Vou explicar aqui como me tornei empreendedora.

Eu estava trabalhando em uma universidade particular e como orientadora credenciada na pós-graduação da USP.

E saí dessa universidade por vários motivos.

Fui então fazer alguns cursos no Sebrae para saber se eu tinha um perfil de empreendedora.

Interessante foi que surgiram características minhas importantes para empreender, principalmente para quem faz pesquisa muitos anos, orienta alunos e etc.

Mesmo que seja somente fazendo uma pós-graduação, já ajuda muito que qualquer um tenha várias características empreendedoras importantes.

Primeiras experiências e lições aprendidas

A partir daí e eu abri uma startup com uma pesquisa que eu desenvolvi, recebi uma bolsa da Fapesp, modalidade PIPE e fui para Inglaterra fazer um curso de empreendedorismo também pago pela FAPESP.

Essa empresa não deu certo.

E a partir dessa experiência empreendedora, eu abri uma nova empresa que eu tenho hoje e que se chama Escrever Ciência.

É uma empresa que fornece consultoria científica.

Concluindo, os erros que fazemos com tentativas para gerir uma empresa são úteis para você entender como o próximo negócio que você vai abrir pode funcionar melhor.

E todo esse processo me ajudou a criar um mindset de empreendedora.

Com a criação dessa empresa, eu comecei inicialmente fazendo somente serviços de tradução, porque eu tinha feito a pós-graduação tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos e também meu inglês é fluente.

E a partir daí, eu fui descobrindo no mercado de assessoria outras demandas onde eu poderia ajudar as pessoas e assessorá-las cientificamente.

Minha bagagem técnica na pós-graduação me ajudou muito.

A mensagem que quero deixar é: os erros são fundamentais para aprimorar o próximo projeto.

Cada tentativa empreendedora me ajudou a moldar um mindset resiliente e inovador.

Reflexões e Conselhos

Você que passou esses anos todos seguindo a carreira acadêmica, pense no que mais pode fazer além do caminho tradicional da iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Depois de toda essa formação e após vários anos dedicados a pesquisa, você vai começar a tentar concursos públicos em universidades nas poucas vagas existentes… até finalmente começar a enfrentar as universidades particulares.

Aí você consegue uma vaga e dá muito mais aulas do que consegue fazer pesquisa.

E está sempre preocupado que pode ser demitido, pois o salário de um PhD pode ser substituído por um de iniciante, que aceita ganhar menos…

As características que nós acadêmicos (hoje sou empreendedora e feliz) possuímos ao fazer pesquisa, pós-graduação, defender tese etc., são muito próximas às características de um empreendedor/dono de empresa.

Veja:

1. Persistência

Errar nos experimentos e refazê-los, ajustar o método para as particularidades do seu experimento e à pergunta associada, aumentar número de amostras e tudo relacionado a isso são sinais de grande persistência.

Altos e baixos o tempo inteiro.

E continuando e iniciando até dar certo aqueles experimentos difíceis.

2. Liderança

Quando estamos fazendo o mestrado ou doutorado e seu orientador pede para que oriente um aluno de iniciação científica ou em início de mestrado, nos ajuda a desenvolver a liderança.

Ensinando e orientando, você precisa liderar e dar exemplo de postura e atitude.

3. Networking/colaboração/busca de informação

Procurando outros laboratórios para aprender novas técnicas ou complementar com um experimento diferente, nos leva a desenvolver características de colaboração/divisão de tarefas que são importantes para o empreendedor.

4. Criatividade

Ler artigos e pensar em “gaps” na literatura e como resolvê-los são exemplos de criatividade, pois precisamos adaptar e reformular o que já foi feito naquela área de pesquisa de maneira sistemática, mas criativa também.

5. Planejamento e comprometimento

Não precisa nem comentar… Planejar experimentos, ler artigos e trabalhar até nos fins de semana sem horário, são todos sinais de alto comprometimento e planejamento.

empreendedora

Desenvolvendo Competências Empreendedoras

E agora, que características precisamos trabalhar para ser um bom empreendedor?

Independência e Iniciativa: procurar soluções para os problemas com os experimentos, escrever um artigo de maneira independente, são boas características que mostram independência.

Mas eu diria que essas características não são muito desenvolvidas em alguns pós-graduandos e precisa ser mais trabalhada, principalmente se o seu orientador toma conta de tudo e até das publicações do trabalho que você fez.

Estabelecer metas: outra característica que precisa ser trabalhada em nós acadêmicos.

Muitos possuem metas, mas colocar por escrito no papel ou no computador o que será feito passo a passo ajuda a atingir essas metas.

Ser pós-graduando oferece uma base sólida para empreender em qualquer área, pois combina conhecimento especializado, habilidades de pesquisa e uma rede de contatos valiosa.

Além disso, proporciona uma vantagem competitiva se você entender as demandas, tendências e desafios da área em que atua.

No entanto, o empreendedorismo também exige coragem, resiliência e a capacidade de aplicar esse conhecimento de maneira prática.

A chave é aproveitar ao máximo as oportunidades que surgem durante a pós-graduação para construir uma base forte para o seu próprio negócio.

Em resumo: Com um olhar técnico e atualizado sobre os desenvolvimentos mais recentes da sua área, um pós graduando pode ser capaz de identificar oportunidades de inovação que outros, com uma formação menos especializada, podem não perceber.

Caso deseje mais informações ou tenha sugestões, sinta-se à vontade para enviar um e-mail para [email protected]

Estamos aqui para ajudar você a desenvolver suas ideias e estruturar projetos como o PIPE/FAPESP.

Texto escrito por Flavia Pinheiro Zanotto, bacharel pela Universidade de Brasília, Mestre pela Universidade da Flórida e o Doutora pela Universidade de Oxford, ambos na área de Fisiologia. Pós-Doc pela USP – Instituto de Biociências. É também avaliadora de projetos submetidos a National Science Foundation (NSF), nos EUA e FAPESP, em São Paulo.  Atua hoje na área de assessoria científica na empresa ESCREVER CIÊNCIA, prestando consultoria e medical writing para a indústria farmacêutica e para médicos.