Depois de muito tempo sem escrever no Pós-Graduando, retomo hoje minhas atividades como colunista.
Sempre que vou a um congresso, simpósio ou seminário nas universidades públicas brasileiras, me sinto em casa e isso me faz refletir sobre a academia com um “lugar do simples Encontro”.
Essa palavra – Encontro – substantivo simples, derivado da regressão do verbo encontrar, marca o descobrir, o achar alguma coisa (ou alguém) que se procurava. É o que acontece com os pesquisadores nas universidades.
É possível em uma mesa-redonda ter ideias novas para um artigo, em um congresso encontrar e fazer contato com gente das mais diversas localidades do Brasil.
Mas o que me leva a refletir sobre essa questão? Nascido em uma cidade interiorana, tenho percebido como o preconceito atinge drasticamente a vida das pessoas. Uma hora é o cabelo, outra hora o piercing do outro que chama a atenção.
Na academia, por um olhar do visual e do espaço à nossa volta, percebemos como é o lugar da heterogeneidade. Ali não importa se o cabelo é azul ou rosa. E todos têm o seu lugar.
O preconceito é algo que assola a humanidade e muitas vezes, assola também as pesquisas. Temas que são pouco apreciados pelas cúpulas de pesquisadores; forte valorização das áreas biológicas e exatas, não fortalecendo e enriquecendo as humanas; a falta de incentivo para o processo de amadurecimento da escrita (parece que o aluno de iniciação científica ou do mestrado já tem que nascer sabendo escrever textos científicos; não se valoriza o início, as escritas ainda pouco consistentes, mas que já revelam uma identidade do futuro pesquisador)… E tantos outros…
A pesquisa e a extensão e, principalmente, a inovação no Brasil são relativamente novas: há muito tempo se faz pesquisa e extensão, mas só agora com os avanços tecnológicos e um equilíbrio maior da economia e do início da valorização pelo fomento das atividades acadêmicas é que se consolida um cenário do conhecimento brasileiro.
O encontro se faz todos os dias nas universidades, não só nas públicas como citei no início (onde ele é mais evidente), mas também nas particulares. Que ele seja possível de acontecer na sociedade colocando o conhecimento acadêmico a serviço da comunidade.
Poesia: que traz leveza e profundidade, a uma reflexão para mim, mui cara. Adorei seu texto!
Esse é aquele típico texto que a gente tem vontade de imprimir e colocar na parede do quarto. É exatamente isso que eu sinto na academia. Eu não me sinto julgada por ser pobre ou rica, gorda ou magra, preta ou branca. Ali eu sou uma pesquisadora, discutindo ciência nesse país. Minha grande revolta com a pós-graduação são os “mestres” egocêntricos que esquecem que orientar ´muito mais que assinar um trabalho e indicar defeitos. Orientar é dividir a sua experiência com uma criatura que está iniciando sua vida. Um mestrado é uma iniciação se fosse para pesquisar sozinha, nem precisaria indicar um “orientador” na seleção. Obrigada pelo texto cara.
Obrigado pelos comentários pessoal. Fiquei muito feliz que gostaram do texto. Nos próximos quero ver se capricho mais… Tenho já algumas pautas de reflexões que acho importante. Infelizmente não tenho a veia para escrever humor que é o que bate recorde aqui no blog, mas acredito que todas as reflexões são válidas e sempre que possível vou escrever sobre elas.