Depois de entrar no universo da pós-graduação, você percebe que ele não é tão florido quanto imaginava ao observá-lo de longe.
Ao elaborar um projeto e escrever uma monografia, dissertação ou tese, o você fará algumas descobertas que podem não ser muito agradáveis, mas são comuns a quase todos os alunos.
Alguns superam rápido, já outros demoram para aceitar a realidade e sofrem mais com a situação.
Embora eu acredite que o maior aprendizado acontece na prática, decidi antecipar algumas situações com as quais você provavelmente irá se deparar ao longo de sua pós-graduação. Já diz o ditado que “quem avisa amigo é”, então lá vai:
1. Tenha os pés no chão, sua pesquisa não será a salvação para o mundo.
A ordem é: afunilar, afunilar e afunilar cada vez mais. Lembre-se que você deve restringir seu projeto, mas não seu interesse com relação a ele.
2. Não importa o quanto você leu sobre um determinado assunto/tema, ainda não é suficiente.
Leia mais, mais e mais. Ok, em algum momento você vai precisar diminuir o ritmo das leituras para começar a escrever, mas enquanto isso continue lendo.
3. Quanto mais claro seu projeto estiver para você, melhor será seu texto.
O contrário também é verdadeiro.
4. Se depender de você e de seu orientador, sua monografia nunca ficará pronta.
A dissertação fica pronta quando a bolsa o prazo termina.
5. Se depender de você e de seu orientador, seu artigo nunca ficará pronto.
A regra anterior também vale para aquele artigo que você está escrevendo.
6. Backups nunca são demais.
Por conta dos itens 4 e 5, você terá mil arquivos salvos com o nome “última versão”, “última versão 2”, etc.
7. As referências nunca acabam
Se você já conferiu as referências 50 vezes, não se preocupe, certamente alguma ainda ficou de fora.
8. Nem sempre a escrita rende
Não importa quão criativo, relax, inteligente e dedicado você é, o bloqueio criativo irá te pegar em algum(ns) momento(s). Quando isso acontecer, sente e chore tenha calma.
9. Seu orientador nem sempre está à sua disposição no tempo que você precisa.
Isso te ensinará a ser muito, muito, muito mais paciente e até mesmo independente.
10. A banca nem sempre conseguirá enxergar o melhor do seu trabalho.
Orgulhe-se dele mesmo assim.
Nadini! Gostei bastante! Principalmente dessa dica aqui:
4. Se depender de você e de seu orientador, sua monografia nunca ficará pronta.
A dissertação fica pronta quando a bolsa o prazo termina.
Realidade total!
Pura realidade, Nadini… conheci um professor que dizia que “pesquisa a gente não termina, a gente publica e abandona, mas nunca termina”. E o pior é que é justamente na fase de leitura para escrever a dissertação/tese que a gente se depara com ideias interessantíssimas que poderia agregar ao trabalho…!
As maiores 10 verdades dos últimos textos que já li sobre a pós-graduação! Fantástico. Parabéns e obrigada. =D
Adorei a dica 7!
“As referências nunca acabam
Se você já conferiu as referências 50 vezes, não se preocupe, certamente alguma ainda ficou de fora.”
FATO!
Muito bom !
6 e 7 se resolvem com Dropbox e Mendeley
(Y)
O melhor orientador é aquele que não atrapalha!! Se ajudar, é divino. 😉
A lei de Murphy supera todas as outras!!!
Ficou ótimo só esqueceu de um detalhe, eu por mais que você se esforce sem alguma análise dará errado várias vezes, fazendo você perder a paciência.
Vi minha vida retratada neste texto. Chorei! Só não sei se foi pelo fato do texto estar engraçado ou, de tristeza com a semelhança entre minha atual situação.
Discordo das duas primeiras, mas as demais são a mais pura verdade!
Adorei as dicas, e as sugestões de leituras que os orientadores dão são infinitas rsrsrs….
Eu desisti e me faz mal só de ter insistido em conviver com as pessoas que convivi e tratar todos bem.
