oq vc fez durante 4 anos? Aliás, o próprio mestrado já causa este efeito.
Me vi nesta publicação. E me alivia saber pelos comentarios acima que nao sou a única. É o unico consolo. Kkkkk
Lembrei também da minha filha me perguntando: mãe e depois? ( graduação); mãe e depois ( mestrado); mãe e depois? ( doutorado)…????????????
A minha opinião é que o estudante não é levado à sério no Brasil. Que são cobrados pelos deveres, mas não tem direito a nada.
Existem programas de incentivo aos estudos apenas para formar profissionais que não terão onde trabalhar – usando o conhecimento que adquiriu.
O brasileiro tem alma de pobre e acha que tem que lascar para conseguir alguma coisa.
Eu estou completamente cético em relação à alguma mudança nesse quadro. O que eu acho que tem pra fazer é o que todo mundo já faz: ir se especializando até que por sorte você encontra alguma coisa que, de repente, não é bem o que você queria e merecia, mas tudo bem, é melhor do que nada, né? Na melhor das hipóteses você vai conseguir o que você sempre sonhou: ser professor(a) de uma universidade pública. E aí você terá que trabalhar em más ou péssimas condições e, além de ser um grande especialista na sua área de conhecimento, também será, de tabela, um grande especialista no jogo do contente.
Desculpem-me pelo desabafo.
Beijos.
A idéia de que voce poderia estar dando aula em instituição particular mesmo sem doutorado…. como foi dito acima , NÃO E TÃO FÁCIL assim, eu tenho mestrado em uma faculdade pública, e atualmente sou doutoranda por essa mesa faculdade , e não consigo de jeito nenhum por mais que mande vários currículos dar aula em qualquer faculdade particular , o que me dizem e que o quadro está cheio como tb foi mencionado acima. Então por mais que vc se esforce nem sempre as coisas andam como vc quer e muito menos são tão fáceis como algumas pessoas pensam. Espero que após o doutorado e sim após o meu pos doc ( minha motivação a fazer o pos doc e mais do que grana da bolsa ou ficar esperando até passar e algo, para mim e uma realização pessoal que vai muito além disso ) eu consiga passar em algum concurso público para professora .