A solução para o problema acima proposto seria fácil de responder e nem precisaria de um artigo para isso. Como perder o medo de escrever? Escrevendo! Por isso, escreva!
Mas não é tão simples assim e convém fornecer algumas dicas e compartilhar algumas experiências. Na carreira jornalística o que mais temos que ouvir são críticas aos nossos textos. Quando achamos que fizemos uma bela matéria, o editor vem e diz: está excelente! E você: é mesmo? Quase pulando de alegria, quando vem a verdade: para o informativo da igreja.
Escrever é frustrar e levantar-se. Mas é possível se encontrar na escrita.
O primeiro grande martírio de todo pós-graduando é começar a pôr suas ideias no papel e produzir os primeiros textos científicos: um resuminho para um congresso, e logo em seguida, artigos, resenhas, capítulo da dissertação.
A insegurança é a grande vilã. Ter medo de escrever é mais comum do que muita gente imagina, principalmente nas Ciências Humanas e Sociais, nas quais a falta de exatidão de dados concretos e palpáveis à ponta dos dedos, faz com que possamos nos perder e cair em contradições teórico-metodológicas.
Aqui vai a primeira dica: perca seu medo. E aí vai a segunda: enfrente-o. Como? É simples, imagine um leitor piedoso, que mesmo no alto de seu pós-doutorado olhará para seu texto com piedade e misericórdia e perdoará todas as gafes e mal entendidos de escritor que possam aparecer. A Ciência se constrói dia após dia e você só terá maturidade científica quando já estiver no seu 80º artigo publicado em periódico e com Qualis A1 (ao menos, risos).
Sem grilos e paranoias! Mas a dica mais singular que posso oferecer é: quer acabar com o medo de escrever? Então, leia! Leia tudo que puder. De gibi à Bíblia, mas leia e tenha uma rotina de olhar criticamente para as coisas, tentando sondar o que o outro gostaria de ver que ainda não viu, ou ouviu, ou leu sobre um determinado assunto. Persiga o “novo”, ou a tentativa de pelo menos tentar trazer um efeito de sentido ou um arzinho de algo novo que possa haver na temática do texto que você está escrevendo.
Leitores gostam de se admirar com suas leituras e ainda mais com as científicas. Portanto, admire-se você também com seus textos. Ponha-os num espelho e quando você estiver admirado por tê-los escritos aí sim: você perdeu o medo de escrever.
Instigante artigo. Sempre levei em consideração tal iniciativa; pois, escrever bem e com segurança, é fruto de inúmeras leituras daquele que redige.
Evidentemente a leitura não é o marco inicial para um bom escritor.
Escrever bem demanda alguns domínios bem específicos da língua.
Ao dizer isto, necessário informar que esse domínio não se limita às estruturas da língua, mas se faz imperativo conhecer e saber articular as técnicas pertinentes à construção de textos, e como se organizam os gêneros textuais.
A língua escrita, como criação humana, requer um conjunto de conhecimentos bem específicos de sua estrutura sintática, semântica e morfológica, para que se possa conceder ao leitor, possibilidades de significar um texto escrito. Um exemplo prático do que falo é: um excelente motorista só se constrói com domínio do conhecimento da máquina que opera; com o domínio do conhecimento das leis de trânsito, e principalmente o domínio total das técnicas de condução de veículos.
Quando se diz que necessitamos formar alunos proficientes em escrita e leitura, devemos lembrar que a leitura é o campo de prática da teoria de construção textual, sem o conhecimento específico para decifrar o texto, ele, o texto, é informação morta. Compreender e escrever um texto são o alvo final, não o inicial. Assim penso.
Bom texto, Danilo! E concordo com você que a leitura ajuda muito a escrever! Não só nos aspectos gramaticais, mas até mesmo na estrutura e, por que não, nas ideias. Ler os textos de vocês, por exemplo, certamente está construindo muito para minha própria forma de escrever. Valeu!
Concordo com você, Roberto. Excelente o seu comentário. Temos mesmo que conhecer os mecanismos linguísticos para escrevermos bem. Obrigado a todos pelos elogios. Escrevo pequenas reflexões mas que nos conectam e os debates nos dão força como já foi citado aqui no blog nessa “nada mole vida” de pós-graduando. Abraços.