Universidade é uma farsa! Ilusão e sabemos disso! Persiste-se em pesquisa e na busca de um título de doutorado ou vaga de professor universitário por puro viés de confirmação (querer acreditar acima de qualquer coisa). Alguns suportam fazer pesquisa para rechear o currículo para concursos e outros suportam dar aulas esperando um dia entrar numa universidade federal para fazer pesquisa (baita ilusão), já que dar aulas do nível médio pra baixo é pedir pra morrer (infelizmente as crianças chegam a universidade com quase a mesma cabeça e comportamento). Fiz graduação, mestrado e doutorado numa universidade federal, um ciclo de 10 anos. Sofri, vivi, assisti, e fiquei sabendo de todo tipo de trapaça, mesquinharia, molecagem, fofoquinhas, difamações, perseguição pra afetar meus orientadores, que não podiam ser afetados diretamente e tiveram seus orientandos atacados, ao melhor estilo “quebrem as pernas deles”.
Tive trabalhos roubados (artigos e patentes), mesmo ajudando a tantas pessoas pelo bem do princípio da multiplicação do conhecimento e colaboracionismo. Fiz parcerias com pessoas de outras instituições federais e tudo isso é um lixo. O meio acadêmico é uma mistura de Game of Thrones com Senado Federal. Só não rola dinheiro fácil. Muita sujeira, esquemas e conspirações a troco de nada (até parece que vão ganhar o Nobel). Não adianta trabalhar sério, vão te definir pela aparência, dinheiro, poder que acham que você tem (se tiver ao lado de um pesquisador de nome), e enquanto tiver utilidade (que te fará ser muito “querido”).
O meio acadêmico universitário não é um modelo para a sociedade. Não é um ambiente mais maduro, consciente, honesto, evoluído ou respeitador. É um reflexo da sociedade. Muitos dirão “mas em todo lugar é assim”. Questão então de avaliar o custo benefício, pois, de gari ninguém quer trabalhar (embora como gari você não gere ilusões, tem essa vantagem). Não se pode esperar nada de salvador para o país vindo desses “cérebros” que estão mais para intestino grosso da nação.
Nesse ambiente tem mais respeito o professor que pega as alunas, o que exige ser chamado de doutor até pra tomar um café, o que acumula cargos pra praticar assédio moral, o que fala palavrão, o que faz festinhas e participa de grupos de whatsapp com os alunos sem finalidade científica ou acadêmica, o que rouba ideias e pesquisas até de alunos PIVIC, o que enrola a aula com recortes de figurinhas e colagem em nome da “didática” imbecilizante aprendida na licenciatura (onde por sinal boa parte do tempo se ensina a reduzir o conteúdo a 10% do total ou se faz propaganda comunista).
Licenciatura que por sinal não tem cadeiras de oratória, não prepara o professor para situações hostis em sala de aula, e vive bitolado em Paulo Freire como se o modelo dele ou ele próprio fosse um deus com resposta pra tudo. Hoje tenho um currículo até bom (todos dizem e tenho criticismo pra saber) para concorrer a uma vaga numa federal, mas desisti. O resultado nunca é proporcional ao esforço muito por culpa dessas trapaças a que se é vítima quando não se aceitar entrar em esquema.
E nem falei das seleções de mestrado onde o valor da prova cai para 50% da nota (os outros 50% são de um currículo biônico montado pelos orientadores do aluno que já está na federal), tornando impossível um aluno que venha das particulares fazer mestrado numa federal.
De nada vale ganhar o mundo e perder sua alma. A cada concurso que vejo está mais concorrido. Se em 2006 eram 5 candidatos por vaga eu já cheguei a ver 80 (claro que a maior parte desiste da prova no dia). Concursos arranjados (até os professores revelam aos alunos de confiança) numa frequência que deveria ser denunciado ao Fantástico (já que tem mais visibilidade nacional) só para usarem suas câmeras escondidas e deixar os senadores brasileiros menos desamparados nesse mar de lama. Secretários que roubam bolsas, ou exigem o primeiro mês da bolsa de cada aluno do PIBIC ao doutorado e deixam alunos de mãos atadas sem poder denunciar por medo de ficar sem renda ou para evitar que um conhecido ou parente perca a bolsa. Alunos de iniciação científica imbecis que compram brigas de seus orientadores e deixam de falar com os colegas que são orientados por outros professores. E pior, acham que se não agirem de acordo com essas práticas estão sendo otários, e a coisa assim se eterniza, nascendo mais um criminoso que foi incubado para o próximo concurso montado. E aí vem mais um(a) metido(a) a esperto(a) com seus recortes de figurinhas, palavrões, paqueras, faltas, trapaças, propaganda do currículo e dos títulos.
