Conseguimos responder com assertividade as situações vividas na pós-graduação?
Imaginem a seguinte situação no ambiente acadêmico:
João, estudante de mestrado, está em uma reunião do grupo de pesquisa, faltando poucos minutos para às 15h00, ocorre um problema no laboratório.
O orientador de João pergunta se ele poderia ficar um pouco mais de tempo junto com a equipe para que possam solucionar o problema. Automaticamente, ele responde sim, porém, consulta o relógio de minuto em minuto e mostra-se visivelmente impaciente.
O orientador interpreta esta atitude como má vontade de seu orientado, quando na verdade João está preocupado com sua filha, que só pode permanecer na creche até às 17h00…
A situação descrita é fictícia, mas facilmente pode ser observada no meio acadêmico, cada um de nós pode ter algo parecido para relatar. No caso do nosso aflito João, o que faltou foi um pouco mais de assertividade.
A assertividade é definida como uma postura comportamental que assumimos diante das pessoas e de situações vividas no cotidiano, algo como conseguir expor nossas posições e necessidades de forma direta, objetiva, sem causar conflitos ou constrangimentos.
Muitas vezes, diante da cadeia hierárquica na pós-graduação (desculpem se aqui estraguei a ilusão de igualdade e fraternidade, mas sim, a cadeia hierárquica existe) nos sentimos receosos de expor nossos posicionamentos diante de pessoas que estão em níveis acadêmicos mais adiantados, visto que o conceito de liderança ainda predominante na sociedade é mais ou menos na linha do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
No entanto, dizer sim apenas para evitar possíveis divergências pode ser muito mais danoso do que expor os motivos de um não. Se o João da história acima tivesse conversado francamente com o orientador, poderia ter evitado a impressão de indisponibilidade e conseguido conciliar suas necessidades com as obrigações do laboratório, além de se poupar de todas as outras repercussões associadas ao fato de dizer sim quando se quer dizer não (ex.: ansiedade, angústia, pressão).
Não esqueçamos o poder de um bom canal de diálogo, afinal o que não é expressado claramente pode ser interpretado de uma maneira que não reflete a sua realidade.
Compartilho desse sentimento Soledade! Aprender a dizer não é tão importante quanto construtivo! Parabéns por levantar essa questão de modo tão ilustrativo.
Excelente texto, Maria da Soledade! Isso é um problema muito sério nos ambientes acadêmicos (e possivelmente em muitos outros lugares) e já vi pessoas em situações muito complicadas por causa dessa tendência em dizer “sim” quando o melhor seria dizer que “não” e explicar os motivos. O pior é que os efeitos sobre a pessoa se acumulam, e inclusive quem pede as coisas sabe que é sempre “sim” e às vezes acaba se aproveitando disso… aí pra sair dessa situação fica muito mais difícil do que se desde o início o diálogo tivesse sido melhor.