Uma monografia em linguagem poética.

Antes do anúncio, valorizemos o prenúncio: UM ALERTA! Possamos nos despir de tudo aquilo que nos acorrenta e nos prende ao chão, ao ponto de enclausurar nossos sonhos e desejos para vida. Educação. Última chamada para o expresso das fantasias reais!

“Monografia” palavra quando dita ou lida pode despertar os mais terríveis pensamentos e provocar centenas de náuseas incolores (As cores já se perderam há algum tempo), mas será que esta perturbação de nível atômico em nós é realmente necessária? (Perguntem para quem passou ou para quem está vivenciando esta experiência).

Seu significado é simples, podemos defini-lo com poucos mais de uma linha (“Anh-ran”): trabalho escrito que trata de um assunto específico – pronto! Ponto. Vamos continuar caminhando, em seu sentido etimológico significa: mónos (um só) e graphein (escrever): dissertação a respeito de um assunto único. Simples não?!

Como algo simples pode nos fazer passar mal muitas vezes? Algo estava errado (precisava acreditar nisso), algumas peças estavam faltando para que a roda-gigante da vida pudesse entender o motivo de está girando sempre.

“Voilà!” Depois de algum tempo de pesquisa e sonhos sobre os mistérios que circundavam esta “santa” palavra Monografia, pude criar e entender o seu real(ternativo) significado e sua origem etimológica com a mesma simplicidade, todavia, com uma preocupação maior e mais irreverente.

Etimologia: na realidade este “mónos” não é de “um só”, e sim “móno” é uma denominação dada aos macacos (símios) em geral, (e também) aos grandes primatas sem cauda e com longos braços (o chimpanzé, o orangotango e o gorila) e grafia advém (realmente) de “graphein” (escrever).

Já imaginaram essa “mono/grafia”? Macacos (mesmo sendo um GRANDE PRIMATA) imitando uma escrita previamente escolhida, com um “chapéu” inversamente proporcional ao seu tamanho e seus sonhos e dançando de acordo com a música tocada (ditada pela academia)?

Este é um dos significados etimológicos dessa nova (antiga) palavra Monografia (nascida desde 1830), neste caso “Macacografia”(nascida desde algum sonho), lembrando que esta origem não esgota as tantas outras hipóteses e teoria que ainda hão de vir. Ah, bem lembrado… O significado dessa “Macacografia” segue nos sonhos reais escritos logo abaixo.

Macacografia

Em um novo amanhecer, amanhecia nos braços (in)finitos da internet, dialogando com Word, artigos, anotações, livros, livretos, mais Word, artigos, anotações, livros, livretos. A confusão marcada como tatuagem, a rosa-dos-ventos murchou só deixando os ventos, nada de transver o mundo, precisávamos de algo concreto (diz-se do que é sólido

[e não fluido] [substância concreta]; condensado; espesso), água evapora, transcende, “não fluidos” não transcendem, são pesados, nos fazem tropeçar.

Entristecida, fera ferida, os sentidos e significados estavam perdidos, escrever passou a ser know-how tortura o enquadramento acadêmico ensina manuais de tortura e torturadores (Tormentos aos contadores de história), circunstâncias de mortes para as ideias, desaparecimentos de consciências e das prisões arbitrárias para vida cometidas nos anos de chumbo (concreto?) e revivendo no hoje. “(…) O olho vê, a lembrança revê…” (Manoel de Barros).

As falas escritas, histórias e estórias contatas, “A estória não quer ser história. A estória, em rigor, deve ser contra a História” (Guimarães Rosa), não era sapiência e nem ciência, não há aprendizagem. Escrever no quadrado acadêmico – perdão – no enquadramento acadêmico tem mais valor (preço atribuído a algo: o valor de um terreno/ utilidade, valia/ importância, qualidade, mérito/ validade). Deve-se formatar aos poucos.

Dois anos, nove meses e vinte e oito dias – tempo, tempo, tempo – esses anos, meses e dias são as vivências na faculdade, 36 disciplinas (significado/origem: “aquele que segue” – outros sentidos: castigo que produz obediência), algumas tive o prazer e a sorte de caminhar ao lado, outras verdadeiras obediências, ameaçados por faltas e notas, três anos passados em uma Instituição de Ensino Superior e uma corriqueira monografia não se concretizava.

