Qual a importância da experiência e do renome do orientador em meu currículo? Um professor mais jovem ou menos reconhecido reduz seu potencial de impacto?
Num primeiro momento, a resposta às questões é sim, seu trabalho carregará o peso do nome do seu orientador e a rede de contatos dele fará com que você tenha mais visibilidade na academia. Mas a questão mais profunda é: qual o impacto do orientador na qualidade do seu trabalho?
O papel do professor que nos acompanha na luta diária da Pós-Graduação é sugerir leituras, ler o que escrevemos, fazer críticas e nos oferecer condições para bom desempenho intelectual. Se seu orientador é bolsista de produtividade científica A1 no CNPq, referência obrigatória em sua área de estudo e está vinculado a muitos grupos de pesquisa, isso pode ser muito benéfico para seu trabalho. Pode ser.
Um ponto positivo é que você terá mais visibilidade nos eventos em que participar (e até seu currículo pode ser mais visualizado, a partir do hiperlink presente no currículo de seu orientador). Mas o que fará com que as pessoas que forem te ouvir continuem te escutando depois da primeira meia dúzia de palavras é o que, de fato, você tem a dizer.
No efetivo desempenho do pós-graduando, um orientador superbadalado pode não ser a melhor opção. Primeiro porque ele certamente terá muitos orientandos para dar atenção e vocês quase terão que brigar por alguns minutos na presença dele. Segundo porque esses pesquisadores têm agenda cheia: congressos, simpósios, palestras “ali” no exterior, cursos, programas de TV (os protestos no Brasil levaram vários historiadores e cientistas sociais a alguns minutos de fama) são atividades cotidianas desses seres. Terceiro porque eles não são tão procurados por acaso: trabalham muito (e orientação não costuma ser prioridade).
Em um balanço geral, se você não for autodidata ou realmente empenhado na sua pesquisa, pode acabar virando um contraexemplo: “com um orientador tão bom, como conseguiu fazer um trabalho tão ruim?”
Já um orientador menos pop ou um recém-doutor pode ser uma boa opção. Geralmente recém-doutores querem “mostrar serviços”. São cheios de ideias, estão interessados em projeção profissional e um bom indicador da qualidade de seu trabalho, inclusive para os índices do CNPq, é realizar orientações na Pós-Graduação.
Mais do que o número de orientações (que conta muito, não se iludam), a eles é importante orientar bons trabalhos. O desempenho de seus alunos é visto como uma estratégia de ampliação da rede profissional: primeiro porque conseguirão reconhecimento dos pares nas bancas de seus orientandos; segundo porque seus pupilos logo serão professores e divulgarão seus trabalhos.
Por mais que eles aceitem orientar Deus e o mundo, provavelmente encontrarão mais disposição e tempo para acompanhar seus estudantes que os professores mais atarefados e com menos fôlego.
A experiência do orientador no campo de pesquisa é um ponto de peso na hora da escolha. Mas lembre-se: é preciso que você desenvolva as suas experiências, trilhe seus caminhos, encontre-se entre leituras, teorias e fichamentos. Noutras palavras, é importante que o pós-graduando tenha autonomia intelectual.
Orientadores mais novos geralmente estão mais abertos a parcerias, diálogos e são mais propícios a incluir seus pupilos em seus grupos de contatos. Por outro lado, pesquisadores com longas trajetórias têm mais a acrescentar, são bastante produtivos (e isso pode render um convite para um capítulo de livro) além de oferecerem mais projeção. Nos dois casos, há prós e contras.
O certo é que a escolha ideal dependerá do perfil do pós-graduando e variará de orientador para orientador: um recém-doutor narcisista pode ser tão inútil quanto um renomado pesquisador pode ser surpreendentemente dedicado aos seus orientandos. Cada caso é um caso.
Caro Thiago,
Parabéns pelo texto que escreveu acima. Pura Verdade!
Att,
Geraldo.
Obrigado, Geraldo!
Forte abraço.
Excelente texto, Thiago!
Sou da UFF e você escolheu pelo orientador badalado, né!
Abraço!
Muito bom o texto, Thiago! Obrigada 🙂