Para sobreviver você sempre precisará de um favor, que mais tarde será cobrado por um dos muitos secretários de satã que vive nas universidades federais e te farão de otário para o resto da sua vida a acadêmica, que já dá demonstrações do inferno que pode ser ainda no estágio probatório SE você conseguir passar em um concurso. E você se verá com mais idade dizendo o que já ouvi de muitos professores: “eu devia ter seguido outra carreira”, “eu devia ter feito direito”, “eu devia ter investido na bolsa”, “eu devia ter aberto um comércio”, “eu devia ter feito medicina”.
E aí vem mais problema… Se você acumular habilidades, capacidades, treinamento, conhecimento, dirão que você quer aparecer. Se você for o mais discreto ser vivente dirão que você está simulando humildade. Se você tentar ensinar de todas as formas possíveis, dirão que está querendo ser líder. Se você se afastar, dirão que quer ser especial pra mostrar que outros precisam de você. Tudo que tem nesse meio é roubo de bolsas, perseguições, processos que “desaparecem” de forma muito conveniente.
As pessoas em todo lugar só dominam uma arte hoje em dia: a de arranjar briga tentando definir quem é petralha ou reacionário. Sentem uma necessidade visceral de apontar e separar todos em grupos e depois iniciar uma guerra ou no mínimo deixar definidos os grupos para a guerra. Se no café do intervalo você disser que a disciplina típica dos colégios militares poderia melhorar a educação te chamam de pró-ditadura. Se você disser que o Ciência sem Fronteiras é uma boa ideia, mas mal executada e sem rigidez de regras, te chamarão de petralha. Nada faz sentido.
Isso quando não aparecem as feministas reclamando de tudo. Eu queria ver as feministas criticando as colegas de pesquisa que de propósito (muitas vezes declarado e com orgulho se achando espertas) engravidam para que os colegas terminem suas teses e dissertações. O que elas têm a dizer das que fazem isso de propósito (não das inocentes, claro, sem querer)?
E das que tiram sarro dos colegas homens que gostam de falar de temas relacionados a ciência (como é de se esperar de quem estar na universidade), chamando-os de nerds (um termo besta importado de estudantes imbecis americanos)? Maduras como são, ainda os acusam de não gostar de mulher. Bem maduro, não?
O que elas diriam de mulheres que confundem o pessoal com profissional e tratam mal as outras colegas de pesquisa que são gordas, ou não penteiam os cabelos, ou usam uma roupa que não combinam com o sapato?
Não falta leitura e luta pelo futuro pra quem mora distante de casa e come mal, dorme mal, mora onde não quer. O que elas têm a dizer de mulheres que convidam os colegas homens para sair e mesmo que os caras digam que precisam estudar, são queimados pelas colegas em rodinhas de conversa femininas onde o sujeito ganha fama de v… só por isso? Isso é ético? Isso é respeitoso ou honesto? Não dizem e não fazem nada, só ocupam uma vaga na universidade que praticamente se torna ociosa.
A vida desse pessoal é imaginar as coisas, falar (quando deveriam se calar), inventar problema e postar foto fútil no facebook.
O bem eu não sei se existe, mas o mal eu tenho certeza absoluta e não é teoria científica. Desistir dessa carreira amaldiçoada não é morrer na praia, é simplesmente não aceitar aportar em qualquer praia minada e com tubarões. Desejo ardentemente voltar no tempo e fazer outra coisa. Como eu desejo que Deus exista pra me fazer esse milagre!