Atualmente, as políticas públicas de incentivo à pesquisa científica no Brasil partem de duas premissas básicas:

1) Todo professor obrigatoriamente deve atuar também como pesquisador se quiser ter recursos financeiros ou lecionar na pós-graduação.

2) Todo professor/pesquisador será avaliado pela quantidade de publicações, orientações e projetos de pesquisas em seu nome.

Como conseqüência do primeiro quesito, observamos nas universidades excelentes professores que são obrigados a dedicar-se à pesquisa acadêmica, muitas vezes sem qualquer motivação ou vocação. Professores que dão show em sala de aula, mas que se não fizerem pesquisa científica e publicarem em revistas conceituadas serão excluídos dos programas de pós-graduação, para que não ocorra uma diminuição no temido conceito trienal da Capes.

Já a métrica da quantidade de publicações gerou uma pressão por publicações em detrimento da qualidade. Artigos são retalhados em várias partes, pesquisas básicas

[e por isso, demoradas] são abandonadas em favor de ajustes de tecnologias e de experimentos de curta duração. Onde antes havia grupos de pesquisas, hoje existe grupos de publicações.

E essas políticas públicas equivocadas trazem conseqüências para a ciência brasileira. Acompanhe apenas algumas das notícias que foram publicadas pelos principais jornais do país, nos últimos dois meses:

Folha – Saber – 20 de fevereiro de 2011
USP demite professor por plágio em pesquisa

Estadão – Ciência – 16 de março de 2011
Aumento do plágio em produções científicas preocupa pesquisadores

Folha – Ciência – 31 de março de 2011
Químico da Unicamp é acusado de fraudar 11 estudos científicos

Os pesquisadores citados nas notícias acima ainda possuem amplo direito de defesa, mas a divulgação de notícias como estas colabora para que se diminua a sensação de impunidade, característica do nosso país, e talvez ajude a coibir novas tentativas nesse sentido.

Já passou da hora dos órgãos de fomento à pesquisa do Brasil investirem em uma ferramenta de detecção e combate ao plágio, que seja disponível on-line e de uso irrestrito e gratuito, além de estabelecer penalidades específicas para cada caso.