Pensamentos e ideias essas não faltavam, comecei a ficar com raiva disso, a não querer pensar tanto, pedir para as ideias ficarem quietas, elas não estavam me ajudando, corria contra um tempo, que nem sei que tempo é esse, queria mostrar para mim que sabia escrever, como assim? Será que até hoje não escrevo? E os contos? As poesias? Frases? Não é escrever? Não para linguagem acadêmica! Mas por que não? O erro pode ter sido meu, ao invés de ler muitos artigos, monografias, teses, me deliciava e fruía nos livros.

Livros de Paulo freire, Maria Olypey, Rubem Alves, Gheralldeli, Edgar Morin, Manoel de Barros, Medina, João Batista Freire, Antônio L. Bahia, Luiz Alberto S. Tourinho, Tom Jobim, Madalena Freire, Lauro de Oliveira Lima, Lev Vygotsky, Pedro Demo, Jean Piaget, Jean Jaques Rousseau, Vinícius de Morais, Platão… – Livros que são verdadeiras histórias, textos que lhe proporcionam prazer, em um cenário para descansar, uma terra imperfeitamente perfeita para nascer um pé de gente.

Quando menos espero, meus pensamentos assumem o papel do treinador e questiona-me: como sempre Renata, se posicionando muito bem, mas quantas páginas têm a sua monografia? Automaticamente a resposta chegava aos galopes: NENHUMA (uma ou duas e quem sabe três), mas uma vez as lágrimas regavam a flor do meu amanhecer.

Download de artigos, procura-se por livros. Ler, ler, ler, ler, ler, ler, ler (Logo vira L.E.R.) Estava lendo Gheralldeli e me perguntei: Será que ele tem Facebook? Vou procurar. Fiquei nervosa quando vi o seu perfil, fiquei naquele dilema, mando um convite ou não? Resolvi mandar. Entrei no site dele, estava nas partes dos livros (Por que será?!). Nos links dos vídeos, tinha uma entrevista com o Jô – minha curiosidade pedindo para assistir, certamente assisti. Gostei da conversa, uma boa conversa entre amigos, no entanto, o momento que iria me fazer chorar encontrava-se no final – uma metáfora sobre um ensinamento de Paulo Freire.

A história: “Como fazemos para que um elefante possa descer da árvore? Ele senta em uma folha e espera o outono chegar”. Nesse presente, meu passado misturou-se com o futuro, perdi a noção do tempo-espaço, meus olhos derramaram sentimentos derretidos. Tempo, esse tempo que corremos tanto contra ele, deve ser nosso amigo, “calma gafanhoto”, “a fruta só dá no tempo” (Mestre Bimba), mais uma vez parei para pensar na pressa.

Algumas pessoas no “programa do Jô” riram dessa aprendizagem vestida de conto, mas não as culpo, muitos foram formatados a entender: Espaçamentos 1,5, letras Times New Roman ou Arial, fonte 12, Margem da página 3-3-2-2 cm e tantas outras coisa (in)úteis para escrever um texto.

Logo que acabou o vídeo acelerei os dedos para pesquisar sobre essa metáfora, coração pulsava na esperança de encontrar, para felicidade dos sorrisos, o próprio Gheralldeli escreveu. Sabia que iria ler algo muito bom, não esperava que mais uma vez causasse uma desequilibração.

Segundo parágrafo do texto: “Contar histórias é algo que Paulo Freire sabia bem. E nisso, ele fazia filosofia. Pois a filosofia que ele fazia, se quisermos algum enquadramento acadêmico, pode ser vista como na tradição de Montaigne e Pascal. Uma filosofia de ensaios e aforismos.” Esse foi o momento, exato, do choro, a cada letra do texto, uma lágrima dançava, comecei a agradecer meus sorrisos e fazer poesias de desculpas para minhas ideias e pensamentos.

Os autores que mais admiro são “contadores de histórias”, não é ciência contar história? Não há aprendizagem? “Quem sabe o conteúdo, modifica a forma” (A. Bahia) Escrever é descrever o mundo. Escrever e Esculpir deveriam ser sinônimos. Escrever eterniza a memória, Fotografa o tempo, Recria a vida. Inspiro vida… Expiro Poesia.

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Texto escrito por Biba Renata, professora de Educação Física e estudante de Pedagogia.