A maioria de nós já deve ter ouvido o seguinte imperativo: as mulheres irão dominar o mundo! Apartando-se de todo o discurso que pode ser desenvolvido a partir desta afirmativa, vamos pensar somente no universo acadêmico e no mundo das Ciências. E agora podemos indagar: Será? Quantas mulheres você conhece ocupando os cargos mais altos de ciência e tecnologia? Não precisa pensar muito para constatar que as mulheres são minoria no mundo Científico.

Apesar de toda a recente inserção das mulheres na Academia, em nível de graduação, quando pensamos nos grandes nomes das Ciências não são nomes femininos que nos vem à mente. Mas por quê? Ao longo deste texto levantaremos hipóteses que podem ou não responder a esta pergunta.

Poderemos começar essa elaboração hipotética com a indicação do sistema  Patriarcal que rege as relações sociais e de poder há séculos e que ainda está enraizado culturalmente em todas as esferas da sociedade.  Dentro deste arcabouço onde os homens sempre foram protagonistas e exerceram papel de comando e superioridade, foi naturalizado que os regimes de verdade só poderiam ser oriundos de pessoas do gênero e sexo masculinos.

O sistema supracitado acusa reflexos não apenas no ambiente científico, que é o foco deste texto, mas ainda hoje pode ser evidenciado em todos os cenários que os indivíduos participam e atuam ao longo da vida. Na escola, no mercado de trabalho, na família, nos relacionamentos amorosos, nenhuma área passou ilesa ao Patriarcado.

Voltando para o universo científico é visível a segmentação das áreas de acordo como o sexo/gênero. As Ciências Exatas são dominadas por homens, enquanto as Biológicas e Humanas são reservadas às mulheres, mas apenas em alguns níveis. Quanto maior a titulação exigida e o cargo menor é o número de mulheres. Mesmo nas Ciências Humanas, alguns temas ainda soam estranhos se trabalhados por mulheres. De acordo com dados da professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alice Abreu, nessas áreas (Biológicas e Humanas/Sociais), o sexo feminino representa mais de 50%. Já nas ciências exatas e na engenharia, elas não chegam a 40%.

Outro fato que se põe como causador desta realidade é a construção dos Esteriótipos, pois como as mulheres são quase sempre vistas como portadoras de características como sensibilidade, amabilidade, zelo, e os homens como detentores de força, racionalidade e objetividade, foi-se criando tais esteriótipos também dentro das Ciências, nas quais as mulheres se dedicam à práticas e estudos ligadas mais ao subjetivo e sentimental e os homens àqueles que exigem mais racionalidade. Se junta a  isto também a multiplicidade de tarefas e responsabilidades que as mulheres devem dar conta ao longo do dia, por não contarem com uma divisão de tarefas igualitária. Portanto, faltam-lhes tempo para se dedicar aos estudos mais exigentes e elas acabam não continuando sua trajetória acadêmica.

Pode-se cogitar então, que enquanto for este o sistema vigente as mulheres continuarão à margem do processo de construção das Ciências. Sendo vistas apenas em algumas áreas e de forma pontual e pulverizada. Mas enfim, estas são algumas hipóteses de uma recém feminista e recém graduada. E vocês, o que acham?