O assunto que tomou conta do momento na mídia e nas redes sociais,  a chegada dos médicos cubanos e as reações que elas ocasionaram!

É necessária a vinda desses médicos? Sim, com certeza! Existem centenas de cidades e consequentemente milhares de pessoas que não tem um médico sequer. Nos grotões desse imenso Brasil, há lugares distantes abandonados à própria sorte pelo poder público, sem acesso a saúde, educação, trabalho e outros itens básicos que condicionam uma vida digna. Essa é uma tentativa mínima de sanar algumas destas deficiências.

A vinda de médicos cubanos irá resolver os problemas da saúde brasileira? Não! Definitivamente não, podem vir um milhão de médicos, de diferentes nacionalidades, que não resolverão, é preciso, além disso, investimento maciço em universidades, hospitais, postos de saúdes e equipamentos para os mesmos.

E porque essa reação tão forte que ocorre por parte dos médicos brasileiros e da mídia, contra ação do governo em importar médicos? Isaac Newton responde com sua terceira lei: A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade”.

A grande questão aqui é que os médicos cubanos são especialistas em medicina da família e preventiva, ou seja, estão focados na saúde e não doença. Diferentemente do que ocorre por aqui, ou seja, vai-se ao médico quando já está doente.

A medicina lucra na doença. Pessoas saudáveis, e este é um paradoxo cruel, destruiriam fábricas de medicamentos que florescem quando médicos receitam mais e mais remédios. Laboratórios não apenas patrocinam bocas livres de médicos para apresentar-lhes novidades como, muitas vezes, dão a eles uma espécie de comissão pelas receitas que os convidados passam a seus pacientes.

Desta forma, ao se colocar médicos entre a “Casa Grande” e a “Senzala”, médicos estes que ao desembarcar no país, afirmaram não estarem preocupados com dinheiro, mas sim, em cumprir uma missão, pode levar uma quebra de paradigmas, e mudar padrões numa sociedade conservadora como a nossa é algo que requer grandes esforços e disposição de lutar contra as forças contrárias.

 Por exemplo, pessoas podem começar a questionar: por que este médico me atende tão bem, mesmo não tendo que pagar R$ 200,00, R$ 500,00, R$ 1.000,00 por uma consulta? Por que este médico não tem um carro zero importado, uma casa luxuosa? Por que estes podem ser chamados simplesmente de médicos, e não de doutores, como ocorre por aqui, o que acaba se alastrando para outras áreas da saúde, direito, às vezes até as engenharias? Quebram-se os paradigmas de profissões supervalorizadas em detrimento de outras.

As hipóteses sobre a reação truculenta dos médicos e dos setores mais conservadores da nossa sociedade são várias, aqui levantei algumas. No futuro veremos quais os ganhos e as consequências desta ação governamental.

Por fim, indico a leitura deste artigo: “A Different Model — Medical Care in Cuba” publicado pelo O The New England Journal of Medicine (NEJM), uma das publicações científicas mais prestigiadas na área da medicina, e uma das cinco revistas cientificas mais importantes do mundo.